Pra você guardei o amor escrita por Maria


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Hey galerinha do bem. Desculpem a demora e o tamanho do capítulo, mas os últimos dias foram bem conturbados entre idas e vinda ao pronto socorro devido a uma eterna enxaqueca. Como prevenção a futuras dores o médico me afastou das telas do computador por um tempo. Mas eu sou teimosa e cá estou escondida de todos.
Zelena is back.
Amo vocês.
Obrigada por cada comentário, vocês me fazem muito feliz. Mesmo. Agradeço a paciência e bem... sem mais delongas.



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Já era a quinta vez que Regina tinha que repetir a mesma coisa para Zelena que se recusava a entender ou estava de gozação com a cara da cunhada, e a morena estava quase certa de que a segunda opção era a correta.

—Pelo amor de Deus Zelena? Terei que desenhar? Qual a parte do “estou abrindo minha própria empresa” que você não entendeu? – Perguntou já meio impaciente. – Você tem o que dentro dessa sua cabeça? Ervilhas ao invés de neurônios?

—Entender eu entendi perfeitamente Regina, o que as ervilhas aqui de dentro – apontou para a cabeça – não estão conseguindo fazer, é acreditar. – Regina sorriu – Convenhamos, eu nunca acreditei que isso fosse acontecer.

—Pois está acontecendo. Ponha suas ervilhas para acreditar. - Regina era puro sorriso - Mamãe quase surtou quando contei a ela. – Comentou com certa nostalgia.

—Era o sonho dela, você sabe. Ela tinha muito medo do seu pai fazer algo contra você. E isso porque ela nem sonha o que você passa aqui dentro, ou o que já passou. – Zelena sorria orgulhosa, em seus olhos estavam toda ternura que poderia ter em seu coração.

—Eu sei. AI Zel, nunca me senti tão livre, leve, feliz. Eu só quero sorrir. Nada mais. Eu sorrio para o sol, para as pessoas na rua que eu nunca vi na vida, eu sorrio para as árvores eu sorrio para a vida. Eu tenho vontade de acordar e dar bom dia as flores, aos objetos inanimados, estou parecendo uma boba alegre adolescente, e o mais importante de tudo é que eu não estou nem aí para isso. – As gargalhadas com certeza poderiam ser ouvidas até no andar de baixo.

—Quem te viu e quem te vê. Eu ia perguntar qual foi o milagre que fez você dar essa guinada na sua vida, mas eu tenho o pressentimento que esse milagre atende pelo nome de Emma Swan. – Zelena disse divertida. Regina assentiu. – Nunca te vi assim por ninguém cunhada.

— Nunca me imaginei assim por ninguém Zelena, achei que jamais confiaria tanto em alguém que não fosse você, Robin ou mamãe, e então aquele furacão loiro, abusado e petulante com camisa de Harry Potter – Ambas riram - entrou na minha vida e me deu um belo chute na bunda tão forte que me jogou para frente, e só aí eu percebi o quanto eu estava estagnada. Só aí eu percebi o quanto minha vida era para agradar aos outros e nunca a mim mesma. – Regina olhava para Zelena que exibia um sorriso radiante.

—Viva a Emma. – Zelena levantava as mãos arrancando uma gargalhada de Regina – Sério, essa loirinha é demais. E o mais legal é ver o quanto ela é alheia a isso tudo, e com aquelas camisas de desenho animado... – balançava a cabeça rindo da imagem de Emma que surgiu em sua mente.

—Eu amo ver a mulher que ela é se misturando com a menina que ela sempre foi.

—Quando você vai sair de vez? – A ruiva perguntou ajeitando a postura, mudando o foco da conversa. Falar de Emma sempre chegava a uma discussão pelo fato de Regina esconder sua opção amorosa dela.

—Eu queria ver o lugar primeiro para alugar e tudo, mas mamãe já me adiantou que eu vou ficar com aquele imóvel ao lado do estúdio de Robin. – Zelena assentiu – E quanto a isso não há discussão com Cora. – Ambas riram – eu não quero brigar, se ela quer participar eu vou deixar. Já fui lá com Emma há uns dois dias e nós vimos e discutimos bastante como dá para reformar. Conversei com alguns clientes como Gold e Grannys, que são os meus mais antigos e mais confiáveis e Zelena, eles me deram total apoio. – Regina disse ao final como se não acreditasse no que estava falando.

—Eu não esperava nada diferente, eles só estão aqui por sua causa. Pelo seu talento, e só você não via.

—Estou começando a acreditar verdadeiramente nisso.

—Acredite mesmo garota. – disse estendendo a mão por cima da mesa encontrando com a de Regina e a apertando - Mas então, quando pedirá demissão daqui? – Perguntou na expectativa. Regina sorriu antes de responder.

—Hoje mesmo.

Regina já tinha arrumado tudo o que era dela e levado para seu carro, o que chamou a atenção de alguns dos funcionários da empresa, mas como nenhum deles tinha coragem sequer de olhar para a morena, somente desviavam seus olhos das caixas que a senhorita e senhora Mills carregavam.

Quando tudo estava arrumado, passou o olhar pela sala uma última vez e sorriu ao constatar que não sentiria falta de nada ali. Girou sobre os calcanhares. Ajeitou o terninho preto e passou pela porta em direção ao corredor que dava para a sala de seu pai. Seu salto ecoava ao bater no assoalho e a cada batida Regina sentia um alívio.

Parou em frente a grande porta de madeira maciça e girou a maçaneta, decidindo por não bater. Não havia como voltar atrás. Entrou na sala de seu pai e ele não estava sozinho, seu funcionário exemplar estava com ele.

