“Let me tell you that I love you
That I think about you all the time”

(Deixe-me dizer que eu amo você
Que penso em você o tempo todo)

 Celtic Woman - Caledonia

Todos os pacientes da Ala Hospitalar já dormiam quando Lílian se acomodou em uma das camas. Cansada como estava, logo caiu no sono. O descanso, porém, não durou muito tempo. A moça tornou a acordar, depois a dormir… e a acordar de novo…

Nos períodos em que dormia um pouco, seu sono era muito leve. Alguém se revirando na cama era o suficiente para que ela despertasse em um sobressalto.

Passava das três horas da manhã… Lily levantou-se sem fazer barulho e dirigiu-se à cama de Tiago. Tanta coisa passava pela sua mente… a cena dele caindo, ela tentando segurar e os dois caindo no chão se repetia inúmeras vezes em sua memória. A angústia, o medo de perdê-lo… Exaurida com tudo isso, deixou-se sentar na cadeira que havia ao lado.

Pegando a mão dele com toda delicadeza, notou que já não estava fria e beijou o dorso.

—Acorda. – murmurou muito baixo e encostando o rosto na mão dele, repetiu – Por favor, acorda.

Ficou tanto tempo ali, que acabou cochilando por vinte ou trinta minutos, o máximo de tempo seguido que ela dormiria naquela noite.

… … … … … … … 

De manhã, após o café, Madame Pomfrey distribuiu altas, poucos pacientes permaneceram na Enfermaria.

Logo chegaram os outros setimanistas da Grifinória para saber como estava Tiago e para ver Lily.

—Lily! – disse Lice em voz baixa e a abraçou – Parece um pouco cansada.

—Tivemos bastante trabalho ontem, mas as coisas estão mais calmas agora.

—Alguma mudança? – Sirius perguntou do amigo

—A temperatura dele está subindo, está quase perto do normal. – Lily respondeu – É um bom sinal.

—Bom saber.

—Lily, vem aqui um pouco.

Lice indicou um canto longe do grupo e a ruiva a seguiu.

—Como você está? – Alice perguntou

—Preocupada… - ela respondeu com os olhos enchendo de água – Com medo…

—Ele é forte, Lily, vai ficar bem. – Lice tentou acalmá-la

—Preferia que fosse eu ali, não ele…

—Eu sei… - Alice sorriu triste – Não precisa ser Safira para ler isso nos seus olhos… Vai ficar tudo bem…

Lily balançou a cabeça afirmativamente tentando convencer a si mesma, incapaz de falar. Lice a abraçou novamente.

Um pouco depois, eles foram embora. Lílian permaneceu na Ala Hospitalar o dia todo mesmo não havendo tanto trabalho para ser feito. Por isso, ficou à cabeceira de Tiago a maior parte do tempo.

Ao longo do dia chegaram visitas para os outros pacientes, que seriam dispensados em seguida.

No meio da tarde, Lílian esperava o tempo do termômetro no braço de Tiago, quando a porta abriu e entraram John e Alexandra Potter acompanhados por Dumbledore.

—Boa tarde, senhor e senhora Potter, professor.

—Boa tarde, Lílian.

—Eu… vou chamar Madame Pomfrey. – disse pegando o termômetro – Com licença.

—Toda.

Apenas seguindo para a sala da enfermeira ela viu a temperatura indicada.

—Madame Pomfrey? Os pais de Tiago e o professor Dumbledore estão aqui. – Lily anunciou

—Ah, sim, estava esperando por eles. – ela se levantou – Deu tempo de ver a temperatura dele?

—Deu, 36ºC.

—Ótimo.

A enfermeira então se aproximou dos Potter e do diretor, enquanto a ruiva buscava mais duas cadeiras. Após os cumprimentos, Alexandra, que passava a mão pelos cabelos do filho perguntou:

—Como ele está?

