– Acho que eu devia ter sido mais sorrateira... - disse Amanda quando Felipe saiu.
– Por que você fez isso? - falei indignada.
– Por que eu quero que vocês fiquem juntos...
– Mas vocês eram namorados não faz nem uma semana!
– Faz mais de uma semana June. E eu já tenho o Fernando, que sinceramente é bem mais bonito que Felipe. Além do mais, ele mora longe e eu já tenho uma desculpa para sair de Fortaleza quando for fazer faculdade.
– Quê?
– Eu disse que eu já tenho uma desculpa para...
– Eu entendi, mas... você vai fazer faculdade fora?
– Sim, na Parnaíba.
Eu não conseguia acreditar. Tanto tempo eu quis que Amanda saísse de perto de mim... agora eu sentia uma dorzinha quando pensava nisso. E se EU sentia essa dorzinha, imagina Felipe, que parecia bem mais ligado à ela do que eu.
– Por que?
– Eu tenho problemas em casa e eu sinceramente não aguento mais, quero voltar para essa cidade apenas quando estiver formada e morando sozinha.
– Felipe sabe?
– Por que eu iria falar para ele? Eu vou ver se consigo passar antes. Não vou por os carros na frente dos bois. Felipe sofre por antecipação o tempo inteiro. E você, vai fazer faculdade aqui mesmo?
– Eu não tenho certeza, tenho família em São Paulo e acho que quero ir para lá, mas sinceramente eu nem sei o que eu quero fazer na faculdade.
– Eu sei.
– O quê?
– O quê o quê?
– Quê?
– Você está perguntando o que você vai fazer na faculdade ou o que eu vou fazer? Por que eu sei os dois.
– Como você pode saber o que eu vou fazer se nem eu sei o que eu vou fazer?
– Ora June, não seja idiota, eu sou perceptiva. Além disso, às vezes nós não percebemos o que nós somos boas sem ajuda. Felipe me ajudou no meu. Vou fazer estilismo.
– Combina com você, eu acho.
– Obrigada. Eu sei que combina. Quanto a você, vai fazer História.
– Como assim?
– Você anda negando isso, pode ir parando. É uma excelente professora e história é sua matéria preferida, então vai fazer história licenciatura.
Parei de andar (sim, estávamos andando para a sala calmamente enquanto as outras pessoas estavam correndo para a sala como se zumbis estivessem saindo da terra para comer seus cérebros, o que não faria tanto sentido correr já que zumbis não andam tão rápido assim) e olhei para o nada. Ela estava certa! Eu sou uma ótima professora, já tinha testado com Caio e Pedro, e eu amava história mil vezes mais que qualquer outra matéria.
Só a ideia de ser professora de história já tirou todo o peso e tristeza do meu coração e transformou em alegria.
Amanda estava na frente tagarelando sobre as melhores faculdades de estilismo na Parnaíba, quando notou que eu não a seguia.
– June?
– Você tem razão...
– O quê? Fala mais alto esse povo grita demais.
– Você tem razão! - falei animada correndo para abraçá-la - Você tem toda a razão! Eu vou fazer história!
– Eu sei que tenho razão.
– Obrigada!
Então saí saltitante pelo corredor.
– Ei, onde você vai? A sala é para o outro lado!
Mas eu continuei saltitando de felicidade sem rumo. Até o corredor esvaziar, o último sinal tocar e o fiscal me levar para a sala da psicóloga.
Talvez eu não estivesse tão bem assim.

Olá pessoal! Leiam as notas finais por favor!