POV Lilian Evans

                Minhas malas estavam abertas em cima de minha cama para colocar o uniforme recém passado da Grifinória. Nem podia conter minha felicidade por voltar para Hogwarts depois de três meses em minha casa.

                Depois da conclusão do quarto ano, eu, Marlene, Alice e Dorcas tínhamos feito um trato de nós encontrar nas férias, e provavelmente foi isso que elas fizeram sem mim. Em minha casa, minha irmã Petunia não consegue aceitar o fato de eu ser uma bruxa e preferi não causar mais intrigas “exibindo minhas amigas ricas que podem fazer livros levitarem e garotos se apaixonarem com um pedaço de graveto”.

                Talvez eu tivesse sido boazinha demais, por abdicar da parte mais empolgante das férias por Petunia, que sequer levanta os olhos da máquina de costura para falar comigo, mas ela é minha irmã e acho que tem um pouco de medo de mim.

                Pego o pequeno bolo de cartas que recebi durante as férias e me sento com as pernas cruzadas no único espaço livre de minha cama para reler as aventuras de meus amigos.

                Dorcas passou parte das férias na casa do irmão mais velho, em um pais que não sei o nome no oriente médio, e outra parte na própria casa, com as duas irmãs mais novas e seus pais.

                Já Marlene é filha única e, aproveitou a viagem de seus pais para Roma para fazer a festa do ano. Ela realmente queria que eu estivesse lá. Me contou depois que Alice ficou incrivelmente deslocada sem a amiga que ainda tinha paciência para ouvi-la suspirar sobre Frank Longbotton.

                Falando em Alice, ela passou as férias treinando quadribol, já que vinha de uma família de astros e era um verdadeiro desastre. Coitadinha, ainda cisma que os pais só vão se orgulhar dela cem por cento quando chegar em casa com o pomo de ouro na mão.

                Estou sorrindo sozinha quando escuto uma batida de leve em minha janela. Já estava mais que na hora dele aparecer. Me levanto depressa esfregando as mãos na barra do vestido sem mangas, e abro a janela me deparando com Severus.

                - Severus! Achei que você tinha desistido de me visitar! – Falo feliz. – Vamos juntos para King Cross amanhã, não vamos? Meu pai disse que nos levaria com muito prazer.

                Ele ri com os cabelos pretos voando em encontro a seu rosto, já sabendo que minhas palavras não eram inteiramente verdade. Éramos amigos a muito tempo e ele me conhecia bem demais.

                - Lily, está tudo bem. Nos encontramos no trem. – Ele tenta me reconfortar. – Alias, passei aqui para saber se você já acabou de ler o livro que lhe emprestei.

                Apesar de ser meu melhor amigo, Severus possui uma estranha afeição pelas artes das trevas e tinha me emprestado um dos muitos livros de sua coleção sobre o assunto para que eu não julgasse tanto o assunto sem conhecer absolutamente nada, mas ler aquilo não mudou meus pensamentos. Artes das trevas é errado.

                - Sim, sim! – Me viro e apanho em meu armário um livro de capa grossa preta, pesado e grande. – Aqui está. Não deixei nada passar.

                Vi a pontada de esperança por parte de meu amigo, imaginado que depois de tantas curiosidades, aquele assunto seria o mais falado entre nós, mas apenas com um balançar de cabeça, ele percebeu o quão enganado estava. Soltou um suspiro.

                - Nunca deveria ter lhe pedido para ler essa porcaria! Eu sabia. – Sinto que ele chutou a parede de madeira no exterior de meu quarto, mas tudo bem. Se quebrasse, só era preciso de um movimento rápido de varinha. – Desculpe, Lilian, eu sou um idiota.

                - Você não é idiota, só tem um gosto diferente do meu. – Falo sem medir palavras com tanta cautela. – Se fossemos iguais não teria graça. Você sabe que o meu lema é igualdade entre os diferentes.

                Ele solta uma gargalhada abafada pela manga do suéter preto e faz um sinal rápido para a porta, imediatamente, ele some, enquanto eu olho para o horizonte na hora em que Petunia entra desconfiada.

                Ela olha em volta do meu quarto com a típica cara de suspense procurando algo, abre meu armário e passa a mão pela minha escrivaninha sem ousar tocar em minha varinha e me olha com a testa enrugada.

                - Pensei ter ouvido vozes. – Diz rispidamente com os dedos finos agarrados a calça. Sorriu.

                - Jura? Acho que pode ter sido o papai. Ele está consertando uma rachadura no telhado. – Digo e logo me arrependo quando ela caminha até a janela. Pulo em sua frente. – Ou a mamãe ouvindo a novela pelo rádio. Você sabe como ela gosta dessa novela!

                Minha irmã dá de ombros e sai de meu quarto fechando a porta atrás de si. Conto cinco segundos na cabeça e abro novamente a janela, onde vejo Sirius agachado entre as plantas.