A senhora Potter recebeu uma resposta favorável de Madame Pomfrey: a temperatura voltara ao normal e tudo começava a indicar que ele melhorava aos poucos. Só não poderia fazer uma previsão de quando ele acordaria.

… … … … … … … 

Não fosse para visitar Tiago, percorrer os lugares do castelo que passara no dia anterior à procura da corrente de seu avô e fazer as refeições no Salão Principal, Safira não teria saído da Torre da Grifinória. Estava assustada, cansada, triste e sem saber direito o que pensar. Estava também um pouco mais quieta do que de costume.

Remo, o único que sabia o que de fato tinha acontecido, aproveitou um momento em que ela estava sozinha no Salão Comunal para falar com ela.

—Saf, você está bem?

—Estou. – ela respondeu, mas vendo o olhar dele, corrigiu – Vou ficar. Mais uma vez, muito obrigada, Remo.

—Não tem de quê.

—Remo… - ela hesitou um instante – me desculpe pedir isso depois de tudo que fez por mim… mas se por acaso um dia voltar à Casa dos Gritos – ela abaixou a voz – poderia ver se minha corrente caiu lá?

—Aquela que ganhou de seu avô? – ele perguntou

—É, ela… sumiu.

—Que pena…

—É, mas eu estou aqui. Dizem que vão-se os anéis, ficam-se os dedos…

—Quando voltar lá, procuro pra você.

—Obrigada.

… … … … … … … 

O senhor e a senhora Potter estavam de saída quando Sirius voltou à Ala Hospitalar. Eles o abraçaram aliviados de que seu quase “filho adotivo” estivesse bem, despediram-se afetuosamente de Lílian, agradeceram Madame Pomfrey e deixaram o lugar acompanhados por Dumbledore.

Após o jantar, Tiago era o único paciente da Enfermaria, e Lily se encontrava à sua cabeceira sozinha mais uma vez. A preocupação constante tornou a noite mal dormida cada vez mais evidente ao longo do dia. Seu rosto estava abatido e os olhos um pouco fundos.

Maia e Ana entraram para vê-los. Alice viria mais tarde, estava fazendo uma ronda.

Pela enésima vez naquele domingo, a ruiva dava notícias do estado de saúde do amigo. As três ficaram conversando um pouco em voz baixa.

Ao ouvir o movimento, ainda que discreto, a enfermeira saiu de sua sala.

—Senhorita Evans, - disse simpática – aproveitando que suas amigas estão aqui, pode voltar com elas à Torre da Grifinória.

Lily esperava por algo assim a qualquer momento. Mesmo assim, sentiu um peso no estômago.

—Madame Pomfrey… sei que é pedir demais, mas se me permite ficar aqui…

—Não permito, senhorita Evans. – disse ela em um tom cuidadoso – Está aqui desde ontem à tarde e não saiu para nada. Precisa descansar.

—Por favor, me deixe ficar. Era para eu estar aqui, não ele. – disse Lily com a voz engasgada e os olhos vermelhos

A agitação dela era evidente. Maia e Ana queriam poder fazer alguma coisa, mas não sabiam bem o que. Madame Pomfrey sabia.

—Lílian, - disse em um tom calmo – está preocupada com ele, é compreensível. Porém, estou preocupada com você também. Precisa descansar, sei que não dormiu essa noite. Precisa cuidar de você um pouco agora para ajudá-lo depois.

Diante disso, a ruiva se convenceu.

—Aqui ou no dormitório, acho que não vou conseguir dormir de qualquer jeito… - ainda disse

—Vai, sim.

A enfermeira foi até o armário e voltou com um tubinho de vidro com uma poção leitosa verde clara.

—Lá estará mais confortável. Senhoritas Swan e White, - disse entregando o frasco a Maia – façam com que ela beba tudo.

Lílian ficou ainda um longo minuto olhando o rosto imóvel de Tiago antes de sair da enfermaria acompanhada de Ana e Maia.

