Para Além da Beleza escrita por Ami Ideas


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Perdão pelo atraso, nem foi por não escrever pois a história já estava terminada e até já comecei a de Dash e Jamie. É o seguinte, meu computador não aceitava aceder ao Nyah! de início até pensei que estivesse fora e em manuntenção, mas depois vi que o problema era com o site mesmo e que alguma coisa estava bloqueando.

Tive que esperar um informático vir aqui resolver e não foi fácil o sacana aparecer, uma vez que estou de férias. Afff.

Mas para compensar, vou postar mais dois capítulos. E peço mil desculpas.

Espero que gostem e boa leitura,



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Os olhos azulados tremeram dentro das orbes, não acreditando na forma leve e suave a qual Darcelle parecia se encontrar. Sorria e falava tão descontraída e nem parecia a mesma mulher chorosa em seus braços enquanto insistia para que se fosse embora pelo bem de Giovani. Damien nunca quisera estar longe da amada, no entanto começava a ter certas dúvidas sobre os sentimentos dela.

— Tire essa cara queimada do caminho! — Um homem meio bêbado o empurrou para poder passar, visto estar no meio do corredor e a bloquear a passagem. Os risos das pessoas ao redor, despertou-o de suas divagações, sentindo a dor pela provocação e se afastando para longe de quem o pudesse ver.

Deixou o bar e a confusão para trás, correndo em direção ao carro e só parou ao ver o reflexo nos vidros escuros, o rosto feio e estragado para sempre causaria repulsa. Sem Darcelle, nada mais parecia fazer sentido. Estava dependente do seu amor para continuar a ter forças, pois ela o amava como realmente era.

— Damien?

Virou tão rápido e num instinto levou a mão ao rosto, se escondendo dos olhos escuros que o encaravam confusos.

— O que faz aqui? — Johnson perguntou. Usava o cabelo natural num afro belíssimo, destacando suas feições suaves.

— Eu... eu só queria vê-la, mas já estava de saída.— Ficou envergonhado, a vista procurava qualquer ponto na testa dela, para não ter de encontrar aquele olhar inquisidor.

— Por um momento pensei que fosse uma loucura minha, mas decidi vir averiguar. — Trazia uma garrafa de cerveja na mão, e um ar relaxado.

— Eu falei que estava de saída. — Não conseguiu segurar o tom magoado, e muito menos os pensamentos persistentes que corriam na sua cabeça. Queria carregá-la consigo para longe daquela felicidade sem a sua presença.

— Por que não entra?

— Darcelle! — Beauchamp quase rosnou. — Eu sinceramente não sei como pode estar assim, numa boa, quando eu sofro todos os dias sem você.

Viu o peito feminino subir e descer num profundo suspiro. Baixou a cabeça.

— O facto de não estar deitada numa cama mergulhada em lágrimas não quer dizer que não esteja a sofrer. Se acha que deveria hipotecar a minha vida só para provar a dor que me consome, pode tirar isso da cabeça — respondeu, sempre firme e decidida.

— Não vim aqui exigir nada, apenas queria vê-la. Pode voltar para a conversa com seus amigos, não tem nada para me justificar. Você é... livre. — Custou dizer aquelas palavras, sabia estar a ser um completo idiota, mas não conseguia fingir não ter ciúmes.

— Tudo bem. — A forma calma como as palavras foram proferidas, fez os olhos de Beauchamp se arregalarem numa chama de desilusão.

— Então é isso? Simples assim? — Não podia acreditar naquilo, chegou a rir de desgosto. Passou a mão nos cabelos loiros.

— Não é simples assim! Estamos numa encruzilhada, e eu já disse, e reafirmo não querer ser o pivô de um possível problema que possas ter com o Giovani. Se abrir mão dele para ficar comigo, eu nunca ficarei com você, pois amanhã poderás fazer o mesmo com um filho nosso. — Pela primeira vez Darcelle pareceu perder a calma, e gritou com Damien. — O que acha que é um filho? Filho é quem devemos amar acima de qualquer coisa, acima de qualquer pessoa.

— Mas não é questão nenhuma para duas pessoas ficarem separadas quando se amam. Eu posso ter as duas coisas! — Bradou.

— Hipotecando a oportunidade da criança ter uma relação saudável entre os dois parentes? Eu sei que isso é muito comum nos dias de hoje, mas não posso fazer parte. Me perdoe. — Explicou pela milésima vez. Não entendia a razão dele sempre fazer parecer que a culpa de estarem separados era sua. Pigarreou.

— Darcelle está tudo bem aqui? — Abayomi saiu do bar, igualmente com uma garrafa. Parou a poucos metros de distância e analisou de um para outro.

— Está sim. Boa noite! — Damien escondeu o rosto junto ao ombro. As mãos tremiam quando procurava as chaves do carro de luxo, e entrou tão rápido quanto partiu daquele lugar.

