Cobaia 0013 escrita por Juuclaudina


Capítulo 6
Capítulo 6 - Kalena


Notas iniciais do capítulo

Desculpem meus queridos! Desculpe mesmo. Aqui vão algumas explicações do porquê de eu ter demorado tanto, se preferir pular as notas iniciais não tem problema.
Mas primeiro, queria dedicar esse capítulo à Bruna que me ajudou muito para que esse capítulo finalmente saísse. Beijos Bru ♥
Realmente eu sinto muitíssimo. sobre essa demor. Quando pensei em escrever a história prometi que nunca faria isso, mas percebi que não é tão fácil assim. Trabalhos, provas, recuperação em História e falta de tempo e criatividade me afetam muito esses tempos.
Espero que me perdoem ♡
Boa leitura.



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29-05-5026 Sexta-feira

Já faz um tempo que estou trabalhando com Robert. E esse trabalho é, ao mesmo tempo incrível e horrível. O motivo? Não existe rotina. Posso ter que trabalhar o dia todo ou passar o dia fazendo vários nadas. Posso estar me deliciando com um pote de sorvete ou estar simplesmente tirando uma soneca e ter que sair correndo atrás de alguém ou de alguma pista. Incrível e horrível.

No momento estamos perto de uma praia extremamente bonita, areia branca com algumas rochas espalhadas e água azul, o céu não está tão claro, por estarmos no outono, mas ainda sim parecia um lugar tranquilo, mas não nesse momento.

—E o que nós podemos fazer sobre isso? - eu perguntava para Robert.

—Por enquanto vamos observar o que elas fazem.

De um lado da praia haviam várias Gorgonas, com faces bonitas, porém o corpo de serpente e, no lugar do cabelo ,haviam várias serpentes que sibilavam incessantemente, e do outro haviam várias.... humanas?

—Tudo bem, aquelas são Gorgonas... mas e as outras? São humanas? - perguntei enquanto estávamos à alguns metros da possível briga, atrás de algumas rochas.

—Não Daisuke. São sereias. Nunca havia visto uma?

—Não. .. Você sabe que até alguns meses atrás eu não saia muito.

—Sei...

—Mas pq elas não tem...

—Caudas? -concordei com a cabeça- Bom elas tem, mas também podem transformá-las em pernas. Legal né?

Então, haviam sereias do outro lado, elas, diferente das Gorgonas, que tem a pele repleta de escamas e não precisavam de roupas, usam roupas como um humano comum.

Robert ia falar algo, quando cobri sua boca com minha mão rapidamente. Então formei algumas palavras com a boca, sem emitir som.

"Ouvi alguma coisa."

Robert tirou minha mão de sua boca e nós nos esgueiramos mais nas rochas.

Me concentrei na minha audição, esquecendo da gritaria das Gorgonas e me concentrando nos passos na areia molhada.
Os passos pararam atrás das rochas em que estávamos esgueirados.

—Se isso virar uma luta você não vai participar. -era uma voz feminina e firme.

—Eu vou! -outra garota.

—Por favor, Kalena, escute Kione. -Essa parecia querer apaziguar Kalena e Kione.

—Não Anfitríade! Eu quero lutar! Por que não poderia?

—Você não pode, Kalena! Você não vai!

—Conte a verdade à ela Kione. Talvez assim ela te escute.

—Do que vocês duas estão falando?

—Droga, Kalena.

—Diga!

—Você não é uma sereia.

—Hahahahahaha. Você está brincando não está?

E silêncio. Olhei para o Robert e ele disse sem som: "Como nos metemos aqui?" E eu dei de ombros.

—Vocês não estão brincando?

—Desculpe. Queríamos te proteger. As outras sereias não entenderiam. - Parecia ser a mais pacífica falando.

—Se não sou uma sereia... o que eu sou?

—Não sabemos. Por isso não podemos permitir que vá lá, que droga.

—Bom... isso não adiantou. Eu vou.

—Kalena!

As duas disseram em uníssono e correram, provavelmente atrás de Kalena.

—O que foi tudo isso? -perguntei.

—Não sei... mas... Se a garota não é uma sereia, mas se parece com uma, o que ela pode ser?

—Sei lá.

—Uma cobaia.

Uma cobaia... Nesses quase três meses não tínhamos encontrado uma cobaia. Isso era bizarro. Olhamos por cima das rochas em direção à discussão.

