Nobre Amor escrita por DennyS


Capítulo 4
Sorte Grande Ou Pesadelo?


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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~*§*~

 

Capítulo 4 – Sorte Grande ou Pesadelo?

 

Sasuke acompanhou a Dra. Haruno até sua clínica. Assim que ele entrou, Marie se aproximou do Uchiha, miou e esfregou seu corpinho peludo nas pernas dele.

—Você pode tirar essa coisa daqui? – Ele perguntou mal-humorado para Sakura que estava colocando o almoço que tinha comprado sobre o balcão.

—Coisa? – Ela abaixou os olhos para Marie fazendo carinho naquele estranho e ficou com ciúmes. Marie nunca tratava um estranho daquele jeito. Ainda mais um que não merecia. – Ela faz isso porque gosta de você. Você não tem coração? – Perguntou Sakura irritada. Ela teve a sensação de de-já-vu quando lhe fez aquela pergunta.

—Eu não suporto pelo voando ou grudado nas minhas roupas. – Respondeu Sasuke lançando um olhar estreito para a gata aos seus pés.

—Então você pode ir embora. – Disse Sakura cruzando os braços. – Não estou obrigando você a ficar aqui. Marie fica.

Sasuke fechou os punhos com força e tentou se controlar. Que mulher irritante! Ele estava acostumado a todos fazerem suas vontades na primeira ordem! Por que essa mulher tinha que discutir com ele?

—O que quer falar comigo? – Perguntou Sakura. – O que te traz aqui?

—O preço por salvar minha vida. – Respondeu o Uchiha sério. – Eu não gosto da sensação de estar devendo você. É por isso que estou aqui. – Disse ele escondendo as mãos nos bolsos da calça. Ele mal tinha começado a conversar com ela e já estava sem paciência. O melhor a se fazer era acabar logo com isso. Saber qual era o preço dela, pagar e ir embora.

—Você me deve? – Perguntou Sakura confusa.

—Eu estava curioso para saber o quanto me pediria, mas você não entrou em contato.

—Ah, o preço pelo curativo que fiz em você?

—Sim. Por que não veio pedir nada? – Perguntou Sasuke sem poder conter um traço de irritação.

—E como eu iria fazer isso se não te conheço? – Retrucou ela confusa.

—Eu deixei um cartão com o meu contato sobre aquele balcão.

Sakura realmente não tinha visto nenhum cartão. Ela se lembrou que naquela manhã Marie tinha feito uma bagunça. Provavelmente o cartão foi para o lixo.

Sakura foi até o balcão e pegou um bloquinho de notas para escrever os valores que cobraria pelo curativo. Se era assim tão importante para ele lhe pagar, que mal iria fazer? Por ela nada seria cobrado, afinal ela apenas o ajudou. Mas se ele se sentia em dívida com ela por conta disso, Sakura cobraria o mesmo valor que teria cobrado se fosse um animal. Um animal bem grande.

Sasuke se sentou no sofá da sala de espera e Sakura tomou a cadeira na frente dele um momento depois.

—Este é o meu preço. – Disse Sakura entregando uma nota com os valores para ele.

Sasuke pegou o papel e estreitou o olhar quando leu.

—4.680 ienes*? Tem certeza de que escreveu certo?

—Sim. Eu até detalhei, não está vendo? Cobrei uma taxa correspondente à bolsa de soro, esparadrapo e linha para sutura. Eu cobraria isso se tivesse tratado um gado ou um cavalo. Você está achando caro? – Sakura encarou o homem que parecia horrorizado enquanto ela falava. – Como aqui é uma clínica veterinária, planos de saúde não cobrem. Pode parecer um pouco caro, mas na verdade não é tão caro assim.

Sasuke suspirou por um momento de olhos fechados. Um gado? Um cavalo? Aquela mulher maluca estava falando sério?

—Eu sou uma veterinária honesta, acredite. Não estou tirando vantagem de você. – Disse ela notando que o humor dele estava cada vez mais sombrio.

—Então... – Ele a encarou com um olhar irônico. – Quatro mil seiscentos e oitenta ienes? Não quatro milhões seiscentos e oitenta mil?

