Pra você guardei o amor escrita por Maria


Capítulo 33
Capitulo 33


Notas iniciais do capítulo

Feliz Natal a todas vocês minhas amoras. Eu pretendia postar dia 25, mas não deu.
Desde já adianto meu feliz ano novo. Que venha muito amor e saúde para vocês porque o resto a gente conquista e que Deus ilumine essa minha cabecinha com histórias novas para a gente.

Leiam as notas finais.



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O vento assoviava baixinho pela janela meio aberta da suíte principal fazendo a leve cortina ir para frente e para trás em uma dança calma. A claridade não era muita, mas já conseguia transpor as barreiras que a impedia de iluminar quase que totalmente o local. Porém nada parecia perturbar o sono daquelas duas mulheres, nem mesmo o par de olhos verdes que as observava já há algum tempo.

Os dias transcorreram normamente, bem como as semanas e por fim os meses se passaram na mais perfeita harmonia para toda a família. Regina e Emma colocaram Henry na mesma creche que Roland ficava durante o dia para que pudessem cuidar da empresa. Sophia frequentava a mesma escola e ambas a levavam e buscavam praticamente todos os dias.

Ela ainda se lembrava do primeiro dia quando acordou em seu novo quarto, ela achava que tudo iria ser diferente, que sua vida finalmente estava mudando, mas quando ela viu seu antigo uniforme esticado na cadeira lilás seu mundo tinha caído. Theo, um menino que morava no orfanato foi adotado certa vez, ele ficou três dias sem aparecer na escola até que no quarto ele estava na aula. No fim do dia ele voltou para o orfanato junto com as outras crianças e nunca mais voltou para aquela família. Ele era dois anos mais velho que a menina.

Sophia pensava que aconteceria o mesmo com ela. Aquele uniforme era um lembrete claro de onde ela vinha e para onde poderia voltar. Lembra que vestiu as roupas com certo desânimo e não pode se quer compartilhar a alegria do desjejum. Ela tinha certeza que teria o mesmo destino de Theo. Voltaria aquele dia para o orfanato.

Quando o sino tocou indicando que a última aula havia acabado a garota se juntou as outras crianças já se preparando para entrar na van que a levaria de volta para o lar das irmãs. No meio do caminho ouviu seu nome ser chamado, quando ela olhou na direção da voz pôde ver Emma e Regina paradas ao lado do carro da morena acenando para ela. O alivio percorreu por todo seu corpo e ela se moveu em direção às duas mulheres em uma marcha rápida, mas o que ela realmente queria era correr e pular no colo delas.

Sophia suspirou sorrindo com a lembrança ainda olhando para aquelas que faziam seus dias um verdadeiro conto de fadas. Emma estava esparramada no centro da cama de bruços com os braços sob o travesseiro. Regina estava colada às suas costas e um braço passava por sua cintura.

Elas se casariam nesse final de semana. Emma quem escolhera a data. Eles estavam na sala jogando algum jogo de tabuleiro quando a loira chegou dizendo que seria no próximo outono. A menina só lembra-se do sorriso emocionado de Regina quando ela disse que era sua estação preferida do ano e a loira com um leve rubor simplesmente respondeu que sabia.

O amor delas era lindo.

Tudo estava perfeito, mas a menina sabia que faltava alguma coisa ainda. Ela sentia e sabia que as mulheres sentiam também, afinal ela era completamente diferente de Henry. O menino já as chamava de mãe antes mesmo de qualquer mudança. Mas Sophia não. E ela via a emoção nos olhos delas cada vez que a criança fazia isso. Não que ela não sentisse que elas eram suas mães, ela sentia desde muito tempo. Ela só não conseguia colocar isso para fora, até hoje.

Cada músculo da menina sentia vontade de acordar as duas para dizer o que queria dizer, seu coração batia acelerado e palma de sua mão suava tanto que a garota tinha que secar em seus shorts. Ela não lembraria futuramente de qualquer barulho que tenha feito, mas mesmo assim Emma se mexeu abrindo lentamente os olhos.

