Pra você guardei o amor escrita por Maria


Capítulo 34
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Escrevo porque me perco nas palavras não ditas.
Leio porque me encontro em histórias escritas por quem parece me conhecer.



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Epilogo

Todos aplaudiam de pé quando as luzes do teatro acenderam e as crianças foram reunidas pela professora para agradecer ao público. Henry e Roland estavam mais para a beirada acenando entusiasmados para a família que fazia festa na plateia.  A peça de autoria da turma tinha sido a coisa mais fofamente sem noção que todos ali já tinham visto.

Regina fora buscar as crianças enquanto Emma havia ficado esperando com Zelena, Robin e sua mais nova bebê batizada com o mesmo nome do pai. Sophia tinha ido com a mãe morena ajudar com os pequenos que contavam hoje com cinco anos. A menina era uma verdadeira protetora dos meninos e fazia tudo por eles e agora incluía a pequena Robin aos seus cuidados.

Emma ansiava um momento a sós com Zelena há algum tempo, mas elas estavam sempre muito atarefadas para poder parar e trocar algumas palavras ou Regina sempre estava perto. Esse não era o momento mais propício, mas ela precisava saber o que estava acontecendo com sua esposa. Regina andava estranha, como se quisesse conversar com a esposa, mas não encontrava as palavras. Cada vez que era questionada pela loira dizia estar tudo bem.

—Zelena, eu sei que está acontecendo alguma coisa com Regina e sei que se ela não está falando comigo ela provavelmente está falando com você. – a loira mirava a ruiva – vamos, desembucha. 

—Eu não sei do que você está falando loura paranoica. – respondeu a mulher tentando soar convincente no que ela falhou miseravelmente. 

—Zelena, não me testa. Eu não quero ficar insistindo nisso com Regina porque ela vai ficar negando eternamente, vai ficar chateada comigo e depois com ela mesma por estar me enganando.  Eu conheço a mulher com quem me casei, está acontecendo alguma coisa. – Zelena suspirou derrotada. Emma tinha esse poder sobre ela. Sempre conseguia lhe arrancar a verdade, tanto dela quanto da própria esposa, mas ela sabia que a coisa era mais grave dessa vez e que provavelmente a envolvia por isso não iria insistir com a própria Regina.

—Certo Emma, a Regina anda meio estranha mesmo e eu posso ter uma vaga ideia do que possa estar acontecendo pelas conversas que ela veio para cima de mim ultimamente – Emma assentiu – eu acho que Regina quer outro filho. – a loira arregalou os olhos – e eu não quero dizer mais nada, portanto não me force e converse sério com ela. Por favor. – a mulher suspirou massageando as têmporas assentindo para Zelena.

—Queria que ela se abrisse logo comigo sabe... É como se ela tivesse medo da minha reação. – Emma comentou. – Como se ela não soubesse que eu amo crianças, como se eu fosse .... sei lá. – emburrou a cara.

—Não fique assim. Converse com ela e você vai entender. – Zelena olhou para ela sugestivamente.

—Eu sei que Regina não pode gerar filhos Zelena. Mas ela sempre foi aberta quanto a isso, tranquila. Eu só não entendo.

A conversa teve que ser interrompida com a chegada da morena e das crianças que saltitavam entre eles eufóricos para contar cada detalhe da peça como se eles não tivessem visto há poucos minutos.

O dia passara relativamente rápido.  Após o teatro todos foram almoçar e passear e shopping e pelo parque. Já era noite quando Emma trancou a porta do quarto e caminhou até a cama com o semblante sério para a morena que lia com seus óculos de armação escura apoiado no nariz.

—Regina, - Emma a chamou – nós precisamos conversar. - A morena levantou os olhos do livro que estava lendo para fitar a esposa que estava com o semblante um pouco fechado.

—O que foi querida? – perguntou preocupada com a expressão que a esposa exibia. – Aconteceu algo?

—Isso é você quem tem que me dizer. – Emma respondeu ainda séria fitando a mulher a sua frente. Regina foi pega de surpresa. Ela sabia do que Emma estava falando, mas ela negaria até a morte. Emma a conhecia mais do que ela mesma.