—Isso mesmo. – Ela confirmou confusa. – Algum problema?

—Mas que droga. – Murmurou Sasuke com um suspiro. – Escute, Haruno Sakura. Você parece não ter noção nenhuma.

Sakura continuava a encara-lo confusa, tentando entender o que ele queria dizer.

—O preço por salvar minha vida não pode ser míseros quatro mil ienes! Não pode e não deve ser! Escreva de novo. – Disse ele impaciente lhe devolvendo a nota.

—Então... – Ela pegou o papel. – Devo detalhar mais?

Sasuke estreitou o olhar para ela e se inclinou um pouco para observa-la mais de perto.

—Estou curioso. – Disse ele sério e pensativo. – Você não é gananciosa ou só está fingindo?

—Fingindo? – Ela o encarou irritada, amassando a nota que ele tinha devolvido. – Quem você pensa que eu sou? Arg! Por que você não paga o tratamento e vai embora?

Sakura se levantou e cruzou os braços. Já estava farta daquele homem arrogante. O que afinal ele queria? Um simples obrigado por ter salvado sua vida era suficiente!

—Eu farei uma oferta que você não poderá recusar. – Disse Sasuke também ficando de pé e abotoando seu paletó.

Ele lançou um último olhar para a Dra. Haruno, a bola de pelos aos seus pés, depois saiu da clínica com uma ideia em mente. Ele não podia continuar sentindo aquele incômodo, aquela sensação de que estava devendo sua vida para aquela mulher.

Ele pagaria sua dívida, de um jeito ou de outro.

 

~*§*~

 

—O prédio comercial próximo ao centro ainda tem vaga, certo? – Perguntou Sasuke ao secretário Lee. Eles estavam no seu escritório na manhã seguinte, após a visita à clínica da Dra. Haruno em Konoha.

—Sim, senhor.

Que ótimo. Pensou Sasuke esboçando um leve sorriso.

—Secretário Lee. Preciso que cuide de algo rápido.

Naquele mesmo dia, Lee foi buscar a Srta. Haruno em sua clínica segundo as ordens de seu chefe. Foi difícil convencê-la a ir com ele, mas no fim Lee conseguiu coloca-la no carro.

Sakura não queria mais ver aquele homem arrogante na sua vida, mas teve que admitir que ficou curiosa. Segundo seu funcionário, o Sr. Lee, seu patrão era CEO de uma empresa internacional e queria lhe mostrar uma coisa naquela tarde.

Até ontem, quando aquele homem apareceu em sua clínica Sakura acreditava que ele era membro de alguma gangue, apesar de suas roupas chiques. Lee explicou a ela o que realmente tinha acontecido naquela noite chuvosa de sexta-feira. O Sr. Uchiha tinha sido sequestrado, mas conseguiu fugir e foi ferido lutando contra os sequestradores.

—Meu patrão teve muita sorte por conseguir chegar até sua clínica. – Disse Lee com um olhar admirado enquanto dirigia. – Se não fosse por você ele teria sangrado até a morte no meio da rua ou sido encontrado pelos sequestradores que ainda estavam atrás dele.

Sakura sentiu um arrepio ao imaginar o que faria se estivesse no lugar do Sr. Uchiha. Fugir de bandidos, ainda por cima ferido parecia um pesadelo. Ela com certeza não conseguiria. Apesar de ser um grosso, arrogante que não gostava de pelo de gato voando, ela se admirou pela força e coragem dele.

Menos de uma hora depois, Lee parou o carro em uma rua comercial muito bonita. Tinha restaurantes, cafés, lojas de conveniência e boutiques. Lee a levou até um estabelecimento fechado, que tinha um lindo minijardim na entrada. Ele abriu a porta de vidro para que Sakura entrasse, depois voltou para o carro.

Lá dentro, encostado no balcão de concreto estava o homem arrogante. Uchiha Sasuke. Ele estava elegante como sempre, trajando um terno escuro, camisa branca e gravata vermelha. Pela sua expressão, ele parecia impaciente, por isso logo que a viu, se aproximou e sem rodeios perguntou o que ela achava do lugar.

