Edward estava  nervoso. As mãos estavam frias e suadas e o seu estômago andava às voltas. Ele nunca se sentira assim,talvez no dia do casamento tivesse ficado tão nervoso quanto estava agora,mas o motivo era o oposto daquele.
Parado à frente do quarto de hospital em que a mulher estava,Edward esperava que Kate aparecesse com o médico. Ela estava atrás daquela porta branca,tão longe mas tão perto.

—Edward! - chamou Kate parando ao lado de Edward,que olhava fixamente para a porta à sua frente. Edward desviou o olhar e encarou a amiga da sua mulher que se encontrava acompanhada de um médico com um aspeto bastante jovem. -Este é o Dr. Jackson,ele é  o médico da Bella.

—É um prazer conhecê-lo Sr. Cullen. - disse o médico estendendo a mão,que Edward prontamente aceitou. - Apesar da situação.

— Eu posso ir ver a minha mulher? - disse ele ignorando todas as regras de boa educação.

—Como eu estava a dizer à Katherine,isto não é uma situação normal. Mas eu abri uma excepção depois de ela me contar tudo. Eu vou permitir a sua entrada,mas não pode ir incomodá-la...

—Ela é a minha mulher! Eu não a vou incomodar. Eu só quero vê-la ... como é que se atreve a dizer que vou incomodá-la?

—Sr. Cullen,eu percebo que esteja nervoso com tudo isto. Não imagino o que seja descobrir que a sua mulher escondeu o estado de saúde durante tanto tempo...

— Não você não imagina,ninguém imagina! Eu não a vou incomodar...

—Eu sei que não ,Sr. Cullen. Só estava a dizer isso por causa da cirurgia amanha,não a queremos stressada ou ansiosa só isso . Agora você pode entrar,a Isabella estava muito ansiosa quando saí à bocado,espero que a consiga acalmar.

—Vou fazer o meu melhor - disse Edward.

Aproximou-se da porta, à medida que alcançava a maçaneta o seu coração batia cada vez mais rápido e quando a começou a girar tudo parecia acontecer em câmara lenta.
Longos segundos depois ele finalmente entrou.  O quarto estava silencioso, pela primeira vez depois de quase seis meses ele viu Isabella.
Ela estava sentada na cama do hospital, com um livro no colo e os seus olhos não saiam dele. A entrada de Edward tinha sido silenciosa, mesmo que não tivesse sido ele apostava que ela não ia notar,ele sabia que quando estava focada num livro poucas eram as coisas que a distraiam. Aproveitou para a observar.
Os seus longos cabelos castanhos tinham sido substituídos por um lenço azul, a bata do hospital estava-lhe larga dando-lhe um aspeto magro (não que ela alguma vez tenha sido gorda,mas estava definitivamente mais magra) e ela parecia mais pálida do que o costume,na realidade o quarto de hospital completamente branco também não ajudava muito.
Isabella sentiu-se observada. Os seus olhos descolaram-se do livro que estava a ler e ao olharem em volta do pálido quarto,deparou-se com um par de olhos verdes. Não um par qualquer,o seu par de olhos verdes. O verde que ela reconheceria em qualquer lugar,a qualquer hora a qualquer momento.

—Edward? - sussurrou ela sem acreditar no que via. Piscou rapidamente os olhos como se ao fazer isto ele fosse desaparecer.

—Bella... - sussurrou ele em resposta e aproximou-se da cama onde ela estava.

—O que... Kate! - disse ela em tom de explicação.

—Não fiques chateada com ela! Ela fez isto para o teu bem... para o nosso bem...

—Eu sei,eu sei. - disse ela. -Eu não estou chateada... agora tu...

—Eu? Eu também não estou chateada com ela- disse ele confuso.

—Claro que não estás... mas comigo... - disse ela baixando a cabeça,envergonhada.

—Bella... -começou ele.

—Não.  Eu percebo. Sabes quando a Alice foi falar com a Kate ao hospital eu arrependi-me só que... tinha medo que já não me quisesses e...

—Bella... podemos não falar disso agora ? Eu não vi para cá para te recriminar,para discutir contigo.  Eu vim porque quero estar contigo. Quando voltarmos para casa vamos falar. E aí podemos discutir, podemos gritar podemos fazer o que quiseres. Mas neste momento vamos ficar aqui os dois juntos a falar sobre tudo menos sobre as razões que te levaram a fazer o que fizeste,okay?- disse Edward calmamente perante uma Isabella desfeita em lagrimas.

—Tu és melhor do que aquilo que mereço. -disse ela ainda a chorar.

