Cobaia 0013 escrita por Juuclaudina


Capítulo 11
Capítulo 11 - Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Capítulo novo.
Escrevi ele ontem e não está tão longo quanto os outros, mas espero que gostem
^-^
Boa leitura



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08-06-5026 Segunda-Feira

Galpões enormes e cinzentos. ..

Colchões velhos no chão...

Seringas...

Agulhas...

Lâminas...

Socos...

Gritos...

Dor...

Eu estava com medo. Eles sempre chamavam as crianças para cirurgias no meio da noite. Então provavelmente não havia me acordado para bater um papo.

Eu era arrastado pelo braço entre os galpões no meio da chuva. Quando avistei o galpão onde ocorriam as cirurgias tentei fugir. Eu não queria outra cirurgia, todas falhavam. A última tinha resultado em 5 dias na solitária. A culpa era minha por não ter nenhum resultado positivo. Soquei o estômago da pessoa que me arrastava o que fez com que ela me soltasse, mas havia outra pessoa atrás de mim que me agarrou pelo pescoço.

—Que garotinho mal.- ele sussurrava em meu ouvido enquanto apertava meu pescoço. - Isso vai resultar em uma cirurgia sem anestesia...

E eu acordei assustado. Me sentei na cama e coloquei as mãos no rosto, tapando meus olhos. Respirava de forma descompassada enquanto refletia sobre o sonho. Ou lembrança.

Fazia um bom tempo que eu não sonhava com os tempos em que fiquei preso como cobaia. Talvez os sonhos fossem bem mais reais por serem lembranças e eu podia sentir o aperto no pescoço e a falta de ar enquanto dormia.

Olhei para o relógio e já era quase hora de levantar, então fui tomar um banho gelado. Depois fui me trocar, havia acabado de colocar as calças jeans e o meu celular tocou. Era Carter.

"-Daisuke?

—Fala Sr.Carter !

—Precisam de você no subsolo.

—Ah... Certo. - Nunca haviam me chamado para ir ao subsolo.

—Ok. Sr. Haysawa já está te esperando."

Pensei em avisar Kalena que não iríamos fazer um trabalho de campo cedo. Então peguei o celular para mandar uma mensagem, mas sem querer fiquei parado olhando o papel de parede. Sábado Kalena quis tirar uma foto enquanto estávamos no Cosgrove, gostei da foto e coloquei de papel de parede.

—Pensa, pensa, pensa... - Eu dizia enquanto batia com o celular na testa. Eu realmente havia perdido a linha de raciocínio enquanto olhava para foto.

—Ah É! - Mandei a mensagem, terminei de me arrumar como faço todo dia e fui em direção ao subsolo.

.

.

Sai do elevador e Otousan me esperava ali perto.

— Bom dia, Otousan.

— Bom dia, filho.

Ele começou a andar e fui atrás dele puxando um assunto normal.

—Dormiu bem?

—Sim.

—Sei... - Otousan as vezes passava noites em claro resolvendo alguns casos. Ele sabia que me preocupava e por isso evitava o assunto.

Os corredores do subsolo, diferentemente da parte superior da Companhia eram brancos e tinham portas de metal. Paramos em frente de uma das portas e Otousan se virou para mim antes de abri-la.

— Estou feliz que não perguntou o porquê de ser chamado aqui. Mostra que você amadureceu. - ele sorriu. E eu também. Depois ele respirou fundo e voltou a falar. -Ainda não conseguimos fazer com que o Goblin falasse quase nada nesses dias, mas ontem ele disse que falaria algo se você estivesse na sala.

Eu me surpreendi.

— O Goblin vai querer me matar cara. - ri, nervoso e passei a mão no rosto.

—Vamos estar lá com você, filho.

Entramos na sala, haviam algumas cadeiras e uma mesa de frente para elas, onde haviam alguns papeis. A sala era escura e pequena, de forma retangular. Ali haviam 3 agentes, um deles era um satiro e reconheci agente Isabella, que havia ido na madrugada em que as Górgonas estavam na cidade. Todos se viraram para porta quando entramos e depois se voltaram em direção a uma grande janela para onde as cadeiras estavam viradas. Do outro lado da janela tinha uma outra sala, mais espaçosa e bem clara, onde podia se ver o goblin algemado dentro de uma jaula.A jaula tinha grades robustas e cada um dos braços do Goblin estavam presos a algemas ligadas à parte de trás da jaula. Haviam dois agentes armados, um de cada lado do goblin e lá dentro estava agente Robert ainda com o braço em uma tipóia. Ele estava em pé e parecia irritado.

