Depois de dois anos longe de Konoha, senti a saudade apertar - e que alívio! - não havia queimação de selo amaldiçoado, só saudade mesmo!

Naruto que ainda me carregava, gentilmente me colocou no chão para enxugar minhas lágrimas com seus dedos. Ele me deu um selinho doce e olhando nos meus olhos, disse:

— Chegamos em casa, pequena.

Abracei ele apertado e senti o calor de seu corpo me envolver. Aspirei fundo o cheiro dele e senti minhas bochechas esquentarem com as lembranças das coisas que fizemos na Lua... Enterrei mais meu rosto em seu peito esperando a vergonha estampada na minha cara passar.

Confesso, não senti falta alguma dessa parte tão peculiar de minha natureza. Odiava ficar toda vermelha feito um tomate.

— Hi-hinata? – Ouvi alguém me chamando.

Olhei em volta e avistei os membros do meu antigo time provavelmente voltando de alguma missão. Estávamos todos em frente aos portões de Konoha.

— Kiba-kun! Shino-kun! Akamaru! – Cumprimentei feliz e corri até eles.

Notei quando o semblante de Kiba se tornou confuso e depois raivoso e ferido. Eu o conhecia o suficiente para saber que ele não estava bem. Olhei na direção que os olhos deles vacilavam. Ele olhava Sakura e Sasuke. Ah, não... outro apaixonado pela rosada eu não aguentaria. O que essa garota tinha que mexia com a cabeça dos garotos?

— Se controla porque está na cara que você está enciumado, se sentindo até traído eu diria – sussurrei no ouvido de Kiba assim que o abracei.

Ele pareceu surpreso com meu comentário, mas relaxou um pouco assim que me sentiu perto dele. Kiba rodeou os braços na minha cintura, me abraçando forte e respondeu em meu ouvido:

— Como sempre atenta a tudo, Hinatinha. Senti sua falta.

— Eu também senti a de vocês – disse mais alto para que Shino pudesse ouvir e não viesse de fricotes depois.

Ele entendeu o recado, pois me abraçou por trás. Akamaru não se contentando em ser deixado de fora, me abraçou de lado.

— Sanduíche de Hinatinha!!! – Kiba disse brincalhão e Akamaru latiu. – Eu sei que é o seu preferido, amigão! – Ele disse para o cachorro.

— Ah, cala a boca, Kiba-kun! – Eu disse, mas fiquei vermelha.

— Haha! Meu Kami, trocaram a Hinata, foi? Quem é você e o que fez com a minha Hinatinha? – Kiba perguntou completamente inconsciente da áurea diabólica que nos rodeava. Olhei para o lado, vi Naruto nos encarando com os olhos avermelhados.

— Solta ela agora, cachorro! – Naruto praticamente rosnou.

Kiba arqueou a sobrancelha, um sinal claro de confusão e desafio.

— Kiba, não – eu o alertei, mas foi tarde demais.

— Me faça – ele desafiou em resposta enquanto me abraçava mais forte contra ele.

— Kiba-kun, pare já com isso!

— CACHORRO, EU VOU MATAR VOCÊ!!! – Naruto gritou e veio voando em nossa direção.

— Naruto, não! – Eu disse, ativando instintivamente meu tenseigan para impedi-lo, mas não foi preciso.

Sasuke apareceu na minha frente como um escudo humano e media forças com Naruto.

— Sai da frente, teme. Isso não é da sua conta – ele vociferou, o olhar vermelho sobre Kiba e Akamaru encolhidos às minhas costas. Não se via sinal de Shino e seus insetos.

— Não seja ridículo, Naruto. Pare de fazer ceninha de ciúmes.

— O QUE? EU NÃO ESTOU FAZENDO CENINHA!!! – Protestou.

— Falando e agindo assim só comprova que estou certo – Sasuke respondeu.

— Acaso não viu o cachorro se aproveitando da situação e tirando uma casquinha da minha Hina-chan?

— Sua? – Kiba perguntou, ainda mais confuso.

— É isso mesmo que você ouviu, cachorro! Agora tira essas patas sujas de cima da minha Hina-chan, seu desgraçado!

— Então é por isso que você está diferente, Hinatinha – não foi uma pergunta. Kiba se aproximou mais de mim, me cheirou e em seguida olhou para Naruto – Você esteve com quem nesses últimos anos?

— Ela esteve comigo – Sasuke disse frio, curto e grosso.

— Hinata, sua safada! – Kiba deixou escapar.

— Não desse jeito, seu idiota! – Eu o soquei forte no peito. Kiba voou alguns metros de distância. Ainda estava com o tenseigan ativo. Vi quando ele se assustou ao me encarar.

— Hinatinha, seus olhos!