—Não sei do que está falando. – Disse fazendo–se de desentendida, o que ela percebeu que não era uma boa coisa ao ver um lampejo de decepção passar pelos olhos verdes que tanto amava. - Emma, eu...

—Seja sincera comigo. Se estivermos junta podemos dar jeito em tudo. – Emma suplicava com os olhos para que Regina se abrisse. A morena levantou da cama e passou a andar pelo quarto.

—Eu não quero que me interprete mal... – disse hesitante.

—Me dê uma chance de interpretar, se for mal, me corrija. – encorajou–a.

—Eu quero ter mais um bebê. – ela soltou de vez - Eu acompanhei a gravidez de Zelena e eu senti essa necessidade... Eu não queria forçar isso em você. – Encostou-se à janela e olhava o trânsito na rua. – Por isso não queria falar nada. Esperava isso passar.

—Você não me força a nada Babe.  Quando eu disse sim a você eu estava disposta a levar minha família com você, e se você quiser ter três, quatro ou um time de futebol inteiro de filhos eu vou estar nessa com você,  provavelmente louca, mas eu vou estar. Nós podemos visitar o orfanato... – Emma dizia quando foi cortada por Regina.

                _Não. – disse abruptamente e recebeu um olhar assustado da esposa – eu quero dizer – disse mais suavemente – eu queria de outra forma...

                _Meu amor, você sabe que é impossível para você gerar uma criança... – Emma a abraçou por trás encostando o queixo em seu ombro. Regina fechou os olhos suspirando. Essa era a posição preferida dela, estar nos braços da mulher que amava era sempre calmaria e tempestade, brisa e furacão. – Eu não quero que você fique chateada, aconteceu, você não pediu pela doença, ainda mais na sua adolescência.  Nós podemos nos apaixonar por outra criança como nos apaixonamos por nossos filhos.

—Eu não estou chateada por não poder gerar uma criança meu amor, quando eu digo que quero ter um filho nosso – um pensamento passou pela mente brincalhona de Emma, por mais duro que elas tentassem jamais conseguiria engravidar a esposa, mas ela guardou isso para outro momento, um que fosse mais descontraído – eu queria dizer que esperava que você gerasse a criança.  – a respiração travou na garganta de Emma e Regina sentiu os músculos da esposa contrair atrás dela fazendo com que ela saísse do abraço da mulher.

  Emma estava paralisada, o sangue parecia ter fugido de suas veias. Gerar uma criança era tudo que ela sempre quis, mas pelo fato de Regina não poder por ela própria gerar um filho, por amor e respeito à esposa nunca tocou no assunto. Além do mais Sophia e Henry já eram suficientes para ela. Outro filho só somaria sua felicidade.

—É por isso que eu não queria falar. Não queria te forçar a nada, não queria que entendesse errado... Eu amo nossos filhos eu nem me lembro de um tempo em que eles não existissem em nossas vidas, não há nada errado na forma que eles vieram. Droga. – As lágrimas começaram a sair dos olhos de Regina e sua voz ficara embargada – Me sinto um monstro falando isso. Mil vezes droga. Eu... Eu só queria ter o prazer de acompanhar uma gestação sua, acarinhar sua barriga, te mimar, escutar Henry contar mil historias para seu ventre crescido, eu...

    _Sim. – Emma disse enquanto ainda tinha fôlego.  Cada palavra de Regina parecia roubar seu ar, seu chão, sua vida. Drenava suas forças e provavelmente a faria desvanecer e virar pó. Ela tinha que dizer rápido.

    _Sim o que Emma? – Regina perguntou sem virar para a esposa chateada pela reação de Emma, chateada por ter sido interrompida.

     _Sim. Eu vou gerar nosso filho ou filha. Esse e mais quantos você quiser ter. – Regina olhou abismada para Emma que sorria em meio às lágrimas.

   _Vo...você vai? – Não passava de um fio sua voz.

                _Sim. – o sorriso de Regina se alargou em proporções alarmantes.

