Completa-me escrita por BlackLady2


Capítulo 12
Capítulo XII


Notas iniciais do capítulo

Penúltima parte da noite bêbada e perigosa de Warner, Adam, Kenji e Juliette.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/693075/chapter/12

Por Aaron Warner

De alguma forma, Kenji também corria ao nosso lado. Não reparei quando, mas ele chegou a tempo de nos acompanhar. Não fomos para o prédio onde estávamos, ao invés disso, fomos para a casa de Juliette, de forma que nem precisamos invadir nada. Com poucos minutos, adentrávamos o forte onde Juliette guardava os que lhe eram importantes.

Assim que entramos, nos jogamos no sofá que habitava a sala. Minha respiração era a mais difícil de todas. Exercícios físicos não estavam no topo da minha lista, constando que eu não estava na minha melhor forma. Eu não ganhara peso, mas não me preocupei em me cuidar do mesmo modo de anos atrás.

— Bem, fiquem a vontade - disse Juliette, me fazendo levantar a cabeça - Eu só não vou dizer que minha casa é sua casa, porque não é.

Ao ouvi-la falar sobre a casa, me concentrei em um ponto que não fosse o peso que se instalou em meus pulmões. O espaço era igual a antiga casa de Adam, tudo no mesmo lugar, mas os móveis eram novos e harmoniosos em preto e branco. Sofá, poltrona, mesa de centro, mini bar , tudo que jazia no local se dividia entre essas duas cores e as paredes tinham intervalos de espelhos de tamanho estreito na horizontal. A porta destruída do quarto que antes era de James foi trocada por uma porta inteira de madeira, a única cor diferente na sala. Mesmo com o preto bastante presente, tudo era muito iluminado.

— Se quiserem beber alguma coisa: água, conhaque, uísque, veneno; podem pegar ali no mini bar.

Ela saiu em direção a porta de madeira e tomou cuidado de não abri-la muito, tanto que apenas enxerguei a ponta de uma cama branca antes de ela bater. Levantei-me e me servi de conhaque no mini bar, ponderando se realmente não havia veneno. Bebi ainda assim.

— Você é muito corajoso.

— Eu sei, Kenji - respondi - Mas ainda estou esperando que o veneno faça efeito.

— Não vou envenenar vocês - declarou Juliette, voltando para a sala e sentando-se na poltrona, de costas para a porta de onde acabara de sair - Eu tenho formas bem mais legais de matar. Mas se quiserem veneno...

— Não, obrigado - falou Kenji - Me sinto bem assim, vivo.

— Depois não diga que eu não ofereci.

— Quem eram aqueles? - questionou Adam, repentinamente - Estava tudo uma maravilha e, de repente, estávamos numa chuva de balas e vidro.

— Você acha que eu mataria vários homens sem retaliação? - Juliette sorriu - Esses são alguns dos caras que eu ainda não matei, mas que estão na lista.

— Lista?

Juliette se esticou até a mesa de centro e abriu uma gaveta escondida, tirando uma pasta transparente recheada de papéis. Arrancou do meio deles uma folha gasta e pequena, tão manuseada que a tinta da caneta azul podia ser vista do outro lado do escrito.

— Essa lista - respondeu, apoiando-a na mesa na direção de Adam e Kenji - Os nomes riscados já foram mortos, obviamente.

— Se importa se eu usar o banheiro, Juliette? - pediu Josh, um pouco verde. Ele estava tão quieto que eu até esquecera que ele também estava ali.

— Claro que não.

Ele andou rápido, parecendo que apenas queria sair. Assim que se trancou lá, nos voltamos para o papel amassado.

— Eles nomeiam a si mesmo de Mockers, que é um nome ridículo, porque de escarnecedor eles não tem nada - explicou ela - Eles chegaram por aqui já tem alguns meses e logo aterrorizaram as pessoas, roubando os carregamentos de alimentos e água que eram enviados pelo Setor 45. Eles ameaçavam matar quem fosse denunciar. Alguns cidadãos até tentaram, mas ninguém conseguiu chegar até vocês; morreram antes disso. Algumas semanas depois de começaram a roubar esses carregamentos, eles também pegaram os carregamentos de roupas e cobertores que chegavam.

— Mas, para que eles roubam tudo isso?

— Para vender. Eles vendem para essas pessoas, só come quem compra deles. Roupas, comidas, até mesmo água potável, tudo é vendido para quem deveria receber de graça. Não havia escapatória, a não ser se você quisesse morrer de fome e de frio. Denúncias não podiam ser feitas. Eles mostraram que não estavam brincando quando mataram um homem, que ameaçou denunciar, na frente de todo mundo.

— Você poderia ter nos dito o que acontecia aqui. Poderia ter avisado.

— Eu não queria nem ver vocês, quanto mais falar com vocês. Bem, fato foi que Josh me avisou sobre a situação do lugar e eu resolvi vim para ver. Quando eu cheguei, eu dei o meu preço e eles me contrataram para limpar essa área.

— Há muitos nomes nesta lista.

— 47, exatamente. Eu já cuidei de 13, faltam 34.

— Eu sei fazer conta, Juliette - ironizei, mais para não gritar o número 47.

— Bom saber. A proposta é a seguinte: eu...

— Proposta?

Ela me ignorou - ...vou terminar esse serviço. Tenho mais algumas semanas para fazê-lo e pretendo ficar aqui até tudo acabar, mas está ficando muito perigoso. Não para mim, mas para quem me... acompanha. Eu preciso deixá-los em segurança e quero que vocês façam isso por mim.

— O que ganhamos com isso? - interroguei.

— Qualquer coisa. Recursos, dinheiro...

— Respostas - pedi - Eu quero respostas.

Juliette fitou-me seriamente e como se estivesse prestes a chorar, lembrando-me de quando eu contei que o Ponto Ômega estava destruído. Mais uma vez, quis consolá-la com um abraço, o que me fez perceber que, naquela noite, ela havia se preocupado em saber se eu estava bem. Que ficara aliviada ao me ver inteiro. Que ela havia me tocado e que uma corrente elétrica passava pelo meu braço sempre que eu recordava.

Isso me fez lembrar que eu a amava.

Que eu a queria mais que tudo nessa vida. Que ela me fazia permanecer em pé e me derrubava. Ela era o meu alicerce e minha ruína. Minha vitória e minha derrota. Glória e desonra.

Ela era tudo.

O meu tudo.

— Salve-os e responderei a tudo o que perguntar - jurou-me ela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Exijo comentários!
Esse capítulo - principalmente a declaração silenciosa de Warner - eu dedico a Amante Imortal. Prometo contar mais sobre Maria e Kat no próximo capítulo e prometo fazer Warner agarrar Juliette logo.
Beijos.
BL.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Completa-me" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.