Voltando de Montpellier escrita por Palas Silvermist


Capítulo 2
Capítulo 2




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Eram oito horas da noite quando Lily chegou ao hall de entrada da casa dos Potter pela lareira. Mira, a elfa-doméstica esperava os convidados ali.

—Boa noite, senhorita Evans. – disse com sua voz aguda – O senhor James está esperando na sala.

—Boa noite. Só um minuto, Mira. – pediu Lily

A moça apontou a varinha dos pés à cabeça limpando as cinzas de sua saia, blusa e cabelos.

—Bem melhor. – disse com os braços estendidos para frente aprovando o resultado

—Quer que eu acompanhe a senhorita?

—Ah, não precisa, Mira, obrigada.

Da porta da sala, Lily viu o rapaz sentado em uma poltrona lendo o jornal.

—Oi, James. – disse ela atravessando o amplo aposento

—Lily! – falou ele se levantando e pondo o jornal de lado. – Que bom que chegou, já estava ficando entediado. – disse passando os braços pela cintura dela

Estavam com os rostos muito próximos quando ouviram:

—Hum, hum. – alguém fez com a garganta – Tem mais gente na sala.

Lily olhou para o alto reconhecendo a voz.

—Oi, Padfoot. – fez James em um tom cotidiano

—Olá, Sirius. – falou a ruiva soltando o pescoço do namorado

Bom, se era para encher ou provocar...

—Ela não está aqui ainda. – a ruiva acrescentou

—Prongs, o que você andou falando para a Llily que ela está tão obcecada com essa idéia?

—James, não precisou dizer nada. Ou quase nada. Não acha que é particularmente suspeito ele me perguntar se Lene está saindo com alguém e depois mandar uma carta para você?

—A carta nem foi direto pra mim, passou pelo Moony antes. – ele argumentou

—Que seja. – fez Lily – E não é como se ninguém soubesse que você gostava dela no final de Hogwarts.

Sirius abriu a boca, mas ela não deu tempo.

—Poupe-se o trabalho de contra-argumentar.

Ele tornou a fechar a boca. Em seguida:

—Prongs, como você aguenta?

—Dizem que o amor é cego... – fez Marlene ainda da porta

—Lene! Até você! – fez a ruiva

—É brincadeira, Lily. – ela riu

Marlene ria e brincava como sempre, mas sentia em sua respiração o efeito do olhar de Sirius sobre si. Por que ele tinha que continuar tão charmoso…?

Pouco depois chegaram também Remus e Peter. Clara seria a última a aparecer.

—Desculpem o atraso. – disse ela – Só consegui voltar hoje de manhã...

—Achei que você voltasse ontem. – falou Lily

—Eu voltava, só que aparentemente sempre existe algo à espera de uma pobre estagiária. Leis sempre podem dar problemas... Aliás, leis são coisas estranhas por definição, mas na Escócia tem umas ainda mais estranhas. É algo como: “Aos duendes é vetado fritar ovo em público às terças-feiras.” – disse ela sentando no sofá ao lado de Remus

—Nas quartas eles podem? – perguntou Peter

Entendendo a ironia da amiga, Sirius respondeu:

—Podem, Rabicho, são não podem às terças e às quintas depois das 18 horas...

—Verdade?

—Não, Rabicho, é só ironia. – Remus acudiu

—Ah...

—E vocês, o que contam de novo? – Clara perguntou

—Bom, as coisas começam a ficar mais interessantes pra mim no Saint Mungus. Passei da fase de ficar só classificando poções.

te colocaram no setor de assustar os novos estagiários?? Assim tão rápido? – perguntou Sirius arrancando risos dos demais

Lily cruzou os braços.

—Não, Padfoot, mas vou me auto-promover a assustadora de melhor amigo do meu namorado em breve...

—Ah, Lily, não faz isso com o Remus, ele sempre foi legal com você. – disse Sirius

—Remus tem imunidade diplomática. – a ruiva respondeu

—Por que você sempre sai ileso? – Sirius perguntou ao amigo

—Isso não é pra quem quer, Sirius, é pra quem pode... – Clara respondeu

O rapaz abriu a boca.

—Prongs, você não tem nada a dizer?

—Você começou, Padfoot... – falou ele rindo

—Não é possível. Ninguém? Lene, por favor, traga essas pessoas de volta à realidade.

A moça não esperava por isso. Será que se o defendesse pareceria óbvio...?

—Lily, ele já foi rebatido o suficiente. Não precisa se auto-promover a assustadora de melhor amigo do seu namorado.

—Está bem. Só porque foi você que pediu, Lene.

—Obrigada, Lene. – Sirius agradeceu

—De nada. – ela respondeu sorrindo e inclinando a cabeça para o lado

—Já sei a quem recorrer quando precisar de influência sobre certa ruiva...

—Não abuse da sorte, Sirius. – disparou Lily

—Chega desse assunto. – fez ele – Como vão seus currículos, Lene?

—Ah, - o sorriso dela murchou um pouco – alguns recusados, alguns sem resposta. Se continuar desse jeito, vou ter de voltar a Montpellier. – ela acrescentou meio brincando, meio não

Sirius não gostou desse “meio não”. Será que realmente tinha a chance de ela ir embora de novo?

