ELENA

Acho um tremendo exagero ter que ser levada pra casa considerando que não sofri nenhum dano físico. Mas ninguém contraria minha mãe, e eu não vou ser a louca a tentar.

De qualquer modo, isso me da mais tempo pra arrumar as coisas pra hoje a noite. Não que tenha muito a se fazer, mas imaginar que eu tenha alguma ocupação é confortante. Eu já poderia escolher a roupa, não é? E programar o prato do jantar, pensar em bons assuntos param serem abordados na conversa... meu Deus, eu estou parecendo a Caroline!

Tudo bem, talvez eu esteja um pouco nervosa. É literalmente a primeira vez que tenho um encontro. Bem... na verdade, isso não é um encontro. É só um jantar. Meus pais vão estar aqui também, então não conta, não é?

Independentemente da sua opinião sobre isso, eu quero acreditar que não. Acalma.

Mas ainda assim, preciso de uma roupa. Subi as escadas, indo em direção ao meu quarto. Passei pelo quarto de Jeremy no caminho, e vi ele brincando com seus carrinhos.

Jeremy é meu irmão, tem apenas 6 anos, e tem uma idéia fixa na cabeça de que um dia vai combater as trevas do nosso mundo. Acho que ele anda vendo Harry Potter demais.

Entrei no meu quarto e fui direto até o guarda-roupa. Acho que da pra perceber quando se olha pra mim e pra Caroline, mas caso você seja cego ou adoravelmente ignorante, devo dizer que de nós duas, a Carol é a mais familiarizada com o mundo da moda. E eu, por minha vez, nunca me preocupei realmente com isso... agora percebo meu erro. Eu não tenho NADA que pareça ajeitadinho o suficiente pra um jantar com pessoas que não são meus amigos ou familia (eles já sabem que eu sou meio desleixada com isso, então...).

Relutante, decido ligar pra Caroline.

— Eleeena!

— Oi Carol...

— Amiga, como você ta? Já melhorou? Ainda vai precisar da cadeira de rodas? 

— Eu não vou precisar de cadeira de rodas Caroline - disse rindo.

— Tem certeza? Olha, eu me limito a usar sandálias razas pra poder empurrar sua cadeira de rodas...

— Caroline! - dei gargalhadas da brincadeira dela.

— Tudo beem - ela respondeu, também rindo - do que precisa?

— Como sabe que preciso de algo? - franzi a testa.

— Eu te conheço, Elena. Você vai ter um importante jantar hoje a noite com o seu possível futuro namorado, e não me ligaria justo na hora do almoço, se não fosse para pedir conselhos de como seduzir o crush ou então dicas de moda.

— Acertou na segunda - eu disse, sorrindo.

— Aaahhh, eu não acredito! Vai me deixar escolher sua roupa, fazer seu cabelo e te maquiar????

— Do jeito mais natural possível!

— Pode deixar, você não vai se arrepender! - ela disse animada.

— Sei que não...

— Chego ai as 16 hrs, com o vestido perfeito, minha mais completa bolsa de maquiagens e, é claro, meu inesgotável talento e criatividade...

— Claro - respondi, rindo.

— Até logo amiga!

— Até - desliguei.

Caroline Forbes, tenha piedade de mim.

As 16hrs em ponto, ouço a campainha tocar. Levo uma Caroline animada e sobrecarregada com duas maletas e um vestido emplastificado ao meu quarto e espero as ordens, ainda me questionando mentalmente se da tempo de fugir.

— Okay, o primeiro de tudo: você vai tomar um relaxante banho de banheira enquanto eu penso no que fazer com seu cabelo e o tom ideal de sombra pra maquiagem.

— Como quiser... - me arrasto até o banheiro, tiro a roupa e entro na banheira.

Fiquei uma meia hora só relaxando e ouvindo música. Até que Caroline entrou no banheiro, me deixando sair. Coloquei um roupão e me sentei diante da cabeceira pra começar a fazer o cabelo.

— Por Deus, Elena, quanta ponta dupla!

— Caroline! - a repreendi.

— Desculpe! - disse ela rindo, enquanto penteava meu cabelo

— Então... o Damon...

— Ah não Carol, não começa. Eu mal o conheço! 

— Eu sei! E por isso, tomei a liberdade de recolher algumas informações pra você.

— Oi?

— Coisas básicas - ela puxou as mechas frontais do meu cabelo pra tras - Como, você sabia que a família dele é natural daqui? Mas eles se mudaram quando ele ainda era pequeno.

— Sim Carol, eu já sabia. A história da infância de Damon é a mesma que a do Stefan, lembra?

— Tudo bem, essa não vale. Stefan é seu melhor amigo, você já sabe tudo sobre a família dele.

— Nem sabia que ele tinha um irmão. Não sei se isso é "saber tudo".

— É... é curioso. Nós já conhecemos ele a quase um ano, estranho pensar que o assunto "irmão" nunca caiu na conversa pra ele citar Damon. - ela começou a enrolar meu cabelo com um babyliss - Seus pais já chegaram?

— Ainda não. Ter dois médicos como pais é complicado - disse sorrindo.

— É, ter a xerife da cidade como mãe também não é tão fácil!

Conversamos e rimos por um bom tempo, enquanto ela terminava meu cabelo.

— Eeeee, está pronto. Agora vamos pra maquiagem!

— Por favor, nada muito exagerado Carol.

— Relaxa, eu sei a maquiagem perfeita!

Quando ela finalmente acabou, me deu o vestido pra colocar. Ele era um tomara-que-caia branco, inteiro em renda. Simples e lindo.

Depois de colocá-lo, Caroline me levou até o espelho e me mostrou o resultado. E... uau. Meu cabelo estava meio-preso, com a parte solta caindo em lindos cachos soltos. A maquiagem estava bem natural, com uma fraca sombra branca e bastante rímel.

— Caroline, ficou... perfeito! - eu disse encantada - Muito obrigada, mesmo - a abracei sorrindo.

— Não foi nada... sempre que precisar de uma estilista/cabeleireira/maquiadora, eu estarei a sua disposição - ri e a abracei de novo - Bom, agora eu tenho que ir. Já são... 18:30hrs! Caraca! Logo seu príncipe vai chegar.

— Caroline, isso não é um encontro. É um jantar de agradecimento.

— Não me importa que nome dão Elena, eu não te deixei assim pra nada!

Ri da safadeza dela e me despedi. Ela saiu pela porta na mesma hora em que meus pais entraram por ela. Ainda de jaleco, eles vieram em minha direção e paralisaram por mínimos segundos.

— Filha... uau - disse minha mãe, admirada.

Eu sorri envergonhada.

— Está deslumbrante, princesa - meu pai me deu um beijo na testa e foi se arrumar pro jantar.

— Isso tudo é pra impressionar um certo cavaleiro de armadura? - minha mãe veio até mim, sorrindo.

— Mãe! - a repreendi, corando.

— Desculpe filha, não resisti. Ele é um gato! - ela sorriu e me deu um abraço, indo se arrumar também.