—-**--

                _Querida, - Emma tentava desesperadamente se enfiar em um dos seus jeans para ir levar Sophia na casa de uma amiga – ela já tinha abaixado, murchado a barriga, mas o botão simplesmente não chegava na casa – eu não consigo fechar essa calça jeans.  Eu estou uma baleia. – Regina olhou para a esposa na frente do espelho e riu.

                _Você está linda amor. – E de fato ela estava.  Emma estava com os cabelos soltos em cascatas douradas tão brilhantes como o próprio sol. Sua pele parecia veludo e tão convidativa ao toque de Regina que tudo que a morena queria fazer era tomar a esposa em seus braços de preferência sem roupa alguma.

                Pouco mais de três meses tinha se passado desde a conversa sobre filhos e Emma já havia feito a inseminação.  Seu óvulo fora fecundado por um doador com as características de Regina.  Como não fizera nenhum tratamento antes, o médico as informara que as chances da fecundação dar certo eram mínimas. Mesmo assim elas queriam tentar. E foi o que fizeram. Em segredo. Um momento compartilhado somente por elas.

                Regina ainda olhava a esposa na frente do espelho em sua batalha pessoal para fechar a calça jeans e passou a observar o quão bela ela estava. Todas as suas qualidades acentuadas em níveis estonteantes. Sua pele alva brilhava parecendo macia como a seda, seus cabelos estavam mais sedosos e brilhantes e seus seios estavam maiores ou ao menos era o que seu sutiã rendado demonstrava e seu quadril e bunda pareciam terminantemente maiores. Regina mordeu o lábio inferior.

                _Amor. – sua voz melosa parecia mais um miado. – Eu estou gorda? – virou para Regina meio de lado. Então a morena viu. Uma protuberância mínima na barriga da esposa que nunca estivera ali. Mínima bem mínima somente visível por um par de olhos que conhecia cada curva daquele corpo. Regina pulou da cama assustando a loira que deu um passo para trás. A morena agarrou a cintura da loira ajoelhada e com os olhos cheios de lágrimas começou a beijar o ventre da esposa enquanto ria abobada. – Regina, o que é isso? Babe você está me assustando. – A morena soltou uma gargalhada e levantou segurando o rosto de Emma em suas mãos.

                _Querida você não está gorda. – ria e chorava ao mesmo tempo – você está grávida. – Emma arregalou os olhos chocada.

                _Grávida?  O médico disse que não ia funcionar. Grávida. Eu estou grávida?  - seus olhos marejaram – tem um bebê nosso aqui dentro? – abaixou olhando a barriga com carinho. – Temos que fazer um exame para confir.... – mas ela não terminou de falar porque Regina a tomou nos braços e a rodopiou.

                _Faremos todos os exames minha linda, mas eu sei que você está grávida. Eu sei. Nossa vidinha está crescendo aqui. – abaixou até a barriga da loira – suas mamães já te amam. Muito. Você é uma criança querida. Esperada. Nós estamos te esperando aqui fora ansiosos para completar a nossa alegria junto com seus irmãos. – colocou um beijo na região.

                Sophia foi ao quarto das mães para saber o porquê de tanta demora, quando do abriu a porta encontrou as mulheres dançando uma valsa desengonçada.  Emma estava com a calça aberta e só de sutiã, Regina ainda vestia o robe e sorria tão brilhantemente que quase ofuscava as vistas. Não havia música alguma, mas o ritmo de seus corações combinados com os de suas risadas parecia entoar a mais perfeita melodia.  A menina sorriu de canto de boca e fechou a porta voltando para a sala para esperar.

***--***

                Fechar a calça não foi o único desafio enfrentado pelas mulheres.  Antes de qualquer coisa que fizessem tinham que contar às crianças que eles teriam mais um irmão ou irmã. Henry vibrou com a ideia de mais uma criança pela casa e já havia escolhido vários nomes para o irmão ou irmã, mas para o desespero de Regina e Emma,  Sophia permanecera praticamente muda por quase uma semana inteira. 