—Ah, Lene, conta de Montpellier. Antes de você ir pra lá, nunca tinha ouvido falar dessa cidade. – pediu Clara

—Eu também não conhecia. Foi indicação do Slughorn pra mim e pra Lily perto do final do sétimo ano. – Lene respondeu – O interessante é que a cidade reúne não só estudantes bruxos, mas estudantes trouxas também. A maior parte da população, aliás, não nasceu em Montpellier. E como vai o escritório?

—Onde eu estou, ou o Sirius? – perguntou Clara

—Os dois.

—Ah, - fez Clara – eu reclamo, reclamo, mas gosto. Já pude acompanhar vários casos.

—Está, tranquilo, até. – o rapaz respondeu

—Nós dois fazemos estágio quase na mesma área de Direito Mágico, então porque eu sou super explorada e você não? – fez Clara

—Isso não é pra quem quer, Clara, é pra quem pode... – Sirius devolveu

—Ah! – Clara abriu a boca indignada – Não precisava disso!

Ele apenas riu acompanhado dos outros.

E a conversa seguiu…

… … … … … … … … … … … … … … … … 

Alguns dias depois, Lene enfeitiçou rodo e pano para limparem o cão da sala enquanto ela tirava o pó dos móveis. Estava quase acabando, quando uma coruja parda pousou na janela. Ansiosa por respostas, correu largando a flanela sobre o sofá e deixando o rodo cair com estardalhaço no chão. Com tanta pressa, teve até dificuldade para abrir o envelope.

Tudo para nada… Mais um currículo recusado… Encostou na parede expirando com peso. Mais um… mais um… Chacoalhou a cabeça e voltou à limpeza.

Naquela tarde, ela sentou no chão da sala com o jornal aberto sobre a mesinha de centro mais uma vez circulando anúncios de emprego. Na segunda página, a campainha tocou. Levantou e olhou pelo olho-mágico. Merlin.

—Sirius? – disse ao abrir a porta

—Oi, Lene. – ele respondeu com um sorriso – Estou atrapalhando?

—Não, senta. – ela indicou o sofá

—Alguma sorte com os currículos?

—Não, ainda não. – apontou para os classificados

—Bom, uns meses atrás estávamos com um processo um pouco difícil. Por um golpe de sorte, eu percebi um detalhe que tinha passado despercebido até aquele momento, e isso acabou dando uma prova que nos ajudou a vencer o caso.

—Que bom.

—O cliente acabou se tornando meu amigo. Ele pertence a uma empresa de poções cosméticas. Nos encontramos ontem para almoçar, e eu acabei falando de você, espero que não se importe.

—Não, claro que não.

—Ele ficou interessando quando disse que você acabou de voltar da França e quer conhecer você. Aceitaria jantar comigo e com ele na quinta-feira? – ele perguntou

—Você está brincando? – Marlene disse com os olhos brilhando – Claro que eu aceito. Sirius, muito obrigada!

Ele abriu um sorriso.

—Sete horas no Gordon Ramsay?

—Onde fica?

—Na rua dos Alfaiates, em Hogsmeade.

—Pode ser. – ela confirmou

—Já passou no exame de aparatação?

—Já, posso ir sem problemas.

—Ótimo. Vou voltar para o escritório, minha hora de almoço está acabando. – disse se levantando

—Hora de almoço? São quase três horas. – ela o acompanhou

—Hoje atrasou um pouco. Até quinta, Lene.

Sirius deu um beijo no rosto dela e saiu para o jardim da frente, onde aparatou. Marlene ficou com um sorriso perdido nos lábios, até que se lembrou de tornar a fechar a porta.

… … … … … … … … … … … … … … 

Quase às sete horas da noite da quinta-feira seguinte, Marlene aparatou em frente ao bar Três Vassouras. Perguntou à Madame Rosmerta onde exatamente ficava o restaurante e de lá seguiu para a rua dos Alfaiates. Cerca de dez minutos depois, falava com a recepcionista.

—Com licença, estou procurando pelo senhor Sirius Black. Não sei se ele já está aqui.

—Sim, ele já chegou. – confirmou a moça após consultar a lista de reservas – Por aqui, senhorita. – ela indicou o caminho

Um pouco a frente, à esquerda do salão, viu Sirius sentado esperando.

—Lene, que bom que chegou! – ele a cumprimentou – Encontrou fácil o restaurante? – perguntou após ela sentar

—Precisei perguntar uma vez, mas foi fácil, sim.

—Ah, ali está ele. – Sirius olhou para a porta – Nervosa?

—Está assim aparente? – perguntou preocupada

—Não. – ele a tranqüilizou – Só imaginei que pela situação estaria… Vai dar tudo certo. – disse segurando a mão dela

Os dois se levantaram para recebê-lo.

—David, essa é Marlene McKinnon. Lene, David Whitrow. – Sirius apresentou.

—Prazer em conhecê-lo, senhor Whitrow.

—O prazer é meu.

