Meu Jeito escrita por Palas Silvermist


Capítulo 27
Capítulo 27 – Má notícia




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Era tarde de uma noite quase no meio de março. Ventava forte e por isso o céu estava limpo de nuvens. Mesmo assim, não fazia uma noite estrelada. A lua, em quarto crescente, iluminava fracamente os terrenos de Hogwarts. Depois de tanta insistência, o vento conseguiu entreabrir a janela de um dos dormitórios femininos da Torre da Grifinória… Com o vai e vem, uma das folhas da janela ficava batendo de leve.

tec… tec…

Aquele ruído baixo acabou por acordar Ana. Demorou um tempinho até ela perceber que tinha acordado e porquê. Lá fora o vento uivava… esse barulhinho só podia ser uma coisa… Tinha tido treino no dia anterior, só queria voltar a dormir… mas com esse “tec, tec” não dava.

Achou que tatear toda sua mesa de cabeceira à procura dos óculos seria muita mão de obra… e, também, a janela nem ficava tão longe assim da sua cama, só teria de atravessar o dormitório inteiro. Ah, por Merlin, era só um chão reto, o que podia dar errado?

tec…

Hum, sua cama estava tão confortável…

tec…

Tão macia…

tec, tec.

Ok! Janela 1 x 0 Ana.

Praguejando contra o vento, ela afastou as cobertas, abriu a cortina da cama e se aventurou pelo quarto.

Estava já no meio do quarto e o ambiente em volta era um grande borrão escuro. Talvez tivesse sido melhor ter pegado os óculos… Não, claro que não. Estava tudo sob controle…

POFT!!!

—Ai!

Tudo sob o controle da Lei de Murphy aparentemente. Droga de criado mudo da Lily!

Safira acordou em um salto com o susto já pegando sua varinha e saindo da cama.

Lumus.

Em seguida, Alice, Maia e Lílian também se levantavam.

—Onde é o incêndio? – falou Maia cheia de sono

Vendo que era apenas Ana, Saf respirou aliviada.

—Ana, você está bem? – Lily perguntou com os olhos franzidos ainda se acostumando com a luz das quatro varinhas

—Estou, eu…

—Você está sem óculos?? – Maia a interrompeu não conseguindo acreditar no que via – Sem eles você não enxerga nada com luz, que dirá sem.

—Eu só ia fechar a janela. – Ana tentou

Lice, que tinha ido dormir tarde preenchendo relatórios da monitoria, pegou os óculos da amiga e os entregou dizendo:

—Pronto, já pode fechar.

Ana assim fez sendo observada pelas outras quatro.

—Agora a gente pode deitar de novo, ou você vai querer tropeçar em mais alguma coisa antes? No pé da cama, quem sabe? – falou Maia

Ana contraiu os lábios em um pseudo-sorriso.

—Eu podia te dar uma detenção. – Lice falou entrando debaixo das cobertas

—Lice, você não faria isso… faria? – Ana perguntou

—Não, estou com sono demais.

Safira fechou o cortinado de sua cama e suspirou. Isso precisava acontecer quando ela tinha conseguido dormir?

Depois do ataque a Hogsmeade, não demorou muito, a rotina no castelo voltou ao normal. Ou quase, a diferença era os outros passeios ao povoado serem cancelados. Safira ficou ainda uns dias com medo e assustada, embora, como sempre, fizesse todo o possível para demonstrar isso o mínimo possível.

A moça, porém, não era o tipo de pessoa que se permitia ficar assim por muito tempo e logo as coisas foram voltando ao normal para ela também. Exceto por uma coisa: seu sono não era mais o mesmo. Ela passou a dormir umas cinco horas por noite em prestações de vinte ou trinta minutos mais ou menos. Mesmo deitada, demorava para dormir, acordava cedo, além de acordar várias vezes no meio da noite.

Apesar de fazer todo o possível para disfarçar, e fosse muito competente nisso, depois de uma semana e meia assim, ficava cada vez mais difícil esconder a situação por completo. Seu rosto estava ficando abatido, as olheiras só não estavam piores porque todo dia ela as reduzia com um feitiço.