                - Sua irmã quase me pega aqui de novo! – Ele afirma o óbvio batendo as próprias vestes. – É melhor eu ir embora. Nos vemos amanhã, Lily.

                - Até amanhã, Sev! – Exclamo o abraçando através da janela grande. – Não se esqueça de me procurar nos vagões!

                Quando ele vai embora correndo, fecho as malas e as encosto na parede junto com as cartas e me arrumo para dormir, pulando de empolgação. Da próxima vez que deitar em uma cama para dormir, será em Hogwarts!

POV Tiago Potter

                Abro os olhos dando de cara com minha mãe chacoalhando meus ombros. Ela sorri quando me vê reagindo e sorri.

                - Tiago, querido, você tem que correr! Acordou atrasado como sempre. – Ela fala tentando pentear meu cabelo preto espetado com a mão. – Vamos lá, Sirius já está tomando café da manhã.

            Quando ela sai do quarto, me descubro das cobertas incrivelmente aconchegantes, pego minha varinha e me sento na cama trazendo meus óculos até mim com o feitiço Carpe Retractum.

                Coloco uma calça preta e a camisa mais fácil de pegar e saio de meu quarto correndo. Desço as escadas com cuidado para não tropeçar e me jogo no banco ao lado de meu amigo na cozinha.

                Sirius não tem um histórico muito maravilhoso com sua família, o que se torna extremamente compreensível você ouve um dos berradores frequentes de sua mãe, Walburga Black. Acho que nunca vou conhecer mulher mais aterrorizante que ela, mas suas sobrinhas, primas de Sirius, tentam chegar aos pés da tia, Narcisa, Bellatrix, e Andrômeda Black.

                Por causa da família que possui, é muito comum ele sair de casa por uns dias quando briga feio com o irmão mais novo ou os pais, e, quando isso acontece, é sempre para a minha casa que ele vem, onde sabe que sempre vai ser recebido com um grande abraço.

                - Você não vai acreditar a dona da coruja que chegou aqui depois que você dormiu! – Sirius exclama me mostrando um envelope aberto na mesa. Pego a carta e leio o remetente: Marlene Mckinnon. Riu. – Por Dumbledore, Tiago! Ela me ama!

                - Sabe que eu odeio lhe decepcionar, mas as únicas coisas que Marlene ama são o quadribol, suas amigas e os pais. – Digo enquanto dou um grande gole no café que flutuou até mim. – O resto é passa - tempo.

                Ele dá de ombros mordendo o pão com geleia. Sirius realmente parece não se importar, apesar de adorar Marlene, nós dois sabemos que ninguém fica com ela por muito tempo. Um errinho, ela cansa de você e fim.

                - Garotos, vamos lá, coloquem as bagagens no carro agora. – Meu pai aparece na cozinha depositando um beijo em minha cabeça e outro na de Sirius. – Se não estiverem no carro em cinco minutos perdem o expresso!

                Tanto eu quanto meu amigo enfiamos o resto do café na boca e pegamos as malas que já estavam em cima da mesa de centro a quase uma semana.

                Depois de cinco minutos no carro, saímos apresados até a frente da plataforma 9 ¾, onde beijei a bochecha de minha mãe e a mão de meu pai, me despedindo por um ano. Sirius conta até três rindo e corremos em direção a parede, a atravessando com incrível facilidade.

                Segundos antes de embarcar no trem, avistamos Remo correndo em nossa direção desajeitado com uma boina ridícula na cabeça, escondendo os cabelos loiros.

                - Remo! – Falo o puxando para um abraço apertado. – Como foi a viagem para a França? Trouxe algo para nós?

                Ele ri.

                - Eu até traria algo, mas vocês nunca usariam boinas combinando, então... – Ele brinca nos fazendo rir.

                Pedro, aparece no último vagão acenando para nós. Corremos até lá atropelando alunos sem pedir desculpas, as fico para trás quando esbarro em uma tal garota ruiva de propósito. Lily Evans.

                - Olá, Lily! Está ainda mais bonita que no ano passado, cortou o cabelo? – Pergunto rindo e, involuntariamente, passando a mão pelo cabelo de nervosismo apenas de falar com ela.

                - Está desculpado pelo esbarrão, Potter. – Ela diz pressionando com força os livros contra o corpo. – Agora se me dá licença, tenho que procurar as pessoas que realmente estou com saudades.

                Ela continua a andar em direção oposta ao final do vagão, mas não perco a piada, por isso, no meio de todos os estudantes, subo em um dos assentos.

                - Você não pode negar seu destino! – Grito fazendo todos olharem para mim, inclusive Lilian. – E todos sabem que seu futuro é ao meu lado, futura senhora Lilian Evans Potter!

                Ela aponta a varinha em minha direção, por isso pulo de volta ao chão rapidamente gargalhando e corro para meus amigos. Tinha plena consciência que, de costas para mim, Lily estava se forçando a não sorrir, com as bochechas quase tão vermelhas quanto os fios de cabelo.