Neji acordou com a luz do sol em seu rosto, se mexeu incomodado e sentiu o corpo da garota ao seu lado se acomodar melhor sobre seu peito. Procurou o celular no criado mudo e, ao ver a hora, levantou de uma vez assustado e, também, assustando a garota.

— Credo, Neji!— Disse a moça coçando os olhos por causa da claridade. – O que foi?

— Desculpa Tenten!— Neji vestia a cueca e as calças o mais rápido possível. — Prometi ao meu tio que o levaria no aeroporto agora.

— Hã? Hiashi vai viajar?— Perguntou a garota confusa.

— Não! Minha prima chega da Europa hoje! Não tinha te falado ontem?— Tenten levantou uma sobrancelha e foi até o amado, completamente nua.

— Não! Acho que você tava com a boca muito ocupada ontem.— Disse Tenten sorrindo maliciosa. Neji também sorriu malicioso.

— Provavelmente.— Ele segurou firme na bunda dela a puxando pra cima dele, ela enlaçou os quadris dele com suas pernas torneadas.

— Então quer dizer que vai chegar outra priminha pra morar com você? Já não basta eu ter que aturar aquela vadia da Hanabi, que é louca por você e todo o mundo sabe disso, ainda terei que suportar outra? Não me diga que ela é igual à Hanabi?— Neji sorriu beijando a garota em seus braços.

— Em primeiro lugar,não é culpa minha! Afinal eu moro na casa dela. E em segundo lugar, não precisa se preocupar, Hinata é completamente diferente de Hanabi. Tanto fisicamente como em personalidade.

— Isso não me conforta em nada!— Tenten falou emburrada. – Por mais que eu odeie admitir isso, mas se sua outra prima tiver só um terço da beleza de Hanabi... Já vai ser mais bonita que qualquer garota daqui!

—Você ta fazendo muito drama, senhorita Mitsashi!— Neji deu um selinho nela e a pôs no chão. Foi atrás das chaves do carro. – Faz 5 anos que não vejo Hinata, mas duvido que ela tenha mudado muito. Ela, por mais que fosse a mais velha, nunca chegou aos pés de Hanabi quando o assunto era beleza. Hinata era gordinha, tímida, insegura e dificilmente levantava a cabeça. Já Hanabi sempre teve um fogo queimando dentro dela desde que nasceu. Sempre foi exibida e extravagante!— Neji deu um selinho em Tenten e foi em direção a porta. — Preciso ir! Depois te explico melhor.— Tenten só acenou sem emoção. — Ei...— Tenten olhou pra ele. — Você sabe que você é o mais perto de uma namorada que eu tenho né?— O olhar da garota se iluminou ao ouvir isso. Tenten sempre se sentiu privilegiada por isso. Mesmo sabendo que um dos garotos mais bonitos da faculdade tinha outras, ela era a que ele saia mais e isso a deixava bastante feliz.

—É melhor continuar pensando assim, Hyuuga!— Neji sorriu e saiu correndo pro estacionamento do apartamento de Tenten. Dirigiu o mais rápido possível pra mansão Hyuuga. Seu tio já deve ta arrancando os cabelos, do jeito que ele sente falta de Hinata! Por ele, iria buscá-la na Europa.

Só Deus sabe o quanto Neji sentiu falta da prima, mas hoje em dia... ele mal lembra seu rosto. Ele não mentiu pra Tenten quando disse que Hinata era mais feia que Hanabi, mas isso nunca impediu que Neji se apaixonasse por ela desde que fora morar com o tio há nove anos. Neji tinha dez anos e Hinata tinha oito. Tornaram-se inseparáveis desde que se viram a primeira vez. Hinata era divertida e sempre sorria. Principalmente perto da mãe. Hinata simplesmente idolatrava sua mãe. E Hanna, mãe de Hinata, era muito apegada à filha. Hinata sempre foi o motivo de orgulho dos pais! Ela e Neji desde pequenos apresentavam uma inteligência que ia muito além de crianças na idade deles, por isso eram chamados de "Gênios Hyuuga"!Hinata ganhou seu primeiro troféu na escola aos oito anos e não parou mais. Mas Neji não ficou pra trás, ele sempre ganhava prêmios na escola por ser bom aluno, mas ao contrario de Hinata, ele não tinha os pais pra apoiá-lo e se orgulhar. Embora os tios nunca tivessem deixado faltar nada no trabalho de pais dele, mas mesmo assim ele sentia falta dos verdadeiros pais que faleceram em um acidente. E foi Hinata que aqueceu o coração do jovem Hyuuga de novo. Ele pensava que nunca mais sorriria novamente, até encontrar os olhos ternos de Hinata.