Depois de conversarem sobre trivialidades por algum tempo, Whitrow começou:

—Então, senhorita McKinnon, Sirius me disse que acaba de chegar de Montpellier.

—Sim, voltei há um mês.

—Fez o curso semestral ou o anual.

—Anual.

—Ah, é com certeza o melhor. Chevalier continua dando aula?

—Continua. – ela sorriu – É um dos melhores professores. O senhor também foi para lá?

—Fui logo depois de acabar Hogwarts por sugestão de Slughorn. Foi ele também que lhe indicou o curso?

—Foi, sim.

—Gostou da cidade?

—É encantadora.

—Certamente. Devia considerar ir para lá em suas próximas férias, Sirius. Parece que lá sempre há sol.

—É verdade… - concordou Marlene

—Disse que gostou das aulas de Chevalier. Gosta da área de poções cosméticas?

—É uma das minhas preferidas.

—Uma das? Qual seria a outra?

—Poções medicinais.

—Eram três estagiários no meu setor. Um deles saiu na semana passada, rapaz brilhante, foi trabalhar na seção de poções da Academia de Aurores. Se estiver interessada, senhorita McKinnon, a vaga está a sua disposição.

Lene mal podia acreditar.

—Ficaria muito feliz em aceitar, senhor Whitrow.

—Ótimo. – ele sorriu – Me mande seu currículo ainda amanhã, mais por formalidade. – e, olhando no relógio, acrescentou – Eu preciso ir agora. Com licença.

—Toda.

Uma vez ele tendo saído, Marlene se levantou e abraçou Sirius.

—Muito, muito obrigada.

—Não fiz nada. – ele disse sorrindo – Você que tem boas recomendações.

—Você sabe que fez, então obrigada. – ela se afastou um pouco para olhar o rosto dele

—Por nada. – ele respondeu

Os dois saíram do restaurante. Fazia uma noite de nuvens esparsas e temperatura agradável.

—Lene? – ele chamou – Daria uma volta em Hogsmeade comigo? Para lembrar os tempos de Hogwarts.

—Claro. – ela deu um sorriso leve

Passando pela Dedos de Mel, pelo Três Vassouras, pela Casa dos Gritos e outros lugares, conversaram sobre tudo e sobre nada. Riram, relembraram cenas da escola. Até que chegaram à bela praça do povoado.

—Senti sua falta. – Sirius inesperadamente falou segurando a mão dela de novo

Lene abriu um pouco mais os olhos com a surpresa, e seu coração acelerou.

—Sirius… - ela deu um passo atrás, sua mão escapando da dele

—O quê? – ele deu um passo na direção dela

—Sirius, - ela continuava dando passos para trás – nós já superamos isso.

—Você superou? – ele continuou andando na direção dela – Porque eu nunca superei você.

Marlene se assustou ao não poder mais por o pé atrás quando encostou na parede do coreto, no meio da praça. Ele se aproximou ainda mais. Ficou bem perto… Passava os dedos pelos cabelos e depois pelo rosto dela.

—Sirius, não… - ela disse quase sem voz

—Por quê? – ele perguntou muito baixo

—Não quero me machucar. – ela respondeu em um fio de voz

—Eu nunca faria alguma coisa pra te machucar.

—Não de propósito… mas ainda assim…

—Por que diz isso?

—Nós dois sabemos como você vive. Você esquece as pessoas muito rápido.

—Já tem mais de um ano e não esqueci você…

—Sirius, vamos ser realistas, com quantas ficou desde que eu fui viajar?

—Duas.

—Duas?

—A primeira logo que você foi embora para tentar cobrir sua ausência. Só que ela não era você e nenhuma outra seria. A segunda foi alguns meses depois, quando tentei provar pra mim que minha vida continuava. Mas eu a comparava com você o tempo todo. Seus olhos era mais expressivos e brilhavam mais do que os dela, seu sorriso era mais doce, sua risada mais gostosa. Eu vi que não ia dar certo, então só restava esperar você voltar…

Sirius novamente passou a mão pelo cabelo dela e o colocou atrás da orelha. Lene fechou os olhos apertando-os.

—O que sente por mim. – ele perguntou suave

A moça demorou um momento para responder.

—Depois de todo esse tempo longe, achei que você tinha se tornado só um amigo de novo… mas só a perspectiva de voltar e te encontrar… Você significa muito mais do que um amigo pra mim…

O rapaz não a esperou dizer mais nada e, avançando o pequeno espaço que os separava, a beijou.

—Esperei tanto tempo por isso… - ele falou

—Eu também…

Ele sorriu e a beijou de novo.

No wonder your heart feels its flying
Your head feels it’s spinning
Each happy endings a brand new beginning

Não admira que seu coração se sinta voando
Sua cabeça girando
Cada final feliz é um novo começo

 

 


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Notas finais do capítulo

N/A

Olá!
Espero que tenham gostado, é minha primeira Sirius/Marlene. O que acharam?

Só pra situar: Gordon Ramsay é um restaurante de Londres

Créditos: a música é Ever ever after - Carrie Underwood, trilha Sonora do filme Encantada da Disney

Beijos,

Palas



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