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Capítulo 7 – Vamos Sair!

Sakura arregalou os olhos e se escondeu atrás do cardápio. O que esse lunático está fazendo aqui? Ele está me seguindo?

—Quem será ele? – Perguntou Yori ajeitando os cabelos, assim como Karin e até mesmo Ino.

—Você o conhece, Sakura? – Perguntou Ino sem tirar os olhos do moreno na outra mesa.

Sakura apenas sacudiu a cabeça rapidamente. Não queria que Ino muito menos aquelas outras duas intrometidas soubessem que ela conhecia Uchiha Sasuke. Ou descobrissem sobre o acordo que ela tinha com ele.

—Vamos pedir? – Ela perguntou soltando uma risada nervosa, tentando tirar a atenção das mulheres do Sasuke.

—Eu vou querer uma salada caesar de entrada, um bife bem passado como prato principal, risoto e um pedaço de torta holandesa de sobremesa. – Disse Karin fazendo Sakura quase ter um colapso nervoso. Ela comia tudo isso mesmo?! AQUELA APROVEITADORA!!

Yori pediu a mesma coisa que Karin e Ino apenas a salada e o bife. Sakura teve que se controlar para não desmaiar ali mesmo. Tinha até medo de imaginar o valor de todos aqueles pratos.

Karin olhou desconfiada para ela quando o garçom perguntou o que Sakura iria querer. Com certeza a ruiva estava esperando que ela pedisse o prato mais barato do cardápio.

—Eu também vou querer o mesmo. – Disse Sakura lançando um olhar desafiador para a ruiva. Eu não vou deixar ela me olhar como se eu fosse nada! Pensou a rosada entregando o cardápio ao garçom.

Karin arqueou uma sobrancelha, lançou um sorriso falso para ela e começou a falar sobre o sucesso que era a sua clínica.

Sakura soltou um suspiro de alívio. Pelo menos elas não estavam mais com a atenção no homem que mandou o vinho. Falando nele, Sakura o espiou rapidamente, perguntando-se de novo o que ele estava fazendo ali e por que tinha mandado aquele vinho.

Os olhos esmeraldinos se encontraram com os olhos negros dele e ela desviou rapidamente e tentou entrar na conversa das garotas.

O canto da boca do Uchiha subiu formando um meio sorriso. Então vai fingir que não me conhece... Interessante. Ele pensou dando mais um gole sutil no vinho. Ele chamou um garçom e pediu que enviasse à mesa daquelas damas mais algum aperitivo bem caro.

Sasuke queria testa-la. Foi uma coincidência encontra-la naquele restaurante, mas ele ainda tinha em mente aquela ideia maluca que iria apresentar à Haruno na tarde da inauguração da clínica, em que ela o deixou plantado esperando e ele precisou ir atrás dela. Mas como ela tinha companhia, eles não puderam conversar. Então, ele aproveitaria aquela oportunidade.

—Nós não pedimos isso. – Disse Sakura quando uma bandeja com frutos do mar foi servida.

—O cavalheiro disse que o vinho não era o bastante. – Explicou o garçom sorridente enquanto servia às moças.  

—Oh, o que posso dizer? – Disse Karin lançando um olhar felino ao moreno na outra mesa. – Aonde vou sou importunada pela minha beleza.

Sakura bufou de irritação e se levantou do seu lugar.

—Com licença. Vou ao banheiro.

Sasuke viu quando a Haruno se levantou e imaginou que ela iria até ele, mas se enganou. Ela seguiu para os fundos do restaurante na direção dos banheiros. Um segundo depois que ela desapareceu de suas vistas, ele recebeu uma mensagem de texto.

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Sakura: Vamos conversar. AGORA!

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Sasuke guardou o celular com um olhar satisfeito e bebeu o resto do seu vinho. Ele tinha conseguido chamar a atenção dela. E melhor ainda, irrita-la. Ele não conseguia entender por que isso era tão engraçado.

—Como aquela caipira conseguiu mudar sua clínica? Como é que ela pode pagar por um lugar tão caro? – Ele ouviu uma das amigas de Sakura perguntar e se irritou profundamente.

De onde estava, Sasuke podia ouvir tudo o que elas falavam. E desde o momento em que Sakura chegou ao restaurante, a mulher ruiva não tinha se calado nem um minuto. Toda vez que ouvia a voz dela, Sasuke sentia seu sangue ferver de raiva. Por que Sakura saía com esse tipo de pessoa?

