Só mais um clichê escrita por Alasca


Capítulo 2
Capítulo 1 – Junho de 2010




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O que dizer sobre junho?  Resumidamente, é o mês que tudo que vai começar a desandar, ok, desandar é exagero, mas vai começar digamos... A sacudir.  Mas antes de chegar em junho, vou voltar para março, para que saibam um pouco mais sobre minha amizade com Rich (Rich, aquele garoto esquisito do capítulo anterior).  Não era o começo do ano quando Rich chegou na Sagrado Coração, na verdade já estávamos tendo aula a um mês. Lembro que na época eu e Leo (nosso outro melhor amigo que eu não havia mencionado antes e que vai ter pouco espaço na história,  desculpa Leo, te amo cara ) achamos que ele havia se mudado e acabou sendo transferido para nossa escola por conta disso. Rich era caladão nos intervalos, mas falava gracinhas durantes as aulas. Confesso que achava ele bem idiota e arrogante (voltei a achar atualmente).

 Durante todo mês de março,  Rich só conversava com uma pessoa: Deborah (Deborah era a garota mais legal da classe, do tipo que defende a turma, discute com professor e fala as verdades que ninguém tem coragem de dizer durante os conselhos de classe).  Ela tinha uma espécie de consciência do mundo e liderança que eram bem precoces pra sua idade e foi muito estranho ela se tornar amiga de um babaca como o Rich (Ok, Debbie era amiga de toda turma, mas ela sempre ignorou os babacas e valentões). 

—Qual é... eu juro pra vocês que ele é um cara legal  -disse Debbie sentando na mesa do refeitório ao lado de Leo durante o intervalo.

—Legal? Eu acho ele esquisito – eu disse revirando os olhos.

—Luccas, você cresceu aqui, tem os mesmos colegas desde o jardim de infância. Imagina chegar em uma escola estranha no meio do ano, onde padres dão aula de química e os colegas te acham esquisito. Podiam dar uma chance... – disse Bárbara gesticulando igual uma advogada, enquanto argumentava.

—Por que a gente? – disse Leo franzindo a sobrancelha.  Nesse momento o sinal tocava e éramos obrigados a nos encaminhar para salas.

—Porque vocês são os caras mais legais da escola e acho que ele se encaixaria perfeitamente no nosso pequeno grupo – disse Debbie passando os braços entre nós dois.

—Desde quando nós três somos um grupo? – eu disse em tom sério para zombar dela;

Debbie me deu um tapa na nuca  - Desde o jardim de infância seu imbecil??

—Mas agora a senhora é líder da turma e da revolução -  disse Leo em tom de ironia.

—Apenas parem, ok? Vamos voltar ao assunto, o cara chegou no meio do ano, qual é... – disse Debbie quase implorando.

(ele não tinha entrado no meio do ano, mas Debbie costuma exagerar)

—Tá bom – eu disse com um meio sorriso – mas se ele for babaca você que vai levar a culpa

Nessas alturas já estávamos quase na porta da sala.

— Valeuu – disse ela dando um abraço em nós dois – vai ter um trabalho em grupo agora na aula do Neves,  coloquem o cara no nosso. – Debbie passou pela sala e seguiu correndo pelo corredor.

—Não vai entrar? – disse Leo apontando para sala.

—Tenho reunião dos líderes de classe –  Debbie gritou do final do corredor;

—Que vida mole, também quero ser líder – disse Leo entrando na sala.

A aula de Neves estava começando e como Debbie previu, ele pediu que montássemos os grupos para o trabalho semestral, ele ainda deixou claro que não teria volta na montagem e que quem nós escolhêssemos nos acompanharia pelos próximos seis meses.  Sobre Neves: Neves era um padre pop que dava aula de história, ele era jovem demais, legal demais, bonito demais para ter escolhido essa vida (mas, quem sou eu pra julgar...). Obedecendo as ordens de nossa suprema líder, chamamos o garoto esquisito para nosso grupo. Ele nos encarou com seus fones de ouvido e arrastou uma cadeira para perto de nós com uma expressão séria;  Como se Leo e eu tivéssemos o mesmo pensamento, esperemos até Debbie voltar sem dizer uma palavra. Passaram  5,10,15, 20 minutos e nada da garota de cabelos cacheados entrar pela porta da sala. Me vi em uma sinuca e me obriguei a dar ponta pé inicial:

—Então... vamos dividir as tarefas? – Rich me olhou arrogante, franziu os lábios e acenou com a cabeça. Senti uma leve raiva, mas como sou passional respirei fundo e ignorei. Dividi as tarefas como achei que Debbie faria (esqueci de mencionar que sempre fui um bom aluno, do tipo que o pessoal copia a lição). O garoto magro de cabelos oleosos não disse uma palavra e parecia estar em outro planeta.  Tentei mais uma vez fazer um esforço que tinha prometido para Debbie, enquanto  Leo já havia perdido quase toda sua paciência;

—Então... veio pra cá por que? – tentei ser simpático;

—Fui expulso da outra escola

—Por...? – disse Leo curioso.