                Então o constante enjoo começou. Tudo fazia Emma correr para o banheiro e colocar a refeição para fora. O perfume de Regina, o xampu de Henry, as canetas coloridas de Sophia. Mas o que realmente ficou feio fora o humor da loira. Durante o quarto mês de gestação a mulher queria morder quem passasse em sua frente, o que para a sempre doce Swan era completamente estranho.

                Regina cumprira sua promessa de paparicar a esposa e fazia de tudo e mais um pouco. Às vezes deixava a loira louca que se escondia dela no quarto das crianças, na casa de Zelena ou na casa de Ruby.  Emma, não faça tanto esforçoEmma, não fique tão perto do fogão com a barriga destapada. Emma você não pode comer a geladeira inteira, primeiro porque tem mais gente nessa casa que precisa se alimentar e segundo porque vai fazer mal. Emma, eu não acredito que apelidou nossa criança de Kinder Ovo. Foi o único dia em que a morena gritou furiosa.

                _Xiiii mãe - Henry se afundou ao lado de Emma no sofá – ela descobriu. – dissera na ocasião arrancando uma risada da irmã e aumentando a fúria da mãe morena.

                Sophia havia ficado mais protetora quando a barriga realmente começou a se destacar mais. Não deixava a mãe sozinha. Sempre perguntava o que ela precisava. Deitava em seu colo e acariciava sua barriga quando a loira reclamava de dores e sentia abismada o bebê chutar, fazendo mil perguntas que eram respondidas com paciência por Emma. Aliás, era só a menina chegar perto da mãe loira que a criança resolvia praticar ginástica.

                Mas ela realmente surtou no dia em que o pé de Emma inchou. Regina viera correndo do quarto meio vestida quando escutou o grito apavorado da menina que tentava retirar a sandália da mãe que estava agarrado ao seu pé.  A mulher loira estava sem reação pelo desespero da menina, nem havia sentido seu pé tão inchado, mas lembrou que tinha ficado com ele muito para baixo.

                Regina abaixou ao lado da menina que estava apavorada e retirou a sandália do pé da esposa colocando as pernas dela para cima e depois abraçou a filha até que seus soluços parassem e ela pudesse explicar que aquilo era normal e que aconteceria com frequência dali para frente. E pediu a ajuda dela para sempre lembrar a mãe de por os pés para cima já que ela era uma teimosa que insistia em ficar com o pé para baixo. Era o que ela fazia. Pegava os pés da mãe em seu colo e fazia massagem que parecia mais um carinho gostoso com suas mãos leves.

—-**--

                Regina ria da forma como a esposa andava. Já com oito meses se movimentava lentamente e de pernas abertas. A mulher tentava pegar alguma coisa em cima do armário, mas sua barriga não deixava e por mais adorável que fosse vê-la tentando, já estava ficando com pena da mulher e com medo dela cair e foi ajudar.

                _Querida o que você quer? – perguntou a morena gentilmente.

                _A bacia e a pipoca de micro-ondas. – respondeu fazendo bico. – Bem que você podia ajudar meu já não tão pequeno Kinder. - Regina não conseguiu evitar a risada e pegou para ela. Enquanto a pipoca estourava a morena encostou-se à bancada e abraçou a loira por trás fazendo carinho na barriga enorme da esposa que relaxou em seus braços. 

                Elas optaram por não saber o sexo do bebê e tudo que compravam era neutro para o desespero de Zelena e Cora que queriam ter montado o quarto há muito tempo. Emma convencera a esposa de chamar o bebê de Kinder Ovo depois de todos os apelidos que tinha inventado e a mulher recusado cada um. Eu não vou chamar meu filho de melãozinho, Emma! Regina havia dito irritada para mais uma escolha da loira. Então será Kinder mesmo, afinal o presentinho aqui ainda é uma surpresa. A loira sorriu convencida e a mulher não pode contestar.

                _Amor, como vamos fazer com o quarto do bebê? – perguntou Regina tocando em um assunto que elas queriam evitar ao máximo - Não podemos mais adiar isso.

                _Eu sei que não.  – suspirou pesarosamente a pipoca já esquecida – É só que... Eu amo a nossa casa. Cada canto aqui lembra nossa história. 

