It was all yellow escrita por reichou


Capítulo 3
Confusão


Notas iniciais do capítulo

V O L T E I



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Bill nunca se achou feio.

Pelo contrário, se achava muito bonito e sua autoestima sempre foi ótima.  Sabia que as garotas apreciavam seu corpo esguio e seus cabelos loiros bagunçados, elas nunca esconderam isso e Bill nunca deixou de usar seus atributos a seu favor. Mas aquilo ali já era exagero.

Bill tinha entrado na sala de aula onde o professor o apresentou para a turma como herdeiro da família Cipher, os fundadores de Gravity Falls junto com a família Northwest. Resultado: balburdias e mais balburdias sobre sua família espalharam pela classe. Consequência: Pacifica Northwest, outra “herdeira” estava à meia hora falando sobre dinheiro e poder enquanto se esfregava no braço do garoto.

— Estou muito feliz de outro herdeiro estudar aqui, tu não sabe como é difícil conviver com essas pessoas que não entendem como me sinto pressionada com tanto dinheiro! – Pacifica lhe lançou um sorriso com aqueles seus dentes perfeitamente alinhados e brancos enquanto ajeitava a franja longa e loira – Sua família fez muita falta aqui em Gravity Falls! Sabia que quando éramos pequenos sua mãe disse para minha mãe que com certeza nós dois acabaríamos casados? O quão engraçado é isso? – Sorriu e passou as mãos no cabelo de Bill que se assustou com o ato.

— Tão engraçado quanto impossível, não é? – Bill sorriu forçadamente enquanto afastava a mão da garota – Olha Paci, foi muito bom falar contigo, mas eu realmente preciso prestar atenção em... – Olhou para lousa procurando o nome da matéria que a professora passava – É... Geometria! Isso mesmo. Sou péssimo em geometria, então se você puder me dar licença...

— A-ah, tudo bem Bill! Adiciona-me no Facebook para podermos conversar mais tarde, ok?

— Pode ter certeza que vou. – Sorriu com o máximo de sarcasmo que poderia colocar em um sorriso e abanou a mão para Pacifica que se afastava, com sucesso.

Não demorou nem dois minutos e Bill sentiu a presença de alguém se aproximando. Já inventando mil desculpas que poderia usar para se livrar de Pacifica novamente, Bill virou-se para o lado receoso.

Mas não era Pacifica.

— Oláaaaaaaaaa! – Uma garota de aparelho com o maior sorriso que já tinha visto aparecera em sua frente – Sou a Mabel, muito prazer!

— Olá. - A garota estendeu a mão, mas sentindo que Bill não a retribuiria o ato, agarrou a mão dele chacoalhando-a.

— Cadê a educação dessa gente rica? Credo, vocês parecem um bando de unicórnios. – Bill confuso obviamente por tentar entender a semântica da frase de Mabel inclinara levemente a cabeça para o lado. – Eu odeio unicórnios, criaturas horríveis!

Cipher decidiu ignorar o sentido daquela frase, só acenando com a cabeça como se tivesse entendido o perfeito raciocínio da garota. – Então, o que tu queres?

— Dizer que você não deveria namorar a Pacifica e sim a mim, mas já desisti porque tu parece ser igual ela. – Mabel anunciou com total tranquilidade e normalidade – Mas eu ainda não acho que tu deverias namorar ela.

— Por quê? Ela é bonita. – Bill que estava antes entediado, decidiu ver onde aquele assunto iria dar. – Por que você seria melhor que ela?

— Eu não sou melhor do que ninguém! Porém dois idiotas ricos juntos não dariam em coisa boa.

— No caso, você é uma idiota pobre?

— Idiota não... Mais para linda e engraçada e de vez em quando meio boba... Porém ainda maravilhosa. – Mabel pronunciou sorrindo e colocando as mãos em baixo do queixo, como se fosse um retrato. – Eu não acho que você seja idiota, mas como quer aparentar ser um por mim tudo bem. – A garota se levantou e saiu, pulando no caminho de suas amigas. Bill sentiu uma simpatia gigante pela garota que usava uma camiseta rosa choque cheio de glitter escrito “Gêmea mais alta” com vários desenhos de gato feito a mão.

Pera... Gêmea? 

Bill arregalara os olhos percebendo que o garoto de antes era irmão gêmeo de Mabel, por isso ela parecia muito com o garoto só que com uma peruca de cabelos longos. E, aliás, ele não era da mesma sala que o garoto?

Então, cadê ele?

— Wendy, me explica por que eu aceitei fazer isso novamente. – O garoto fez uma careta como se estivesse lembrando-se de algo – Ah sim! Eu não aceitei!

— Para de ser uma marica, Dipper! – Lee disse enquanto subia a escada para o telhado da escola – Você nunca mata aula, um dia só não fará diferença!