… … … … … … … 

Perto das nove horas da noite, quem visitava Tiago eram Alice e Remo. Ficaram ali por um tempo de pé ao lado da cama dele e já estavam para voltar ao Salão Comunal quando Tiago começou a mexer de leve o rosto até abrir os olhos. O rapaz os apertou em seguida tentando enxergar alguma coisa, uma vez que estava sem óculos.

—Lily? – perguntou com a voz fraca

—Não, Lice. – disse a moça pegando os óculos da mesa de cabeceira e colocando nele

—Vou chamar Madame Pomfrey. – Remo falou saindo para a sala da enfermeira

—Aluado?

—É. – Alice respondeu

—Lily, - ele começou a se lembrar – como está a Lily? – perguntou começando a se agitar

—Ela está bem. – Alice apressou-se em falar – Tiago se acalma. – disse colocando a mão sobre o ombro dele

—Onde ela está?

—Dormindo, sem nenhum arranhão. – a amiga garantiu

Só depois disso o rapaz se acalmou.

—Bem vindo de volta, senhor Potter – disse a enfermeira ao chegar ao lado dele com uma bandeja e apoiando o objeto sobre a mesa de cabeceira – Consegue se lembrar do que aconteceu?

—Lembro de Lily em perigo… Hogsmeade… - ele tentava forçar a memória – Teve um ataque em Hogsmeade… e eu entrei na frente dela… Que dia é hoje?

—Domingo à noite. – Remo respondeu

—Ótimo. – fez Madame Pomfrey – Senhor Lupin, me ajude a fazê-lo sentar, por favor.

Feito isso, Tiago teve de beber duas ou três poções.

—Madame Pomfrey, posso acordar Lílian para dar a boa notícia a ela? – Lice perguntou

—Não se dê ao trabalho, ela está em um sono pesado, não vai conseguir acordá-la.

—Está bem.

A enfermeira levou a bandeja de volta e Tiago perguntou:

—Lily está bem mesmo?

—Está, Pontas.

—Então por que ela está em um sono tão pesado?

—Ela chegou à Ala Hospitaçar ontem à tarde com você, tiveram muito trabalho por causa ataque. – Lice contou – Lily passou a noite aqui e mal dormiu. Ficou aqui hoje o dia todo até duas horas atrás e parecia que não ia conseguir dormir de novo. Madame Pomfrey deu uma poção para ela poder descansar.

—Por que ela não conseguia dormir? – Tiago perguntou

—Preocupada. Pelo que Madame Pomfrey falou, Lily passou quase o dia inteiro ao seu lado, Pontas.

—Não me espantaria se parte da noite também… - Lice comentou

Nessa hora, a enfermeira voltou.

—Já são nove e meia, mesmo vocês têm de voltar para a Torre da Grifinória. – referiu-se aos distintivos de monitores de Alice e Remo

—Certo…

—A gente volta amanhã, Pontas.

—Podem me fazer um favor? – pediu Madame Pomfrey – No caminho, avisem a professora McGonagall que ele acordou.

—Sim, senhora. – eles responderam

Despediram-se de Tiago e saíram.

… … … … … … … 

Todas as outras ainda dormiam quando Lílian acordou na segunda-feira. Tinha ido dormir muito cedo… E achou que seria cedo demais até para ela ir à Ala Hospitalar. Se trocou, pegou seus livros, desceu para tomar café… os corredores estavam vazios.

Logo que a maioria dos alunos começava a chegar ao Salão Principal, ela já saía. Andava com certa pressa.

Abriu a porta da Enfermaria e entrou sem fazer barulho. Tiago parecia quase igual ao que ela vira na noite anterior… Quase… Estava um pouco mais corado e suas cobertas não estavam lisas e retinhas… Será?…

Dirigiu-se à sala da enfermeira, mas encontrou com ela a meio caminho do aposento.