—Aquele prédio é tão caro assim? – Perguntou a outra mulher.

—Acho que é mais caro que o prédio dos meus pais. – Respondeu a ruiva inconformada.

Sasuke se levantou do seu lugar, decidido a falar com a Haruno. Ele não tinha mais paciência de ficar ali escutando aquelas hienas falarem dela com tanta hostilidade.

—Oh! Como aquela idiota muquirana conseguiu tanto dinheiro?

Sasuke parou de caminhar quando passou pela mesa daquelas mulheres desagradáveis e ouviu o que a ruiva tinha acabado de dizer. Um sentimento estranho o invadiu. Parecia uma vontade absurda de proteger Sakura daquelas cobras. Ele estava extremamente irritado por elas continuarem falando de Sakura mesmo ela estando ausente, mas se forçou a continuar o seu caminho.

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Sakura estava no corredor que levava aos banheiros do restaurante esperando pelo Uchiha. Quando o Sasuke a encontrou, ela estava falando sozinha. Ela parecia fazer muito isso, concluiu o Uchiha pensativo. Ele a pegou dizendo alguma coisa sobre preço absurdo por um bife e homem irritante e controlador. Ele também ouviu a palavra lunático.

Quando ela se virou e o viu parado olhando para ela com uma cara divertida, ela cruzou os braços e se encostou na parede do corredor. Sasuke caminhou até Sakura e se encostou na parede oposta, de frente para ela.

—Por que você está aqui? – Perguntou Sakura com um olhar desconfiado.

Ele também cruzou os braços e antes de responde-la, seus olhos a avaliaram. Apesar de suas roupas simples, Sakura estava bem bonita. Ela estava usando uma camisa branca folgada com babados na gola, calça preta e sapatilhas. Seus cabelos rosados e encaracolados estavam soltos como sempre.

Sasuke pigarreou e tentou limpar a sua mente. Não deveria estar avaliando sua aparência. Ele tinha padrões muito altos no que se dizia respeito às mulheres. Sakura não fazia o seu tipo, ela não se encaixava nos seus padrões. Não. Nem de longe. Decidiu ele.

—Não que eu te deva explicações, mas eu costumo almoçar aqui nos finais de semana. – Disse Sasuke inexpressivo. – E quanto a você? Por que está sempre por perto? Isso é tão irritante.

—Eu que o diga. Eu deveria me benzer! – Exclamou a rosada irritada.

Sasuke descruzou os braços, se aproximou dela com um passo e escondeu as mãos nos bolsos da calça. Sakura respirou fundo e tentou não recuar por causa daquela aproximação. Ela se sentia ridícula por encolher sempre que um homem chegava perto demais. E principalmente por aquele homem provocar essa sensação desconhecida no seu corpo.

—Você acha que eu estou brincando? – Ele perguntou sério, há centímetros do rosto dela.

—E você acha que eu estou brincando? – Perguntou de volta a Haruno levantando a cabeça para olhar em seus olhos. – É tão divertido assim zombar de mim? Por que todo mundo está em cima de mim hoje?

Sakura fechou os olhos por um momento e soltou um longo suspiro. Ela não deveria ter aceitado o convite de Karin, com certeza tudo aquilo foi um plano para zombar da “fracassada fazendeira”, como ela a chamava na faculdade. E não sendo o bastante para suportar em um único dia, também aparecia Uchiha Sasuke para zombar da veterinária pobre.

—Eu não deveria vir a um lugar desses. Por algum motivo eu estava empolgada... Fui uma idiota. – Disse ela desviando o olhar do Uchiha. – Dá licença.

Sasuke se afastou dela, dando espaço para que ela passasse, mas antes de sair do corredor Sakura se virou novamente.

—Por que mandou o vinho? – Ela perguntou.

—Foi um presente surpresa para minha parceira de negócios. – Respondeu Sasuke dando de ombros. – As mulheres não gostam de surpresas e presentes? Seja quem for, se uma mulher é tratada como uma rainha ela não deve gostar?

—Que ridículo. – Resmungou a rosada com um bufo frustrado.

—O que?

—Pode me tirar desse grupo de mulheres? Quem você pensa que eu sou?