—Não te ensinaram a bater antes de entrar em um lugar Regina? – Seu pai perguntou sem ao menos olhá-la. Regina, ao contrario do que sempre fazia, sorriu ao pensar que deveria ter sido ele a ensiná-la.

—Não tive muitos bons exemplos. – Respondeu mal criada e seu pai finalmente a fitou.

—Eu vou dar licença a vocês – dizia o outro homem já se levantando ao percebr que o clima ali dentro não iria ficar nada bem. Marcos gostava de Regina, mais do que ele gostaria até, mas ele sabia que ela o odiava, e não era para menos, o que seu pai fazia com a mulher magoava o próprio funcionário. Era isso que ele era, um simples funcionário.

—Não se incomode Marcos, você pode ficar, meu papo aqui é rápido – disse sorrindo debochadamente – estou aqui só para comunicar aos senhores que a partir de agora mesmo não faço mais parte do quadro de funcionário das Empresas Mills.

Marcos ficara mudo encarando Regina com os olhos chocados, o senhor Mills olhava a filha com um olhar indecifrável. Ele nunca quis outro filho, uma menina então, não queria que sua fortuna fosse dividida em muitas partes ou que passasse em muitas mãos. Seria do seu primogênito e pronto. Havia pedido Cora para abortar assim que descobriu a segunda gravidez, mas sua esposa recusara. Seus problemas, segundo ele, começaram ali.

Quando Robin recusou seu legado ele quis morrer. Mas o pior de tudo foi quando a filha apareceu para ocupar o lugar de seu filho varão. Para ele era a maior das humilhações. Ao menos, dentro da empresa, poderia destilar seu veneno sem ser repreendido. Aqui ele era o chefe.

Vários segundos se passaram e o silêncio era mortal dentro da sala. De repente seu pai soltou uma sonora gargalhada, fazendo Regina revirar seus nervos e fechar as mãos fazendo os nós dos seus dedos ficarem brancos.

—E você vai fazer o que exatamente Regina? Brincar de casinha com sua namoradinha? Viver de luz e amor você e a vadiazinha loira? – Ele mal conseguia pronunciar as palavras de tanto que ria. Levou um momento para ela verificar que sim, ela estava ouvindo o que ela estava ouvindo. Regina ficara imaginando como seu pai sabia que ela dividia o apartamento com alguém e olhou para Marcos que a devolveu o olhar aterrorizadamente constrangido. No momento seguinte mil emoções passavam pela sua mente com força suficiente para deixá-la tonta. Ele a tinha visto? E contado para seu pai? Ele estava vigiando ela? A morena conheceu um ódio que ainda não havia experimentado. Nem quando foi trabalhar na copiadora, nem quando seu pai a humilhara diversas vezes. Nem quando ele a viu beijar uma mulher e quase a espancou, mas não conseguiu por estar bêbado. O ódio que sentiu ao ouvir Emma ser chamada de vadiazinha loira era sem precedentes.

Cada músculo da morena pulsava e ela sabia que estava exalando calor igual a uma caldeira de ferro fundido. Ela queria gritar, esmurrar aquela cara de deboche do pai dela até transformá-lo em uma poça de sangue sem vida, queria arrancar o coração dele e apertar em suas próprias mãos até vê-lo transformar em pó, mas o que ela fez foi extremamente mais perigoso.

—Pensei que ficaria feliz com minha saída papai, e não preocupado. – ela disse dando um passo ameaçador para frente apoiando suas mãos na grande mesa de mogno e inclinando o corpo até a altura do pai. Seus olhos naturalmente de cor de avelã estavam negros como uma noite fria e sem luar – está com medo da concorrência? – Transparecia a tranquilidade de um lobo que fareja e parece se divertir com o desconforto da presa que estava acuada bem na sua frente.

Aqueles dois homens presentes naquela sala não conheciam essa mulher que estava a frente deles. Essa Regina era perigosa e os ameaçava ali bem na cara deles e eles sabiam. Seus olhos não continham aquela raiva previsível de quem não sabia o que estava fazendo, mas continha uma determinação de ferro que despertou naqueles dois a sua frente um sentimento que eles não queriam admitir; medo. De repente o riso morreu na garganta do Sr Mills. Sua expressão ia mudando lentamente enquanto encarava os olhos da filha perigosamente de perto.

—A casa construída na rocha firme papai não deveria ter medo de uma simples brisa. – Seu tom era baixo, melódico e ameaçador. Ela ergueu o corpo e saiu os deixando atônitos. Fechou a porta atrás de si e eles ouviram seus passos diminuindo, só então soltaram a respiração que estava presa.

Quando Regina encontrou Zelena já na calçada podia sentir as lágrimas descendo pelas suas bochechas, era como se durante todo esse tempo estivesse dormente, coberta com um lençol de gelo da cabeça aos pés, suportando os minutos um após o outro, interpretando um papel no espetáculo que é a vida.

Mas ela não estava mais embolada na cama em uma posição fetal. Não. Sopraram no ouvido dela que ela já poderia respirar de novo. A dor do ar passando pelos seus pulmões recém-nascidos a desestabilizou um pouco, mas foi só isso. E por um tempo indigno de ser relevante. Sentia toda a vibração perpassar pelo seu organismo com a força de correntes elétricas que se chocam através do emaranhado de fios desencapados. 

Tinha certeza que nesse breve momento parada na calçada um bom observador ao fitá-la poderia ver o leve balançar dos seus cabelos, mesmo não havendo vento nenhum. Ela sorriu. Estava certa que essa sensação era o mais perto do conceito de mágica que chegaria perto um dia.

Ao dar partida em seu Mercedes preto finalmente percebeu que estava nascendo para a vida.


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Notas finais do capítulo

Comentem. Miss and love u.