—Pequena. – sua voz sonolenta saiu assim que viu a menina parada ao pé da cama com a expressão de alguém que foi pego no flagra fazendo uma travessura. – Aconteceu alguma coisa? – A mulher virou de barriga para cima segurando uma Regina ainda adormecida em seu braço. A criança negou. Emma continuou a encarando, era obvio que algo tinha acontecido. Ela e Regina podiam até ter demorado, mas haviam aprendido sobre o jeito da menina e mesmo que ela não percebesse sempre sabiam se havia algo de errado. – Quer subir aqui e acordar essa dorminhoca? – perguntou com um sorriso travesso e viu a menina esboçando um igual em sua face antes de assentir e pular para cima da cama. Regina foi atacada por uma avalanche de beijos e mesmo que seu sono tenha sido interrompido ela sentia uma felicidade imensa por ter sido acordada dessa forma.

—Bom dia meus amores. – Sorriu quando finalmente acordou e colocou a menina no meio das duas. – A que devo a honra?

—Acho que Sophia quer falar alguma coisa com a gente, já que ela estava aqui parada nos observando. – Emma respondeu fazendo a menina se encolher no meio delas de vergonha.

—Hey, não precisa ficar assim. Você sabe que pode falar qualquer coisa com a gente. – Regina levantou o rosto da menina pelo queixo. – O que está acontecendo?

—Eu... eu – a menina sussurrou sem coragem para falar, parecia que a voz não passava de sua garganta, por mais que ela tentasse. Ela queria perguntar se ela também podia chamá-las de mãe ao invés de tia igual a Henry, queria dizer que desejava ter dito isso desde o primeiro momento, mas ela não tinha coragem. Seus ombros começaram a balançar em um choro soluçado, as emoções transbordando. Regina olhou para Emma assustada e iria perguntar quando ouviram o que desejavam ouvir por um longo tempo. – Eu amo vocês mães. – Elas sorriram e abraçaram a pequena ao mesmo tempo depois do pequeno choque. – Muito. Mesmo eu sendo pequena. – Elas riram ainda abraçadas.

—Amor não tem nada a ver com tamanho meu amor. – Emma deixava as lágrimas cair enquanto secava as da menina que desciam por suas bochechas e também as de Regina.

—Não? – perguntou tímida.

—Não. – Confirmou a morena mais velha. – Eu sou menor que sua mãe e a amo muito, bem como amo você e seu irmão.

—Ótimo porque eu tenho muito por vocês mães, pela nossa família interia. – As mulheres riram novamente e começaram a encher a menina de beijos enquanto ela ria.

—Por que ninguém chamou eu para a festa? – Henry entrou no quarto esfregando os olhinhos ainda sonolento e suas mães se perguntavam como que ele havia descido da cama. Regina pegou o menino e colocou na cama com elas para ele contar fatos e mais fatos de como seu Rei Leão havia lutado bravamente com seus dissonauros em seus sonhos.

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Os últimos dias de preparativos haviam sido extremamente exaustivos. O casamento seria na casa de Cora, uma cerimônia para a família e os amigos. Emma descobriu que Regina e Zelena juntas eram um perigo para organizar qualquer coisa que quisesse ter a palavra simples no meio. Bem que Robin havia lhe dito.

Emma só queria que Regina estivesse lá com seus filhos. Ela não se importava se as toalhas eram Brancas, gelo ou off White. Aliás, ela não via qualquer diferença em nenhuma delas, ela confiava no gosto da noiva, mas isso fazia muita diferença para Regina que arrumou várias discussões com a loira. Ela só realmente perdoou sua noiva quando Sophia e Henry também não conseguiram ver a diferença nas cores.

—Hey Zelena. – Emma atendeu seu telefone que vibrava na bolsa. A loira já havia ido para a casa da sogra com as crianças enquanto Regina e Zelena haviam ficado para resolver as últimas pendências.

—Como está a noiva loira? – Perguntou a mulher.