— Tá atrasado, Neji!— Disse o poderoso chefão da família Hyuuga, Hyuuga Hiashi, despertado Neji de seus devaneios!

— Eu sei! Desculpa Tio! Tenten hoje tava insaciável!— Hiashi sorriu ao entrar no carro. Neji sabia que o ponto fraco do chefão era a Mitsashi! Hiashi era como um cubo de gelo pra todo mundo, até com ele mesmo ás vezes, menos pra Tenten. Não sei por quê, mas Hiashi adora a "nora". Às vezes Neji acha que é pelo fato de Tenten lembrá-lo de Hinata por ser tão delicada e meiga como a filha e as vezes, o próprio Neji acha que o motivo dele gostar de sair com Tenten mais do que com as outras também era por isso. Tenten tem a mesma ternura no olhar que Hinata e desde a primeira vez que ele a viu, não pode deixar de notar essa semelhança.

— Se é assim, ta perdoado! Mas vá o mais rápido possível pro aeroporto que o avião de Hinata deve ta pra chegar!

—Ok!— E Neji foi. Era perceptível a ansiedade de Hiashi! Ele tava inquieto, com as mãos soando e uma expressão de nervosismo. – Nervoso?

— Um pouco! Acho que to com... medo que ela me odeie!— Disse Hiashi olhando o nada pela janela do carro. – Eu deveria ter tentado visitá-la mais vezes.

— Hinata nunca sentiu raiva de ninguém, imagina do senhor! Além disso, eu sou prova viva que o senhor lutou durante anos pra vê-la, mas era impossível! O senhor não tem culpa dela ter sido mandada pra um reformatório que não aceita visitas.— Disse Neji tentando confortar o tio.

— Internato!— Hiashi corrigiu o sobrinho imediatamente. Odiava quando alguém dizia que a primogênita dele foi pra um reformatório. Ela não era uma delinquente. Muito pelo contrário, era um doce de menina. – O mundo muda as pessoas Neji! To muito ansioso pra revê-la, mas por dentro eu to tremendo de medo que ela me culpe por não ter lutado mais pra tirá-la de lá!

— Você fez o máximo que conseguiu, Tio!— Hiashi é dono de um vasto império de advocacia. E é considerado um dos homens mais influentes de todo Japão. Mas nem isso foi capaz de tirar as acusações que caíram sobre sua primogênita e não pode evitar que a tirassem dele. Depois que Hinata foi embora, Tanto Hiashi como Neji se fecharam pro resto do mundo. Tornaram-se pessoas frias e arrogantes. Hinata era como o sol na vida deles e quando ela partiu... Tudo ficou frio e sem vida.

Quando chegaram ao aeroporto, o avião de Hinata ainda não tinha chegado. Neji sentou-se em um banco com os braços cruzados, os olhos fechados ignorando os olhares de mulheres a sua volta. Já Hiashi não conseguiu se acalmar. Andava de um lado para o outro em tempo de afundar o chão. Neji nunca imaginou que algum dia veria o poderoso Hyuuga nesse estado. 5 anos! 5 longos anos sem vê-la! Hiashi deve ta desesperado!Já Neji tava calmo! Ele tinha certeza que não a amava mais, afinal os dois eram crianças na época, foi só um amor de infância.

Neji até chegou a jurar pra Hiashi que sempre a protegeria de tudo! Que se tornaria um grande advogado, como o tio e o pai, e que algum dia pediria Hinata em casamento! Neji sorriu lembrando disso. Ele atualmente cursava direito na Universidade de Tokyo, porém ele não se imagina abandonando a ótima vida de solteiro agora, principalmente pra casar com sua prima que, fisicamente, não tinha nenhum atrativo e, atualmente, Neji dava muita importância às aparências. Quando Neji tentava imaginá-la atualmente não se saia muito bem. Imaginava ela gordinha, baixinha e de cabelo curto, ou seja, não muito diferente de antigamente, só que antes ele não pensava em beleza, só em seu belo sorriso.

