Completa-me escrita por BlackLady2


Capítulo 25
Capítulo XXV


Notas iniciais do capítulo

Dois capítulos num só dia!
Vamos ler?



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Por Aaron Warner

— Nós estamos de sapato – declarou Juliette, esparramada no meu peito.

— É verdade – respondi e nos rimos, leves como nunca – Dificilmente ficamos assim: despreocupados.

— É verdade – repetiu ela, beijando minha clavícula.

— Quero perguntar uma coisa, Juliette.

— O quê?

— Promete que vai responder?

— Não.

Sentei-me, levando seu corpo junto com o meu. Ela ficou no meu colo, sentada com as pernas abertas ao redor de mim. Olhei para os seus olhos indefinidos e franzi a testa, confuso.

— Porque não?

— Porque há coisas que eu não quero responder.

— Como...

— Eu não vou cair nessa, Aaron.

Suspirei, virando o rosto para a janela aberta coberta por uma cortina – Mas eu posso fazer a minha pergunta?

— Pode, só não prometo responder.

Voltei a olhá-la e ela ainda me encarava. Repentinamente, o clima ficou agradável, íntimo, e ela começou a acariciar meu cabelo logo acima da orelha. Fechei os olhos, me entregando. Quanto tempo eu passei desejando aquele afago, daquela mão. Quase esqueci que tinha uma pergunta a fazer.

— Porque você foi embora?

O carinho parou e ela baixou a cabeça, desviando o olhar. Senti um medo vindo dela, seguido de arrependimento – Aaron... eu... eu não vou falar disso.

— Porque você não quer me dizer? Juliette, o que aconteceu? – ela tentou se levantar, mas passei meus braços ao redor dela, impedindo-a – Nós vamos conversar sobre isso. Agora.

— Você não pode me obrigar a falar.

— E você não pode me obrigar a passar o resto da vida me remoendo sobre um erro meu que eu não sei qual é. Você vai falar, Juliette.

Seu coração ficou assustado e, mesmo sem poderes, eu saberia por que ele começou a martelar fortemente, me fazendo senti-lo no peito. Respirei e larguei seu corpo, depositando minhas mãos na sua cintura – Eu não quero assustá-la. Mas eu não posso mais viver assim, Juliette. Sem saber se eu vou ser feliz de novo algum dia. Porque eu não sei se vou ter você de volta e, para mim, isso é felicidade.

— Você parece ser tão sincero... – ela comentou distraidamente, olhando para o lado.

— O que quer dizer, Juliette? – ela levantou o canto da boca sem vontade, baixou a cabeça e enrugou o V entre as sobrancelhas. Ficou abatida e isso me atingiu – Porque você está triste?

— Porque eu cometi um erro.

— Que erro?

Ela pensou bem e levantou os olhos marejados, tentou não derrubar as lágrimas, mas falhou – Eu fui embora, Aaron. E esse foi o maior erro que eu já cometi na vida.

Não resisti e deitei sua cabeça no meu ombro, acariciando sua nuca, sentindo ela se desmanchar aos prantos. Ela me abraçou e chorou, pedindo desculpas e se segurando a mim como se eu fosse embora a qualquer momento. Ficamos assim por alguns minutos até que ela parou de chorar, mas não ergueu a cabeça nem me soltou.

— Conta para mim – pedi e ela respirou entrecortado, mas não disse nada – Qual é o seu medo?

— Que você fique com raiva de mim.

— Eu já fiquei antes e você ainda está aqui – fiz ela me olhar – Não vou ficar com raiva.

Ela ficou indecisa, ponderando e quando eu já não aguentava mais, ela falou – Eu fui embora porque eu pensei que você não me amava mais.

Fiquei paralisado, considerando. Eu pensei em muitos motivos, muitas razões para ela ter partido, mas ela duvidar do meu amor nunca passou pela minha cabeça. Eu sempre demonstrei que a amava de todos os jeitos possíveis, e sempre achei que os meus sentimentos eram claros. De certa forma, isso me magoou.

— Por quê?

— Porque eu te vi, Aaron – ela respondeu, derramando mais lágrimas, mas com os sentimentos controlados – Eu te vi com outra pessoa.

Empalideci, sem forças para negar. Meu cérebro fez uma conexão rápida com o que ela estava falando e com a época em que ela foi embora e eu notei que não, eu não podia negar o que ela afirmava.

Porque era verdade.

Mas não do jeito que ela pensava. Tentei achar minha voz, mas eu não consegui. Ela esperou me olhando, esperando uma explicação que eu não sabia se conseguiria dar, por que eu não estava no meu corpo. Eu não estava em mim. Tonto! Idiota!, pensei. Acho mesmo que ela não perceberia?

— Fala alguma coisa, Aaron.

Ela ter dito alguma coisa me fez disparar minha voz – Não é nada do que você está pensando.

Ela saiu do meu colo, indo nua até a sala e apanhando nossas roupas do chão, voltando ao quarto  – Não sabia que você era dado a clichês – discorreu, jogando as roupas na cama e procurando o que era seu.

— Juliette, eu...

— Eu estou esperando, Aaron. Esperando para ver se eu estou certa ou errada em ter ido embora, mas você parece não saber o que falar – ela vestiu sua calcinha e o sutiã, olhando para mim – O que não é boa coisa.

