Mudanças (Naruhina) escrita por princesahyuuga1


Capítulo 14
Um buraco na minha alma


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores lindos! *-*
Mais um capítulo para vocês! Estou gostando da empolgação do pessoal e dos comentários que estão fazendo. Vocês são os melhores!!!
Hoje temos mais um pouco da vida de Hinata e de outro personagem especial para a trama...
~
HINATA POV



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2 anos se passaram...

Assim que Sasuke partiu para Konoha, continuei meu caminho.

Vez e outra nos encontrávamos por acaso nos caminhos da vida e numa dessas vezes enfrentamos um bando de bandidos de estradas juntos.

Andava despreocupada pela vila da fumaça, que assim como todo o país do Vento era castigada pelo deserto, mas diferente da Vila Oculta da Areia que havia ninjas e livre comércio, as demais vilas eram mais pobres e desprotegidas. Sendo assim, um alvo fácil para bandidos.

Mais à frente, avistei uma mãe com sua filhinha sendo ameaçadas por seis marginais. Elas carregavam uma sacola com três pães e um pouco de maçãs e laranjas. Os bandidos grosseiramente a empurraram e tomaram de suas mãos a comida. A menina começou a chorar, chamando atenção indesejada para o grupo. Sem paciência, o chefe deles deu um tapa na cara da menina que pequenina, rodopiou antes de bater a cara na areia seca do chão.

Eu não podia deixar aqueles abutres se safarem dessa. Ativei meu Byakugan e rapidamente desferi os oito trigramas de 64 golpes em todos eles.

Caídos no chão, tomei de volta a comida e devolvi à mãe e à filha que me olhavam diferente.

Ah. Não... Eu conhecia aquele olhar! Era medo ou nojo por eu ter os olhos brancos como uma tigela de leite.

— Vo-você, nos salvou, moça! – A mulher me disse e eu fiquei surpresa. – Não tenho como lhe agradecer! Parece um anjo enviado. Muito obrigada.

A menininha nada dizia, apenas me olhava, os olhinhos gigantes brilhando.

— Tome isto, por favor – a mulher dava-me uma maçã.

— Não precisa, senhora. Por favor – neguei, mas ela insistiu.

— Eu insisto.

Sem jeito, acabei aceitando. Ainda não era muito boa em dizer não. Despedi-me delas, mas antes que eu fosse de fato, a menininha falou:

— Você é linda! Quando crescer, quero ser igual você – e me deu um beijo na bochecha.

Aquilo me desconcertou de um jeito que não imaginava. Senti aquela pontada no peito familiar, de quando o selo ameaçava romper, e para não fazer feio na frente delas, despedi-me por uma vez.

Fiquei imersa em pensamentos. Nunca ninguém havia me elogiado daquela maneira, tão abertamente e de graça. Ela me achava linda e queria ser como eu! Fiquei feliz com aquilo, feliz demais e por isso, o selo queimava no peito. Mordi o lábio para tentar conter a dor e não gritar, e absorta na tarefa, não notei quando um grupo de uns vinte homens se aproximou de mim.

— Quer dizer que a princesa acha que pode passar pelas nossas terras, bater em nossos companheiros e sair ilesa? Isso não vai ficar assim.

Levei um chute nas costas quando ainda estava distraída, mas tão logo isso aconteceu, levantei-me e ativei o Byakugan. Não usaria meu Tenseigan com reles bandidos. Ataquei cinco de uma só vez e em seguida soltei meu Punho Gentil de Leões Gêmeos no restante. Foram quase todos ao chão, no entanto, mais cinco vieram para me atacar pelas costas e um deles, me acertou com uma kunai.

— Aaai! – Arfei de dor, a kunai tinha atingido meu pulmão.

Tentava respirar quando um dos homens chutou minha barriga.

— O que a vagabunda vai fazer agora? – Ele perguntou.

Olhei para ele para que visse meu Byakugan se transformar em um Tenseigan.

— Agora a porra vai ficar séria, seu filho da puta! – Disparei.

Mas antes que me levantasse do chão, Sasuke apareceu, protegendo-me atrás dele.

— Sharingan! – Sasuke disse e logo todos os bandidos dormiam acordados em uma ilusão. Em seguida, ele se virou para mim, preocupado – Hinata, você está bem?

Olhei bem para ele. Se eu estava bem? Porra! Eu tinha uma kunai enfiada no pulmão e lutava para respirar. É claro que não estava bem! Podia não ter mais sentimentos, mas ainda sentia dor. Ele pareceu entender, pois logo tomou uma providência:

— Isso vai doer.

Eu assenti e ele retirou a kunai de dentro de mim. Gemi de dor e lutava para respirar. Se não fosse meu Tenseigan, eu já estaria morta. Sasuke pressionou a única mão que ele tinha contra o corte e senti uma energia fria e revigorante entrar no meu corpo, como se refizesse o tecido muscular até eu estar curada.

