P.O.V Do Freddie

Aconteceu uma coisa muito sinistra, quando acordei me deparei com a situação mais absurda que já vivi, estou no corpo de mulher e habitando um Loft. E não é qualquer corpo, é um corpo muito bonito por sinal. E eu o conheço, esse corpo pertence à Sam Puckett, irmã do meu melhor amigo.

E claro, levei um baita susto. E o pior de tudo foi constatar que estou em 2020 e não em 2011, os anos passaram em forma de mágica. Mas como? Como uma coisa dessas foi possível? E por quê?

Por quê trocamos de corpo? Sempre pensei que isto fosse logicamente impossível, que só acontecia em ficção, mas...

Uou! Ainda estou perplexo, confuso e não sei o que fazer. Quero o meu corpo de volta, não posso passar a minha vida inteira no corpo de uma mulher. Caramba, a Sam deve estar surtando e muito...

Minha cabeça ainda está doendo, me sinto zonzo. Só gostaria de entender tudo isso. É tão bizarro, surreal e muito assustador.

Simplesmente acordei dentro do corpo da Sam, que loucura. Passei quase uma hora fitando meu novo rosto no espelho rachado acima da pequena pia, a torneira está pingando incessantemente.

Seja lá o que foi que aconteceu conosco, a loira está atualmente morando num Loft. Lugarzinho maneiro apesar de estar bagunçado, mas têm a cara dela.

Um compartimento espaçoso com cozinha e banheiro improvisados, que deve ter sido a doida quem "montou" os cômodos dividindo-os com madeiras finas e polidas, cortinas coloridas e construiu um compartimento na parte de cima, aonde ela utiliza como quarto. Será que é mesmo seguro? E se desabar à qualquer momento?

Dei uma básica bisbilhotada em suas coisas, não achei nada demais ou fora do comum. Dei uma olhada na cozinha e vasculhei a geladeira... Encontrei leite azedo, fatias de Pizzas velhas, potinhos com comidas estragadas e dois potes de Picles. A Sam não têm jeito mesmo, os anos passaram e ela continua sendo uma sem noção, bagunceira e maluquinha.

As horas foram se passando e quando dei por mim, já havia passado da hora do almoço. E eu precisava aliviar minha bexiga, corri para o banheiro e hesitei por alguns segundos.

Levantei a tampa do vaso, abaixei a calça do pijama e por último, a calcinha preta sem estampas. Foi inevitável não olhar para aquela região tão íntima, qual é? Eu já havia visto e tocado ali antes de trocarmos de corpos, mas conhecendo a Sam ela provavelmente me esganaria se eu me aproveitasse da situação.

E eu não seria capaz de tocar no seu corpo sem sua permissão, então, fiz o que tinha pra fazer e saí do banheiro apressado após aliviar a bexiga.

Achei o celular da loira debaixo das almofadas, por sorte não tinha senha, procurei o número do Alex e liguei para ele. Acabou caíndo na caixa-postal e eu bufei frustrado. E resolvi ligar para a Vicky, a melhor amiga da loira.

"- Sua, vadia, lembrou de mim?" - A morena atendeu empolgada.

— Ah,... Oi, Vicky. - Dei uma risadinha, nervoso, e cara aquilo foi tão gay, ainda mais falando com voz de mulher.

"- Se for dinheiro emprestado, vou logo avisando que não tenho. Gastei os últimos trocados gastando com fraldas. Seu sobrinho gasta muitas fraldas, sabia? E o Alex não ganha bem, mas fazer o quê? É a vida... " - Se queixou, parecia cansada.

Mas o quê? Vicky e Alex? Os dois têm um filho? Sério mesmo? Que loucura!

— Hahahahahaha... - Comecei a rir descontroladamente.

"- Continue rindo e eu vou desligar na tua cara... " - Ameaçou.

— Oh, me desculpe. - Falei me recompondo. - Você sabe aonde o Benson mora? O Alex tem o endereço dele, não é? - Perguntei, hesitante.

Foi estranho perguntar aquilo, mas eu estou no futuro e o meu "eu" do futuro assim como a "Sam" do futuro tem uma vida estabilizada ou quase isso, mora sozinha e eu provavelmente também moro sozinho ou não, mas até que faz um pouco de sentido, ou não? Enfim, eu não sei aonde está meu corpo e preciso urgentemente achar a Sam.

" - Pensei que nunca mais você quisesse ver a cara dele. Ano passado, no Natal vocês terminaram e cada um seguiu o seu caminho, certo? Oh, me desculpe tocar no assunto. Sei que dói... Mas então, diz pra mim, você ainda o ama e resolveu ir atrás dele?" - Perguntou séria.

— S-sim... - Gaguejei estarrecido com as informações.

Sam e eu terminamos? Hãn? Mas nós nunca tivemos algo sério... Deus, isso está me intrigando e... Droga! Preciso entender o que de fato aconteceu.

" - Que maravilha! Oh, meu Deus! Vocês nunca deveriam ter terminado. Mas eu vou te dizer aonde ele está morando, é um pouco longe, em Vancouver, mas vou te passar o endereço." - Disse animada.

— Espera aí, vou pegar um papel e uma caneta... - Me levantei, afobado.

A Vicky me ajudou e muito, anotei tudo e agradeci. Fiz minhas malas, porque eu partiria no dia seguinte para Vancouver, para ir atrás da Sam... E eu não poderia negar, a minha "queda" por ela havia se transformado em paixão, sim, eu estava apaixonado por aquela baixinha implicante. Quase não consegui dormir pensando na minha loira.