                _Mas não temos espaço aqui meu amor. – Regina fazia massagem nas costas da mulher que ronronava em seus braços.

                _Eu sei que não.  Não cabe mais ninguém nesse nosso cantinho. Já está lotado. – elas riram.

                _Nós vamos achar uma casa perfeita para a gente. - Regina beijou o pescoço da loira lhe causando arrepios. Ambas estavam de olhos fechados e não viram uma pequena com os olhos cheios de lágrimas correr para o quarto. Nos próximos dias a garota havia ficado estranha. Amuada em seu canto. As mulheres haviam percebido a mudança da garota e estavam preocupadas que com a chegada do bebê a filha sentisse que não era querida pelas mães.

                Naquela noite a loira deu um beijo de boa noite nos filhos, mas não foi dormir. Foi para a sala e sentou no sofá. Alguma coisa estava errada, ela sentia isso, seu sexto sentido de mãe estava piscando para ela que algo iria acontecer. Ela precisava descobrir. Sophia parecia estar sofrendo e ela queria arrancar esse sofrimento dela, mas como a mãe morena, cada asso com a menina devia ser dado no tempo certo. Se Emma mesmo não tivesse assinado os papéis de adoção com Regina ela iria achar que a filha era cem por cento da morena.

                Para sua total surpresa escutou passos vindo para o corredor, mas sabia que aqueles passos não eram de Regina e se manteve escondida. Então ela viu a filha com uma pequena mochila nas costas indo para a porta e seu coração perdeu umas duas batidas antes de correr em disparada. Se ela não estivesse ali naquele exato momento poderia ter perdido Sophia. Seu ar faltou só de pensar nessa possibilidade.

                _Posso saber aonde a senhorita vai? – perguntou acendendo a luz fazendo a menina pular de susto e parar com a mão na maçaneta.  Emma queria gritar com ela, brigar pelo que a estava fazendo, mas ela viu o sofrimento nos olhos da criança e isso fez seu estomago doer.

                _Eu... eu. – Sophia não conseguia falar.

                _O que você pensava que estava fazendo Sophia? – O olhar de Emma era firme, mas não severo. A loira voltou a sentar no sofá e bateu ao seu lado para que a criança sentasse. Por mais que quisesse gritar tinha que manter o total controle. Assim ela fez. Sophia caminhou lentamente arrastando os pés até sentar-se ao lado da mãe. – Pronto, agora pode me dizer o que estava pensando?

                _Eu não quero que vocês tenham que trocar de casa porque aqui está lotado. – disse de uma vez de cabeça baixa - Então eu iria embora e o bebê poderia ficar no meu quarto. Vocês amam essa casa. Eu também amo... mas eu poderia voltar para o orfanato eu já estou acostumada. – Os olhos de Emma marejaram ao ouvir a filha falar daquele jeito.

                _Querida, eu vou te falar uma coisa e eu quero que você me entenda de uma vez por todas, ok? – Sophia assentiu mirando os olhos da mãe. Regina havia sentido a falta de Emma na cama e foi procurá-la, mas parou sem ar quando ouviu a filha proferir essas palavras. – Eu e sua mãe te amamos. Se precisarmos ir para uma casa maior, nós vamos e você vai conosco. Se precisarmos todos dormir em um só quarto nós vamos também, o que precisar ser deixado para trás nós vamos deixar, mas uma coisa meu amor que nunca vamos deixar de ser é uma família. Você é nossa filha e sempre vai ser. Não importa se veio da nossa barriga ou do nosso coração. Não existe diferença aqui. Você estará sempre incluída em tudo nas nossas vidas, por favor, meu amor nunca mais faça isso. – suplicou - Toda vez que estiver sentindo algo, nos conte. Se eu não estivesse aqui e você tivesse sumido eu não sei o que far... – Sua voz falhou pelo choro compulsivo e a mulher tomou a menina em seus braços a apertando contra si.

                _Desculpe mamãe. Não chora, por favor. Desculpa. Desculpa. – A menina pedia desesperada nos braços da mãe que chorava compulsivamente. Regina caminhou até elas e as abraçou também.