Estava cada vez mais cansada e ainda tinha os NIEMs com que se preocupar. Aliás, era mais ou menos isso que andava respondendo quando as pessoas começaram a perguntar se estava se sentindo bem.

Sua dificuldade em se manter concentrada ficou particularmente visível em uma aula de Poções na quarta-feira. – Slughorn precisou trocar a sua primeira aula da tarde para a última desse dia.

Lily dividia uma mesa com Tiago, Lice com Frank e Sirius, Remo e Saf ficaram na mesa mais ao centro. As poções que o professor pedia ficavam cada vez mais complicadas com a aproximação dos exames. Por sorte, de certa forma, aquela era uma poção nova, e eles não deveriam já conhecer os ingredientes decor.

Saf estava se esforçando, mas não estava sendo fácil… Consultou o livro mais uma vez:

“[…] Adicione os brotos de cipó lunar picados aos poucos. Em seguida, coloque as pétalas de bromélia da Pérsia. Mexa vinte vezes no sentido horário e depois mais trinta vezes no sentido anti-horário.”

Depois de picar os tais brotos, a moça baixou para ver como estava o fogo sob seu caldeirão. Voltando à mesa, pegou as pétalas e já ia jogá-las em sua poção quando Remo segurou seu braço.

—Saf, os brotos vão antes. – ele avisou em voz baixa

—Quê? – fez ela parecendo um pouco perdida e, batendo o olho nas instruções, exclamou discretamente – Merlin! Obrigada, Remo.

Em uma mesa mais à direita, Tiago olhava entediado para seus próprios brotos de cipó lunar.

—Lily, preciso cortar isso tão certo e simétrico?

—Hum? – disse ela voltando a atenção do livro para ele – Ah, não. Não vai decepar os brotos também, mas não precisa ser tão simétrico.

—Melhor.

Nesse momento, o professor passou a andar pela sala para conferir o andamento dos trabalhos. Mexendo de leve na poção de Lily enquanto ela triturava cogumelos da Mesopotâmia com o pilão, ele disse:

—Perfeito como sempre, Lílian.

—Obrigada, professor.

Olhando para a coloração mais escura da poção ao lado, ele comentou:

—Precisa contar as mexidas em um sentido e outro com mais atenção, Tiago. Mas está quase bom. – disse Slughorn no seu jeito de sempre – A propósito, vou fazer um jantar em minha sala na segunda-feira, pra começar bem a semana. Convidei seus amigos, Safira e Sirius logo que chegaram. Vocês vêm? Será às sete horas.

Os dois se entreolharam antes de a ruiva responder:

—Claro, obrigada pelo convite, professor.

O professor sorriu.

—Tem muita sorte de ter encontrado alguém como a senhorita Evans, meu rapaz.

—Sei que tenho, professor. – Tiago respondeu sorrindo

Lily abaixou a cabeça muito sem graça, e Slughorn foi observar outra mesa.

—Hei. – fez Tiago segurando o riso ao pegar a mão dela que estava sobre o livro

—Obrigada a vocês dois por me deixarem tão vermelha quanto meu cabelo. – disse ela com a voz muito baixa

Ainda meio rindo, Tiago beijou a mão dela.

—Vai pra Ala Hospitalar hoje depois da aula? – ele perguntou

—Não, Madame Pomfrey me dispensou.

—Ótimo, quer jantar comigo?

—Não janto com você todos os dias?

—Quer jantar comigo? Ou, mais ou menos.

—Como assim?

—Em vez de ir ao Salão Principal, quer conhecer a cozinha?

—Claro. Não vamos atrapalhar os elfos?

—Acredite, eles adoram ter visita.

—Se é assim… Ai, Merlin. – disse ela voltando a atenção para sua poção e abaixando para abrandar o fogo

Mais para o centro da sala, Slughorn comentou brevemente sobre os trabalhos de Sirius e Remo. Em seguida:

—Bom, Safira, mas se mexer mais vigorosamente, terá resultados melhores.