Sakura estava fascinada quando percorreu seus olhos pelo ambiente. Era espaçoso, claro e moderno. As paredes da entrada eram de vidro, assim como o pequeno canil na parte de trás. A sala de espera era espaçosa e o balcão da recepção era grande o suficiente para não ficar cheio de coisas empilhadas sobre ele.

—Esta clínica é melhor do que a sua naquela região rural, não acha? – Perguntou Sasuke observando a reação dela.

—É claro. – Ela respondeu sem desviar seus olhos do lugar. – É incrível!

—Por que não muda sua clínica para cá? – Perguntou Sasuke arqueando uma sobrancelha. Aquilo foi mais fácil do que ele pensava.

—O que? Você sabe quanto custa o aluguel nessa região? – Perguntou ela espantada. – Não posso pagar.

—Mas eu posso. – Afirmou Sasuke arrogante.

—O que?!

—Não é uma boa oferta como recompensa por salvar a minha vida?

Sakura arregalou os olhos. Aquilo na verdade era demais. Quem fazia uma coisa dessas? Só um maluco!

—Eu agradeço o que está dizendo e aprecio sua intenção, mas...

—Se agradece e aprecia então aceite. – Interrompeu Sasuke sério, como se desse uma ordem.

—Eu vou recusar! – Disse ela de volta. Aquele homem parecia um controlador compulsivo!

—Vai recusar?! – Repetiu ele entredentes, dividido entre a raiva e incredulidade.

—A minha clínica representa todo sangue, suor e as lágrimas do período em que iniciei na faculdade, que foi antes dos meus vinte anos. – Explicou ela com orgulho. – Ainda tenho um longo caminho pela frente para poder pagar todo o empréstimo. Mas, ainda assim prefiro a minha clínica.

Sasuke bufou de raiva e revirou os olhos.

—Você prefere aquele lugar minúsculo? – Perguntou ele sem acreditar.

—Isso mesmo! Eu amo a minha clínica minúscula!

—Inacreditável. – Murmurou Sasuke balançando a cabeça negativamente. – Haruno Sakura, eu não costumo fazer isso por ninguém.

Ela deu de ombros como se não se importasse e Sasuke quase teve um ataque. Ele se aproximou dela com um passo, ficando perto demais, fazendo-a se encolher e levantar os olhos para olhar para ele.

—Aceite a minha proposta. – Disse sério. – Ou poderá se arrepender.

Sakura levantou a cabeça e não se permitiu ser intimidada por ele. Ela inclinou o queixo na direção dele, um queixo teimoso, observou Sasuke e o desafiou com o olhar.

—Se arrepender? O que é isso? É de comer?

Sasuke a encarou ainda sem acreditar que ela estava recusando sua oferta e cerrou os punhos tentando se controlar. Sakura se afastou e caminhou na direção da porta. Apesar de parecer durona, o olhar estreito daquele homem, aquela pose de poder e seu corpo tenso inclinado sobre ela, era ameaçador.

—Eu já vou indo. Não precisa pedir ao seu capanga para me levar. Vou pegar o trem. Adeus!

Ela saiu sem olhar para trás, deixando Sasuke sozinho com sua raiva.

Dava para acreditar naquela mulher? Sasuke estava ficando louco! Por que ela não aceitou? Por que não o pediu nada desde o início? Droga! Ele odiava se sentir em dívida com alguém e só por isso estava insistindo nessa história.

Aquela mulher tinha a coragem de testar sua paciência quando ninguém mais na no planeta se atrevia. Ele tinha que mostrar para ela que Uchiha Sasuke sempre conseguia o que quer.

—Ela não se arrepende, é? – Disse ele com um meio sorriso. – Então eu a testarei.

 

~*§*~

 

—O que você disse? – Perguntou Sakura com os olhos arregalados. – O prédio tem um novo dono e ele vai demolir tudo?

Ela quase deixou o celular cair no chão quando o dono, ou melhor, o antigo dono do prédio onde estava sua clínica confirmou que ela tinha ouvido direito.

—Por que ele fará isso? – Gritou Sakura desesperada.