A jovem tinha todo o corpo a tremer quando viu a viatura se afastar, o coração pulsava com força, e fechou os olhos com força a fim de apertar toda tortura. Nem sempre conseguiria ser forte para poder ser justa com os seus princípios.

— Agora sei de onde sua cara é familiar. A namorada do monstro Beauchamp — comentou, se aproximando mais da possível futura trabalhadora.

— Ele não é um monstro — sublinhou entre dentes, ainda a tentar buscar ar para se recompor. — É o homem que eu amo.

— Se ama o que estás fazendo aqui? — questionou, inflexionando a voz. — Sabe, Johnson, ninguém pode ser correto o tempo todo. Esse mundo é de quem arrisca sem medo de um futuro. Se você atirar um pássaro pela janela, não espere que ele não voe.

Darci levantou a visão em direção ao Chef famoso, parecia certo nas palavras.

***

Christian olhava para o amigo sem conseguir reconhecer. Damien tinha barba de dias por fazer, os olhos cansados e um ar de poucos amigos. Assinava os papéis sem ver o que estava escrito, e os lábios pálidos indicavam a pouca falta de alimentação.

— A senhorita Johnson pediu demissão, tem um estágio de um mês numa cozinha de um restaurante chamado África. — Parecia meio irónico ao dizer aquilo, estendendo a pasta de arquivos da funcionária. — Vai cumprir o mês de aviso prévio.

— Deixe-a ir — balbuciou entre dentes. Sequer se dignara a encarar o melhor amigo, fingindo estar atento nos balancetes apresentados na tela do computador. — Deixe-a ir, Dash. Não precisa cumprir nada.

— Eu realmente entendo a Darcelle, não na parte de deixar a maior empresa do país para trabalhar num restaurante, e sim sobre Giovani. Ela não quer carregar o peso de um dia, você ou o teu filho a acusarem de algo. Hoje está tudo bonito, muito amor, mas e amanhã? Quem sabe as cobranças? É um fardo pesado demais. — Deu o seu parecer sem pestanejar. Sempre fora curto e direto.

— Obrigado pela opinião, mas não foi pedida. — O semblante de Beauchamp estava sombrio e pesado. Espelhava sofrimento.

— Contudo não quero ver vocês assim nesse estado. É penoso! Ela está magra como um palito de dente, daqui a pouco será usada como espeto no restaurante onde vai. — Christian brincou e riu sozinho, não tendo arrancado nada do amigo. — Eu pensei e pensei, e cheguei a uma solução.

— Com tanto trabalho que existe na empresa, é com minha vida que pretendes te ocupar, Dash? — Continuava intransponível, mas o psicólogo era muito astuto para se preocupar com a má disposição dele.

— Como é que se resolvem as coisas com pessoas chantagistas, Damien? — Andava de um lado para o outro, com um ar muito sério a imitar um advogado piroso. — Eu vou-me resolver com aquela vaca, você vai ver só.

— O que pensas fazer? — Desta vez mostrou interesse nas palavras do outro. Parou inclusive de digitar no computador, encarando pela primeira vez o rosto divertido de Chris.

— Vou fazer blefe. — Bateu com as mãos na grande mesa de mogno e riu as gargalhadas. — Uma chantagem para uma chantagista.

Explicou com atenção toda a conversa bem arquitetada do administrador, era mesmo maquiavélico.

***

A nova casa de Joanne Charlton era num bairro de classe alta e residencial. Era grande com quatro quartos, uma piscina bem na frente do jardim verde e esplendoroso. Dash estacionou o Ferrari de dois lugares bem atrás do camião de entregas, e de óculos escuros adentrou na casa da mãe do sobrinho.

— Tio Chris! — Giovani correu para abraçar suas pernas assim que o viu, estava feliz.

— Não me lembro de ter enviado algum convite para visitas — anuiu Joanne entrando com um sorriso meia boca, e segurou o filho pelo braço para desgrudar das pernas do intruso.

— Já devias conhecer a peça, sabes bem que sou atrevido! — Dito isto, se autorizou a entrar na casa, onde uma empresa contratada de decoração discutia pormenores entre si. Viu a face da má anfitriã ficar vermelha como um tomate e riu.

— A que se deve a honra? — Alfinetou com as mãos na cintura e pediu à Gio para que saísse dali.

— Nem vai oferecer uma água? Café? Que malvada. — Continuou a provocar enquanto abria uma pasta preta com o logo grande da Beauchamp e o cavalo. — Ouvi que sua irmã está de barriga, pelas contas era suposto ser de Damien. Já imaginou? As duas irmãs golpistas sortudas.

— Eu não vou ouvir desaforos na minha casa, senhor Dash. Diga logo a que veio ou retire-se, porque tenho mais que fazer — vociferou como só Joanne sabia fazer, as sobrancelhas estavam levantadas em indignação.