—Certo, obrigada, professor. – disse começando a mexer o caldeirão mais rápido e com mais força

Depois de uma aula pesada como aquela, quando foram dispensados, os alunos arrumaram logo seus materiais e saíram das masmorras. Exceto Saf. A moça guardava suas coisas devagar, não tinha realmente ânimo para ter pressa para nada.

Notando que Sirius faria companhia ela e querendo deixar os dois sozinhos, Remo saiu da sala. Nem Slughorn estava mais lá quando Saf fechou sua mochila meio alheia ao que estava em volta.

Com preocupação, Sirius a viu debruçar os braços sobre a mesa e o rosto sobre os braços. Puxou sua cadeira para o lado de Saf, colocou a mão sobre a cabeça dela e de leve afagava seus cabelos. Ficou um tempo assim…

—Você está bem? – acabou perguntando

—Estou. – disse ela levantando a cabeça – Só um pouco cansada.

—Tem treino de quadribol amanhã, não quer ir? Talvez se distraia um pouco.

—Meu cansaço não é falta de divertimento. De todo jeito, obrigada.

Saf levantou da cadeira e Sirius a acompanhou. Assim que ficou de pé, ela sentiu como se fosse uma tontura rápida. Instintivamente, buscou apoio na mesa, mas o rapaz já a segurara num reflexo.

—Tem certeza de que está bem? – ele perguntou

—Estou, devo ter levantado um pouco rápido, já passou.

—Você está pálida, sua voz está mais fraca e até seu olhar está caído. – ele enumerou – Por que é tão orgulhosa? – perguntou brando

—Não sou orgulhosa. – ela respondeu

—Não?

—Não.

Sirius colocou a própria mochila nas costas, com uma das mãos pegou a mochila da garota e a outra passou pelos ombros dela.

—Ótimo, vamos falar com Madame Pomfrey, então. – disse conduzindo-a para fora da sala.

—E como está o seu sono senhorita Knight? – perguntou a enfermeira

—Ruim. - Safira respondeu sentada em uma cama próxima da porta

—Há quanto tempo não está dormindo direito?

—Uma semana e meia, mais ou menos.

A informação pareceu dar um estalo na cabeça de Sirius.

Madame Pomfrey observou com mais atenção em volta dos olhos de Safira.

—Feitiço para esconder olheiras?

—Sempre achei que um dia seria útil…

A enfermeira balançou a cabeça.

—Tome isso essa noite. – entregou um vidrinho azul – e volte aqui amanhã.

—Sim, senhora.

De volta aos corredores, Sirius continuava carregando a sua mochila e a de Saf apesar de ela ter insistido por duas ou três vezes que poderia carregar sua bolsa.

Antes de chegar à Torre da Grifinória, ele encontrou uma sala vazia e indicou que ela entrasse. Saf perguntou por que apenas com os olhos.

—Quero falar com você. – ele respondeu

Uma vez lá dentro, Sirius deixou as duas mochilas na carteira mais perto.

A moça não estava achando seu rosto fácil de ser decifrado… estava reservado… ele escondia alguma coisa?… Não, não parecia bem isso…

De fato, não era. O rapaz apenas, ainda que quase inconscientemente, tentava não demonstrar exatamente o que queria dizer. Chegava a calcular suas primeiras palavras.

—Saf, você… está sem dormir por causa do ataque a Hogsmeade?

—Por que está perguntando isso? – ela perguntou no seu tom de voz de sempre, ela conscientemente escondia

—Porque tem uma semana e meia que houve o ataque.

—Foi só um susto, já estão todos bem. – ela manteve o mesmo tom, não abaixava suas defesas…

—Todos, menos você? – ele perguntou gentil segurando as mãos dela

Saf teve algo mais para esconder… as repentinas batidas descompassadas do seu coração…

—Eu estou bem, Sirius, só devo ter ficado um pouco mais preocupada que os outros. – ela levantou os ombros ligeiramente

Sirius se adiantou a abraçou.

