HelpMe.net escrita por Leh


Capítulo 45
Capitulo quarenta e quatro (Felipe)




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/693841/chapter/45

Por sorte papai estava no mesmo hospital que Pedro, mas não estava na UTI, ele tinha sido levado para um leito normal.
Então eu, Caio e mamãe corremos para o quarto que ele estava. Era um daqueles que se divide com outra pessoa.
Papai estava em uma cama com lençóis brancos. Seu rosto tinha sido pontuado na bochecha e na testa, seu braço estava engessado e sua perna estava cheia de pinos.
Na outra cama estava um homem gordo de olhos fechados, como se tentasse dormir.
– Olá Ricardo - disse minha mãe ao entrar.
Angela estava ao lado da cama dele. Ela tinha os braços cruzados e uma cara de poucos amigos.
– Está tudo bem, pai? - adiantou-se Caio.
– Sim, sim - murmurou ele.
– O que foi que aconteceu? - instiguei.
Veja bem, meu pai era um garanhão. Quando meus pais eram casados, ele traía muito minha mãe, por mais que ela não quisesse admitir. Quando ele separou-se dela para ficar com Angela, nós nos surpreendemos que ele tivesse se estabelecido com ela. Por outro lado, eu sabia que isso não ia durar por muito tempo. E por mais que eu não gostasse muito de Angela, eu sentia mais simpatia por ela agora, que também acabara de ser traída.
– Eu não quero falar sobre isso agora - disse meu pai.
– Fala, Ricardo - disse Angela - Fala para o seu filho como você sofreu esse acidente!
– É Ricardo! - incitou minha mãe - Fala como foi!
Nesse momento as duas se olharam e deram um sorriso, como se fizessem um acordo: todas contra Ricardo.
– Eu estava na BR e estava indo um pouco rápido, quando um babaca tentou atravessar a rua e eu desviei rápido. O carro capotou.
– Onde você estava indo? - perguntei.
– Não interessa.
– Interessa sim.
As duas mulheres e meu pai me olharam. Elas sorrindo como se tivessem colocado mais um no grupo anti Ricardo, meu pai como se sentisse traído.
– Eu estava indo para um motel.
– Com quem?
– Com Pamela.
Meu queixo caiu. Pamela era a secretaria da escola de idiomas e música que ensinávamos. Eu nunca imaginei que pudesse ser ela.
Aparentemente nem Angela.
– Com Pamela? - falou ela aumentando o timbre da voz - A Pamela? Seus traíras! Como puderam?
– Angela, tenha paciência. Estou tentando dormir. E aquele cara ali também.
– Pois eu vou acordar os dois. Acordo esse hospital inteiro e ainda acordo aquela vadia do inferno!
– Pamela morreu? - perguntei assustado. Embora o que ela tenha feito seja errado, ela não merecia isso. E a mulher era uma pessoa legal. Ela sempre dava pirulitos para todos que passavam pela escola, e comprava todos os sacos de doces com o próprio dinheiro dela.
– Não - disse meu pai - Ela saiu ilesa.
Suspirei aliviado. Mesmo assim, olhei para o companheiro de quarto do meu pai. Ela ainda estava com os olhos fechados, mas sorria. Estava escutando tudo.
Então algo inusitado aconteceu: Pamela apareceu à porta.
– Ah - disseram minha mãe e Angela juntas - Não se atreva!
Ela olhou as duas.
– Angela? O que está fazendo aqui? - perguntou a confusa Pamela.
– Eu sou a futura ex mulher de Ricardo.
– E eu sou a ex mulher dele.
Ela olhou para as duas alternadamente. Então o entendimento chegou e ela ficou furiosa.
– Você me disse que Angela era sua irmã!
A outra riu com divertimento.
– Ele disse a mesma coisa de Ingrid. "Não - ela começou a imitar a voz de meu pai - Ela é só uma irmã, nós nos beijamos por que fomos criados assim!"
– Você não sabia que eu era esposa dele? - disse minha mãe.
– Não. E depois que eu descobri fiquei muito envergonhada para me desculpar.
– Então por que continuou com ele? - perguntou o gordinho da outra cama, que abrira os olhos e estava olhando a cena com olhinhos pretos atentos.
Todos se viraram para o outro.
– Por que eu achei que talvez pudesse mudá-lo e fazê-lo se reunir com a família dele - então ela olhou para mim - Especialmente com o Felipinho.
Ri.
– Obrigado, mas não, obrigado.
– Eu não consigo acreditar... - disse Pamela se recuperando do choque - Eu prometi para minha mãe que eu nunca trairia nem ajudaria alguém a trair!
– Calma - disse minha mãe abraçando a mulher, que tinha começado a chorar - Não é sua culpa - então ela olhou para Angela e sorriu - E agora eu entendo que também não é sua.
Angela correu para entrar no abraço coletivo e elas ficaram ali por um bom tempo, abraçadas e murmurando coisas umas para as outras.
Então elas se soltaram ao mesmo tempo e olharam furiosas para meu pai.
– Seu filho da...
– Vai pra...
– Como você pôde, seu...
Então todas correram em direção da cama, batendo em meu pai, enquanto gritavam contra ele, as palavras de indignação se misturando.
A enfermeira apareceu assustada e conseguiu de algum modo separar os quatro.
– Saiam daqui imediatamente, todos vocês!
– Com prazer - disseram as três mulheres juntas.
Eu e Caio também saímos do quarto, acompanhando elas.
– Vamos comer alguma coisa? - perguntou Pamela - Isso merece uma comemoração.
– Com certeza! - falou Angela animada.
– Meninos, vocês vão ficar por aqui?
Acenamos positivamente.
Então elas saíram pelo corredor de braços dados e gargalhando.
E eu e Caio ficamos ali parados, tentando entender o que precisava de comemoração.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quem está no time "Todos Contra o Ricardo"??