—Gorgonas! -Uma das sereias falava. - Nenhuma das sereias fez algo que abale a nossa trégua!

— Mentira!- uma górgona berrou.- Uma das sereias vive na floresta! Isso vai além das suas terras, Kaleidora!

— Impossível!

—Pergunte as outras sereias.

Kaleidora parecia confusa, olhando ao redor, mas de repente seus olhos pararam em uma das sereias.

—Kalena! - sua voz era poderosa.- Como pôde?

Kalena e as outras duas sereias estavam de costas para nós. Elas vestiam roupas normais ao meu ver. Usavam saias ou vestidos com babados, botas e espartilhos.

—Você sabe o motivo Kaleidora. - A sereia pacífica, Anfitríade se pronunciou.

—Eu sei! Mas ela não devia ir para a terra das Gorgonas! E ela sabe disso.

— E pra onde eu deveria ir para a cidade? Longe de minhas irmãs!

—Isso! Por que aqui você não fica! Já nem devia ficar mesmo. Por ameaçar a vida de outras sereias, quebrando a trégua com as górgonas, você, Kalena não é mais dessa família!

—Então ela não é uma de vocês? -uma górgona se pronunciou.

—Não. -disse Kaleidora dando as costas e voltando para o mar enquanto as outras sereias, inclusive as irmãs de Kalena mesmo exitantes à seguiram.

As górgonas esperaram pacientes a retirada das sereias e depois circundaram Kalena.

—Esta com medo sereia?

—Não tenho medo de vermes como vocês. -Disse Kalena enquanto tirava duas facas Sai das costas de sua saia.

Todas as górgonas sibilaram e uma gritou.

—Matem!

Eram muitas górgonas e uma garota. Eu já saia do nosso esconderijo quando Robert me segurou.

—Você tá louco moleque!

—Eu? Por que eu estaria louco?

—Droga Daisuke! São górgonas! Não podemos simplesmente chegar lá e nos atirar no meio delas quando elas podem nos petrificar em questão de segundos!

—Mas temos que salvar a garota. .. Kalena.

—Ela parece saber se virar.

Olhei para a luta e Kalena cortava os pescoços das górgonas como se fossem manteiga! Uma à uma as górgonas caiam ao pés dela. Os seus cabelos, prateados com a raiz azul-esverdeada era uma das poucas coisas possíveis de se ver no meio das escamas verde e marrom das górgonas. Uma delas de repente deu um grito estridente e as que restaram serpentearam em direção às florestas.

Kalena tinha vários cortes pelo corpo, e suas vestes rasgadas em várias partes.

Depois de alguns segundos caiu na areia.

Eu corri em sua direção.

~Kalena on~

"Você não é uma sereia. .."
Eu escutava Kione me dizer. Górgonas... luta... e uma incrível dor em todos os locais possíveis.

Abro os olhos e estou em um quarto, usava uma outra roupa, parecia uma pijama azul, grande para mim. O quarto era simples, porém aconchegante, havia uma TV e... dei um salto na cama.

—Desculpe. Não queria assustá-la. -Disse um senhor, sentado em uma cadeira, próxima à porta do quarto. Ele era só alguns centímetros mais alto que eu, asiático e aparentava ter por volta dos 60 anos.

—Você está segura aqui na Evolution Alpha Company, não se preocupe.

—Quem me garante?

Ele sorriu.

—Sou Hokuto Haysawa, fundador da Companhia.

Isso não me garantia segurança alguma, mas do lado da cama em uma escrivaninha minhas facas Sai estavam intactas. Se essa Companhia quisesse meu mal com certeza teriam pego as armas. Decidi coletar o máximo de informações que podia.

—Como vim parar aqui?

—Dois dos meus agentes viram a discussão e posteriormente a luta com as górgonas. Depois da luta você estava muito machucada e desmaiou. Eles preferiram te trazer aqui, mesmo com sua cura veloz.

—Já estou bem. Agradeça seus agentes por mim.- eu já me levantava da cama.

— Se quiser pode ficar aqui.

—Não quero incomodar.

—Não seria incomodo algum minha jovem.

Ele parecia ser um homem bom. E eu realmente precisava de algum lugar para ficar... pelo menos temporariamente.

—Certo, mas só por alguns dias. -disse com um sorriso verdadeiro.

