A primeira coisa que fiz quando vi Pedro cair mole no chão foi checar seus sinais vitais. Ele respirava e a pulsação estava apenas um pouco acelerada, além de, claro, estar desacordado.
Então liguei para a emergência. Então para a senhora Valdeva. Então para Julia. Por último para June.
Quando desliguei, a ambulância estava carregando Pedro para dentro do hospital. Tentei puxar um dos paramédicos para perguntar se ele tinha alguma ideia do que tinha acontecido mas ele me lançou:
– Você quer que eu ajude seu amigo ou o deixe morrer?
E então eu o soltei e fui para a sala de espera.
Me sentia completamente perdido e impotente. Tudo o que eu queria era abraçar meu irmão, mas sabia que ele não iria querer falar comigo, ainda estávamos brigados.
A mãe de Pedro foi a primeira a chegar. Ela estava com os cabelos molhados e embolados em um coque que desfiava e usava provavelmente a primeira roupa que vira: uma calça de um pijama azul turquesa e um casaco vermelho sangue.
– Cadê ele? Ele está bem?
– Eu não sei. Tentei perguntar para os paramédicos, mas eles não me disseram nada.
– O que houve?
– Eu não sei. Estávamos conversando na Beira Mar tomando um coco, então decidimos tomar um sorvete e quando ele levantou, caiu no chão desacordado.
– Oh, meu Pedrinho...
Então eu fiz o que eu achava que nós dois precisávamos: a abracei. Ela me apertou bem forte e encostou o rosto em meu peito para derramar algumas lágrimas.
Não sei quanto tempo ficamos assim, mas pareceu bastante. Eu permaneci firme, mesmo que quisesse chorar como ela, achei que alguém ali precisava ser forte, para dar assistência a ela.
Então ela me soltou, fungando.
– Obrigada Felipe.
– Pelo quê?
Ela sorriu.
– Por tudo.
Devolvi o sorriso.
– Não é mais que minha obrigação.
Então Julia chegou seguida por June e, para minha surpresa, Amanda.
– Ele está bem? - perguntou Julia correndo para abraçar a senhora Valdeva.
– Nós não sabemos ainda - respondeu ela.
Cheguei perto de minha namorada.
– O que você está fazendo aqui? - perguntei tentando não ser grosseiro.
– Eu estava com June quando você a ligou. Achei que fosse precisar de companhia.
Olhei ao redor para a sala que começava a ficar cheia à medida que os parentes de Pedro chegavam.
– Eu sei que Pedro era muito seu amigo, sei que está muito triste. Quero ajudar.
Não pude deixar de lembrar do que Pedro disse naquele mesmo dia, mais cedo. Respirei fundo e a abracei.
– Obrigado Amanda, mas agora realmente não é um bom momento. Essa sala ficará muito lotada e logo as enfermeiras vão pedir para alguns irem embora.
Ela retribuiu o abraço e logo me soltou. Olhou em meus olhos e sabia que entendia.
– Tudo bem - falou me dando um beijo - Até mais tarde. Mande notícias.
– Certo.
Então ela me deu mais um beijo e foi embora ao mesmo tempo que Caio chegava.
Me virei e andei em direção à June.
– Oi - falei quando estava mais perto.
– Está tudo bem?
– Eu não sei, os paramédicos não quiseram me dizer nada.
– Eu quis dizer com você.
Olhei para ela incrédulo. Ela era a única que tinha me perguntado isso, e embora eu não achasse isso relevante, me senti bem por ela ter feito.
– Você quer a verdade, ou a resposta educada?
Ela estava prestes a responder, quando Caio interrompeu.
– O que aconteceu Felipe?
Olhei para ele. Seus olhos eram acusadores e pareciam raivosos. Expliquei o que acontecera para ele novamente. Caio então virou a cadeira de rodas balançando a cabeça.
– Se ele morrer...
Prendi a respiração. Parecia que tudo acontecia de novo. Era o acidente de Caio todo de novo, até mesmo a ameaça.
Olhei para cima para segurar as lágrimas.
– Felipe - ouvi June chamar.
– Com licença - falei me virando.
Porém, a porta foi bloqueada por um homem de jaleco branco e um estetoscópio pendurado no pescoço.
– Quem é o responsável por Pedro Valdeva?
– Eu - falou a senhora Valdeva dando alguns passos para frente.
– Ele acordou.