Eu não tenho certeza.— Respondeu o homem do outro lado linha. – Mas você tem que sair daí imediatamente.

—Estou chocada! Ele pode fazer isso? Meu contrato ainda dura um tempo. Você pode me passar o telefone do novo dono?

Sakura tentou manter a calma. Deveria ter alguma coisa que ela pudesse fazer para não perder a sua clínica. Mas o antigo dono do prédio disse que não precisava ligar para o novo dono, pois ele entraria em contato com ela em breve.

—Oh céus! Por que isso está acontecendo? – Reclamou sentando-se na cadeira do seu consultório e deitando a cabeça sobre a mesa. – O que eu vou fazer?

Seu celular tocou novamente e ela atendeu desanimada.

—Alô? Aqui é a Dra. Haruno, disponível 24x7.

Aqui é Uchiha Sasuke.

Será que ela tinha entendido certo? Não, não podia ser ele...

—Quem você disse que é? – Perguntou franzindo o a testa.

Sou o novo proprietário do seu estabelecimento.— Respondeu uma voz familiar do outro lado da linha.

—Oh! – Sakura levantou a cabeça rapidamente. – Eu preciso encontra-lo para falar com o senhor!

Já nos encontramos.— Respondeu o homem sério.

—Já? – Ela perguntou confusa.

Dra. Haruno Sakura que ama sua clínica minúscula. Acredito que o secretário Lee lhe deu o meu cartão.

Sakura arregalou os olhos e deu um soco na sua mesa.

—Gangster?!

 

~*§*~

 

—Agora se lembra de mim? – Perguntou Sasuke esboçando um meio sorriso.

Ele estava em seu escritório e tinha acabado de ser informado que Sakura recebera a ligação do antigo dono do prédio. Foi muito fácil para o Uchiha comprar o imóvel, ele nem precisou fazer muita coisa. Quem cuidou de tudo foi o secretário Lee, ele era um ótimo negociador. Tudo que Sasuke precisou fazer foi autorizar a transferência do dinheiro.

Você é mesmo o novo dono?— Perguntou Sakura aflita. O sorriso do Uchiha aumentou ao notar o desespero na voz dela.

—Sim. E como você foi informada o prédio será demolido. – Disse ele satisfeito consigo mesmo. – A demolição começará em uma semana, então saia.

O que?— Ela gritou do outro lado. – O que você é? Algum tipo de ladrão?

—O prédio agora é meu. Como posso ser o ladrão? – Perguntou ele sentindo uma súbita vontade de rir.

—Você é algum tipo de lunático então? Eu salvei sua vida e agora você quer me roubar!— Gritou desesperada e Sasuke teve que segurar o riso.

—Foi você quem não quis aceitar o pagamento. – Respondeu Sasuke ouvindo a choro de aflição que vinha do outro lado do telefone. – Dra. Haruno Sakura que ama sua clínica minúscula mais do que a nova que eu ofereci. – Zombou ele com um sorriso. – Por que não prova seu amor agora?

 

~*§*~

 

O maldito desligou na cara dela e Sakura o xingou de todos os nomes que ela pôde lembrar.

Ainda respirando com dificuldade, ela abriu seu notebook e digitou o nome daquele homem arrogante no Google. Seus olhos se arregalaram enquanto lia as informações sobre ele.

O solteiro mais cobiçado do Japão. Herdeiro da corporação Uchiha! Um dos homens mais ricos do mundo! Rico, rico, RICO!

Sakura fechou o notebook com raiva e apertou os punhos.

—Dizem que quem tem dinheiro são as piores pessoas! – Resmungou irritada.

Ela pegou seu celular e salvou o número daquele homem horrível na agenda, mas não colocou o nome dele, escreveu “Lunático”. Sem poder se conter, ela escreveu uma mensagem de texto para ele.

 

~*§*~

Sakura: Você se acha tão bom porque é rico?

~*§*~

 

A resposta dele veio quase que imediatamente. Curta e grossa.

 

~*§*~

Sasuke: Sim.

~*§*~

 

—Arg! Que arrogante! – Exclamou Sakura sem acreditar.