— Casa de Giovani, você quer dizer. — Corrigiu um quanto azedo. — Por favor, assine aqui.

— E o que é isso? — Recebeu a pasta e viu os vários papéis nele contido. Passou uma vista rápida de olhos.

— A verdade é que toda essa história de filho tem saído muito cara para Damien. Ele até simpatiza com o menino, mas não tem aquele amor assim tão forte ainda. — Gesticulava preguiçosamente enquanto explicava como se fosse a uma criança de quatro anos. — Você não quer o menino perto de Darcelle, e ele não quer abrir mão da namorada, certo? Então pronto. Giovani é todo seu.

— Como? — Quase mordeu a língua e sentiu um fio de suor escorrer nas suas costas. Riu para fingir a preocupação. — O que vou explicar para o meu filho? Gio agora sabe que tem um pai.

— Senhora Charlton, isso é um problema seu. Pelo que sei, você deixou bem claro em como ia falar mal do pai para ele. Faça isso. — Encolheu os ombros. — Um dia esse menino vai crescer, e vai ter a oportunidade de ouvir a outra versão da história.

— Que o pai escolheu uma vagabunda ao invés do filho?

— Não. Que a mãe escolheu isolar o filho por conta de uma namorada do pai. E a única vagabunda aqui é...

— Quanta hipocrisia! — Deu uma tapa forte no rosto do administrador da Beauchamp, e logo levou as mãos a boca, num notável surto.

— Não vou devolver porque não bato em mulher. Mas vou-lhe passar o nome de um colega psiquiatra, devia dar um salto por lá — sugeriu com uma calma e paciência jamais vista. — Assine.

A irmã de Emma estava a ofegar sem parar, os olhos pareciam incrédulos por alguns minutos.

— Não era isso que querias? Beauchamp escolheu Darcelle, pode ficar com a sua criança. Pronto. Todo mundo feliz. Fale mal o quanto quiser que mais ninguém se importa! Todos meses as contas estarão pagas e receberá pensão. O que seria melhor? Agora pode ter o Gio só pra você! — Dash sabia provocar muito bem, instigando-a de forma incrível, a querer contrariar a decisão.

Ela pegou a pasta e rasgou todas as folhas ali dentro, numa raiva quase tresloucada, com as lágrimas a caírem de seu rosto. Christian suspirou.

 

Naquela mesma noite, Joanne deixou o filho aos cuidados da irmã e de William, e chamou Étienne para conduzi-la até ao restaurante África. Ouvira dizer que Darcelle começara o estágio naquele lugar há alguns dias, e queria cerca-la no fim do expediente. Aguardou no carro com o motorista, enquanto o restaurante deixava os últimos clientes saírem, e depois os trabalhadores seguiam um por um para fora do recinto. Era mais requintado do que pensava, pelo que se dizia pelas vozes, era preciso duas semanas de antecedência para obter uma reserva.

— Vou lá. — Decidiu ao ver que nunca mais via aquela que considerava sua inimiga sair. — Não precisa esperar, Étienne. Pode ir, a conversa vai ser longa.

Charlton não ia deixar aquela mulher sair vitoriosa naquilo, não podia aceitar ter perdido assim tão facilmente. Queria acusa-la de destruir uma família, colocar o peso na consciência.

— Estamos fechados. — Abayomi disse assim que viu a figura entrar. Parecia meio perdida, como se procurasse por alguém.

— Boa noite. Procuro por Darcelle Johnson! — disse. Estava tensa só pela forma como mordia os lábios. O Chef reparou naquilo.

— Johnson está de folga hoje. Você deve ser Joanne — supôs, se lembrando da descrição dada pela nova amiga.

— Falaram de mim? — A mãe de Gio não escondeu a admiração, e com a mão no pescoço pálido, se aproximou ainda mais de Antoine.

— Darci tem sido uma grande amiga, e eu para ela. Por isso, gostava de falar com você, por tudo o que ouvi dizer, penso que a sua parte da história possa ser de igual relevância. — Andou cheio de estilo até a uma prateleira cheia de vinhos, escolhendo o mais saboroso e se apressou em abri-lo.

— E por que razão o senhor faria isso?

— Antoine Abayomi. — Apresentou e lhe entregou a taça com o vinho, e percebeu o olhar desconfiado da mulher. Puxou duas cadeiras e uma tábua de acepipes. — Não estou aqui para julga-la. Vi  o seu estado como entrou aqui, e gostava de fazer perceber que a sua maior inimiga é você.

Joanne hesitou por uns segundos, arfava. Por fim concordou com a cabeça, a forma como o Chef se dirigia a si, era calorosa e séria. Parecia transmitir uma certa confiança.

— Tudo bem. — Aceitou e pousou a bolsa na cadeira ao lado.


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Notas finais do capítulo

Estou de volta, e até segunda feira acho que chegaremos ao final da história.



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