— Sim, Kiba. Eu mudei. Ok? Em todos os sentidos. Agora se, por favor, puder se comportar como uma pessoa decente, eu agradeceria.

Kiba ainda estava tonto com a pancada que dei. Além do soco, ele bateu a cabeça numa árvore. Sakura foi socorrê-lo.

— Saky, graças a Kami, suas mãos. Aqui. Por favor – ele pediu e ela gentilmente o curou com as técnicas médicas dela.

— Tonto, fica arranjando briga com Naruto. Não sabe que ele é baka? – Sakura disse carinhosamente para Kiba.

Aquela cretina estava de caso com Kiba enquanto se acertava com Sasuke na Lua. Ah, se essa garota pensa que vai fazer meus amigos sofrerem, ainda que eles sejam dois idiotas, ela está muito enganada!

— Senti sua falta, Saky. A gente precisa conversar, né? – Ele perguntou a ela.

— É sim – ela respondeu para Kiba com ternura na voz.

Eu nunca tinha ouvido Sakura falar com ninguém daquele jeito que não fosse com Sasuke. Tudo bem, ela tinha ganhado uns pontinhos com isso. Pelo menos ela não estava sendo a vaca que eu achava. Mas então ela foi dar um beijo no rosto dele e ele virou propositalmente, acertando um beijo na boca da rosada.

— Oh! – Sakura engasgou.

Mal tive tempo de me chocar com a cena. Vi Sasuke correndo veloz até Kiba, eu rapidamente me coloquei entre eles. Protegendo ambos.

— Sasuke, não – eu pedi, as palmas da mão espalhadas eu seu peitoral.

Olhei para ele com meus olhos normais. Nem Tenseigan, nem Byakugan, apenas o meu olhar puro.

— Não faça isso, por favor – eu implorei. Sabia que ele poderia destroçar Kiba. Eu não queria que ele fizesse isso.

Vi o sharingan de Sasuke tremular de ódio. Ele aspirou fundo, controlando cada célula de fúria em seu corpo e me olhou novamente, o olhar calmo.

Achei que ele fosse dizer algo sarcástico como era de seu feitio, mas não. Ele apenas me abraçou. Eu o abracei de volta.

— Wow! A suruba aqui está muito boa, mas não obrigado. Ino me espera! – Sai disse e saiu correndo dali.

Em seguida ouvi um soluço. Era Sakura que chorava copiosamente, como uma cachoeira ambulante. Saiu correndo.

— Eu falo com ela – me prontifiquei, afastando-me deles, mas ainda a tempo de ver Kiba fugindo tão logo notou que ficaria sozinho com Naruto e Sasuke.

Encontrei a rosada perto da casa dela, chorando desolada numa esquina.

— Sakura – eu a chamei.

Ela parou de chorar imediatamente como se tivesse sido pega fazendo algo muito errado.

— O que você quer? – Ela permanecia de costas, os ombros tremendo.

— A gente precisa conversar – eu disse calmamente.

— A gente não têm nada para conversar, Hinata Hyuuga – ela disse bruscamente.

Eu fiquei irritada. Caramba, essa coisa de sentimentos é difícil! Estava lá para ajudar e ela vinha com pedras. Eu não era mais a tonta da Hinata que se escondia de todas elas. Agora eu era a Hinata que pegava as pedras e jogava de volta.

— Olha aqui, garota, também não gosto de você mais do que você gosta de mim, mas acontece que dois de meus melhores amigos gostam sim de você. Na verdade, um deles te ama. Eu espero sinceramente que você não seja a biscate que eu penso que é. Tome sua decisão e seja honesta com eles. Não os faça sofrer por muito tempo, nem os faça de brinquedo como você fez com Naruto tantos anos antes.

Notei com deleite o choque percorrer no rosto de Sakura assim que ela se virou assustada para me encarar.

— Vo-você mudou.

Suspirei alto. Ela era mesmo irritante.

— Isso acontece quando a gente vê o amor da nossa vida beijando outra.

Vi Sakura engolindo a seco lentamente.

— Sobre isso, me desculpe. Foi um erro.

— Certamente foi – respondi ríspida.

— Você não é melhor do que eu! – Ela me acusou.

— Nunca disse isso.

— Fica aí me olhando com essa pose toda de princesa, me julgando.... você não estava na minha pele para saber o que é sofrer por alguém que nunca te deu valor.

— Ah, eu sei bem. Acredite! – Alfinetei.

Mas Sakura pareceu não se importar, continuava com seu discurso eloquente:

— Sasuke-kun NUNCA me defendeu assim. Sasuke-kun nunca me abraçou assim. Nunca me olhou com tanta ternura como ele fez com você – ela acusou como se eu tivesse cometido um crime. – Você passou DOIS ANOS ao lado DO HOMEM DOS MEUS SONHOS enquanto eu estive aqui chorando todos os dias por ele. Você roubou de mim a vida que eu queria.

