Para Além da Beleza escrita por Ami Ideas


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

O capítulo de hoje ficou mais curto, mas é mais emotivo. Começa a caminhada para "Damelle", e os sentimentos dos personagens. Espero que gostem!

Li e respondi todos comentários, muito obrigada pela vossa atenção. ♥

Boa leitura,



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Houve um minuto de silêncio enquanto Darcelle parecia processar a informação. O motorista a encarava com um ar preocupado, se perguntando o que teria aquela jovem feito até conseguir que o senhor Beauchamp abandonasse a mansão. Ele nunca fazia isso.

Darcelle tirou o casaco e calçou os sapatos, e saiu um tanto reticente, tinha o coração a ecoar como se fosse o ritmo de tambores africanos. A garganta secou imediatamente, a medida em que descia as escadas mal iluminadas e os degraus partidos, até ver o Bentley Mulsanne prateado, com os vidros escuros e a destoar com o resto da rua com toda a sua elegância e luxuosidade. Étienne correu para abrir a porta para a sua colega, mas se afastou para longe do carro logo a seguir, deixando os dois a sós.

— Senhor Beauchamp, eu... não estava a espera. — Johnson agradeceu mentalmente pelo calor do interior do veículo, tanto quanto pelo conforto dos bancos revestidos em couro.

— Eu sei que não, senhora Johnson — respondeu prontamente. Na verdade nem ele esperava fazer tal coisa. Engoliu em seco, pois conseguia sentir o cheiro a chocolate que exalava da sua boca. Os olhos azuis se prenderam no contorno dos lábios, quase imitavam um coração. E eram tão carnudos e delicados.

— Quer subir? — Convidou mesmo sabendo a resposta, ainda assim sabia ser seu dever demonstrar cortesia. Era aquela a educação que os pais a tinham dado.

— Não. Não. — Damien despertou do transe e levantou os olhos para os fixar nos olhos escuros. Eram pretos e brilhantes como a noite, mal se podia distinguir a pupila da íris. Se descobriu nervoso. — Sei que já é tarde, mas... — Como encontrar as palavras certas sem parecer um desesperado? — Eu queria trocar algumas palavras consigo, e não me valia esperar pelo amanhã.

— Vai-me despedir? Por favor, se foi pela noite do jantar eu sei que realmente não...

— Shhhh. Se recomponha, senhora Johnson. Não viria aqui para isso! Christian Dash trata da parte dos recursos humanos — garantiu com um pouco de impaciência na voz, e passou a mexer a perna continuamente, apenas para não estar quieto. — Eu tenho escutado cada palavra que me diz, e acredite ou não, já ouvi milhares de vezes as mesmas coisas e vezes sem conta.

A assistente o olhava de cenho unido na própria confusão, os olhos inquietos dentro dos orbes não pareciam querer sossegar. Afastou um pouco para frente, tornando a proximidade deles mais intensa, como se de tal forma pudesse ouvir com atenção cada palavra que lhe era dita.

— Entretanto a forma como você as diz tem um certo... — Não queria usar a palavra poder, por isso se demorou na busca para achar a certa. — Impacto! E nos últimos tempos me encontro a repensar em cada coisa com certa cautela.

— Só digo o que penso. — Ela se defendeu.

— Eu sei, eu sei. É por isso que estou aqui. Preciso lhe fazer algumas perguntas e peço para que seja sincera. — Damien permaneceu calado e vendo que Darcelle aguardava, então prosseguiu. — A senhora acha que sou uma pessoa infeliz?

— Primeiro gostava que parasse de me chamar de senhora, caso queira ter uma conversa comigo. Sei que prefere a formalidade, mas peço que me trate apenas por Johnson ou Darcelle.

O Monstro du Camp assentiu mesmo sem querer. Tirar a senhora, e deixar apenas o sobrenome parecia algo completamente tolerável.

— E sim, eu acho que é uma pessoa infeliz.

— Por que razão? O facto de eu não estar sempre a cantarolar ou a saltitar não me faz alguém propriamente infeliz, sen... Johnson.

— Uma pessoa que vive confinado na sua mansão, que se esconde por trás de uma máscara e compra uma mulher sem nem se dar ao trabalho de conquista-la. É isso que pretende para a sua vida?

— E quando isso foi sinônimo de infelicidade. Já pensou que tem pessoas que gostam de estilos de vida diferentes, apenas? Ou que não almejam certas coisas comuns desejadas por todos os outros?