—Estamos seguros em Hogwarts. – murmurou ao ouvido dela

Safira tinha os olhos e os lábios contraídos. Aquele gesto significava para ela muito mais do que poderia dizer… Apesar de gostar, e muito, dos amigos que fizera em Hogwarts, apesar do encantamento que o castelo lhe trouxera, por finalmente conhecer o cenário de histórias que ouvia desde criança, no fundo se sentia um pouco sozinha…

De repente tinha ficado longe de todas as pessoas com quem conviveu por anos… Seus pais sob possível perigo, assim como ela, e não podia vê-los… E os segredos a serem guardados… A sensação era a estar sempre escondendo uma parte de si.

E certamente estava. Mal falava de sua família para não chamar atenção. Além disso, tinha perfeita consciência do quanto seus olhos eram expressivos… Continuava permitindo que falassem por si só, sem o auxílio de palavras. Porém, adotou uma inexpressividade que a impedia de demonstrar o que estava pensando e sentindo. Isso possibilitava que escondesse a apreensão, a preocupação e o que mais fosse necessário. Mascarava a inexpressividade, que ocultava o que pensava e sentia, com a expressividade do que falava. E sabia fazer isso bem.

Aquele abraço… mesmo Sirius não sabendo de nada, era como se, naquele momento, não estivesse mais sozinha… como se todo o cansaço e a preocupação dos últimos dias tivessem ficado ali…

Quando se separaram, Safira fixou os olhos diretamente nos de Sirius.

—Obrigada.

Não chegava a sorrir, mas ele pôde ver o quanto o agradecimento era sincero.

… … … … … … … 

Um pouco mais tarde, logo antes do início do jantar no Salão Principal, Tiago levava Lily pelo corredor amplo e bem iluminado próximo ao Salão Comunal da Lufa-Lufa.

—Tem certeza de que não vamos atrapalhar os elfos? – ela perguntou

—Tenho. – Tiago deu um meio sorriso – Podemos sentar na ponta de uma das mesas. Achei que ia gostar de ver o movimento. Quem sabe vira um bom tema para os seus textos…

Lílian sorriu.

Entrando na cozinha, o elfo que estava mais próximo da porta os recebeu.

—Senhor Potter, senhor Potter. – disse em sua vozinha aguda – Como vai?

—Bem, Reth.

—E a senhorita…?

—Evans. – ele respondeu

—Bem, também. – ela respondeu – E você?

—Ah, vou bem, senhorita.

—Reth, se importa se jantarmos por aqui?

—Não, claro que não, senhor.

—Nós esperamos até vocês servirem lá em cima. – disse ele

—Como quiser, senhor. – disse o elfo e foi ajudar os outros

Tiago levou Lily até o fundo da cozinha, e os dois ficaram ali de pé. As quatro mesas equivalentes às mesas de cada Casa e mais uma correspondente à mesa dos professores já estavam quase prontas com pratos, talheres e copos, além de travessas fumegando.

Depois que tudo o que estava sobre as mesas desapareceu tendo sido levado para o Salão Principal, Lily e Tiago se sentaram à ponta do que seria a mesa da Grifinória. Três elfos os serviram em seguida.

Ele ainda terminava de jantar quando Lily percebeu um papel no bolso de sua saia.

—Ah, eu tinha esquecido. – fez ela

—O quê?

—Me atrasei para o almoço e nem tive tempo de ler a carta que Clio me trouxe.

Ela abriu o envelope para saber notícias de casa. A certa altura, levantou as sobrancelhas. Tiago esperou que ela acabasse de ler para perguntar.

—Alguma novidade?

—Eh... – ela respondeu com ar se surpresa – Minha irmã ficou noiva.

—Isso é bom ou ruim?

—Eu… não gosto muito do namorado dela, ou, noivo dela. Acho que é meio… pedante. Bom, espero que sejam felizes.

Tiago juntou os talheres ao lado do prato.

—O que significa Clio? – ele mudou de assunto

—Já ouviu falar no Monte Olimpo?

—Já.

—Perto dali, há o Monte Helicon. Há muitos anos, dizem que viviam ali as lendárias musas, as nove filhas de Mnemosine, ou... Memória.