—Vamos filho.

Atravessamos a porta e o goblin sorriu olhando em direção a nossa direção.

—Pronto aí está ele. - Disse Robert vindo ao nosso encontro. Ele olhou para o Goblin. - Vai falar agora , Antíloco?

—Talvez.- ele disse enquanto sorria.

Robert fechou os olhos e respirou fundo. Ele tinha olheiras escuras e provavelmente havia dormido pouco por conta do caso. Me senti culpado por ter me divertido e dormido teoricamente bem esses dias.

Depois de alguns segundos de silêncio o goblin, Antíloco, se pronunciou novamente.

—Qual é seu nome rapaz?

Olhei para Otousan que deu um leve aceno com a cabeça.

—Daisuke. Meu nome é Daisuke.

—Você sabe o significado dele?

—Sei... significa "Grande protetor".

—Bom... O meu significa " Valente guerreiro". - ele disse calmo. Depois ele jogou o corpo para frente só sendo sustentado pelas algemas em seus pulsos. -Você acha que eu pareço um guerreiro preso aqui por um merdinha como você? -Ele gritou, fazendo com que os agentes ao seu lado apontassem as armas para ele.

Eu queria falar tanta merda para ele. Queria falar que o nome dele não tinha nada de guerreiro e que Antíloco me lembrava Antílope. Queria dizer que eu até podia ser um merdinha, mas foi o merdinha e sua parceira que o capturaram. Mas respirei fundo e fiquei em silêncio enquanto olhava para ele.

Ele voltou a ficar de pé normalmente, sorriu e voltou a falar.

— Por quê você foi atrás de mim garoto? Bom... Se você é mesmo um garoto.

Me fiz de desintendido.

— O que você quer dizer?

— Você não pode ser humano. Sua força e seu olho esquerdo mostram isso a qualquer um. Além disso sua perna parece muito boa depois do golpe que dei em você.

Olhei para minha perna esquerda e depois me voltei para o goblin.

—Estamos aqui para falar de você, Antíloco. Não de mim.

— Não vou falar nada sobre o porquê de os goblins rapitarem aquelas pessoas e várias outras. Sinto muito rapazes.

—Droga. - Robert sussurrou. Depois começou a gritar. -Você disse que falaria algo!

—Eu falei! -disse Antíloco se defendendo. - Bati um papo com Daisuke.

Otousan se aproximou de Robert.

—Vá descansar um pouco Robert. Agente Isabella está aqui para substituí-lo.

Otousan saiu da sala, depois Robert e logo atrás eu.

—Você sabe que eles vão voltar, garoto.

Quando olhei para trás vi o goblin olhando para o chão, nem prestando atenção em nossa saída, assim fazendo com que eu duvidasse da minha sanidade mental. Ele sussurrou mesmo aquilo? Robert me puxou e fechou a porta.

~Daisuke off ~

.

~Kalena on~

Acordei às 6 horas, mas fiquei enrolando um pouco na cama, era outono e as manhãs frias pediam para serem passadas na cama debaixo das cobertas.

Peguei meu celular e havia uma mensagem do Daisuke. O celular estava com a luminosidade alta o que quase me cegou e me fez rir sozinha. Depois de ajustar a luminosidade abri a mensagem.

"Bom dia!

Não precisa levantar da cama, hoje não teremos nada de manhã. Me chamaram para ir ao subsolo, provavelmente é sobre o caso do goblin daquele outro dia. Podemos almoçar juntos se você quiser :)"

Decidi responder mesmo sabendo que ele não veria agora.

"Ok. Podemos nos encontrar as 12 horas?"

Depois me aconcheguei na cama e adormeci novamente."

~Kalena off ~

.

~Daisuke on~

Robert saiu da sala e eu e Otousan ficamos vendo Isabella interrogar o goblin.

"Você sabe que eles vão voltar, garoto."

Eu tenho certeza de que aquilo não era imaginação. Eles. Eles. Ele se referia aos caras que invadiram a Companhia? Ou eu estava mesmo ficando louco? Depois de 2 horas vendo Isabella falar com Antíloco sem sucesso ela voltou para sala e chamou os outros dois agentes que estavam conosco.