 

~*§*~

Sakura: Sabe como as pessoas se sentem quando os outros se vangloriam desse jeito? Eu poderia contar tudo à imprensa!

Sasuke: Faça isso.

Sakura: Como você pode fazer isso? Você não tem coração!

Sasuke: Por que você não se rende?

Sakura: O que? Me render? Isso é de comer?

~*§*~

 

Sasuke, lá do outro lado da cidade em seu escritório deu uma risada alta e rapidamente digitou uma resposta.

 

~*§*~

Sasuke: Então é assim que você vai agir?

Sakura: Em uma semana eu vou me mudar! Vou procurar outro lugar! Pode ficar com a sua clínica moderna e demolir a minha minúscula! Não me importo!

~*§*~

 

Sasuke sentiu vontade de jogar seu celular contra a parede. Ou melhor, ele queria matar aquela mulher teimosa! Por que não aceitava sua oferta de uma vez? Se era assim que ela queria lidar com as coisas, ele faria com que se arrependesse!

 

~*§*~

 

—Desculpe, moça. Não dá para achar um lugar por este valor hoje em dia. – Disse o proprietário do primeiro lugar que Sakura visitou em seu primeiro dia de procura.

—Por esse valor não posso alugar, moça. Sinto muito. – Disse o segundo compadecido.

—Moça, em que mundo você vive? Por esse valor eu não alugo nem uma garagem. – Disse o terceiro rindo da cara dela.

Sakura estava prestes a entrar em pânico. Aquilo era um pesadelo! Ela não tinha uma boa quantia para dar o depósito e o valor que podia pagar por mês era pouco. Durante aquela semana ela tentou até pedir um novo empréstimo no banco, mas negaram a ela sem cerimônias. Em todas as cinco agências bancárias que ela foi!

Ela tinha agora apenas um dia para encontrar um lugar antes que a demolição da sua clínica começasse e não sabia o que fazer.

Pedir aos seus avós estava fora de questão. Eles cuidavam de um pomar na pequena fazenda que ficava em Dagarashi e ganhavam o suficiente para sobreviver e manter a fazenda. Sakura deveria estar ganhando bastante dinheiro e os ajudando ao invés do contrário.

A última vez que falou com sua avó, ela tinha elogiado a neta que conseguiu se formar apesar das dificuldades e disse que estava muito orgulhosa. Sakura não queria que eles descobrissem o seu fracasso. Ela devia tanto a eles que o máximo que podia fazer, era deixa-los acreditar que ela estava se dando bem com sua clínica, deixando-os orgulhosos.

Sem poder pensar em uma solução para o seu problema, Sakura adormeceu no escritório e só acordou na manhã seguinte quando ouviu alguém quase derrubando a porta da clínica. Ela correu até a entrada um pouco tonta do sono, mas ficou totalmente desperta quando três homens levando marretas e furadeiras nas mãos entraram.

—Você é a inquilina? – Perguntou um dos homens que usava óculos escuros e um lenço tapando sua boca e nariz. Sakura achou a voz dele muito familiar.

—Sim. Sou eu.

—O que está fazendo aqui? Tenho ordem de demolir esse lugar hoje.

—Demolir? – Perguntou ela se fazendo de desentendida. Talvez se desse uma de quem não sabia de nada, eles iriam embora. Mas não deu certo.

—Sim, sua louca! Demolir! Pegue suas coisas e saia logo daqui! – Gritou o homem impaciente. – Rápido, mulher! Precisamos trabalhar!

—Espere! – Gritou Sakura com raiva. – Não vou deixar vocês destruírem a minha clínica! Eu vou matar aquele homem primeiro! – Ela caminhou para os fundos da clínica decidida, deixando os homens sozinhos na entrada. – Não toquem em nada!

O Sr. Lee, disfarçado de pedreiro, demolidor ou seja lá que ele queria parecer com aquelas roupas folgadas e aquele lenço na cara, observou enquanto a Dra. Haruno desaparecia de vista e rapidamente pegou o seu celular para ligar para o chefe.

—Já fizemos como ordenado, Uchiha-sama. – Disse ele satisfeito. – Oh, sim. Muito irritada. Ela ameaçou um homem de morte agora a pouco e acredito que foi o senhor. Ela deve chegar aí em uma hora. Ok! Até mais!