                _Nunca mais faça algo do tipo Sophia. Se sua mãe não estivesse aqui e tivéssemos perdido você... – Disse a morena agora apertando as duas em seus braços.

                _Eu pensei que vocês amassem essa casa e não quisessem sair daqui. – Ela disse também chorando. – Me desculpem.

                _Sophia, nós amamos essa casa sim, e sabe por quê? – Regina olhou para a criança que negou. – Porque aqui eu tenho a Emma e a Emma tem a mim. E aqui nós temos você e Henry. Sem você esse lugar não vai passar de uma casa qualquer. E eu sei que para qualquer lugar que formos iremos transformar em um lar, mas isso só vai acontecer se você estiver lá conosco. – A morena completou abraçando a pequena.

                _Ninguém vai substituir você, nunca. Está entendendo? – A menina assentiu para a loira ainda nos braços de Regina – Amor de mãe só soma. Nunca divide.

                _Eu quero dormir. – A menina disse bocejando como se todas as suas forças tivessem sido roubadas e as mulheres riram. – Regina a pegou no colo e Sophia entrelaçou as pernas na cintura da mãe. A morena caminhou junto com Emma, mas não levou a criança para o quarto dela. – Mamãe meu quarto é ali. – disse contra o pescoço da mãe.

                _Hoje eu quero você pertinho da gente. – Abriu a porta de seu próprio quarto e depositou a menina no centro da cama deitando logo em seguida. Emma as acompanhou. Sophia deu um beijo na enorme barriga da loira e antes de cair no mundo do inconsciente sussurrou eu amo vocês. Aliviadas, as duas mulheres sussurraram em resposta um nós também antes de encontrarem suas mãos no lado da filha mais velha e adormecerem.

—-**--

                Aquele som entrava no quarto de forma baixinha pela babá eletrônica como vinha fazendo nos últimos oito meses. Um chorinho forçado. Helena não era só a cópia fiel de Emma com os cabelos negros como os de Regina e Sophia, ela era a soma da manha das duas. Mais dengosa que ela só Henry quando era um bebê lá no orfanato.

                Emma se remexeu na cama, desde que adotaram seus primeiros filhos não tinham uma noite de sono completa, mas com a chegada da bebê, dormir era realmente uma raridade. Regina acordava lentamente também. Estavam exaustas. A semana havia sido desgastante. Mills Company a empresa do pai de Regina havia declarado falência e Henry havia sido mandado a uma casa de recuperação. Após uma longa deliberação com Emma, Zelena, Cora e Robin elas compraram as ações do homem e iriam levantar a empresa, como uma família, como sempre fizeram. O ex-marido de Cora estava completamente senil.

                _Deixa que eu vou. – Regina disse assim que viu que Emma iria levantar. A morena havia feito um tratamento e junto com a esposa podia amamentar a filha o que fazia com muita emoção. Porém, antes que amorena levantasse escutaram algo pela babá.

                _Hey pequena. – Era Henry – você está se sentindo mal? – Helena soltou algumas coisas sem sentido, mas já não era mais um choro. – Vamos ficar quietinha. Amanhã cedo você mama. A gente só vai comer amanhã também. – A bebe respondeu em sua língua.

                _Isso mesmo maninha. Volta a dormir. – Era Sophia. – As mamães estão tão cansadas, elas precisam dormir um pouquinho. – A menina ameaçou a chorar de novo. – Xiiii. Não chora. Eu e Henry vamos ficar aqui com você que tal? E a gente as deixa descansarem. Você vai ver como o sorriso delas fica mais brilhante se elas dormem bem. Eu vou pegar nossas coisas e Henry vai nos contar histórias. – Um barulho foi ouvido e saiu do quarto enquanto entoava alguma canção de ninar. A menina voltou e Henry foi ouvido de novo.

                _Sabia Helena que nós viemos do coração das mamães? É. Diferente de você nós viemos de outra barriga que não podia cuidar da gente, então as mamães nos amaram e cuidam da gente. E assim como você somos seus filhos. E eu vou te contar uma coisa, nós temos as melhores mamães do mundo. – o pequeno disse.