Começaram a tirar o goblin da jaula.

—O que eles estão fazendo?

— Vão começar a torturá - lo. - disse Otousan.

—Isso é sério? -Me virei incrédulo para ele.

—Sim, filho. Não pense que nos orgulhamos disso, mas as vezes é necessário.

—Eu acho que não consigo ver isso. - Abaixei o rosto e apoiei a testa nas mãos.

—Você mata pessoas e não consegue ver isso?

—Isso é diferente Hokuto! É ... crueldade, covardia. - Disse chateado e nervoso.

—Desculpe filho. Mas é necessário.

Olhei de novo para a sala e vi quando Isabella chutava o rosto do goblin enquanto este era segurado por correntes e pelos agentes. Depois ela gritava na cara dele e ele só... sorria.

.

.

Não aguentei quando as torturas pioraram. Sai de lá sem dizer nada. Quando cheguei a parte superior da Companhia peguei meu celular. Kalena havia me respondido.

"Ok. Podemos nos encontrar as 12 horas?"

"Claro. Passo aí. "

Eram um pouco mais de 10 horas... decidi ir para o meu quarto.

Chegando lá tirei minhas botas, coloquei as Colts em cima da escrivaninha, joguei meu casaco no chão e me joguei na cama.

Peguei o controle e liguei a TV. Coloquei num canal qualquer, não conseguiria assistir mesmo. Depois daquele sonho e além disso, a sessão de tortura de Antíloco eu estava mal.

Eu não fazia ideia de tudo isso.

Torturar...

Eu nem olhava para a TV, admirava o teto do quarto enquanto pensava no sonho.

Eu acordei antes de sonhar com a cirurgia, mas ainda lembrava dela. Não foi bem uma cirurgia. Tentaram injetar sangue de algum ser místico, não me lembro qual. Me amarraram a maca e injetaram o sangue. Eu fui punido por tentar fugir, então realmente não tive o privilégio da anestesia.

O sangue parecia queimar minhas veias. Eu chorava, gritava pedia desculpas, mas eles só me olhavam. Podia sentir o sangue místico nas minhas veias, parecia destruir tudo era uma dor inexplicável e depois de um tempo eu desmaiei.

Eu agora, deitado na cama sentia meus olhos lacrimejarem. Sentei na cama e tentei me acalmar enquanto me concentrava em minha respiração. Mas não adiantou. Olhei no relógio e vi que já devia ter buscado Kalena a um tempo. Quando abri a porta vi Kalena levantando o punho em direção a porta.

—Ah! Oi Daisuke.

—Oi.

—Você está bem?

Eu devia estar descabelado com o rosto vermelho e com cara de "queria estar morto".

—Te explico depois.

.

.

Decidimos sentar num banco na praça Lady Whelan enquanto comíamos cachorro - quente.

Kalena me olhava de canto de olho as vezes, mas não falava nada.

—Bom... Não foi muito legal lá com o goblin.

—Certo... - ela disse, paciente.

— Ele queria me ver, fui até lá, mas ele não falou muito. Resumindo não estamos conseguindo tirar nada dele.

—Entendi. Mas acho que não era por isso que você estava daquele jeito.

—Não era.

—Então?

—Os agentes.... Eles... Torturaram Antíloco. E hoje mesmo tive um sonho sobre quando fui cobaia. -Eu estava mal, mas não esboçava reação enquanto falava.

—Eu... Realmente sinto muito. Queria poder fazer algo.

—Valeu a intenção. - Sorri fraco.

Nosso almoço seguiu silencioso, depois voltamos para a Companhia e nos encontramos logo com Otousan.

—Conseguiram alguma coisa com os seus métodos?

—Daisuke...

—Sim, Haysawa?

Ele suspirou.

—Não, não conseguimos nada.

Isso só fez com que eu me sentisse pior. Por que aquele idiota não fala logo? Ele não sabia que iria ser cada vez pior se ele não falasse nada?

—Talvez... -Kalena começou a falar e nos viramos para ela. - Talvez eu possa ajudar.


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Notas finais do capítulo

É isso pessoal. Como eu disse o capítulo não ficou tão longo, mas espero que tenham gostado.
Até semana que vem :*



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