Sakura saiu pelo corredor enquanto Sasuke a assistia com os olhos surpresos. Sakura era sempre imprevisível. Ela nunca reagia ou agia da forma como ele esperava. E isso o intrigava!

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—Bem, foram quatro pedidos de salada caesar, filé mignon, risoto e uma torta holandesa. O total deu 100 mil ienes e 42 centavos. – Disse a moça do caixa do restaurante.

Sakura preferiu ir pagar no caixa do que na mesa e passar vergonha quando começasse a chorar. Ela retirou seu cartão da bolsa e estendeu para a atendente do caixa com a mão trêmula.

—Oh, me desculpe senhorita! Houve um engano. – Disse a moça consultando seu computador.

—O que? Deu mais que 100 mil? – Perguntou Sakura em pânico.

—Oh, não. A conta foi paga pelo cavalheiro que lhe enviou o vinho. – Respondeu a moça com um sorriso.

—O que?! – Sakura arregalou os olhos. O que o Uchiha estava tramando?

—Ele pagou a conta antes de sair um minuto atrás.

Sakura não conseguia entender aquele homem. Ele fez aquilo para que ela tivesse mais o que pagar a ele? Será que o valor que ela tinha que lhe pagar, além dos juros do empréstimo não era suficiente?

Arg! Ela estava quase arrancando os cabelos. Não importa qual foi sua intenção, eu terei que pagá-lo! Pensou ela irritada. Odiava o fato de dever dinheiro a ele, mesmo sabendo o quanto era rico.

Sakura saiu do restaurante, as outras mulheres esperavam por ela na entrada do lado de fora. Todas as três pareciam hipnotizadas, de bocas abertas como se ainda estivessem famintas, não tinham acabado de almoçar e estivessem diante de uma montanha de comida. Sakura olhou para frente e encontrou o que elas estavam olhando.

Uchiha Sasuke estava encostado no capô do seu carro importado com as mãos nos bolsos. Naquela tarde, ele estava elegante como sempre. Usava um terno cinza sobre uma camisa branca sem gravata, calça preta e sapatos sociais. Seus cabelos negros estavam bem penteados como sempre e a expressão séria era sua marca registrada.

Ele era realmente lindo, Sakura teve que admitir. De tirar o fôlego. Mas isso não mudava o fato do que ela pensava dele. Ele é um lunático que está fazendo da minha vida um inferno!

—Eu estava te esperando. – Disse o Uchiha quando a viu sair do restaurante. – Entre no carro.

Ele desencostou do automóvel e abriu a porta para que ela entrasse. O olhar em seu rosto indicava que aquilo não era um pedido, era uma ordem.

As três mulheres olharam para Sakura com o queixo caído. Karin fez uma careta e disse a si mesma que aquele homem não podia estar falando com a Haruno. Não! De jeito nenhum. Mas quando o Uchiha estreitou o olhar e chamou diretamente por ela, Karin quase teve uma parada cardíaca.

—Sakura! – Exclamou o Uchiha impaciente quando a rosada nem se mexeu do lugar.

Ino deu um empurrão na amiga com um olhar confuso, mas não perguntou nada. Apenas disse para Sakura ir. Com toda certeza ela iria querer uma explicação depois.

Sakura se forçou a caminhar até o carro, ela estava em estado de choque. Ele disse mesmo o nome dela? Era a primeira vez que ele a chamava pelo primeiro nome e o som da sua voz quando pronunciou foi tão forte, tão grave e...

Sakura sacudiu a cabeça para espantar os pensamentos e entrou no carro. Sasuke fechou a porta, deu a volta, também entrou no carro e deu a partida.

Karin e Yori assistiram à cena espantadas, sem conseguirem dizer uma palavra, enquanto Ino tinha um meio sorriso e uma sobrancelha arqueada.

Em que a Sakura se meteu dessa vez? Se perguntou a loira em pensamento.

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Sakura tentava controlar os nervos enquanto Sasuke dirigia para só Deus sabe onde. Ela ainda não tinha lidado com o fato dele ter pago a conta do seu almoço, além de chama-la pelo primeiro nome. O que diabos foi aquilo?

—Não é a primeira vez que me surpreende desse jeito. Mas hoje passou dos limites. – Disse ela encarando o Uchiha. – O que as minhas amigas vão pensar?