                _É verdade irmãzinha. Elas são as melhores mães do mundo, você vai ver. Elas são incríveis. – Lá no outro quarto, três portas dali, uma loira e uma morena se encontraram no meio da cama em um abraço emocionado. Em cima do criado mudo a babá eletrônica ainda ecoava.

                _É verdade, elas são as rainhas. E nossas super heroínas. Eu sei que você é pequenina ainda e precisa muito delas, mas você tem que dividi-las comigo e com a Sophia tá? – A criança soltou uma risada gostosa. – Porque a gente também ama o abraço delas.

                _Isso mesmo bebezinha. Como irmãos vamos dividir tudo nessa vida. – Sophia completou.

                _Olha, vou te contar uma história sobre um rei que era um leão que você vai adorar...

                Muitos minutos em silêncio se passaram depois que Henry terminara a história. Emma segurava Regina apoiada em seu colo ainda sem palavras pelo que ouvira de seus filhos. Como toda mãe, essas mulheres vinham se perguntando se estavam fazendo um bom trabalho com seus filhos, e bem, aparentemente estavam se saindo muito bem. Elas eram suas rainhas.

                Como se tivessem combinado ambas as mulheres se levantaram da cama para ir checar seus filhos. Por mais adorável que fosse a atitude dos mais velhos, elas sempre levantavam para checar os três durante a noite. Se estavam cobertos, se estavam com calor ou simplesmente para ver se estavam respirando. Provavelmente isso vinha no manual de como ser mãe.

                Chegaram ao quarto de Helenae encontraram a cena mais fofa que poderiam imaginar. No chão sobre os edredons estavam Henry e Sophia. A menina estava mais perto do berço. Em um braço apoiado em seu ombro estava Henry, sua outra mão subia até o berço da irmã e segurava sua mãozinha. Os três dormiam profundamente.

                Emma e Regina ficaram contemplando os três por alguns momentos. Vários pensamentos passavam pela cabeça das duas mulheres. Tudo que viveram para chegar até ali. Tudo que ficou para trás. Tudo que antes não deu certo. Em seu coração cada uma fez uma prece agradecendo. Pelos momentos bons e ruins. Por tudo que as levaram para exatamente esse momento.

                _Emma...

                _Regina...

                Disseram em uníssono. Olharam-se nos olhos e sorriram uma para a outra.

                _Você primeiro. – Novamente juntas. Riram mais uma vez. Desviaram seus olhares para os filhos.

                _Foi para vocês que eu guardei todo meu amor. – as vozes saíram em sincronia antes das mulheres se aconchegarem no edredom e adormecerem com seus filhos.


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Notas finais do capítulo

Digitei pelo celular. Relevem os erros. Amo vocês. Muito obrigada e espero vê-las em breve.

Segue aí um pouquinho da minha próxima Fic....


Virava de um lado para o outro procurando um lugar vago quando seus olhos pousaram na mesa de uma certa loira que estava de costas para ela, sua blusa xadrez ainda pousava em sua cintura como a tinha colocado quando a ajudou com as malas. Seus cabelos, entretanto, estavam amarados em um rabo de cavalo. Alguém chamou a atenção de Emma que se virou para trás e seus olhares se encontraram. A loira se levantou e passou a caminhar em direção à Regina.
—Sente lá na mesa. – Disse quando chegou perto da morena.
—Acho melhor eu procurar outro lugar. – A morena disse como quem não se importava e Emma revirou os olhos para a Regina.
—Eu sou uma pessoa calma, às vezes engraçada, muitas vezes petulante e até irritante, mas não sou nunca uma pessoa que implora para os outros fazerem as coisas – era a primeira vez que ela via a loira séria – estou te chamando numa boa, vamos dividir o quarto por oito semanas e acho que podemos fazer isso ser legal – passou a mão por seu longo rabo de cavalo – se quiser vir, venha, no instante em que eu me virar e você não me seguir eu não vou me importar de te ver comendo de pé.
Então a loira virou para sua mesa novamente e Regina a seguiu antes mesmo de perceber o que fazia, como se seus pés tivessem vida própria...


Vou deixar um gostinho de quero mais!!!