Pouco tempo depois uma voz no auto falante alertou que o voo que vinha da Suécia tinha acabado de chegar. Então foi aí que Hiashi não se controlou mesmo, ele parecia que ia explodir. Neji teve que ir pro lado dele pra acalmá-lo ou ele passaria mal! Logo as pessoas começaram a sair da plataforma de desembarque e a cada pessoa que saia parecia que o coração de Hiashi ia explodir. Os últimos a saírem foi uma bela moça de cabelos compridos e ondulados conversando animadamente com um rapaz de cabelos loiros. E nada de Hinata ainda. Será que o voo dela era outro? Talvez. Mas Neji não conseguiu parar de olhar pra moça de cabelos negro azulado.

Ele ficou enfeitiçado por aquela garota, aquela pele pálida tava tentando-o a toca-la. Observou cada passo que ela deu, então quando a moça se despediu do loiro, Neji pensou seriamente em ir cumprimentá-la. E não era só ele, a garota chamou a atenção de todos os homens que estavam em volta e não era pra menos. Ela estava com uma calça preta colada com botas também pretas até o joelho, uma camiseta também preta delineando a cintura perfeita e os seios fartos, uma jaqueta curtinha, aproximadamente até a cintura, vermelha. Ela também usava óculos escuros. Não, não tinha nada demais na roupa dela, mas ela tava belíssima. Era lógico que uma bela mulher como essa não tava sozinha, ela começou a olhar em volta procurando alguém, provavelmente o namorado. Mas um namorado nunca impediu Neji de ter a garota que ele quisesse, porque com aquela seria diferente?

Foi aí que a garota, provavelmente sentindo o olhar de puro desejo e luxuria de Neji, olhou na direção dele e, inesperadamente, a moça abriu um belo sorriso pra ele. Na verdade ela parecia feliz em vê-lo. A princípio Neji achou que ela também tinha se interessado nele e por isso não segurou um sorriso sedutor, porém o que aconteceu depois fez tanto o queixo de Neji como o de Hiashi irem ao chão.

— Otou-san! Neji-nii— A moça gritou acenando pra eles paralisando-os. Neji e Hiashi ficaram estáticos olhando-a. O quê? Otou-san? A boca de Hiashi ficou seca. Será? Aquela era... sua filhinha? Então, ela vendo a confusão deles, tirou os óculos, colocando-os na cabeça, e expôs os belíssimos olhos perolados iguais aos deles. Não pode ser, pensava Neji, é impossível. Seus olhos se perderam nos olhos perolados da garota.

— Hi-Hinata?— Perguntou Hiashi com um nó se formando na sua garganta. Então a garota abriu um belo sorriso cheio de lágrimas nos olhos e todas as dúvidas de Hiashi foram embora e ele, também com lágrimas nos olhos, correu pra abraçar a primogênita!

Já Neji ainda tava estático. É ela mesmo? É a nossa Hinata? Mais como pode? Ele fechava e abria os olhos na esperança de ser só uma alucinação, mas ela continuava ali na sua frente abraçada com o seu tio. E foi aí que ela abriu os olhos lentamente e olhou profundamente nos olhos de Neji. Então foi a vez das dúvidas de Neji irem embora. Hinata poderia ta completamente diferente de cinco anos atrás, mas os olhos... Os olhos continuam os mesmos! Aquele brilho no olhar que sempre foi a marca registrada dela, só que agora eles pareciam queimar. Hinata não era mais uma garotinha, era uma mulher.

— Neji-nii!— Hinata saiu dos braços do pai e correu pra abraçar Neji. Ela pulou pra ficar da altura dele e ele segurou forte na cintura fina da prima mantendo-a na sua altura. – Olha só pra você, ta enorme!— Um sorriso foi inevitável. Neji, agora de perto, olhou Hinata da cabeça aos pés e teve que se controlar pra manter a postura e não babar admirando as belíssimas curvas da prima de perto. O corpo que ele havia visto pela ultima vez quando ela tinha 12 anos e que não tinha nenhum atrativo e nenhuma curva, estava completamente diferente do corpo de 17 anos parado na sua frente nesse momento que era todo curvas.

— Já você não cresceu nada, né, nanica?— Disse Neji tentando não mostrar o quanto ele tava admirado com o belo trabalho que o tempo fez nela. Hinata fez cara emburrada.

— Claro que eu cresci! Viu?— Ela foi pro lado de Hiashi. – Tô quase do mesmo tamanho que o papai! 

— Como se isso fosse algo pra se vangloriar!— Disse Neji. Hiashi também era baixinho.

