Proibida Pra Mim escrita por GabriellySantana


Capítulo 62
62º Capítulo – “Reconhece isso?”


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura a todos!



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— Você, realmente, é um profissional.

A voz grave me surpreende e eu quase deixo o pedaço de ferro retorcido cair. Obrigo meus olhos a varrerem todo espaço ao meu alcance, mas não vejo ninguém. Ouço passos ecoando em minha direção e me dô conta de que, seja quem for, está vindo por trás de mim. Escondo o metal entre os dedos e capto pelo canto do olho uma figura se aproximando. O homem para bem de frente para mim, a uns 3 metros de distância.

Ele parece me analisar durante alguns segundos e seus olhos param fixos nos meus. O olho firme e a cada milésimo que se passa minha raiva aumenta em escalas estratosféricas, por que seja lá quem ele for, sabe o que está acontecendo. Ele se aproxima ainda mais e eu consigo agora, ver como ele é. É um cara alto, largo e tem uma tatuagem quem sobe pelo pescoço.

— O que vocês querem? __ pergunto e ele sorri.

— Você não está em posição de exigir explicações.

— Acredite, posso não estar agora. Mas da próxima vez que eu perguntar, não vou estar preso. E não vou ser nada amigável.

Ele sorri e se aproxima a passos lentos, até parar a pouco mais de um metro.

— Gustavo Guimarães. __ ele diz meu nome com ironia. — O melhor assassino do mercado. Forjado a sangue e suor pela Citros.

Não digo nada. A essa altura ele com certeza já deve saber mais sobre mim do qualquer um com quem eu já tenha cruzado antes. Mas isso não me assusta. Nem um pouquinho.

— Se você sabe quem eu sou, __ fecho minhas mãos com força.  — sabe o que vou fazer com você quando sair daqui.

Ele ignora o que eu disse e abre um sorriso contido.

— Seu amigo acordou primeiro que você. __ ele abre um sorriso ainda maior. — Aliás, ele é bem esperto também. Deixei um esse mesmo gancho que está com você agora ao alcance dele.

Não respondo.

— Ele soltou a primeira algema rapidinho. E você deve imaginar minha surpresa quando descobri que ele também foi um ratinho da Citros. Mas não se preocupe, dei uma coisinha para ele dormir.

Finco com ainda mais força o maxilar e a mandíbula.

— Há, sobre as garotas __ ele passa a língua de vagar pelos lábios. — Eu com certeza vou fazer um bom uso delas.

Meu sangue ferve e eu puxo os braços com força uma, duas, várias vezes numa tentativa impulsiva de me soltar. O barulho das correntes na grade fica cada vez mais alto e ele parece estar se divertindo, mas não se afasta.

Ele se aproxima devagar e eu quase posso sentir minhas mãos apertarem o pescoço desse filho da puta. Meus pulsos reclamam, mas eu não paro, por que, pela primeira na vida, sinto vontade matar alguém.  

—  Não se preocupe. __Ele aproxima a boca do meu ouvido e fala devagar.

Quando ele fecha a boca sinto algo perfurar minha coxa e um líquido é injetado. Meus sentidos começam a falhar e ele tira o pedaço de ferro das minhas mãos.

— Vou cuidar bem delas. __ e isso que consigo ouvir.

ALICE

Já faz algum tempo que eles me deixaram aqui e não voltaram mais. Quando tirei a venda me vi dentro um quarto cinza arrumado com cama, guarda-roupas e um criado mudo. Não demorei para notar que estava sozinha aqui dentro, mas com certeza não sozinha de verdade.

Levei um tempo para me acalmar e quando sentei no chão consegui ouvir passos no corredor, atrás da porta. Estou lutando contra o medo e sinto meu controle se equilibrar sobre uma linha tênue, que a qualquer momento pode e vai romper.

Mas sei que não posso me desesperar.

Fecho meus olhos e lembro de cada detalhe do que aconteceu da última vez e quase consigo ouvir a voz do Gustavo me dizendo que tudo vai ficar bem.

Gustavo.

Meu peito aperta quando lembro dele e do Felipe caídos no chão e não consigo mais evitar as lágrimas. Abraços minhas pernas, deixo a cabeça encostar do joelho e choro baixinho. Por mim, por eles, pela Paloma, por todos nós.

E nesse momento eu daria tudo para saber como eles estão.

Ouço passos se aproximarem da porta e me assusto quando uma chave é inserida na fechadura. Fico de pé rapidamente e me posiciono ao lado da cama, em frente à porta.

Um homem alto, de ombros largos e com parte de uma cobra tatuada no pescoço entra e me olha firme. Ele dá alguns passos na minha direção e eu recuo, até sentir a o criado mudo bater nas minhas pernas.

Desvio meus olhos dos dele e vejo algo pendendo da sua mão fechada. Deixo meus olhos focarem melhor e os sinto arregalar quando reconheço o pingente triangular.

É uma ponta de flecha banhada em ouro preto e foi do meu pai. Eu o dei ao Gustavo quando ele morreu. Me lembro dele nunca tirar antes de ir embora, mas não o vi nele depois que voltou. A não ser que...

— Reconhece isso? __ ele eleva a mão e o pingente balança na altura do meu rosto.

Não respondo e seguro as lágrimas como se minha dependesse disso.

— Claro que reconhece. __ ele sorri. — Vou te fazer umas perguntas sobre seu pai __ ele senta na cama. — E pelo bem do seu amiguinho, é melhor você responder.


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