—Bom dia, Madame Pomfrey. – ela cochichou

—Bom dia, senhorita Evans. – ela respondeu com um sorriso – Boas notícias, ele está dormindo agora, mas acordou ontem à noite.

A moça fechou os olhos e respirou como há quase dois dias não fazia.

—E como ele está?

—Um tanto fraco, mas está bem. Você foi a primeira pessoa por quem ele perguntou. Ah, olha só quem acordou. – disse ela olhando para uma das camas atrás da ruiva – Se quiser, pode levar o café da manhã a ele.

Lily virou para trás a tempo de vê-lo sentando.

—Obrigada, Madame Pomfrey. – disse com os olhos brilhando e foi buscar a bandeja

Logo depois, Lílian voltava para o lado dele apoiando os pés da bandeja sobre a cama.

—Oi, - ela disse com um lindo sorriso – como se sente?

—Um pouco grogue, mas bem.

—Precisa de alguma coisa?

—Não. – ele respondeu com um sorriso e estendeu a mão para ela

Lily aceitou sentando-se na beirada da cama.

—Como você está? – ele perguntou

—Bem, graças a você. Muito obrigada. – a moça beijou a mão dele – Nunca vou poder agradecer o suficiente.

—Seu sorriso foi o bastante…

Ela abaixou a cabeça sorrindo sem graça e Tiago ficou um tempo brincando com sua mão.

—Como ficaram todos depois do ataque? – ele perguntou – Lice disse que você e Madame Pomfrey tiveram muito trabalho.

—Tivemos. – ela voltou a levantar o rosto para ele – Vários casos mais leves, foram dispensados antes de você acordar. Saf e Remo demoraram um pouco mais para voltar a Hogwarts porque ela torceu o tornozelo, mas já está bem também, não está mais nem mancando.

—Que bom…

A porta se abriu e entraram Alexandra e John Potter novamente.

—Tiago! – fez a mãe feliz ao vê-lo sentado

Querendo deixá-los a sós, Lily se levantou.

—Eu vou indo para a aula, tenho de ir até as masmorras. Até mais tarde. – ela olhou para Tiago – Até logo, senhor e senhora Potter.

—Até logo, querida. – disse Alexandra – E obrigada.

—Imagina, senhora Potter, não fiz nada…

—Não foi o que Madame Pomfrey nos falou. – ela disse gentilmente

—Sendo assim, não… não tem de quê. – a moça respondeu – Com licença.

Saiu quase atrasada para a primeira aula. Não se importava… Estava tão leve que poderia ir voando para a sala de Slughorn… Chegou um segundo antes do professor e sentou com Safira.

—Ele acordou. – disse Lily feliz

—Eu sei. – Saf respondeu com um sorriso – Lice e Remo estavam lá ontem à noite. Lice quis te acordar para contar, mas Madame Pomfrey disse que ela não ia conseguir por causa da poção que você tomou.

—Então os Marotos já sabem?

—Já.

—Que bom.

Saf viu nos olhos de Lílian uma felicidade que ia muito além do alívio. Pela expressão deles, tinha uma idéia do que era. Sorriu sinceramente ao ver o rosto dela tão cheio de vida…

… … … … … … … 

Conforme os dias se passavam e Tiago continuava na Enfermaria, ele ia ficando cada vez mais entediado durante os horários de aula (períodos em que não recebia visitas). Embora ele achasse isso muito chato, os amigos viam como um ótimo sinal.

Na quarta-feira à noite, aproveitando que estavam apenas os Marotos em visita, Aluado contou que na pressa e no medo de fugir de Hogsmeade, Safira tinha visto o Mapa do Maroto. Não acrescentou que tinham entrado na escola pela Casa dos Gritos preocupado em trair a palavra dada a Dumbledore falando mais do que podia.

—Não acho que ela vai contar a ninguém. – acrescentou

Os outros três concordaram que não.