— E tem uma primeira vez para tudo na vida, Dipper. Um dia você faria uma rebeldia e nada impede que esse dia seja hoje! – Wendy se pronunciou empurrando Dipper para a escada. – Agora para de reclamar e sobe logo!

— Eu preciso de novos amigos.

— Você precisa de uma namorada, isso sim. – Rindo de sua própria piada, Nate deu um Highfive com Lee – E de bolas!

— Ou um útero. – Wendy se juntou aos amigos também rindo.

O grupo de amigos se sentou no telhado enquanto conversavam e riam, abrindo um refrigerante e dividindo entre os seis. Todo ano faziam o mesmo ritual, desde que entraram na EMGF e esse era o primeiro ano que Dipper compartilhava desse momento.

Wendy, Tambry, Lee e Nate estavam no terceiro ano do Ensino Médio, era o ultimo ano deles naquele lugar. E apesar de se sentirem aliviados por estar saindo da escola sempre havia um sentimento de tristeza e medo por abandonar aquele lugar onde acontecera tanta coisa e se aventurar pela vida de “responsabilidades” que um adulto tinha. O desconhecido assustava.

Então Wendy decidiu que antes de sair daquela escola, faria dela um lugar tão importante para Dipper quanto foi para ela. Só que um pouco menos assustador, claro.

— Ano que vem quero que vocês continuem a tradição, viu galera? – Wendy se pronunciou, dirigindo a palavra para Soos e Dipper. – E façam novas tradições. Não deixa o grupo dos geeks morrer. Façam amizades e essas outras coisas que pessoas normais façam!

— Não que alguém que eu conheça irá querer participar do famoso e bem falado grupo dos geeks rebeldes, não é Wendy? – Lee e Nate riram, Soos só levantou o olhar do Nintendo DS mas voltou a jogar – Mas eu acho que tenho que respeitar as vontades dos veteranos, então vou tentar fazer essas coisas normais.

— “Dipper nunca irá arrumar uma namorada, sad face” Postado!

— Tambry! – Dipper gritou ofendido – Eu já me cobro disso todo dia quando acordo e lembro que sou BV, meu tivô me cobra todo dia no café da manhã quando lembra que eu sou um perdedor e eu chego aqui, e vocês também me cobram! Não mereço isso!

Todos riram em conjunto da cara de Dipper que estava toda vermelha e contraída em uma careta de descontentamento. Aquela piada nunca deixava de ser engraçada para seus amigos e aquilo o deixava parcialmente frustrado.

Não é como se Dipper não tentasse arrumar uma namoradinha. Mas era aquele dilema: Dipper tinha medo de garotas bonitas e de começar conversações e nada era tão difícil para ele quanto ser normal perto de qualquer garota.

— Talvez o Dipper não goste de garotas. – Soos que estava quieto até agora se pronunciara fazendo todos ficarem em silêncio com o tom sério que usara. – Pensem bem: Ele sempre está reclamando que não tem uma namorada, mas nunca o vi gostar de nenhuma garota em especifico. Ele sempre diz que não tem jeito com garotas, mas sempre fala com garotas que nós o incentivamos a falar e nunca toma a atitude por si mesmo. Eu estava pensando esses dias nesse assunto, e percebi que tem uma grande chance do Dipper não saber falar com garotas porque ele não gosta delas! – Soos disse em seu momento gênio, enquanto todos (inclusive Dipper), o olhava com uma expressão de espanto.  – Ou talvez ele só seja tímido mesmo. – Soos voltou a jogar como se nunca tivesse se manifestado, deixando todos confusos.

— Que porra acabou de acontecer? – Lee disse encarando Wendy e Nate com uma careta – Eu estou realmente cogitando a teoria do Soos.

— Dipper, você é gay? – Tambry disse de uma vez o que todos queriam perguntar tirando um grunhido de susto de Dipper que estava disperso em seus pensamentos.

— N-não... Que eu saiba. Eu nunca me senti atraído por nenhum garoto, pelo menos. – Dipper corou dos pés a cabeça enquanto tentava demonstrar normalidade – Mas, Soos tem razão. Eu nunca gostei de nenhuma garota também, além de você, Wendy. Mas era mais um sentimento de admiração do que um “gostar”.

— Talvez você seja assexuado! – Wendy disse e todos concordaram. – Se você quiser, nós podemos parar de te pressionar com esse assunto de garotas, sabe? Mas eu também não gostei de ninguém até começar a namorar o Robbie, então eu acho que tudo tem seu tempo! Não fique confuso. – Wendy tocou no braço do garoto visivelmente desconfortável, apertando-o – Tudo bem! Vamos mudar de assunto e esquecer a vida sexual inexistente do Dipper. Então, quem vai jogar Gartic hoje?


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