Sakura não queria que elas soubessem sobre ele, mas depois daquela cena... Oh, droga! Elas iriam fazer muitas perguntas, ficariam no pé da Haruno até conseguir as respostas. Por que o Uchiha tinha que se meter na sua vida?

—A partir de agora, não quero que veja mais esse tipo de amiga. – Disse Sasuke sério, com aquela voz autoritária que todos deveriam obedecer.

—O que? – Perguntou Sakura atônita. Será que ela ouviu direito? Ele disse que não queria que ela... Ora essa! Quem ele pensa que é para me dar ordens?

—Quando tiver um tempo, ao invés de ir vê-las, venha me ver. – Disse Sasuke com os olhos na estrada.

—O que você disse? – Repetiu Sakura incrédula. Ela fitou o perfil do Uchiha com a expressão espantada, tentando descobrir se ele estava falando sério ou fazendo uma piada.

—Como é que se fala mesmo? – Disse Sasuke estreitando o olhar. – Ah, sim. Vamos sair juntos. O que acha?

Sakura arregalou ainda mais os olhos.

—Acho que eu não entendi. – Murmurou ela sacudindo a cabeça. Será que ela tinha bebido vinho demais?

Sasuke freou o carro bruscamente e parou no acostamento. Ele virou o rosto e fitou intensamente a Haruno que tinha se acuado no canto do carro sem entender o que estava acontecendo ali.

—Quer sair comigo, Haruno Sakura?

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—Nossa, elas são lindas... – Disse Sakura enquanto Sasuke lhe mostrava no seu celular as fotos das empresárias solteiras mais bonitas do Japão que sua mãe tinha lhe enviado.

Eles tinham ido até um parque perto de onde Sasuke tinha parado o carro e estavam sentados em um banco de madeira perto do lago.

—Tenho encontro marcado com cada uma delas em um mês. – Resmungou Sasuke guardando o celular de volta no bolso do paletó.

—Em um mês?

—E não é nem a metade. – Reclamou o Uchiha contendo um bufo de raiva. – Meus pais já agendaram meu noivado e meu casamento para este ano.

Sakura o fitou chocada.

—Então você estará bem ocupado. – Disse ela compadecida. Tá legal, nem tão compadecida assim. Lá no fundo estava feliz pelo Uchiha sentir o gostinho do próprio veneno. Ele, mesmo sendo um marmanjo estava sendo controlado pelos próprios pais.

—Sem chance. Não quero me casar nem tão cedo. – Retrucou o Uchiha com uma carranca como se lesse o pensamento dela. – Preciso de alguém que sirva de escudo.

—Alguém que sirva de escudo? – Repetiu Sakura confusa. Ela não gostou do olhar malicioso de Sasuke na direção dela. – Você quer dizer eu?

Ela deveria ter desconfiado! Aquele homem sempre tinha segundas intenções!

—Então quando me chamou para sair...

—Vamos chamar isso de relação contratual. – Disse Sasuke como se relacionamento através de um contrato fosse a coisa mais normal do mundo.

—Contratual? – Repetiu Sakura sacudindo a cabeça. Como ele podia ser assim tão insensível?

—Você pensou que eu estava falando sério, Haruno Sakura? – Perguntou o Uchiha com um meio sorriso.

Sakura se levantou com raiva e saiu caminhando antes que desse um soco naquele homem. Ela ficou surpresa, só isso! Não acreditou que ele pudesse querer sair com ela, acreditou?

—Escute, Srta. Haruno! – Gritou Sasuke seguindo-a.

—O que? – Ela se virou enraivecida. – Você quer alguém que sirva de “escudo” e pensou imediatamente em mim? Pareço alguém idiota para ficar brincando desse jeito?

Sakura já estava farta daquele homem. Ele realmente gostava de zombar dela!

—Não parece. – Respondeu o moreno sério. – Tomei minha decisão por valorizar quem você é.

Sakura olhou bem nos olhos dele para saber se ele estava mentindo, mas ele parecia seguro no que estava dizendo.

—Quando mandei o vinho para sua mesa, você não se vangloriou para suas amigas, dizendo que conhecia o CEO da U.C.I. Produções. Você parece saber a hora certa de falar. Você ganhou o direito de ser alguém que pode me proteger. Você passou no meu teste.

Sakura ficou um momento em silêncio absorvendo o que ele tinha acabado de falar. Ele não parecia estar mentindo, mas aquilo era loucura.