… … … … … … … 

Na quinta à tarde, aproveitando o horário livre, Lily descia para a Ala Hospitalar. Não era ainda seu horário de entrada no estágio, nem era por isso que ia para lá naquela hora.

Estava tão distraída, que ao virar o último corredor à esquerda só notou que havia mais alguém no ali quando ouviu a voz de Sirius mais à frente para a pessoa ao lado dele.

—A gente se fala depois.

A ruiva levantou os olhos quando o amigo já passava por ela e viu Tiago. Adiantou-se com um sorriso para abraçá-lo...

Mesmo depois de tê-la visto duelando em Hogsmeade (muito bem, por sinal), para ele, Lílian continuava doce e frágil…

—Como está? – ela perguntou

—Quase normal… Me acompanha até os Jardins? – ele pediu – Quero respirar lá fora um pouco…

—Claro.

Andavam devagar…

—Achei que só receberia alta mais tarde. – Lily comentou

—Sirius conseguiu convencer Madame Pomfrey a me liberar mais cedo.

—Conseguiu convencer Madame Pomfrey? Ele tem lábia.

—Tem. – Tiago riu

Passaram pelas portas de carvalho. Embora fosse bem o início de março, era o primeiro dia de temperatura um pouco mais amena do ano. Os dois pararam sob uma faia próxima ao lago cujas folhas começavam a rebrotar.

—Obrigado, Lily.

—Pelo quê? – ela perguntou surpresa

—Pelo seu cuidado, atenção, e pelo seu carinho.

Ela balançou a cabeça negativamente.

—Eu que não tenho como agradecer pelo que fez.

—Eu queria você a salvo, e você está. Isso pra mim basta. – disse ele gentil

O rosto dela demonstrava nervosismo.

—Não sei se isso vai soar rude…

—Lily, nada do que vem de você pode soar rude de alguma forma. – disse ele no mesmo tom

Ela hesitava…

—Por que…? Por que fez aquilo? – seus olhos verdes miravam-no diretamente

—Tudo aconteceu tão rápido… ao mesmo tempo, é como se tivesse acontecido em câmera lenta… Quando vi os dois feitiços apontados pra você… Você não ia ter tempo de se defender, nem eu de bloquear os dois. Eu não pensei em mais nada. A idéia de te perder era insuportável…

A moça fechou os olhos apertando-os e abaixando a cabeça. Duas lágrimas rolavam pelo seu rosto.

—Lily. – ele se aproximou preocupado tentando levantar seu rosto com delicadeza, mas ela resistiu

—Me desculpe.

—Pelo quê?

—Por ser tão confusa, por te deixar esperando tanto tempo…

—Lily, - disse com a voz carinhosa – eu queria dizer que estou entendendo o que você fala, mas não estou...

—Várias vezes não acho fácil falar. Talvez por isso eu goste tanto de escrever… Mas perto de você tem sido ainda mais difícil…

—Respira. – Tiago pegou em sua mão – E começa do início.

Ela voltou a levantar os olhos para ele.

—Lembra do natal, quando me levou de volta para casa, e eu te agradeci por tudo que já tinha feito por mim? Desde a carta que trouxe a notícia do meu avõ e tudo o que aconteceu depois?

—Lembro.

—Eu realmente quis dizer aquilo, de todo coração... Tem sempre um momento em que você está perdido, e se alguém te encontra é fácil confundir isso com amor, mas não é a mesma coisa. Eu não queria fazer essa confusão. Você tem sido um dos meus melhores amigos, e eu não queria perder isso de jeito nenhum. Você é especial demais pra um dia eu perceber que tinha entendido errado… Só que conforme o tempo tem passado, cada vez mais sinto sua falta se você não está por perto… Meu coração dispara cada vez que vejo você…

Tiago deu um passo na direção dela.