—Não sou nada. - disse Edward agarrando-lhe nas mãos. Pelo seu corpo passou a já tão conhecida corrente elétrica que ele sentiu quando tocou pela primeira vez em Bella. Naquele momento ele sentiu-ae completo. - Estou a ser aquilo que tu precisas que eu seja. Compreensivo.

—Mas eu não fui o que tu merecias que eu fosse. Fui fraca,tive medo que o nosso amor não resistisse a isto. Ele já andava tão... frágil. Eu só não queria deixar as coisas pior.

—Bella- chamou ele calmamente. -Eu percebo-te okay? Secalhar tens razão,secalhar não íamos aguentar,eu não ia aguentar. Mas agora,vamos esquecer o passado por algum tempo. Vamos viver o agora.

—Eu amo-te! - disse ela.

—Eu também te amo- disse ele.

E depois de seis meses os lábios de Edward encontraram os de Bella . O beijo foi singelo,calmo,amoroso. Foi tudo o que eles precisavam naquele instante. O prazer que sentiam ao terem-se nos braços um do outro apagou qualquer resíduo de mágoa e de  medo. O arrependimento continuava presente,talvez nunca fosse esquecido. Isabella arrependia-se de ter fugido,de não ter encarado a situação como uma mulher adulta mas sim como uma adolescente faria. Edward arrependia-se de ao longo dos anos não ter passado a confiança necessária à mulher para que ela não tivesse medo que ele a abandonasse num momento frágil e sofredor como aquele. Os dois se arrependiam dos seus erros passados ,mas com esse arrependimento iam esforçar-se para fazer um presente e um futuro melhor.

—Obrigada por estares aqui- disse Isabella quando os dois se separaram.

—De nada. Não sou só eu que estou aqui. Está cá toda a família e eles queriam muito ver-te antes da cirurgia ,achas que aguentas?

—Edward... - começou ela a sussurrar-Eu não sei...

—O que é que não sabes? Queres que eles venham ou não?  Ninguém te está a obrigar. Tenho a certeza que eles vão compreender se tu não quiseres tanta agitação á tua volta.

—Não  é isso...

—Então o que é amor? - disse ele tocando-lhe suavemente no rosto.

—Eu sei que posso parecer fútil mas... eu não quero que eles me vejam assim. Olha para mim! Estou horrível! Magra,careca... estou feia! Não quero que... Não quero que se eu morrer naquela mesa de operações as pessoas se lembrem de mim assim! - disse Bella com as lágrimas a escorrem-lhe novamente pela cara.

—Bella! - disse Edward assustado- Tu não vais morrer. E tu...

—Tu não sabes. Uma operação ao cérebro é sempre complicada. E se alguma coisa correr mal? E se eu morrer? As pessoas que amo vão se lembrar de mim assim? Feia,careca? Presa numa cama de hospital? Eu não quero isso...

Pela mente de Edward passaram-lhe alguns pensamentos menos agradáveis.  Ele podia facilmente dizer-lhe que ela não tinha pensado em todas aquelas variáveis quando simplesmente virou costas e fugiu. Podia dizer-lhe que ela não se preocupou em o que é que ia acontecer se ela moresse e eles ainda não soubessem o que é que lhe tinha acontecido.  Não pensou na imagem com que ficou quando o deixou á seis meses, afinal essa podia ser a última memória que tinham dela. Edward pensou em todas as coisas que podia dizer-lhe sabendo que ao mesmo tempo que a ia calar e fazê-la deixar a  família entrar também  a ia magoar.  Então o medo invadiu-o. As palavra de Bella ressaltaram na sua mente. Que importância tinha isso se ela podia... morrer? Naquele momento? Nenhuma.

—Bella,tu não vais morrer e sabes como é que sei isso? Porque nós estamos aqui juntos. E enquanto estivermos juntos vamos ficar bem aconteça o que acontecer. Tu vais ficar bem porque és a mulher mais forte que conheço. E a mais bonita. Não me importa que estejas careca ou magra. Para mim serás sempre a mais bonita. E sabes que mais? Tu não vais morrer porque tens um afilhado/sobrinho para cuidar,a Rosalie precisa de ti. E porque eu preciso de ti. Todos precisamos de ti. Quem mais vai aguentar ver aquela série estúpida com o Emmett aos domingos?  Quem é que vai ouvir o Jasper a falar sobre todos aqueles livros  e estar verdadeiramente intressada? Quem é que vai ajudar a Esme com o almoço ou o Carlisle a montar aqueles puzzles? E a Alice? Quem é que vai andar para trás e para frente com a maluca da minha irmã devido às suas indecisões?  Bella tu não vais morrer porque nós te amamos,porque eu te amo. E o amor vence todo.