Olhei para ele admirada. Não sabia que Sasuke podia fazer isso. Talvez fosse poder do Rinnegan ou talvez fosse o poder que o Sábio dos seis caminhos deu a ele e a Naruto.

— O que você fez, Hyuuga? – Sasuke me perguntou.

— Como assim? Eu estava salvando aquelas duas e...

— Não estou falando disso – ele me interrompeu – Estou falando do seu coração. É como se faltasse um pedaço dele.

Sorri sem alegria. Era disso que ele falava então.

— Transcendi.

— Quando você me contou como conseguiu seu Tenseigan, eu não podia imaginar que era assim...

— O que você quer dizer? Eu estou bem! – Protestei. Não aceitaria mais aquele tipo de olhar para mim, como se eu precisasse ser defendida de mim mesma.

O Sharigan de Sasuke me olhou, como se pudesse ler minha alma. Senti-me desnuda, cruzei os braços na frente do corpo para me proteger, mas o que ele fez em seguida me pegou de surpresa.

Sasuke me abraçou.

Fiquei estática, sem corresponder o abraço. Sasuke não se importou e continuou me apertando contra ele.

— Eu sinto muito, Hinata.

Afastei-o de mim.

— Que azar o seu! – Provoquei. - Eu não sinto nada. – Respondi ambígua. – Aliás, já estou melhor da ferida. Obrigada. – Disse isso sorrindo amarelo, louca para mudar de assunto.

— Para onde pretende ir? – Ele perguntou, entendendo meu desconforto.

— Honestamente?

— Honestamente.

— Para qualquer lugar.

— Então vou contigo.

— Não tem seu próprio caminho, Uchiha?

— Quando não se sabe para onde ir, qualquer caminho serve. Não é mesmo?

Sorri para ele. Era verdade, no entanto, algo me intrigava.

— Desde quando se tornou assim, tão de bem com a vida, Sasuke?

Ele nem precisou pensar para responder:

— Desde que perdi esse braço e ganhei um irmão.

Fiquei sem reposta diante a sinceridade de Sasuke. Eu sabia o quanto a história de Itachi era delicada para ele. Só não imaginava que ele tinha Naruto em tão alta conta.

— Não fui a única que mudou por aqui pelo visto.

Em resposta, Sasuke sorriu genuinamente.

Desde então, passamos a viajar em companhia um do outro.

Nesse tempo, conheci vários lugares e convivi com pessoas diferentes. As situações adversas me fizeram crescer como pessoa, e posso dizer que hoje me sinto mais adulta. Além da idade, agora tinha a vivência de mundo. Viajar era um combustível para minha alma. Nunca estar no mesmo local, nem se apegar ou criar raízes era meu estilo de vida. Eu pretendia viver daquela maneira para sempre.

Confesso que algumas raras vezes a saudade de casa apertava – era quando o selo no meu seio esquerdo enfraquecia e queimava minha pele me fazendo fraquejar. Mas logo eu me recompunha, afinal o selo era para sempre. Ou assim eu esperava.

Mesmo não amando mais como antes, as memórias permaneciam. Apreciava as poucas, porém, boas lembranças que tinha das pessoas queridas como Kurenai-sensei, Shino, Kiba-kun e minha irmã Hanabi, e quando isso acontecia era bom, só tinha de tomar cuidado para não deixar a lembrança ir além e forçar o selo, pois quando isso acontecia, doía e muito.

A companhia de Sasuke até que era agradável, mesmo ele sendo esquisito e muito arrogante. Com o tempo descobri que aquilo era só fachada para se proteger. Debaixo daquela máscara de fortão, havia um Sasuke molenga capaz de amar muito. Me surpreendi com aquilo. Sakura tinha sorte por ter Sasuke e Naruto a amando, mas infelizmente, algum deles iria sofrer. Era inevitável. Era o amor.

Suspirei cansada da caminhada. Resolvi parar um pouco e deitei-me sobre a grama, observando as nuvens passando no céu de um azul celeste forte e de repente me lembrou dos olhos de Naruto.

Pontada de dor. Uma fisgada no peito.

— Ai! – Agarrei forte o seio esquerdo enquanto me comprimia em posição fetal.

— Hinata? O que está sentindo? – Sasuke ficou preocupado.

— Não é nada. Logo passa.

— Não é muito nova para ataque cardíaco, não?

Eu ri sem humor.

— É um efeito do selamento, você sabe... – chiei. - Às vezes, as memórias parecem ganhar vida própria, como se quisessem romper o selo à força.

— Nossa...

— O que?

— Você devia amar muito o Naruto para querer trancar isso dentro de você desse jeito... correndo o risco de explodir de tanto amor.

Eu ri.