—Mas me acostumei tanto a me esconder atrás dessa confusão e a ter medo sabe-se lá do quê, que fiquei tão cega… Em Hogsmeade… - ela hesitou – quanto te vi caindo… eu queria… ter sido mais rápida do que você e não deixado você fazer aquilo, ou ter conseguido entrar na sua frente, qualquer coisa… qualquer coisa para aqueles feitiços acertarem em mim… mas não em você. Fiquei apavorada de te perder… - ela passou as costas dos dedos pelo rosto dele hesitante - … Eu amo você…

Tiago encostou o rosto no dela; Lily fechou os olhos.

—Repete. – ele pediu em um sussurro – Para eu saber que você não é uma ilusão, que não é só uma imagem que vai se dispersar com o vento…

Ela sorriu.

—Eu amo você.

Tiago inclinou mais a cabeça e a beijou…

…

—Tem uma coisa que quero te perguntar faz um tempo. – Tiago falou abraçado a ela

—O quê? – Lily perguntou com a voz doce

—Você é a mais linda, a mais doce que já conheci, e eu te amo. Namora comigo? – pediu

Lílian corou a abaixou a cabeça um instante, tornando a levantá-la em seguida.

—Claro que sim.

O sorriso do rapaz a fez corar ainda mais, e ele se aproximou de novo.

…

Com a cabeça encostada no ombro dele, Lily falou:

—É melhor a gente subir…

—Já cansou de mim? – ele fingiu uma surpresa ressentida em seu tom brincalhão

—Não. – ela levantou a cabeça para olhá-lo – Você precisa descansar.

—Nada vai me fazer melhor do que ficar aqui com você. – disse passando a mão pelas costas dela

—Você precisa descansar, e eu preciso ir pra Ala Hospitalar.

—Por quê?

—Sou estagiária lá, lembra?

—Hum, pena, pensei que você tinha esquecido…

Lily estreitou os olhos para ele.

—Estou convalescendo, tenho direito de ser mimado. – disse ele e deu um sorriso maroto

—Tiago, depois dessa, tenho certeza de que você já está ótimo…

O rapaz riu e a beijou de novo antes de voltarem para o castelo de mãos dadas.

… … … … … … … 

Tiago fez questão de acompanhar Lily até a Enfermaria e depois subir à Torre da Grifinória. Chegando ao Salão Comunal, encontrou Remo, Sirius e Pedro nas poltronas em frente à lareira.

—Achei que tivesse deixado você com a Lily. – Almofadinhas falou

—Ela foi para a Ala Hospitalar. – Pontas explicou

—Mais um capítulo da saga Evans/Potter. – Almofadinhas suspirou

—Na verdade, Almofadinhas, não foi mais um capítulo…

—É? Por quê, Pontas?

—Pedi Lily em namoro, - ele sorriu – e ela aceitou.

Enquanto Aluado o parabenizava, Almofadinhas se decidia entre cantar um coro de “Aleluia” ou jogar uma almofada de comemoração no amigo… Acabou por enumerar seus direitos em ser o padrinho do casamento. Coisas como ser praticamente irmão de Tiago, ter sido ele que o levou de Hogsmeade a Hogwarts e, especialmente, ter sido ele que os tinha deixado sozinhos naquela tarde.

As meninas receberiam a notícia um pouco mais tarde, logo que Lily chegou do estágio para tomar um banho antes do jantar. Sorrisos e as bolhas de sabão em formato de coração de Maia não faltaram no dormitório feminino.

Alice e Frank passaram a maior parte da tarde estudando na biblioteca e foram os últimos a receber a novidade. Alice nem se importou com isso de tão feliz que ficou.

As observações de Maia de que Hogwarts às vezes parecia uma pequena cidade do interior, de certa forma, se confirmaram: antes do almoço do dia seguinte, mais da metade do castelo comentava que Evans e Potter estavam andando de mãos dadas e trocando sorrisos.

Lily e Tiago não se importaram nem um pouco com isso. Estavam juntos, e era o que importava agora.