— Você estava errada em ir embora, porque nada do que aconteceu era o que parecia.

— Certo, eu vou explicar o que eu vi: você e aquela loira que chegou com um grupo de mutantes no Setor 45 próximos demais. Isso não seria problema, Aaron, se você não dissesse a cada segundo para ela que ela era a pessoa mais importante do mundo para você e, depois, viesse para o nosso quarto dizer a mesma coisa para mim.

— Aquilo não era verdade. Você entendeu tudo errado, Juliette.

— Então, me explica, Aaron! – explodiu.

Respirei fundo, quase sorrindo da situação em que me meti, e teria feito se isso não valesse o meu futuro – Ela ia destruir o Setor 45 – confessei. Isso fez com que ela perdesse o foco em sua raiva. Peguei minha calça e vesti, chegando perto dela para poder falar – Algumas semanas antes de você ir embora, eu descobri inimigos infiltrados no Setor 45. O grupo de mutantes que chegou dizendo que tinha ouvido falar sobre nós e que queria nos ajudar a coordenar o mundo. Você mesma fez questão de recebê-los.

— Eu lembro. Eram quatro pessoas e um deles tinha até um dom parecido com o seu.

— Exato. Alguns dias depois deles terem chegado, eu os ouvi dizendo que não podiam demorar a cumprir sua missão. Que o Setor 45 e nós deveríamos ser extintos logo. Na mesma hora, pensei em ir contar para Castle, mas descobri que eles estavam em outros setores também e que, se soubessem que alguém sabia sobre o plano deles, o executariam logo e isso seria massacre. Aquele rapaz que tinha um dom parecido com o meu me viu e eles me atacaram. Eu soube me defender, mas eles poderiam matar outras pessoas, então a única alternativa que eu tive foi...

— Mentir – ela baixou a cabeça, juntando as peças – Quando eu vi vocês juntos, eu ouvi o que diziam. Você disse que só estava esperando o momento certo para me matar e matar os outros. Que só me mantinha viva para poder usar o meu dom e que, quando eu não fosse mais útil, ia se livrar de mim. Que você não tinha mais que se preocupar com o seu pai, porque eu já tinha me livrado dele por você e o caminho estava aberto porque todos confiavam em você.

— Juliette...

— Porque não contou para mim? – ela me fitou, quase chorando de novo – Porque escondeu isso de mim?

— Porque você é transparente, Juliette. Seus sentimentos são muito claros. E mesmo que não fossem, um deles era como eu; podia sentir o que os outros sentiam. Se eles soubessem que você já sabia sobre tudo, te matariam e executariam o plano. Ele só não desconfiou de mim porque eu também tenho esse dom. A energia das outras pessoas sempre estava me atravessando, não deixando as minhas emoções a mostra. Eles não tinham como desconfiar de mim.

Ela estava prestes a desabar, eu sabia, mas, ainda assim, não me movi. Ela se sentou no chão, incapaz de falar. E eu não queria, de verdade, mas me sentia magoado por ela não ter acreditado em mim. Não pude guardar só para mim.

— Você foi embora porque não confiou em mim, Juliette.

Ela içou a cabeça, raiva transbordando da sua expressão – O que queria que eu fizesse? Ninguém me contou nada, eu vi. Eu vi você abraçando ela e falando coisas para ela que você só falava para mim. Eu te ouvi dizendo que ia você mesmo tratar de se livrar de mim. Eu fiquei com medo, Aaron.

— De mim?

— Eu não sabia! – gritou – Eu não sabia que era uma farsa! Eu não sabia! Para mim era tudo verdade.

— Mesmo depois de todas as vezes que eu disse que te amava?

— Depois do que eu vi, tudo aquilo se tornou mentira. Todas as nossas noites, todos os nossos planos, todas as vezes que você me beijou. Cada toque seu virou uma mentira, Aaron. Porque, para mim, você não me amava. Você nunca tinha me amado. E eu não aguentei e fui embora.

— Isso não faz sentido – declarei - Você não está me contando tudo.

— Como assim?

— Você descobriu tudo e não foi dizer aos outros. Se tudo estivesse certo, você teria contado tudo ao Castle e ficado lá para lutar contra mim. Porque é assim que você é. Você teria unido todos os seus amigos e lutado contra mim – ela arregalou os olhos e começou a sentir desespero – O que você está escondendo? – ela baixou de novo a cabeça e começou a derramar lágrimas silenciosamente – Juliette, responde – ela nem me olhou e eu perdi a paciência – Juliette!

— Eu não posso contar.

— Por quê?

— Porque você vai me odiar para sempre – chorou.

Desesperei-me e me desabei na frente dela, procurando entender e convencê-la a me contar – Eu jamais te odiaria. Quando vai perceber isso? Juliette, eu te amo e nada mais importa.

Ela ficou de pé, assustada e tremendo – Eu não posso contar...

— Juliette...

— Me perdoa – e saiu correndo apenas de lingerie, se trancando no banheiro e me deixando caído em meus joelhos outra vez.


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Notas finais do capítulo

Quero comentários!!
A opinião de vocês é muito importante.
Beijos.
BL.



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