—Ótimo. -Disse Haysawa contente. -Que tal andar um pouco pela Companhia?

—Ah! Seria divertido... mas...

—O que houve?

—Preciso de roupas.

—Ah! Claro, claro. Tem alguns vestidos no armário.

—Quer saber... tudo bem andar de pijama GG por aí.

Ele deu uma risada gostosa de ouvir.

—E a propósito... Meu nome é Kalena.

~Kalena off~

.

~Daisuke on~

Depois que trouxemos Kalena para a Companhia fomos chamados para uma reunião sobre um dos casos que estávamos acompanhando. Saímos de lá depois de algumas horas.

—Nossa! Ficamos tanto tempo sentados lá que minhas pernas dormiram!

—Pare de reclamar Daisuke. Não foi tão ruim assim.

—Talvez eu devesse ter dormido também.

Robert arregalou os olhos, corou e me deu uma cotovelada no estômago.

— Cale a boca. - cochichou. - Além disso, só foi um cochilo.

—Claro, claro... - Eu disse, me recuperando da cotovelada.

Enquanto andávamos pelos corredores da Companhia nos deparamos com Otousan e Kalena , ele estava como sempre, vestido com camisa de botão e calça social. Já Kalena estava com um pijama azul enorme, que consistia numa camisa de botão de manga longa e calça e ela parecia não se importar de estar andando assim pela Companhia. Otousan gesticulava bastante e ela sorria. Andamos na direção dos dois até que eles notassem nossa presença.

—Ah! Kalena. Esses são agente Robert e agente Daisuke.
—Olá. Muito prazer.

Só agora, com ela acordada pude reparar em seus olhos, lilases, e ela tinha sardas no rosto, não, não eram sardas, pude notar que eram pequenas escamas do tom de sua pele quando a carreguei mais cedo.

—E aí? -respondi.

—Oi. -Robert, como sempre, bem monossilábico com desconhecidos.

—Esses foram os agentes que te trouxeram até aqui. - Otousan informou.

— Ah! Muito obrigada!

—Não foi nada. -respondi.

Nesse momento uma agente veio em nossa direção.

—Sr.Haysawa, aqui estão alguns relatórios das últimas missões.

—Certo, certo... -Otousan pegou a papelada e se voltou para nós novamente.

—Desculpem crianças. Tenho que me retirar.- ele já ia em direção a sua sala, mas parou.

— Filho?

—Sim, Otousan?

—Vocês vão almoçar agora?

—Sim, por que?

—Acho que deveriam levar Kalena com vocês.

—Bom... o que você acha? - perguntei a ela.

—Seria legal.

—Ótimo. Até mais crianças. - Disse rumo a sua sala.

—Certo, preciso ir no meu quarto pegar minha carteira, vem comigo?

—Claro.

—Robert, nos encontramos no saguão?

—Ah não... Vou almoçar em casa hoje.

—Ok. Até mais tarde.

—Até.

.

.

Chegamos no meu quarto sem trocar muitas palavras, e se continuássemos assim com certeza o almoço seria bem empolgante.

—Só preciso de um segundo. - eu disse enquanto entrávamos na zona que era meu quarto.

—Tem certeza? - ela disse zombando de mim.

—Não está tão bagunçado assim, já teve seus dias piores.

Kalena deu uma risada baixa em resposta.

Meu quarto não estava tão bagunçado, só tinha algumas roupas espalhadas, como sempre. Nada demais. Minha carteira estava em cima da cama, o que facilitou muito minha vida. Me virei para Kalena e lá estava ela com seu lindo pijama azul.

—Precisamos arrumar roupas para você.

—É. Mas no quarto em que eu estava tinham vestidos e...

—E...?

—Bom... Você sabe que fui expulsa de minha família, certo?

—Certo.

—Sereias tem escamas e eu não quero sair por aí com uma roupa que mostre todas elas. Não sou mais uma delas.

— Bom... Se quiser, pode pegar uma roupa minha emprestada. Aí almoçamos e já compramos algumas peças pra você.

—Eu não quero fazer você gastar dinheiro.

—Relaxa, não vai me custar nada.

Ela provavelmente viu que eu não mudaria de ideia e cedeu.

—Tudo bem.

—Bom, pode abrir o armário, divirta-se! - disse enquanto tirava meu casaco e me jogava na cama.