— A mim parece que se acomodou a sua condição. Que não acredita no amor, e acha que esse é o modo de vida perfeito apenas para não correr o risco de sofrer caso dê errado. — Darcelle encarava a máscara a cobrir parcialmente o rosto do homem a sua frente. — O senhor é jovem. Acha mesmo que ninguém o pode amar devido a sua aparência? Se não mostrar o seu lado bom interior, aquilo que realmente é, como pessoas que desejam algo mais do que dinheiro, podem se aproximar?

— E o que acha que devo fazer? Passar a rir para qualquer um que cruze o meu caminho apenas para que gostem de mim, ou para que não sintam nojo? — Damien perdeu a calma.

— Primeiro tire essa máscara! — Ela fez menção de mover as mãos mas ele as segurou a meio do trajeto. Se encararam por alguns instantes, um sentia a textura diferente da pele do outro. — Tire a máscara.

Os carros passavam do lado de fora, as luzes dos faróis os iluminavam por alguns segundos antes de voltar a escuridão do interior do carro. Beauchamp largou as mãos de Darcelle, e permitiu que lhe tirasse a máscara. Prendeu a respiração por alguns segundos.

— Se alguém não gostar de você pela sua cara, sua pele ou nível, então essa pessoa não merece ser seu amigo ou amado. Quem sentir nojo e se afastar, é porque não vale a pena. Quem gostar do senhor, estará do seu lado independentemente do que for — afirmou num murmúrio vago e passou os dedos finos no lado deformado do rosto. — O senhor tem saúde e dinheiro, já viu apenas o que falta? A felicidade.

Damien fechou os olhos ao sentir o toque, um movimento instintivo. Ficou sem palavras por alguns segundos, não sabia o que dizer.

— Acorde e vá trabalhar na sua empresa, depois almoce em algum restaurante, faça uma corrida. Tem tanto dinheiro pode viajar, sair para a noite. Deixe que o fotografem e que vejam que está de bem com a vida. Dê as caras nos projetos beneficentes. Viva, senhor Beauchamp. Apenas viva!

Sem máscaras.

Sem máscaras.

Abriu os olhos azuis para observar Darcelle mais uma vez. Todos ao seu redor pareciam conformados com a máscara em seu rosto, nunca lhe tinham dito para viver sem ela.

— Você é feliz, Johnson?

A pergunta encontrou a assistente de surpresa, e baixou a mão de repente, como se só tivesse dado conta do que fazia naquele instante.

— Nunca vivi uma grande paixão, mas fui criada com muito amor. Tenho um bom emprego agora, posso ajudar a pagar a casa. — Olhou para o apartamento por cima do ombro, através da janela, e voltou a encara-lo. — E tenho uma prima chata de quem gosto muito.

— Eu sei, o Dash lhe deu um carro e pelos vistos ela não ficou muito satisfeita, não é?

A assistente arregalou os olhos pela surpresa, e o Monstro du Camp percebeu o erro que tinha cometido. Recostou-se melhor no carro.

— Vou promover você, Johnson. Não quero que fique a tratar das mesquinhices da senhora Charlton. Sequer imaginava que vivia aqui. — Olhou ao redor para os prédios mal pintados e a estrada esburacada. — Vais trabalhar na Beauchamp.

— Não posso crer!

— É sábia de mais para ser tão mal aproveitada.

A negra cobriu a boca com as mãos, sem se esquecer do assunto sobre a prima. Como é que Christian Dash tivera a liberdade de a oferecer um carro? Não ia perguntar, mas esperava que Jamie se dignasse a contar.

— Muito obrigada, senhor Beauchamp. Eu não sei como agradecer. — Estava muito feliz, ia finalmente ter a oportunidade de criar uma carreira mais administrativa e de trabalhar numa das maiores empresas do país. Ao mesmo tempo sentiu uma pequena tristeza por não voltar a ver Damien todos dias. Estaria ele a afastá-la? E por que se sentia daquele jeito?

— Seja feliz. — Ele respondeu.


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Notas finais do capítulo

Se gostou ou não gostou, por favor não hesite em usar a caixa logo abaixo. Gosto de saber onde acerto e onde falho, e não tenho medo de críticas, e nem de fantasmas, por isso apareçam por favor!

Façam uma pequena escritora feliz!

Outra coisa: Querem ler "Jamian/Chrismie" aqui, ou que eles tenham a própria história em separado?

Bisous.