Isabella ficou sem palavras. Como é que alguma vez pôs em dúvida a força do amor deles? Edward amava com a mesma intensidade com que ela o amava. E ela sabia disso. Sempre soube disso. Só que os acontecimentos dos últimos anos tornaram-na esquecida e receosa. Agora via a grande burrada que tinha feito. Ela sabia que tinha que lutar,que tinha de sobreviver para resolver a sua situação com o marido. Por mais amoroso e carinhoso que Edward fosse naquele momento e até na fase de recuperação, ela sabia que ele estava magoada,que tinha traído a confiança dele. E precisava de restaurar isso. Não só com ele mas com toda a família.
Isabella chegou-se para um canto da cama de hospital puxou para trás  o lençol.

—Senta-te aqui. Não  quero que sais daqui. Não quero que sais do meu lado nunca,mas nunca mais. Nunca te vou obrigar a afastar novamente. Sei que foi infantil e sei que estás magoado comigo. Mas o facto de seres capaz de pôr a tua mágoa para trás das costas só para estares ao pé de mim agora é  maior prova de amor que alguma vez me vais dar. Eu quero que te deites ao pé de mim e que durmas aqui comigo. Podes ligar para a tua Kate e dizeres para ela trazer a nossa família para aqui.  Eu preciso deles e eles têm te estar aqui ao pé de mim,o lugar do qual nunca deviam ter saído.

Dito isto Edward seguiu as indicações da mulher. Depois de ligar para Kate,que ia tentar convencer o Dr.Jackson  a deixar tantas pessoas entrar ,Edward encostou-se na não muito confortável cama de hospital com a sua Bella deitada com a cabeça no seu peito.

—Edward?- chamou ela depois de alguns minutos em silêncio.

—Sim?

—A Rosalie está mesmo grávida?

—Sim. Oh Bella ela está tão feliz. Mal pode esperar por ter o seu bebé nos braços e olha que ela está de dois meses,a barriga ainda nem se nota. Estão todos muito entusiasmados vai ser o primeiro bebé Cullen desta geração.

—Ela queria tanto isto. Fico feliz por ele e pelo Emm.- disse Bella com um sorriso radiante nos lábios. - É o primeiro de muitos bebés Cullen.

—O primeiro de muitos. -concordou Edward.

(...)

Edward andava de um lado para o outro na sala de espera. Ele e Kate tinham ficado ali á espera de saber notícias sobre a cirurgia de Isabella. Sempre que a porta que dava para as salas de operações era aberta os dois olhavam com esperança de encontrar o Dr. Jackson. Mas até agora nada. Enquanto o marido da melhor amiga permanecia inquieto, Kate permanecia quieta. Só se mexia quando ouvia as portas elétricas a abrir. O resto da família queria ficar ali mas tinham empregos e acima de tudo as enfermeiras daquele piso não os queriam todos lá . Queriam silêncio e paz. O que era meio impossível com a família Cullen toda junto.
Tinham passado três horas desde que Bella se depedira para ir para o bloco operatório. As suas últimas palavras tinham sido "Amo-vos" e tanto Edward como Katherine ficaram com os olhos cheios se lágrimas ao ver a mulher da sua vida e a sua melhor amiga,respectivamente ,partir para lá das enormes portas cinzentas.
Ouviu-se o som das malditas portas abrir-se novamente  e como das outras dezenas de vezes Edward e Kate olharam. Desta vez era o Dr. Jackson.

—Então? - disseam os dois ao mesmo tempo partindo rapidamente pata ao pé do médico. O médico não demonstrava qualquer emoção os dois amigos começaram a temer o pior.

—A cirurgia correu muito bem. Conseguimos tirar o tumor todo sem que ocorresse qualquer complicação. Só falta o tempo de recuperação e vamos marcar alguns exames de rotina durante o ano para irmos controlando ,mas fora isso... a Isabella está ótima.

Edward e Kate olharam um para o outro e sorriram no meio da lágrimas . Os dois abraçaram-se com tanta emoção e felicidade que qualquer pessoa notaria a satisfação e o alívio dos dois só ao olhar para eles.

—Ela está bem! - disseram os dois ao mesmo tempo.

Isabella estava bem e isso era o mais importante. Nada nem ninguém podia estragar a felicidade deles. E o que vai acontecer depois só o futuro dirá.

"I know it takes time
To heal the wound and the pain
I'm sure, you will be alright
Cause you're the only one who's brave
(...)
I know and you know
We have to run away
If we stick together
We will be ok"
"Be Ok" - April