—Vamos. Saia comigo, Haruno Sakura.

A voz dele, junto com aquela expressão tão... Tão sexy, fazia o estômago de Sakura se contrair.

—Nem pensar! – Gritou ela lhe dando as costas mais uma vez. Ele ser tão bonito não estava facilitando as coisas e o cretino deveria saber disso. A beleza somada ao dinheiro e ao poder, o tornava um homem capaz de qualquer coisa. De conseguir qualquer coisa. Mas Sakura não iria ceder assim tão facilmente. – Não mesmo!

—Por que não? – Perguntou Sasuke seguindo-a novamente.

—Você é louco? Meu primeiro relacionamento não poder ser uma mentira nem com um picareta como você! – Disse ela sem interromper seus passos e sem olhar para trás.

—Este será seu primeiro relacionamento? – Perguntou Sasuke com um olhar surpreso parando de caminhar atrás dela.

Sakura também parou e se virou para ele com um sorriso nervoso.

—Claro que não! Como pode dizer isso? Não sabe quantos anos eu tenho? – Ela deu uma risada constrangida e sentiu vontade de bater em si mesma. Ela não deveria ter dito em voz alta que seria seu primeiro relacionamento. Sua idiota!

—É mesmo? – Sasuke arqueou uma sobrancelha ao notar o nervosismo dela. – Então, não vai se importar se eu testa-la... – Sasuke colocou as mãos nos bolsos e se aproximou lentamente dela.

—Me... Testar? – Disse Sakura engolindo em seco.

—Na verdade, eu tenho sonhado com você ultimamente... – Disse Sasuke com um olhar estreito e um leve sorriso. Sakura percebeu que parou de respirar. Ele estava tão perto, a cabeça estava inclinada na direção dela. Sakura podia até sentir o seu perfume. – Nunca encontrei uma mulher assim. Então, quero mantê-la perto de mim.

Oh, Kami! Ele vai me beijar! Pensou Sakura aflita sem poder se mexer. Suas pernas estavam trêmulas, o rosto rubro e o coração acelerado. Sasuke pairou sobre o rosto dela, há poucos milímetros e seus olhos desceram até a boca avermelhada e delicada da Haruno.

Sakura captou o movimento dos seus olhos e engoliu em seco.

—Você é uma mentirosa. – Disse Sasuke afastando-se com um sorriso satisfeito. – Disse que já esteve em um relacionamento. No entanto, fica nervosa quando um homem se aproxima de você.

Sakura acordou do transe que ele tinha lhe colocado e a raiva que se apossou dela foi mais forte do que o constrangimento. Ela endureceu sua expressão, cerrou o punho e com um grito deu um soco tão forte no queixo do Uchiha que até bagunçou o seu cabelo bem penteado quando o rosto dele foi jogado para trás.

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Quando Sakura voltou para sua clínica já era noite. Ela deixou Uchiha Sasuke sozinho naquele parque depois de lhe dar o merecido soco e caminhou um pouco. Ela não tinha a intenção de caminhar tanto, mas ficou tão envolvida com seus pensamentos que seguiu pelo caminho errado.

Ela se lembrou do motivo de ser tão inexperiente ao se relacionar com o sexo oposto e da razão por nunca ter estado em um relacionamento amoroso antes. Era engraçado pensar nessa razão, mas era a pura verdade: Sakura nunca teve tempo para namorar. Desde criança, ela ajudou os avós no pomar, além de se esforçar na escola e tirar boas notas para manter a bolsa de estudos. Seus avós não tinham condições de pagar o colégio para ela e o afilhado, o Sai que Sakura considerava como um irmão. Por isso, ela tinha que dar duro no colégio para manter suas notas sempre altas.

Além do trabalho no pomar e da escola, quando Sakura foi para a faculdade, ela também tinha que trabalhar muito para conseguir pagar os estudos. Ela tinha tantas preocupações que namorar nem passava pela sua cabeça. Isso fez com que ela se tornasse uma garota solitária, tímida e insegura com os homens.

