Proibida Pra Mim escrita por GabriellySantana


Capítulo 52
51º Capítulo – “...tudo de novo. ”


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura a todos.



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— Quanto tempo?

Não sei o que está acontecendo, mas com certeza é algo sério. Quando terminei de dizer ao Gustavo tudo que estava entalado dentro de mim desde o dia que ele foi embora, tive certeza de que me contaria tudo. Tudo que aconteceu com ele desde que foi embora, anos atrás. O porquê daqueles caras terem me torturado e o porquê de ter ido embora de novo.

Mas não. Quando ele abriu a boca para falar o telefone tocou e tudo nele mudou. Sua expressão ficou igual a lembrança que tenho dele quando me encontrou: dura, impassível. Seu corpo assumiu uma postura firme, como se estivesse em alerta e o olhar dele me diz que tem algo errado. Muito errado.

— Certo. __ ele fechou o botão da calça. — Tenta atrasá-los o máximo que puder.

Ele desligou o telefone, respirou fundo e grudou os olhos em mim. A expressão dele agora é ainda mais dura e quase não o reconheço.

— Onde a Pirralha e Felipe estão? __ a voz dele é baixa e fria.

— Eu não sei... __ não consigo entender o que está acontecendo. — Quando eu cheguei ontem eles já estavam dormindo. Eu....

— Vou descer e procurar por eles. __ ele me interrompe e veste a camisa. — Pegue uma bolsa, coloque duas ou três peças de roupa e encontre a gente na sala.

— Gustavo, o que está acontecendo? __ ouço minha voz sair baixa.

— Não dá tempo de explicar. __ ele está nervoso. — Faz o que mandei e desce lá para baixo.

— Eu não vou....

— Dá para você fazer o que estou pedindo pelo menos uma única vez na vida? __ ele grita e eu recuo dois passos involuntariamente.

Sinto o medo estilhaçar cada centímetro de lembranças adormecidas dentro de mim e os cacos reabrem feridas que pareciam cicatrizadas. Os pelos do meu corpo se eriçam e não sei dizer qual expressão toma meu rosto, mas ele parece entender que me assustou. Um silêncio torturante toma conta do quarto e tudo que consigo ouvir é minha respiração irregular.

— Desculpa. __ ele não se aproxima. — Mas estou tentando fazer o que não consegui da última vez. __ ele apanha do chão a bolsa que chegou com ela ontem. — Te proteger.

E sai do quarto. Sem olhar para trás. O medo que senti antes parece me dominar por completo e durante um tempo, segundos, minutos talvez, fico aqui parada. Sem mover um único músculo. Fecho os olhos e me vejo naquele cubículo de novo. Com aqueles caras me chutando, socando, gritando e me perguntado coisas que eu não sabia responder. E apesar do medo, de todo o medo que estou sentindo e que senti durante tudo aquilo, um clique aciona algo dentro de mim e eu corro até meu guarda-roupas e faço como ele disse: jogo duas ou três peças dentro de uma bolsa e saio do quarto.

Quando chego na sala o Felipe e a Paloma já estão cada um com uma bolsa pendurada no ombro e os dois parecem estar falando algo sério e só minha prima nota que cheguei. A sua expressão diz que ela está assustada, como eu.

— O que eles querem? __ Felipe tem a mesma postura e feição do Gustavo.

— Não sei. __ Gustavo abaixa e abri a bolsa no chão. — Mas seja o que for, não vão conseguir.

Eu e minha prima nos olhamos e eu consigo sentir que ela também está com medo. Mas não ousamos dizer nada.

— Você ainda sabe usar? __ Gustavo tira uma arma de dentro da bolsa e estende na direção dele.

Institivamente eu e minha prima recuamos e isso faz com eles olhem para nós duas. O metal da arma é negro e vê-la me faz lembrar do meu pai. Ele odiava armas e acabou morrendo por uma.

— Vocês só podem estar de brincadeira. __ não consigo desgrudar meus olhos da arma.

— Gatinha....

— Não. __ grito. — Que merda está acontecendo aqui?

— Alice. __ Felipe se aproxima. — Tem muita coisa que a gente não contou a você. _ ele olha para a Paloma. — a vocês.

— Mas agora não dá tempo de explicar. __ Gustavo tira outra arma e prende no cois da calça. — A gente precisa sair daqui agora.

— Por que? __ é a vez da minha prima falar.

— Por que eu não vou deixar ninguém machucar vocês __ ele levanta e me olha. — Não de novo.

Assim que ele fecha a boca nos assustamos com um barulho forte vindo da porta da frente. O Felipe pega a arma e a destrava, causando um clique. O Gustavo faz o mesmo e se aproxima da porta. Ouvimos o barulho mais uma vez e mais forte. Alguém está tentando entrar.

— O quintal ainda é aberto? __ Gustavo está abaixado, olhando pela janela.

— Não. __ O Felipe olha para Paloma. —Meu pai fez um muro, a uns anos atrás.

O baque na porta da frente soa mais alto dessa vez e eu sinto o medo me dominar. Tudo ao meu redor parece acontecer em câmera lenta agora e eu nem sequer consigo ouvir o que eles dizem a minha volta. O Gustavo se aproxima de mim e diz algo que não consigo escutar. E noto o quanto está diferente. O Gustavo que estava comigo lá em cima, a alguns minutos atrás, não é esse. Esse, aqui e agora, eu não conheço.

Ele anda firme até nós e eu consigo ver seus olhos. Eles estão tão negros que mal consigo ver suas pupilas. Os ombros estão retos e seu corpo completamente rígido. Está frio, distante e calculista. Ele desvia os olhos dos meus e diz alguma para o Felipe. E nesse momento meus olhos caem sobre a arma na mão dele. Noto que ele a segura com destreza e isso me faz ter certeza de que não é a primeira vez que ele a usa. E vai muito mais além que isso, ele a segura com experiência, confiança. Como se o metal fizesse parte dele.

Sinto a mão do Felipe fechar no meu braço e me guiar até a escada. Olho para trás e vejo o Gustavo parado na sala, nos olhando.  E aí eu entendo. Entendo o que ele vai fazer. Que quer e vai ficar para me proteger e mesmo não sabendo o que está acontecendo, tenho certeza disso. Um desespero cruel e real me faz assumir o controle. Um falso controle. Por que apesar de não conhecer esse homem que está aqui e agora, parado na minha sala, ele é o Gustavo. Meu Gustavo. E eu não posso perder ele também.  

Puxo meu braço e sinto a mão do Felipe tentar me segurar, mas não consegue. Solto a bolsa, atravesso a sala correndo e me jogo nele. Sinto o impacto quando nossos corpos se chocam e ele hesita por uma fração de segundos, mas seus braços envolvem minha cintura e o corpo dele relaxa brevemente.

— Gatinha. __ ele aperta firme minha cintura. — Você precisa ir.

— Você não pode.... __ ouço mais um barulho vindo da porta e aperto meus braços no pescoço dele.

— Vai ficar tudo bem. __ ele se afasta e me olha. — Não vou deixar ninguém encostar em você.

— Tá acontecendo tudo de novo. __ ele segura meu rosto entre as mãos e eu sinto as lágrimas caírem.

— Eu sei. __ ele sorri fraco — Mas vai ficar tudo bem. __ sinto ele beijar minha testa. — Você precisa ir.

— Gustavo.... __ E dessa vez é um tiro.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima!



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