~Daisuke off~

.

~Kalena on~

Será que era possível ter roupas no armário sendo que haviam várias pelo chão? Descobri que sim , e além disso, descobri que haviam muitas calças jeans pretas e regatas brancas, iguais às que ele usava nesse momento.

Peguei uma calça e uma camiseta vermelha de manga longa e fui em direção do banheiro.
Por incrível que pareça o banheiro era bem diferente do quarto, era extremamente limpo e organizado. Coloquei a roupa e sai de lá segurando as calças e tropeçando na barra das mesmas.

— Pronto, Daisuke.

—Hahahahaha! - ele estava rindo de mim?

—Não ria!

—Desculpe. Mas por que você tem que ser tão baixinha? -ele disse enquanto se levantava e vinha em minha direção.

—Não sou baixinha! Você é que é estupidamente grande! - Fala sério, ele deve ter 1,80m!

—Hahaha. Certo, você deve ter quanto? 1,55m?

—Não! Tenho 1,60!

—Ok, ok. Desculpe se te ofendi. Posso de ajudar com isso? - Ele se referia as mangas e a barra da calça que me atrapalhavam.

—Primeiro eu preciso de um cinto.

—Ah claro! Mas acho que meus cintos são... ah... estupidamente grandes para você. - ele zombava enquanto mexia em uma gaveta.

Eu bufei.

— Vamos fazer um furos a mais no cinto.- ele disse como se não houvesse dito nada demais anteriormente.

.

.

Depois de colocar o cinto, me sentei na cama para dobrar a barra da calça com mais facilidade.

—Eu te ajudo com isso, Kalena.

—Não precisa.

—Assim, enquanto eu dobro a barra da calça você dobra a manga da camiseta e terminamos mais rápido.

—Ok.

.

.

Almoçamos em um restaurante pequeno, de esquina e eu fiquei extremamente feliz por eles terem meu prato favorito: macarronada. Com carne moída, molho de tomate e queijo parmesão por cima. Daisuke optou por arroz, feijão, peito de frango e salada de alface.

Enquanto comíamos eu perguntava ao Daisuke um pouco sobre a Companhia, eu não sabia se devia perguntar algo mais pessoal, como o que ouve com o olho esquerdo dele ou o motivo de ele ter o número 13 tatuado, pois não sabia como ele reagiria. Depois de um momento silencioso, puxei assunto novamente sobre a Companhia, mas de uma forma diferente.

—Então trabalhar na Companhia é algo de família?

—Como?

—Sr.Haysawa é seu pai, não é? Ele te chamou de filho e tal.

—Ah! Bom... sim. Mas não quis trabalhar lá por causa disso.

—Não?

—Não, quando a Companhia ainda era pequena eu as vezes acompanhava Otousan até...

—Oto. ..?

—Otousan... pai em japonês.

—Ah. Certo. Então desde pequeno já acompanhava esse mundo de investigações?

—Tipo isso.

—Desculpe perguntar, se não quiser responder... tudo bem. -eu geralmente não era tão boazinha e educada, eu sempre fui bem direta com o que queria, mas ele era bem educado comigo e era bonito, o que realmente me intimidava.

—Diga.

—O que houve com o seu olho?

—Ah... Não posso te contar aqui. Talvez quando voltarmos nós falamos sobre isso. -Isso só me deixou mais curiosa sobre o assunto.

—Ok.

.

.

Depois do almoço fomos para algumas lojas.

Daisuke foi bem paciente e me fez comprar muitas roupas. Calças, blusas, camisetas, vestidos, saias, espartilhos, camisas, meias 3/4 , e sapatos.
Não carregamos nada depois, ele pedia para que entregassem na Companhia e isso era super útil.

No saguão da Companhia um lobisomem, falou com Daisuke assim que entramos.

—Yamamoto.

—Fala Sr.Carter.

—Sr.Haysawa pediu para que quando você chegasse levasse Kalena até o quarto dela. -disse enquanto entregava a ele uma chave. -E depois que fosse até a sua sala.

— Pode deixar Sr. Carter.-concordou enquanto piscava e batia uma breve continência, com dois dedos.

—Vamos Kalena.


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Notas finais do capítulo

Bom amiguinhos. É isso. Espero que tenham gostado e mais uma vez, mil desculpas pela demora.
Até a próxima.



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