Mas naquela época isso não a preocupou, pois ela acreditava que assim que se formasse isso iria acabar. Ela sonhava em se tornar uma veterinária de sucesso, que iria se casar, ter uma casa linda e dois filhos. Até com o noivo ela sonhava. Em seu segundo ano na universidade, ela conheceu Akasuna Sasori. Ele era o homem mais bonito, gentil e inteligente de todo o campus. Sakura ficou encantada por ele desde a primeira vez que o viu. Foi a primeira pessoa por quem ela se apaixonou.

Mas aquela paixão não deu muito certo e até então Sakura se sentia magoada pelo que tinha acontecido. Ela se lembrava muito bem de como tinha ficado feliz quando o Sasori a convidou para sair. Toda empolgada, Sakura pegou um lindo vestido emprestado com Ino e numa noite de sábado foi até o restaurante mais popular entre os estudantes onde tinha marcado de se encontrar com o Akasuna.

Quando chegou lá, ainda do lado de fora do restaurante ela viu Sasori abraçado com a Karin, que segurava um pequeno buquê de rosas e ria descontroladamente, parecendo muito feliz.

Sakura foi embora devastada e mais tarde, ela descobriu por uma de suas amigas que a intenção do Sasori e da Karin era rir dela na frente de todos no restaurante. Foi muita sorte ela ter visto os dois antes de entrar e ser humilhada.

Sakura nunca quis acreditar que o Sasori faria uma coisa daquelas, por isso ela não o odiou. Mesmo que ele não a tenha procurado depois do que aconteceu e eles perderam o contato totalmente, ela não tinha raiva dele. Pelo menos ela foi capaz de acreditar no amor, mesmo que por um curto período.

Sakura entrou na sua clínica, acendeu as luzes e preparou o jantar da Marie, que estava encarando sua dona faminta. Sakura se desculpou pela demora e encheu o pratinho dela com a sua ração preferida de atum.

Enquanto Marie devorava seu jantar, Sakura se sentou no sofá da sala de espera da clínica se sentindo exausta.

—Agora eu quero um relacionamento de verdade. – Disse ela enquanto observava a gatinha comer. – Tudo por culpa daquele homem arrogante!

Quando o Sr. Arrogante Uchiha a convidou para sair, Sakura se sentiu uma tola por acreditar nele. Primeiramente pareceu inacreditável, mas depois ela realmente pensou que ele queria sair com ela. Apenas por um momento, ela se permitiu acreditar que toda aquela perseguição, aquela determinação em fazer com que ela aceitasse seu dinheiro, aquela clínica e tudo o mais que ele ofereceu, era porque ele realmente estava interessado nela. Fazia bem para o ego de uma mulher solteira de vinte e sete anos saber que um homem rico e atraente queria sua atenção, não fazia?

Bem... Mas quando ele falou suas razões, suas verdadeiras razões para convida-la para sair, que queria um relacionamento contratual com ela para se livrar das pretendentes de um casamento arranjado pela sua família, Sakura simplesmente quis morrer!

Ele ainda teve a audácia de provoca-la! De zombar da fraqueza dela! Arg! Os homens não seriam mais sua fraqueza! Sakura daria um jeito nisso!

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—Você é uma amiga terrível! Quem era aquele bonitão que te pegou no restaurante no sábado? – Perguntou Ino inquieta e ansiosa.

Ela estava com Sakura na noite de segunda-feira no Le Tango Café esperando o início da aula de dança. Sakura decidiu que para não ficar nervosa perto dos homens, ela deveria ter contato direto com eles, dançando. Isso foi tudo o que ela conseguiu pensar como solução de curar o seu nervosismo.

—“Entre no carro”. – Disse Ino imitando uma voz que deveria ser a de Uchiha Sasuke, mas saiu apenas como uma mulher com um ovo na boca. – Eu até me arrepiei quando ouvi sua voz. Por que não me contou nada sobre ele, Sakura? E quanto ao Sasori? Você está se sentindo dividida entre o seu amor atual e o antigo?

Sakura não aguentava mais as perguntas da amiga. Ela não queria falar naquele homem, porque ele já não saía da sua cabeça há dois dias, desde o sábado, quando ele lhe apresentou aquela proposta absurda de relacionamento contratual. Falar sobre ele só piorava seu estado de espírito.

Sakura se inclinou na direção da amiga em silêncio e acreditando que ela lhe contaria um segredo, Ino também se inclinou até ela ansiosa.

—Por que não escreve um romance? – Perguntou Sakura arrancando uma careta da loira. – Ele é só o cara que investiu na minha clínica, Ino. É o meu parceiro de negócios, não o meu namorado.