Lee desligou o celular com um sorriso e se virou para os outros homens.

—Vamos embora. Nossa missão aqui foi cumprida.

 

~*§*~

 

Sakura chegou na capital mais tarde do que ela gostaria. O trem atrasou por causa de alguns problemas técnicos, o que fez sua raiva aumentar. Além disso, ela tinha perdido muito tempo escolhendo uma roupa apropriada para vestir. Ela não tinha nenhum traje que a deixava com a aparência séria e respeitável, a não ser o terninho preto que tinha usado na última reunião em Tóquio. Por isso, teve que ser o maldito terninho!

Ela foi até a empresa U.C.I. Produções decidida a fazer um barraco na frente de Uchiha Sasuke que estava fazendo da sua vida um inferno. Ela não podia aceitar o que aquele homem estava fazendo sem ao menos tentar lutar.

—Que tipo de secretária sai da mesa toda hora? – Murmurou o Sr. Lee na recepção da empresa no momento em que Sakura entrou. – Oh! Srta. Haruno! Que prazer revê-la!

Sakura estava com tanta raiva que nem pôde cumprimentar o Sr. Lee com educação. Ela estava prestes a explodir, por isso explodiria com a pessoa certa.

—Diga ao seu chefe que estou aqui. Ele sabe do que se trata. – Disse ela entredentes e o olhar estreito.

—Cobertura, final do corredor. – Respondeu Lee imediatamente curvando-se em respeito e gesticulando na direção dos elevadores. Ele tinha conseguido chegar em Tóquio antes da Dra. Haruno, exatamente para ver o que ela iria fazer. Lee estava tão empolgado, que assim que Sakura subiu para a cobertura, ele fez o mesmo utilizando o elevador de serviço.

Quando Sakura chegou à cobertura do prédio, ela seguiu decidida para o escritório do presidente e ninguém tentou impedi-la. Ninguém poderia, na verdade. Ela nunca esteve tão furiosa em toda sua vida.

Quando viu a porta do escritório do CEO da empresa, ao invés de usar a boa educação que tinha recebido de seus avós para bater na porta antes de entrar, ela deu um soco abrindo a porta com uma pancada.

Sasuke, como já estava esperando por ela, não se assustou quando ela entrou. Esboçando um fraco sorriso, ele se levantou da cadeira estofada atrás da sua mesa para cumprimenta-la.

—Há quanto tempo, Dra. Haruno. – Disse parando na frente da mesa com as mãos escondidas nos bolsos da calça. – Você ainda acha que se render é algum tipo de comida?

Sakura respirou fundo, bateu a porta do escritório e se aproximou do Uchiha levantando sua bolsa para jogar nele. Sasuke se desviou da bolsa, mas não dos punhos dela.

—Quem você pensa que é? – Gritou a veterinária batendo no peito dele, nos ombros e onde mais podia alcançar. – Quem é você para tirar a minha clínica de mim? Como você pode tratar assim alguém que salvou sua vida? Acha que sou alguém que pode ficar brincando?

Sakura estava tão descontrolada que acabou tropeçando na própria bolsa e caindo de joelhos no chão. Ela fechou os olhos e choramingou sem poder se conter.

—O que foi que eu fiz de errado? – Disse ela batendo os punhos no chão. – Não aguento mais...

Sasuke se ajoelhou na frente dela e se aproximou em silêncio enquanto ela ainda choramingava baixinho. Não era bem o ataque que ela tinha em mente, mas o que mais ela poderia ter feito? O cara tinha mais de 1,80m, ela não podia assassina-lo só usando as suas mãos. Sakura abriu os olhos e o encarou confusa, parando de chorar na mesma hora. Por que ele estava tão perto? E por que estava se aproximando mais?

Sakura parou de respirar enquanto, apenas por um momento, ficou perdida nos seus olhos bonitos e intensos.

—Então... Venha para mim.

 

 

 

(*Ienes é a moeda japonesa. O valor de 4.680 corresponde em torno de 150 reais e 4.680.000 a 150 mil reais.)


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