[...]

P.O.V Da Sam

23/05/2020... Olhei a data no pequeno calendário pela décima vez, mas o quê? 2020? Isso não pode ser possível, ainda estamos em 2011, eu tenho certeza... Como assim os anos avançaram e eu não percebi? Que loucura! Isto só pode ser um sonho, não é real, não pode ser...

Bisbilhotei quase todo o pequeno apartamento, procurando sei lá o quê, alguma coisa que pudesse me ajudar a entender minha nova situação ou sobre o dono do tal corpo masculino.

Aonde estou? O que aconteceu comigo? De quêm é esse corpo? Perguntas como estas rondavam em minha cabeça, me intrigando, me atormentando.

Achei uma carteira de motorista e outra de identidade e a certidão de nascimento... Fredward Karl Benson, 26 anos. Nascemos no mesmo ano, mas ele é um mês mais velho que eu e agora tenho 26 anos, bem, pelo menos já tenho essas informações.

Fitei meu novo rosto refletido no espelho acima da pia, pequenos olhos castanhos, belos olhos, nariz bonito, lábios levemente rosados e finos. Uh, pelo menos não é um cara que tem rosto espinhento e cabelo esquisito. Até gostei da barba ralinha, que sexy. Merda! O que eu estou pensando? Não perca o foco, Sam.

Só me acalmei depois de algumas horas, e claro, após assaltar a geladeira do tal de Fredward e devorar as delícias que haviam ali... Circulei pelos poucos cômodos, sempre dando uma olhadinha nas coisas dele. E quando me cansei, fiquei num tédio total, me joguei no sofá marrom.

Foi então, que bateu um súbito desespero e uma imensa saudades de casa, da minha mãe chata, do meu pai maneiro e do irritante do meu irmão gêmeo. Foi inevitável, comecei a chorar que nem uma criancinha perdida no Shopping ou no mercado.

Maldita magia negra ou sei lá o que seja isto, o que eu fiz para merecer uma coisa dessas? É um castigo, uma espécie de punição severa? Só pode ter sido aquela velha,a senhora Puppys, deve ter sido vingança por eu ter pregado pegadinhas nela, mas eu só era uma criança naquela época, velhos tempos em que eu me divertia tanto...

Horas se passaram, perdi a noção e eu me levantei do sofá com vontade de fazer xixi. Oh ,não. Por quê, senhor? Eu não estava preparada para aquela situação, caramba, eu ia ter que encarar aquele "negócio" de um estranho.

Praticamente me arrastei para o banheiro, levantei a tampa do vaso e suspirei pesadamente... Devagar abri o zíper da calça, e de olhos fechados eu desci a cueca...

Claro, eu já havia dado uma boa olhada no peitoral e no abdômen, ambos definidos. Sinal que ele malha e cuida do corpo, e céus, que corpo, hein? Oh, esse tanquinho, braços musculosos e... Socorro!

" Vamos lá, Sam, nem deve ser um Bicho de Sete Cabeças, confie em si, você se garante."

Repeti mentalmente enquanto abria os olhos vagarosamente, olhei para baixo e fitei aquilo pendurado entre minhas pernas. Credo, era estranho demais e nem um pouco pequeno. O peguei com nojo e o mirei para dentro do vaso, com a mão trêmula. O primeiro jato saiu descontrolado, espirrando diretamente na tampa levantada. Que saco, mas pelo menos aliviou um pouquinho. Mirei de novo, segurando com mais firmeza e deu certo. Ufa!

Depois de "empacotar aquilo", lavei as mãos com bastante sabão líquido e suspirei aliviada, e saí dali, sabendo que eu teria que tomar banho mais tarde e encarar meu novo "companheirinho", ou pior, lavá-lo...

Achei o celular do tal Benson, mas estava bloqueado e com senha. Tive vontade de arremessar na parede. Me controlei e deixei o aparelho no lugar, vasculhei o guarda-roupa e peguei um casaco marrom, carteira com documentos e com 56 dólares, as chaves do apê e do carro, e saí para tentar descubrir mais coisas...

No estacionamento do prédio, não foi tão difícil achar o carro, era um Honda City preto moderninho, pelo visto era um novo modelo, melhor que a lata velha que o meu irmão tinha e que ele apelidou carinhosamente de Tobby: A Máquina mortífera. Coitado, aquele troço estava mais pra banheira velha e ambulante.

Depois de algumas voltas por aí, descubri que eu não estava em Seattle e sim em Vancouver, menos mau. Fiquei até aliviada em saber que não estava muito longe da minha cidade. Revolvi jantar fora, parei num bistrô e não demorou muito para uma moça vim me paquerar...

— Se importa? - A loira sorridente apontou para a cadeira vazia em frente à minha.

A ignorei e mesmo assim ela sentou ali, tentando puxar assunto, mas eu só estava fitando o pequeno menu da noite, enquanto a criatura tagarelava, jogando charminho.

— Tem namorada, bonitão? - A loira perguntou com aquela vozinha melosa.

— Na verdade, tenho um namorado... - Sorri confiante e ela sorriu sem graça.

— Ah, que bom. Eu, é... Bom, me desculpe, ah, eu é... Foi bom em conhecê-lo. - Se retirou dali super sem graça e desconcertada, e eu ri baixinho.

Fiz meu pedido, comi em paz e voltei para o apartamento do "moreno arrasa corações". Naquela noite, acabei dormindo sem tomar banho. Mas foda-se!