— Não sabia que você era romântico, Sasuke-kun – imitei a voz melosa de Sakura quando disse seu nome e ele me olhou feio. – Desculpe, vai! Não resisti.

Ele olhava para o céu quando me perguntou:

— Você não sente falta de sentir?

— Mas eu sinto! Fome, sono, dor.

— Eu tô falando de amor.

Suspirei. Não sabia como responder àquela pergunta.

— De vez em quando me pego olhando para o nada e chega uma hora que o nada me olha de volta. E é tão vasto e desolador o oco dentro de mim. É como se eu fosse só uma casca, uma casca forte e dura, mas somente uma casca. Me sinto vazia e às vezes a vida não tem graça. Não vejo sentido em continuar lutando, comendo ou vivendo. Qual o sentido da vida afinal?

Sasuke agora me olhava sem dizer uma palavra, então continuei:

— Mas meu lado racional fala mais alto. Sabe, quando tranquei meu amor, não tranquei minha consciência. Tenho minhas ideologias e lemas e é isso que me impulsiona a ir em frente. Não acho que farei nada de errado ou imoral, mas se tivesse de fazer eu o faria sem pensar duas vezes. Eu não sofreria, porque eu não sinto nada, Sasuke.

Sasuke continuou quieto, como se buscasse palavras exatas para falar comigo.

— Você não se arrepende de ter feito isso com você mesma por causa do baka do Naruto? Quer dizer, não é um preço muito caro para se pagar?

Eu ri.

— Eu era infeliz, Sasuke.

— Mas agora não é feliz também.

— Touché! Mas pelo menos não sofro.

— Esse amor te fez muito mal, Hinata. Não era para ser assim.

— Não era, mas foi.

— Me diz, você sempre foi assim? Insegura em relação ao amor dos outros com você?

Aquela pergunta me incomodou muito. Senti outra fisgada, me comprimi.

Lembrei-me dos abusos psicológicos por parte de meu pai e a recusa do meu clã por eu ser considerada fraca. Lembrei-me do bullying que sofria quando era pequena por causa dos olhos que tenho. E tentei lembrar-me do rosto de minha mãe, mas quando ela falecera eu era muito jovem. Em resumo, eu nunca tive amor de graça. Sempre precisei dar muito para receber algumas migalhas.

— Melhor mudarmos de assunto. Não quero fazê-la sofrer mais – disse Sasuke.

— Valeu.

Depois disso, ficamos um bom tempo em silêncio. Cada um contemplando seu próprio vazio. Apesar de ter todo esse amor dentro dele, Sasuke represava o sentimento para evitar sofrer, assim como eu, mas diferente, afinal ele fazia isso usando a própria força de vontade enquanto eu me valia de jutsus. Eu não era tão forte como ele no final das contas.

— Como você consegue? – Eu perguntei de repente.

— Como consigo o que?

— Conviver com essa dor dentro de você. Nunca pensou em desligá-la?

Sasuke desviou o olhar do meu, respirou fundo antes de dizer:

— A dor que sinto é a única coisa que me faz ter certeza de que as pessoas que amei um dia, existiram. Eu perdi praticamente todo mundo que eu amava. E respondendo sua pergunta, a vida é uma droga e não tem sentido, mas enquanto estamos aqui, podemos tentar fazer algo agradável e viver dia após dia.

— Orochimaru foi um grande mestre para você, não?

— Aquele cretino foi mesmo – ele disse, sorrindo, meio revoltado. – Mas a vida também me ensinou muita coisa. Todas as merdas que fiz se voltaram contra mim. Hoje eu pago pelos meus erros. Vê?

Eu sabia do que ele falava. Sasuke era solitário, matara o irmão que tanto amava, perdera o braço e quase o melhor amigo e agora não se achava digno de ter o amor da menina que desesperadamente amava.

— Você já pensou em ir atrás dela?

— Dela quem?

— Não se faça de idiota.

Ele fez uma carranca invés de me responder.

— Sabe, mesmo Naruto gostando dela, ela gosta é de você.

Sasuke me olhou, surpreso com a declaração.

— E como é que você sabe?

Eu fechei os olhos, lembrando da antiga Hinata ao responder.

— Quando uma garota se apaixona e é para valer, os sentimentos dela não mudam assim facilmente. Honestamente, eles não podem mudar. Eu entendo perfeitamente como ela se sente. Por isso, que fiz o que fiz. Selei esse amor maldito para ele parar de me fazer sofrer.

Sasuke abaixou os olhos, pensando no que eu disse.

Enquanto isso, eu lutava contra a queimação do selo novamente até conseguir aquietá-lo. Tinha um buraco na minha alma que eu não fazia ideia de como preencheria. Talvez fosse hora de voltar à Konoha e reencontrar os amigos.


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Notas finais do capítulo

Será o começo da redenção da nossa mocinha?
E de Sasuke coração de pedra???
Comenteeeeem!!!



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