— Olha como fala moleque! Eu não sou baixo, vocês dessa geração é que crescem feito capim!— Disse Hiashi. Então Hinata olhou pra Neji e não se controlou, deu uma bela risada fazendo Neji e Hiashi rirem também. – É sério! Eu era maior que seu pai, Neji!— Isso só os fez rirem mais. Logo Hinata puxou o Pai e o primo pra um abraço triplo.

—Como é bom está em casa!— Disse Hitana com lagrimas de felicidade nos olhos.

— Sentimos sua falta, Filha! – Disse Hiashi apertando a filha.

— Bem vinda de volta, Hinata! – Disse Neji também apertando ela.

Isso foi impressionante. Fazia anos que Neji e Hiashi sorriram desse jeito. E em menos de 5 minutos que Hinata voltou eles já sorriam como garotinhos, já sorriam como antigamente. Foi como se Hinata tivesse trazido novamente a vida deles, afinal ela era o sol que os iluminava, e até então eles estavam cegos procurando a luz, mas a busca terminou e o sol deles voltou mais radiante e quente que nunca. O frio foi embora, a escuridão foi embora, a tristeza foi embora, tudo que os oprimiu esse tempo todo... Foi embora com apenas um sorriso.

No caminho pra casa, Hinata observava a cidade como uma garotinha! Os olhos brilhantes de empolgação e transbordando de felicidade. Finalmente estava livre e ia aproveitar essa liberdade ao máximo! Ela sempre exclamava um "incrível". Neji e Hiashi observavam a bela garota com um sorriso terno.

— Ei, mocinha!— Hiashi chamou a atenção da garota que ia no banco de trás que o olhou com um olhar de empolgação. – Você terá muito tempo pra conhecer a cidade todinha! Não precisa pular pela janela!— Hinata sorriu.

— Mas aqui ta muito diferente Pai! Quando foi que a cidade ficou tão grande?

— Faz cinco anos que você não vem aqui Hinata! Muitas coisas podem mudar em cinco anos! Você é um exemplo disso!— Disse Neji com sarcasmo!

— O que você ta insinuando, Neji-chan!— Disse Hinata provocando Neji. Uma veia saltou da testa dele e fez Hinata sorrir. Depois de anos ele ainda odiava quando ela usava o "Chan" como sufixo em seu nome.

— Não estou insinuando, Chibi Hina!— Foi a vez de Hinata ficar com raiva. — Estou afirmando! O que foi que aconteceu com aquela gordinha, fofinha, heim?— Hinata foi pra de trás do banco de Neji e puxou suas bochechas.

— Ela não existe mais! Por isso não me chame mais de chibi!— Hiashi sorria olhando os dois.

— Você acha que só porque cresceu uns dois centímetros não é mais baixinha?— Ele dizia mesmo com Hinata ainda apertando suas bochechas.

— Claro! Não sei se você reparou mais eu não sou mais uma garotinha!— Disse ela com orgulho soltando a bochecha do primo. Com certeza ele tinha reparado Hinata. Na verdade ele já tinha reparado sem nem saber que você era você. – E eu não cresci só dois centímetros. Você que virou um gigante.— Hiashi gargalhou e Hinata o acompanhou! Neji encarava Hinata pelo retrovisor com um olhar irritado, mas que os dois sabiam que ele tava se segurando pra não rir. Quem iria imaginar Hyuuga Neji, que nunca teve motivos pra rir de nada, agora se segurava não rir. Que ironia né?

Chegaram em frente a mansão Hyuuga e o brilho nos olhos de Hinata foi notável. Ela já tinha saído do carro antes que Neji parasse o carro direito.

— Aqui não mudou muito!  Esse bairrozinho continua o mesmo!— Disse Hinata olhando em volta! O "lugarzinho" ao qual Hinata se referia era só o bairro onde morava cerca de 60% da elite de Tókio! Cada casa era maior e mais bonita que a outra. Uma casa em particular lhe chamou atenção, a casa em frente à casa dela. Ela sorriu com as lembranças e sorriu mais ainda quando parou um carro em frente a casa e de dentro saiu um belo rapaz com duas garotas. Hinata não o reconheceu de inicio, mais quando ele ficou de perfil e ela viu as marcas de nascença em seu rosto, ela o reconheceu imediatamente.

— Hey, vira-lata!— Gritou Hinata chamando tanto a atenção do rapaz e das garotas com ele como de Neji e de seu pai que estavam tirando suas malas do porta malas. – Quem diria que você realmente se tornaria um pegador em, Kiba-kun?— Kiba arregalou os olhos ao se dar conta do que tava acontecendo. Ele virou pra olhar a garota incrivelmente linda que lhe sorria. 