—Transei com uma menina no banheiro e acendi um cigarro. O cigarro ativou o alarme de incêndio, ajudei a vadia fugir pela janela e fiquei pra assumir a culpa.

— Não devia se referir a mulheres assim – eu disse pouco ligando para aquela história absurda que tinha certeza que era mentira. Qual é, tínhamos quinze anos a maioria dos garotos de quinze anos mal tocou em seios, imagina transar. Sem contar que era horrível se referir a mulheres dessa maneira, ainda mais aquela que você teve um contato tão íntimo (sou um cavalheiro, fui criado por mulheres,  as pessoas que mais amo em minha vida são mulheres, eu vim de uma mulher, desde sempre mantive essa conduta de respeito incondicional a elas, e nunca gostei desse tipo de brincadeira).

—São todas vadias cara, você é inocente, mas um dia infelizmente vai aprender. Provavelmente um dia que uma mulher te tirar tudo de bom que já teve na vida e te destruir por completo.

(bizarra essa profecia e eu juro que ele disse isso)

—Não concordo, mulheres são maravilhosas, são seres humanos iguais a nós e merecem nosso respeito.

—Inocente – Rich deu uma risada para dentro e se jogou na cadeira – Só te digo uma coisa, filme “Eu sou a Lenda”.

—O que tem? –  eu disse franzindo a testa.

—Um cara vive super bem com seu cachorro, sobrevive o apocalipse e tudo vai bem. Eis que ele descobre uma sobrevivente, uma mulher. O que acontece com ele?  - Rich olhava para mim e Leo aguardando uma resposta.

—Morre – disse Leo rindo.

—Isso mesmo, morre – disse Rich apontando o dedo para Leo. – não preciso dizer mais nada né?

— Que teoria estúpida –  eu disse discordando,  por que a Debbie era amiga desse babaca mesmo? O legal é que naquele mesmo ano ele conheceu Jordana, uma garota loira de olhos azuis e corpo precoce do primeiro ano que a maioria dos caras babava (particularmente, ela nunca me chamou atenção). Ele determinou como uma das suas metas de vida namorar com ela (Sim, ele ficou completamente caído, mas falaremos mais disso mais tarde).

Eu poderia contar detalhadamente o que aconteceu naquele trabalho grupo e de como o senhor Rich se tornou meu melhor amigo através da música, mas eu quero apressar a história, preciso escrever sobre o real motivo de eu estar escrevendo. Então, vamos para junho que é o nome desse capítulo e é onde as coisas começam a balançar.

Lembro o dia, o mês, e da hora aproximada, era sexta-feira 25 de junho e eu estava em casa sem ter o que fazer. Eram mais ou menos  23:55 quando Rich me ligou me convidando para ir em uma festa na Metrópole.   Aos 15 anos eu não era muito chegado em sair, nem em beber, como falei pra vocês eu queria ser escritor (hoje não passo um final de semana sem cerveja, mas isso eu não precisava dizer pra não quebrar a visão romântica que vocês vão ter de mim).  Enfim, eu estava no meu quarto naquela noite fria, mexendo  em minhas redes sociais, após ignorar o pedido de Rich e suas 500 mensagens.   Foi então, que por um acaso, até hoje não sei explicar como, na minha linha do tempo surgiu uma aspirante a blogueira, o nome dela era Alex (na verdade era Alexandra, mas naquela época eu achei que era só Alex) cabelo loiro escuro, olhos castanhos mel, sorriso meigo,  eu me atrai por ela quase que instantaneamente. Cliquei em um de seus vídeos, ela era tão divertida, espontânea e incrivelmente linda, por mais incrível que pareça ela conseguia ser mais bonita em movimento do que nas fotos. Assisti a um vídeo, assisti dois, três... Quando dei por mim os vídeos já haviam acabado e eu estava cada vez mais obcecado. O tom da sua melódica voz me fazia tremer,  a sua risada me arrepiava até o último dos pelos.   Entrei em seu perfil, comecei a olhar fotos, ver amigos, interesses... Em apenas uma noite juntei várias informações sobre a garota desconhecida de sorriso mágico e voz que dava inveja até as minhas lindas sinfonias. É possível se apaixonar por alguém que você nunca viu? Nunca tocou, nunca sentiu o cheiro, nunca abraçou? Sim, é possível,  me apaixonei perdidamente por uma garota assitindo um vídeo  e já se passaram cinco anos e eu jamais esqueci aquela voz...  Ah sabem de uma coisa que eu também descobri nessa madrugada? Ela era de Metrópole (cidade capital que ficava ao lado de Nova Esperança) e sabem  outra coisa que descobri? Naquela noite ela estava na mesma festa que Rich...  


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado haha se alguém leu, pode por favor deixar um comentário? amo conversar com os leitores. Beijoo

Próximo capítulo em breve! haha



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