Seus olhos tinham adquirido um pouco do brilho que Tiago vira de longe na sacada do quarto dela meses antes, quando Lily contava histórias para Debbie, sua prima mais nova. Quando isso acontecia, ela não precisava se esforçar para prender a atenção de quem a ouvia. Ele se sentia hipnotizado...

—“Musas”, na língua de Homero, significa “palavras cantadas”, e o canto das musas teria a finalidade de preservar a memória. Contam as lendas que elas inspiravam várias formas de arte. Clio era uma dessas musas da Grécia Antiga… a musa da História.

Tiago se inclinou para frente e a beijou.

—Acho que vou começar a pedir que me conte histórias... – disse com o rosto ainda próximo do dela

Lily abaixou a cabeça sorrindo.

—Acho que até uma lista telefônica ficaria interessante lida por você.

—Sabe o que é uma lista telefônica? – ela levantou as sobrancelhas

—Fiz Estudo dos Trouxas no quinto ano, lembra?

—É verdade... – disse brincando com os cabelos dele

… … … … … … … 

No domingo, às sete e meia da noite, Safira bateu à porta de Minerva, como a professora dissera que fizesse.

—Com licença, professora McGonagall, professor Dumbledore. – ela estranhou a presença do diretor

—Entre, senhorita Knight. – disse McGonagall – Feche a porta, por favor.

Ela se aproximou da mesa e Dumbledore falou:

—Boa noite, Safira. Pedimos que viesse aqui porque seu pai gostaria de lhe falar.

—Ele está aqui? – Saf olhou para o lado ansiosa

—Não, vou levá-la até ele. Poderia me emprestar seu anel?

—Meu… claro. – um pouco insegura, ela tirou o anel do dedo e estendeu ao professor

Dumbledore murmurou dois ou três encantamentos enquanto girava a varinha em volta no objeto na palma de sua mão.

—Pronto, - ele disse devolvendo-o à moça – coloque-o de novo. Esse anel é agora uma Chave de Portal

As pedrinhas incrustadas começaram a emitir luz.

—Quando as safiras voltarem a brilhar, é hora de retornar a Hogwarts. – falou ele – Boa viagem.

Saf não teve tempo de dizer nada. Viu-se sendo arrancada da sala da vice-diretora, e um momento depois caía de joelhos em uma sala cinza. Pó de Flu, Chaves de Portal e até Aparatação… o pessoal do departamento de invenções precisava pensar em um jeito mais tranqüilo de viajar…

—Safira!

Papà!

Seu pai a ajudou a levantar e a abraçou forte.

Senti tanto a falta de vocês. – disse Saf agora abraçando a mãe

—Nós também, querida.

—Que lugar é esse?

—Não podemos dizer.

Pamela Knight tinha o rosto, no geral, parecido com o da filha e cabelos claros. Saf herdara do pai os cabelos e o nariz. Nem o senhor, nem a senhora Knight tinham olhos azul-escuro. Estes tinham vindo de uma geração anterior…

—Como você está? – perguntou a mãe – Dumbledore disse que machucou o tornozelo no ataque. Foi só isso?

—Também fiquei uns dias sem dormir, mas já estou bem.

—Mesmo?

—Mesmo, mama.

—Queríamos tê-la trazido para cá em seguida, só que um ataque tão próximo de Hogwarts, envolvendo os alunos deixou o Ministério em grande agitação.

Fábio ainda quis ouvir da filha tudo o que tinha acontecido. As duas sentaram em um sofá também cinza e ele no sofá da frente. Terminado de contar o caso, Saf perguntou:

—Já sabem como eles descobriram?

—Não. – respondeu o pai – Porém, pelo que escutei, encontraram outra pessoa. Vão interrogá-lo essa semana parece.

A voz de seu pai... havia algo no tom dela que não estava normal… também no rosto dele…

Papà, o que aconteceu?