— Hinata?— Só uma pessoa o chamava de vira-lata na vida e essa pessoa era sua melhor amiga, Hyuuga Hinata! – Hi- Hina-chan é você mesmo?

— Claro que sou eu!— Disse Hinata abrindo um belo sorriso pra rapaz. — Ou você prometeu a outra garota que seria o maior pegador da cidade e não ia mais querer ela?— Kiba não segurou o sorriso e correu pra abraçar a melhor amiga que não via há cinco anos. Ele a abraçou tirando-a do chão e a rodou fazendo-a sorrir.

—Meu Deus!— Ele segurou o rosto dela observando cada detalhe. — Quem é você e o que você fez com a minha Hina-chan?— Hinata gargalhou. — Cinco anos podem mudar tanto assim uma pessoa?

— Heheheh... De acordo com Neji eu só cresci dois centímetros porque o resto ta todo igual!— Kiba gargalhou e Neji revirou os olhos. Neji sempre morreu de ciúmes daquele cachorro idiota. Hinata amava a companhia dele, e desde que ele se mudou pra frente à casa dela, eles se tornaram mais inseparáveis ainda e isso deixava Neji puto porque quando Hinata não tava na casa de Kiba, Kiba tava na casa dela. E como Neji sempre teve desejos escondidos pela prima, sentia-se incomodado com a presença de outro perto dela. Era como se Kiba tivesse o tirado de sua Zona de conforto por que Neji sempre achou que o único garoto que Hinata conversava era ele.

— Pois pra mim não tem mais nada da antiga Hinata nesse corpo!— Kiba disse observando Hinata dos pés a cabeça com um sorriso malicioso. Ela sorriu satisfeita e olhou pra Neji como quem diz "Viu?". — E parece que você não mudou só fisicamente, Hina-chan! Se fossem em outros tempos, você desmaiaria só em eu olhá-la!— Hinata sorriu satisfeita. Kiba sempre gritou pra quem quisesse ouvir que amava Hinata, por mais que ele soubesse que sua amada gostava de Neji. Ele nunca desistiu de conquistá-la. Por isso toda vez que Hinata dava um fora nele, ele dizia que se tornaria um homem bonito e teria qualquer mulher que ele quisesse, então quando Hinata enfim se apaixonasse por ele, ele não ia querê-la. Se bem que, olhando-a agora, ele sabia que nunca seria capaz de dispensá-la.

— Digamos que... O mundo lá fora não é nada gentil com garotinhas tímidas! Ou eu mudava ou o mundo acabava comigo! - Hiashi baixou a cabeça e trincou os dentes só de imaginar pelo o que a sua primogênita passou. Então Hinata segurou sua mão e sorriu. — Isso me tornou mais forte! Não quero nem imaginar eu me tornando uma mulher que não conseguia olhar ninguém nos olhos e insegura. Não acha?— Nisso ela tinha razão. Não tinha nada da insegura e tímida Hinata ali, a não ser os olhos brilhantes e o sorriso contagiante. Hinata sorriu pro pai que apertou sua mão e beijou-a.

— Você é minha filha, Hinata! Eu a aceitaria de todo jeito!— E ele abraçou a filha! Naquele momento, Hiashi prometeu que nunca, jamais, deixaria a filha sair debaixo da asa dele novamente.

Apôs Kiba, literalmente, ter dispensado as garotas que chegaram com ele, ele foi ajudar Hinata com a mudança. Ele e Neji passaram à tarde lá no quarto com Hinata. Hiashi não tinha mudado em nada o quarto da filha desde que ele se fora. Tava tudo do jeito que ela deixou só que duas vezes na semana a governanta ia lá pra fazer faxina. Hinata tirou várias coisas de crianças que ainda tinha lá, inclusive as roupas que ainda ocupavam seu closet. Deixou apenas as coisas que sua mãe a dera, tipo jóias, livros, enfim, e no criado mudo deixou apenas uma foto dela e de sua mãe.

— Você ta cada dia mais parecida com sua mãe, Hina-cha!— Disse Kiba olhando o porta retrato. Hinata deu um sorrisinho triste.

— Ela parece um anjo, não é?— Disse Hinata passando o dedo na imagem da mãe.

— E você também! - Disse kiba apoiando o cotovelo na cabeça dela. Hinata bufou e estapeou a mão dele de brincadeira. Kiba sorriu e eles voltaram a arrumar o quarto.