Eu ri pela audácia dela. Ela não podia estar falando sério.

— Você é uma hipócrita! – Gritei de volta. – Assim que descobriu que eu amava o Naruto no dia da batalha contra Pain, o que você fez, hein, Sakura? O que VOCÊ FEZ? – Gritei a pergunta, completamente revoltada com as lembranças. – Você foi até ele para lhe dizer que o amava. VOCÊ MENTIU, SUA DESGRAÇADA! Você mentiu para que ele caísse no seu joguinho patético de ter Sasuke de volta. Você usou o Naruto tantas vezes como fantoche que está acostumada a usar as pessoas como brinquedos, né? Mas se você pensa que vai fazer Kiba-kun ou Sasuke-kun sofrer, você está muito enganada.

— Você está me ameaçando, Hinata?! Quem diria, a santinha Hyuuga é uma santinha do pau oco!

— Não fuja das suas responsabilidades. Você sabe que fez Naruto sofrer. Você sabe que está fazendo Kiba sofrer e você quer fazer o Sasuke sofrer como vingança por todos esses anos de negligência com o seu amor. Eu sei de tudo isso, Sakura, porque também senti o que você está sentindo.

Sakura se calou. Voltou a chorar.

— Eu não valho nada... – choramingou.

Revirei os olhos.

— Não me faça concordar com você, Haruno. Anda, pare de chorar e aja com mulher. Levante a cabeça, agradeça aos céus que sua macumba deu certo e que Sasuke te ama! Aproveita a chance que a vida está te dando. Ame muito Sasuke-kun porque ele ama muito você. Ele sofreu demais esses anos todos pensando em você. Ele só não sabia como chegar até seu coração.

— É sério?! – Ela perguntou chorosa.

— Sim. Ele te ama.

— Eu.. eu... nunca pensei que Sasuke-kun um dia fosse me amar. Parece um sonho.

— Sei como é...

Sakura me olhou, os olhos verdes marejados.

— Me desculpe, Hinata. Por tudo. Pelo que fiz e pelo que disse há pouco.

— Tudo bem. Eu não fui exatamente um doce.

— Eu precisava ouvir aquilo. Você tem razão. Pelo menos eu já me desculpei com Naruto mesmo antes de você reaparecer. Agora resta pedir desculpas a Kiba. Quer dizer, estávamos apenas nos conhecendo, mas ele me ajudou muito numa fase de carência e dúvidas.

Sorri.

— Então estamos entendidas. Faça o que acabou de dizer e concerte as coisas. Não perca mais tempo. E um último aviso, se fizer os meus amigos sofrerem OU rodear Naruto como uma dessas fangirls, eu mato você – sorri, mas falei sério, os olhos brilhando com o tenseigan.

Sakura riu constrangida e desconfortável, mas partiu indo atrás de Kiba para se acertar com ele.

Só então notei dois chackras conhecidíssimos nos espiando.

— Saiam daí, vocês dois!

Naruto pulou da árvore vindo em minha direção. Sasuke apenas me olhou e deu uma piscadela em agradecimento, mas foi em direção à Sakura. Ele estava me devendo uma. Isso sim!

— Hinata, eu sinto muito. Por tudo. Desculpe ter feito você sofrer com a minha total inabilidade com o amor – Naruto se desculpou todo dengoso, me abraçando pela cintura e depositando vários beijos pelo rosto.

— Tudo bem, Naruto-kun. Você pode me compensar.

— Qualquer coisa, Hina-hime. O que deseja?

— Que você cumpra aquela promessa que me fez na Lua. Me faça sua de novo e de novo e de novo. Vou cobrar juros altos por cada ano que estivemos separados.

Naruto abriu a boca em um perfeito “o”, chocado demais para dizer alguma coisa, mas o embaraço dele foi rápido. A mudança em seu olhar me disse que ele estava preparado.

— Você não sabe onde você se meteu, pequena – ele disse, roçando o nariz no meu pescoço.

— Me mostre então – eu estava completamente vermelha, mas era de tesão.

Naruto me pegou no colo e saiu correndo pelos telhados de Konoha até irmos a seu apartamento. Lá, nos amamos sofregamente, desesperados até nos saciarmos da necessidade palpitante. Fodemos como dois animais selvagens, essa foi a verdade. Por fim, fechamos a noite fazendo amor como na nossa primeira vez, doce e demorado. Naruto sabia ser príncipe e selvagem, a mistura perfeita na minha opinião.

Exausta, porém extremamente feliz. Dormi nos braços do homem que eu amava enquanto ele acariciava meus cabelos, me disse:

— Eu te amo, Hina-hime.