—Está tudo bem. Se nós conseguirmos manter uma distância segura assim entre nós duas acho que rola um casamento antes de nos matarmos. – A ruiva soltou uma gargalhada alta. – Eu acho que o Darth Vader possuiu minha noiva e eu nem percebi.

—Eu disse que ela iria se apegar aos detalhes.

—Tudo bem quanto aos detalhes Zelena, mas não faz diferença se a fita que enrola os bem casados dê uma ou duas voltas no bolo. Eu por exemplo não gosto de nada que me atrapalhe chegar na comida. E quando disse isso eu quase fui dormir no sofá por ser insensível. – elas riram novamente. Emma olhou em direção a porta onde Cora e Ruby estavam escoradas e chamou-as para dentro do quarto colocando o telefone no viva voz – Aconteceu algo? Cora e Ruby estão aqui.

—Aconteceu que sua noiva está em crise existencial falando que você não quer casar com ela, que você vai enjoar dela, que ela é mais velha que você e você vai achar alguém mais nova e eu podia continuar aqui repetindo a ladainha dela, mas já foi bem cansativo ouvir isso uma vez. – Emma rolou os olhos desacreditada. Regina já havia dado essa crise existencial depois de uma noite de sexo quando a morena tinha chorado nos ombros da loira dizendo que ela ficaria velha antes dela só porque Emma tinha passado os dedos por seu rosto dizendo que amava cada uma de suas linhas de expressão.

—Zelena, passe o telefone a ela, por favor. – Zelena assentiu. Emma sabia que a ruiva estava levando o celular para sua noiva. Sua mente trabalhava rápido pensando no que ia dizer para que mesmo não olhando em seus olhos sua sinceridade ficasse completamente clara.

—Oi Emma. – Um suspiro baixo freou os pensamentos da loira que suspirou para se acalmar com a voz chorosa de sua noiva, voz que ela não reconhecia.

—Regina. – Sua voz soou forte, mas não insensível – Eu estou olhando para nossas alianças nesse exato momento – Seus olhos viajaram até a penteadeira onde os anéis pousavam - E essa aliança vai para o seu dedo amanhã às quatro horas da tarde na cerimônia que você preparou com muito afinco. Se você não quiser mais essa cerimônia eu não me importo, droga, eu não me importo onde estamos ou o que estejamos fazendo, se nossa decoração é roxa com bolas laranja ou se não decoração alguma. Se você quiser ir para o meio do deserto eu vou e acho um beduíno para que façamos os votos.  Eu posso desistir de tudo, mas eu não vou desistir de ser sua esposa. Então não faça outros planos porque em 20 de outubro eu pretendo me casar com você de modo que é bom que você compareça. Certo?

—Certo. – Ela disse em um suspiro que parecia mais de emoção do que de desespero.

—Promete?

—Prometo. – Regina disse com sua voz já voltando ao normal – É só que... eu não sei... nossa diferença de idade...

—Babe, eu sei que isso é assustador. Eu estou apavorada, só o que me faz relaxar é ver a empolgação dos nossos filhos com cada detalhe, é saber que é você quem eu escolhi passar o resto da minha vida. Casar é escolher quem vai empurrar a cadeira de rodas meu amor. Se for preciso eu levarei a sua, e eu sei que você faria o mesmo por mim. Eu não quero mais falar disso, eu prefiro você sendo a noiva guru das cores que briga comigo. – Pela primeira vez Regina riu fazendo a loira sorrir aliviada sentindo o aperto de Cora em seu ombro relaxar.

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De fato a cerimônia do casamento de Emma e Regina nem precisaria de decoração artificial porque a natureza estava dando um show à parte. O sol estava caindo deixando o céu em um tom degrade de vermelho, rosa, laranja e amarelo. Combinando com as folhas amareladas que ainda cobriam boa parte das árvores e do chão entre as cadeiras postas. O pequeno altar ao lado da macieira completava ambiente com suas orquídeas.

Em um quarto Regina terminava de fechar o fecho do vestido com a ajuda de Cora e Zelena. Ela estava deslumbrante. O vestido branco tomara que caia marcando toda sua cintura antes de abrir em uma saia rodada. Digno de uma rainha.