Ao terminar de tiras tudo das malas e colocar em seus devidos lugares com a ajuda dos dois rapazes, Hinata deu uma boa olhada no quarto e chegou a uma importante conclusão.

— Eu preciso de compras!— Isso não eram palavras de uma garota consumista, eram palavras de alguém que realmente precisava. Primeiramente ela só tinha roupas de frio, já que ela morava na Europa, então precisava de algo mais adequado ao clima local. Segundo ela não tinha nada aqui! Hiashi explicou que ficou sabendo de sua saída há dois dias, quando o diretor do "internato" ligou pra ele. Ele ficou tão ansioso com a chegada da filha que nem se tocou que ela não era mais uma garotinha e sim uma mulher e mulher precisa de coisas de mulher!

— Desculpe por isso, Hina!— Disse Hiashi abrindo o cofre do escritório. – Deveria ter me tocado que cinco anos te tornariam uma mulher! Mas eu fiquei tão nervoso com sua chegada que nem me lembrei disso! Só conseguia pensar que você chegaria.— Ele pegou um cartão e entregou a Hinata. – Não deixei de depositar nem sequer um dia na sua poupança Hinata!— Era um cartão de débito no nome dela. – É todo seu agora! Se quiser comprar o mundo... Acho que com o dinheiro que tem aí dar!— Eles riram! Hinata abraçou o pai.

— Obrigada, Pai! E não se preocupe, é bom que agora eu posso decorar meu quarto do meu jeito! Né?— Hinata piscou pra ele e ele assentiu. – Assim, Mas eu posso só te pedir uma coisa?

— Claro!

— O meu banheiro!

— O que é que tem seu banheiro?

— Não tem banheira!— Neji e Kiba abafaram uma risada e Hiashi a olhou confuso. — O que? Passei cinco anos tomando banho de chuveiro sonhando com um banho de banheira igual eu via nas revistas! Aposto que no banheiro de Neji tem!— E os três riram da cara emburrada de Hinata!

— Tá bom, filha! Vou providenciar isso agora mesmo! Mas você vai ficar uns três dias sem dormir no seu quarto por causa da reforma.— Disse Hiashi.

— Tudo bem! Agora... vocês acompanha ao Shopping?—Hinata perguntou aos dois rapazes. O sorriso extravagante de Kiba respondeu a pergunta dela.

— Qual é, Hinata? Não precisamos de um cão de guarda nos seguindo!— Disse Neji implicando com Kiba e os dois começaram uma discussão. Kiba aos gritos e Neji de braços cruzados se fazendo de indiferente, mas por dentro devia ta morrendo de vontade de gritar também.

— Neji não muda né, pai?— Perguntou Hinata sentando na mesa do pai esperando a discussão acabar.

— É aí que você se engana querida!— Hiashi foi pro lado dela. — Até antes de você chegar... Neji era uma pessoa completamente diferente desse que você ta vendo.— Ele segurou a mão da filha. — E eu também!— Ela sorriu pro pai e apertou a mão dele. Hiashi sorriu de volta e Hinata beijou a mão do pai em respeito.

— Ei, Que confusão é essa aqui?— Disse uma voz vinda da porta do escritório de Hiashi. Ambas as pessoas na sala olharam na direção da voz.

Os segundos a seguir passaram tão lentamente, que pra Neji foram horas.

A primeira reação que teve ao ver quem estava na porta, foi olhar pra Hinata e foi aí que, em um instante, ele viu o brilho alegre nos olhos perolados da prima se transformar em um brilho de mais puro ódio e desprezo. Neji nunca imaginaria ver aquele olhar nos olhos da prima, que sempre era tão feliz, por isso ele ficou assustado. Mas aquele olhar era direcionado só e exclusivamente pra uma pessoa. Neji virou-se pra ver a reação da pessoa diante daquele olhar que tinha feito até ele perder o ar e se surpreendeu mais ainda ao ver que a pessoa tava mais assustada que ele. Os livros que a pessoa trazia nos braços agora estavam no chão e o olhar dela tava fixo só em um ponto naquela sala: Hinata. A pessoa continuou imóvel com os olhos arregalados, boca aberta e rosto pálido. Parecia que ela tinha visto uma assombração. Voltou a olhar pra Hinata que nesse momento já estava com as mãos vermelhas de tanto apertar a mesa, Neji nunca viu tanto ódio nos olhos de alguém, mas não era pra menos.

Bem diante dos olhos de Hinata estava a pessoa que destruiu a vida dela:

— Hanabi!