A Guilda dos Ladrões acredita que Nocturnal se importa com eles, pois bem, ela não se importa tanto assim. E eu sou a prova disso.

Quando fecho os olhos sinto a energia em volta de mim, a energia que me deu vida, a energia dos Daedras. Não fui originado por dois seres, não fui originado de outra pessoa, eu simplesmente passei a existir, do nada. Vejamos, a Patrona da Noite estava enjoada de ficar sozinha, observando os mortais em Nirn travarem batalhas e mais batalhas.

Quando a Guilda dos Ladrões se tornou subordinada de Nocturnal, ela se divertiu bastante, mas nos últimos séculos, ela decidiu que estava chato, pois é, Daedras são bem abusados mesmo, o mundo gira em torno deles -literalmente- . Mas como ela tinha feito um pacto, e pactos não podem ser desfeitos, bom, aí é minha deixa na história.

Digamos que eu seja um intermediário entre Nocturnal e os Rouxinóis, quando ela é convocada, sou eu quem intercede, quando alguém está na Sepultura do Crepúsculo, seja em peregrinação, seja em provação para se tornar representante da Princesa, eu estou lá, observando. Porém, sempre que um Novo rouxinol é escolhido, ela aparece, e presenteia-o com poderes.

Como o único lugar que eu sou permitido estar sem Nocturnal ter que me mandar ir é a Sepultura, eu converso muito com Gallus Desidenius, ou sua alma pelo menos, o ex líder da Guilda, e aprendi muito sobre a organização, inclusive a verdadeira natureza da morte de Gallus, e de todo o esquema de corrupção de Mercer Frey, seu assassino, que levou a guilda à falência.

Minha existência – não chamo-a de vida por que simplesmente não nasci – é basicamente essa, durante todos esses séculos, ou milênios, a contagem do tempo é diferente na minha mente, sirvo à Nocturnal sem pestanejar, pois é  ela a quem devo minha essência, sou uma parte dela, de novo, literalmente, já que sou uma personificação de seu poder. Eu poderia fugir, eu poderia me rebelar, mas meu senso diz que não, a Patrona da Noite nunca me fez mal, ela me criou, eu trabalho para ela, apenas, fora que, me rebelar contra uma Daedra iria trazer resultados catastróficos para Nirn, e eles não precisam de outra Crise do Oblivion.

Agora, estou sentado no chão de pedra na pequena sala ao ar livre, a poucos passos do trono onde está Nocturnal, com os pés na braçadeira do assento, se divertindo, ao ver Skyrim diante uma espécie de portal, mais precisamente, ela observa uma batalha entre o Império e os Rebeldes Stormcloacks, a província gélida está passando por uma intensa guerra civil, a depreciação da mortalidade é motivo de comédia para nós imortais. De repente, o portal desaparece e Nocturnal dá um grito alegre.

—Darsan!

—O que foi?

—Não sente essa energia?! Não sente o chamado?! - diz a Daedra, olhando para o nada, animada.

—Na verdade, não..

—Temos alguém na Sepultura!

—Ah, Nocturnal, deve ser apenas mais um peregrino.

—Não, não... essa energia é diferente, é alguém da Guilda em provação para se tornar meu Rouxinol...

—Alguém da Guilda? M-mas isso não acontece a anos! - Me levanto, animado.

—Darsan! Você já sabe o que fazer! - Diz Nocturnal, com um sorriso irônico, reativando o portal, que agora mostra a Sepultura, onde vejo uma jovem garota, de cabelos negros e olhar corajoso.

—Sei.- Digo me teleportando em uma névoa preta, ressurgindo nas sombras da Sepultura, agora na forma de um corvo – os pássaros símbolo de Nocturnal.

Sobrevoo o local apenas para Gallus, que recepcionava à ladra, saber que eu estava lá, e volto às sombras.

Pronto para acompanhar a garota.