Ino a fitou desconfiada e estreitou seus olhos azuis para a Haruno.

—Não sei não. Ele não parecia estar te tratando como uma parceira de negócios. Não tinha nada de profissional no que eu vi. 

—Você não sabe o que está dizendo. – Resmungou Sakura cruzando os braços.

Do outro lado do salão, ela encontrou Sasori olhando para ela e incrivelmente, dessa vez ela não se sentiu embaraçada. Apenas retribuiu o sorriso dele e deu um leve aceno.

—Por que resolveu vir dançar, afinal? – Perguntou Ino curiosa. – Você disse que não tinha tempo para isso.

—O que posso dizer? Quero me acostumar a ficar perto dos homens. – Disse ela soltando um longo suspiro ao se lembrar de como Sasuke a provocou, apenas com sua aproximação e suas palavras bonitas. Bonitas e mentirosas. – Nunca mais quero passar por tamanha humilhação! – Disse pensativa e irritada. – Não ficarei tão nervosa se começar a dançar com homens, certo?

Ela olhou para a amiga que a encarava como se ela fosse louca e antes que a loira pudesse lhe responder, a aula de dança finalmente começou. Sasori caminhou até Sakura e a puxou para o meio do salão.

Ele estava usando camisa branca, calça preta e sapatos sociais, parecia um verdadeiro dançarino de tango. Como era sua primeira aula, Sakura ainda não tinha se preparado totalmente, por isso ela estava usando calça jeans e sapatilhas.

—Quem conduz a dança é o “leader”. Quem acompanha o leader é o “follower”. – Explicou Sasori parado na frente dela, enquanto os outros casais já faziam o aquecimento. – Você entendeu?

—Han, han. Entendi. – Sakura assentiu.

—Está bem. Me concede a honra? – Perguntou o ruivo estendendo a mão esquerda para ela.

Sakura a aceitou, Sasori se aproximou com um passo, pôs a outra mão dela sobre o ombro dele e a segurou pela cintura. Sakura o encarou de perto e testou suas reações.

Hã? Por que meu coração está batendo tão devagar? Questionou-se Sakura em pensamento ao notar o quão perto estava do Akasuna e o quão pouco nervosa tinha ficado. Ela estava um pouco embaraçada, mas suas mãos não estavam suando, suas pernas não ficaram bambas e seu rosto não estava em chamas. Ela ficou confusa.

 Estou quase abraçada com um homem! Estou segurando a mão de um homem! Naquela hora, ele apenas se aproximou, ele nem me tocou e eu...

—Sakura-chan? Tudo bem? – Perguntou Sasori preocupado. Sakura tinha uma expressão estranha e ela não ouviu nada do que ele acabou de dizer.

—Oh, sim! Tudo bem. – Respondeu Sakura constrangida, sacudindo a cabeça para voltar ao normal. – Vamos continuar?

—Sim. Primeiro, nós temos...

O celular de Sakura tocou no bolso da calça interrompendo o Sasori.

—Oh, me desculpe. Sasori-kun.

—Tudo bem. Fique à vontade.

Sakura se afastou do ruivo, pegou o celular e arregalou os olhos. Sentiu seu coração disparar como um louco quando leu a palavra “Lunático” na tela do aparelho.

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—A-alô?

—Haruno Sakura? Você já pensou na minha oferta? Quero saber a sua resposta. – Disse Sasuke sem rodeios. Como sempre, ele odiava ficar esperando e sempre ia direto ao ponto.

Depois que Sakura lhe deu um soco e foi embora sem olhar para trás, Sasuke reconheceu que tinha exagerado na sua abordagem. Ele não deveria ter caçoado dela por nunca ter tido um relacionamento, tinha que admitir que mereceu aquele soco.

No entanto, ele precisava de uma resposta para a sua proposta. Os encontros às escuras começariam em breve e ele precisava provar à sua família que tinha uma namorada para eles o deixarem em paz.

—Eu estou ocupada!— Disse Sakura do outro lado sem responder sua pergunta.

—Onde você es...

Ela desligou. Ela desligou na cara dele!

—Que modos são esses? – Perguntou Sasuke olhando para o seu celular sem acreditar que ela tinha desligado. – Como ela se atreve a desligar na minha cara?!