Fábio conhecia aquele olhar que a filha agora lhe lançava. Aliás, conhecia muitos anos antes de ela ter nascido. Era o exato mesmo olhar que seu pai tinha quando percebia que ele hesitava em dizer alguma coisa. Até a cor dos olhos era absolutamente a mesma…

—Safira, além de ter certeza de que estava tudo bem com você, trouxe-a aqui porque tenho… uma informação para dar.

—Fábio, não temos muito tempo. – Pamela avisou

—Eu não deveria lhe contar isso e, em uma situação normal, não contaria, mas o Ministério está com repórteres por todos os cantos procurando, vasculhando notícias sobre a Votação. Minha preocupação é que descubram o que eu descobri e lancem nos jornais. Prefiro que saiba disso por mim.

A moça estava ficando apreensiva, o que viria a seguir parecia grave. Fábio respirou e continuou:

—Acabei sabendo que a investigação sobre a morte de seu avô terminou. A hipótese de acidente foi descartada… houve sabotagem.

Saf empalideceu e a mãe passou o braço por seus ombros.

—Já descobriram quem fez isso? – perguntou com a garganta apertada

—Já. – seu pai respondeu triste – Lycoris Black.

O coração de Safira parou.

—Black? – fez ela quase sem voz – O que vovô estava fazendo? Por quê?

—Eu não sei, Safira.

—Foi preso?

—Não, conseguiu fugir.

—Mas não há notícia no Profeta Diário de ninguém sendo procurado.

—Certamente não. – disse Pamela

—Há espaço para uma coluna de fofocas naquele jornal e não para uma notícia dessas??

—Safira, seu avô era um inominável! Estamos falando do Departamento de Mistérios. – fez o pai

—Não é justo. – disse ela chacoalhando a cabeça com os olhos rasos de água.

—Não, não é. – disse a mãe com calma

As lágrimas da moça rolavam. Fábio se ajoelhou na frente da filha.

—É só uma questão de tempo até ele cumprir pena perpétua em Azkaban.

—Só que isso não vai trazer vovô de volta. – disse ela inconsolável e fechou os olhos chorando, os pais a abraçaram.

—Saf, já tem sido pedido muito pra você esse ano, contudo tenho de pedir que seja forte mais uma vez. Ninguém pode saber sobre isso. – disse Fábio

—Que diferença vai fazer mais um segredo? – disse ela triste

Safira não sabia o quanto podia estar enganada.

—O anel. – Pamela avisou ao notar que começava a brilhar

—Não! – fez a moça

Os três se despediram, e no instante seguinte ela se viu de novo na sala de Minerva. Caiu de novo no chão com o tranco. Quando deu por si, o diretor já a ajudava a levantar. Agora apenas ele estava ali.

—Senhorita Knight, seu anel, por favor.

Ela obedeceu sem dizer nada. Dumbledore desfez os encantamentos e devolveu o objeto falando:

—É apenas um anel comum de novo.

Safira acenou com a cabeça indicando que entendera.

—Senhorita Knight, sei o que seu pai lhe contou. Se quiser conversar… Aceita uma xícara de chá?

—Desculpe, professor, não quero parecer indelicada. É que eu… eu acho que só quero ficar um pouco sozinha.

—Não foi indelicadeza. – ele respondeu em seu sorriso bondoso – Já esperava por isso. Se mudar de idéia, sabe é meu escritório. Caso a gárgula de pedra pergunte, gosto muito de tortinhas de abóbora.

Safira agradeceu e, completamente atordoada, voltou à Torre da Grifinória. Subiu ao dormitório, se escondeu atrás do cortinado de sua cama e não saiu de lá até o café da manhã do dia seguinte.


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Notas finais do capítulo

N/A – Olá! And we are back!
Espero que tenham gostado do capítulo. Particularmente, gostei de escrever a cena da tentativa mal sucedida de Ana de fechar a janela. O que acharam?
Algumas pistas sobre Safira. Saberemos mais no próximo capítulo, de acordo com os meus cálculos. Não percam!
Créditos: parte das informações sobre as musas veio do meu livro de literatura do cursinho (fez tempo... rs).
Abraços, Palas



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