—Você está linda filha. – Cora disse entre lágrimas quando a morena deu uma volta.

—Realmente cunhada.- Os olhos de Zelena estavam marejados.

—Não façam isso que vocês vão me fazer chorar. – Respondeu colocando o dedo no canto dos olhos para segurar as próprias lágrimas.

Enquanto isso na casa da piscina uma loira olhava os últimos detalhes no espelho sendo admirada por Ruby, Mulan e Mary que conseguiu ir para o casamento. Ela virou para as mulheres sorrindo largamente. Seu vestido justo com decote em V subia com alças trabalhadas por seus ombros deixando toda sua costa aberta até a base da coluna. O modelo justo, mas confortável ia até seus pés.

—Deslumbrante. – Mulan sorria.

—Wow. – Zelena abrira a porta do quarto. – Eu morri e fui para o céu? – Perguntou. – Estou vendo anjos. – Todos riram da ruiva. – Eu vim saber se está tudo ok por aqui porque tem uma noivazilla lá em cólicas.

—Estou pronta Zelena. – Emma respondeu com um sorriso.

—Cadê aquelas crianças? – Perguntou novamente a ruiva.

—Provavelmente cumprindo o papel deles de ofuscar as duas noivas. – respondeu Emma com uma risada já saindo do quarto acompanhada pelas outras.

Os convidados estavam a postos quando as madrinhas começaram a entrar. Os familiares já se encontravam lá na frente à espera. Ninguém sabia como as noivas iriam entrar. Cada uma queria ver a outra passar pelo tapete vermelho, então chegaram ao consenso de que entrariam juntas, como tudo vinham fazendo ultimamente em suas vidas.

Quando a marcha soou, por trás dos convidados as noivas surgiram fazendo seus caminhos uma a outra de lados opostos. Os olharem se encontraram enquanto elas caminhavam até o centro de onde entrariam lado a lado de braços dados. Emma queria correr para abraçar Regina. A morena estava linda e parecia uma rainha andando no tapete vermelho. Nesse instante ela compreendeu que se tivesse entrado na frente e esperado Regina no altar a mulher seria viúva antes mesmo de estar casada porque a loira desfaleceria em seus pés.

Regina sentia suas pernas tremerem ao ir de encontro a sua noiva. O sol estava atrás da loira e seus cabelos, mesmo que preso, refletia o dourado. Era como o ouro no fim do arco-íris ou o Oasis no meio do deserto. A morena não sabia bem, ela não conseguia pensar não com a loira tão perto e ao mesmo tempo tão longe.

Finalmente se encontraram de frente ao grande tapete que as separavam do seu sim. Tiveram uma batalha interna para se lembrar que ainda tinham um caminho a percorrer. Sorriram amplamente uma para a outra antes de darem os braços e caminharem para o começo de seus felizes para sempre.

 

FIM.


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Notas finais do capítulo

Bem, chegamos ao fim dessa história. Calma ainda tem o epílogo.
Eu queria agradecer a todos por acompanharem Pra você guardei o amor até aqui. Obrigada por tudo. Pelos elogios, pelas broncas, pelos conselhos. AMO cada um de vocês que comentou, favoritou, indicou, recomendou e você que era um fantasminha camarada e sempre passava aqui. Obrigada. Sério mesmo. Acho que foram só vocês que não permitiram que eu caísse esse ano. Muitas coisas aconteceram e vir aqui era sempre reconfortante, mesmo sem saber vocês foram meus psicólogos, terapeutas e a melhor medicina que eu poderia imaginar.

Bem, eu não prolonguei o casamento delas porque eu sempre o vi como um complemento do todo. Tudo que havia para ser dito elas disseram no decorrer da história. Prometo que o epilogo sera fofo, mas ele será postado somente depois do ano novo porque eu sou filha de Deus e vou para a praia e a internet por lá é péssima.

Amo vocês e espero vê-las em breve.