Corações de Vidro escrita por WendyReis


Capítulo 5
Capitulo 5




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Eu o empurrei…

— Se me beijar de novo eu acabo com você.

— Será que você não pode me dar uma chance?

—… Se você ganhar de uma luta comigo.

— O que? Mas vai demorar um tempão!

— Então desista!

— Tá! Eu só preciso ganhar de você em uma luta e você vai sair comigo.

— Hum… Boxe?

— Tá, boxe. (Ele riu e eu sorri)

Nós conversamos um pouco e depois eu fui para o hotel que ele estava para não atrapalhar o casal.

— Seu irmão?

— Ele gosta de ficar sozinho quando está sofrendo.

— Vai dormir comigo?

— Nem fudendo! Vou deitar na cama do Alexy!

— Imaginei. (Ele riu) Toma! (Ele me jogou uma toalha)

— Pra que isso?

— Como pra que?! Você está fedendo!

— Estou nada.

— Tá sim, trabalhou o dia todo. Eu peço para eles lavarem sua roupa e você usa uma camisa minha.

— Do Alexy.

— Por que do Alexy?

— Porque não vou usar nada seu até você me ganhar numa luta. (Ele riu)

Ele me deu uma blusa do Alexy. Eu tirei minha roupa e tomei banho. Depois o dei para ele pedir para lavarem. Após isso conversamos um pouco e fomos dormir. Pela manha eu acordei cedo e então me levantei, peguei minha roupa e fui me trocar no banheiro. Eu estava com o cabelo preso e tirei a camisa, eu percebi que me esqueci de trancar a porta, mas já era tarde demais.

— É muito foda!

— Minha tatuagem é foda eu sei.

— Eu estou falando de você.

— O que? (Eu me virei e não me importei muito por estar pelada)

— Puta que pariu!

— O que? Nunca viu uma mulher pelada?

— Nunca vi a mulher que eu amo pelada. E ela é muito gostosa. Que corpo lindo! Seu abdômen é perfeito!

— É eu percebi que você gostou. (Eu olhei ele estava excitado) Você não é meio velho para ficar excitado vendo uma mulher pelada?

— Não é uma mulher. É você. Eu sonhei minha vida inteira em ver você assim.

— Experimenta contar isso para alguém que acredite, eu disse enquanto começava a vestir minha calcinha.

— Não veste isso não.

— Por quê?! Está achando que vai ter trabalho tendo que tirar alguma coisa?

— Não. Eu tenho certeza. (Ele se aproximou me beijando, tá eu correspondi, mas o virei e coloquei contra a parede com o braço dele para trás) Serena!

— Só depois que você ganhar de mim. (Eu sussurrei em seu ouvido e sorri depositando um beijo em sua orelha)

— Você me deu um beijo.

— Dei. (Eu sorri) Agora me deixa eu me vestir, eu tenho que trabalhar. (Eu o soltei e ele me deixou me vestir) Quando você vai embora?

— Provavelmente dentro de uns quinze dias. Você sabia? Eu só me tornei o cara que sou hoje, graças a você.

— O que?!

— Eu sempre fui inteligente, mas eu não ligava muito para nada. Mas eu percebi que você gostava de namorar pessoas que conseguiam ganhar de você em alguma coisa. Por isso eu usei minha inteligência. (Eu sorri)

— Que bom que eu fui útil desse jeito pra você.

— Pois é.

(…)

Eu fui para casa e o Alexy já tinha saído. Iris estava sentada no sofá…

— E então?

— Doeu muito.

— Mas e esses olhos brilhantes?

— Eu gostei, satisfeita? (Eu a olhei e ri)

— Quer me dizer mais alguma coisa?

— Não.

— Então eu vou me trocar. Não deixaram vestígios no meu quarto, não né?!

— Não, Serena. (Eu ia me dirigir para o meu quarto) Serena…

— Oi…

— Eu to confusa. (Eu a olhei) Podemos conversar? (Eu assenti e me sentei de frente pra ela no sofá)

— E então?

— Fica incomodando mesmo?

— Incomodando o que?

— Quando você vai ao banheiro e essas coisas. Dói um pouco.

— É normal. (Eu ri)

— Tá, mas não é sobre isso que quero falar.

— Então…

— Eu gosto dele, Serena.

— É… Isso eu percebi. Não é muito comum vermos dois homos de sexo oposto se pegando. (Eu ri)

— Você está engraçadinha. Castiel te fez bem?

— Terminamos.

— Entendi. Está sorrindo para não chorar. Porque a dor que está sentindo é menor…

—… do que a dor do meu coração… É. Você queria falar, então fale.

— Não podemos ficar juntos.

— Por que não? Pela diferença de idade?

— Não! Isso sinceramente não me incomoda.

— Então…

— Ele ainda é um homem.

— E?

— E eu não quero gostar de um homem, Serena. Eu não quero sofrer preconceito, eu quero dizer. Eu sempre gostei de mulheres, isso sempre foi o normal pra mim, mas agora… Porra! Eu sempre bati de frente com ideais preconceituosas de gente hipócrita dizendo que éramos errados, que precisávamos mudar. Que crianças não deveriam ficar perto de nós, que ser amigo tudo bem, mas se fosse filho não aceitaria. As pessoas esquecem que nós também somos gente e temos sentimentos! E agora eu estou indo contra a tudo aquilo que eu sempre lutei. Por que pessoas homo precisam dizer aos pais, sentir medo disso, mas pessoas héteras não? Todos deveriam ter que chegar a casa e dizer: mãe, pai eu sou hétero ou homo ou bi ou seja lá o que for. E agora tudo o que eu sempre defendi, tudo o que eu sempre odiei eu estou sendo assim porque me apaixonei por um homem.

— Que melodrama, Iris! Você não precisa ser hétero, você pode continuar defendendo o que acredita e deve, e ainda sim você pode ficar com o Alexy ele sendo homem, mulher, o que quer que ele seja.

— Mas a sociedade não pensa assim, Serena. Já imaginou como a Mary, por exemplo, vai me tratar se souber que eu estou com um homem.

— Sabe o que eu acho?! Que você está se sentindo da mesma forma que uma pessoa que descobre ser homo se sente. E o que você sempre diz?!

— O que eu sempre digo?

— É… lembra aquela sua ex-namorada que tinha sido hétero a vida toda e começou a gostar de você, mas tinha um monte de medos. O que você disse a ela?

— Seja você mesma.

— E o que mais?

—… sinta o que o seu corpo quer sentir, esteja onde os seus pés querem estar, faça o que o seu coração mandar.

— Está aí a sua resposta. Você só vai viver uma vez, Iris. Não se arrependa de nada. E quando as pessoas te perguntarem se você finalmente foi para o caminho certo ou algo nojento ou escroto como isso, é só você dizer o que você sempre diz.

— Mas o que eu sempre é digo é que a vida é minha e quem vive sou eu, se eles acham que eu estou certa ou errada quero mais é que se fodam.

— Então pronto! (Eu sorri) Você já tem a resposta pra isso, Iris. As pessoas não estão acostumadas com nós porque somos diferentes. Você gosta de mulheres e não de homens como sempre lhe foi falado, eu sou quase uma pessoa não binária. Nós vamos sempre sofrer preconceito, Iris. Mas é fazer o que você disse o que quisermos fazer.

— Então você me aconselha a falar com o Alexy que eu gosto dele?

— Se você não fizer, depois você vai ficar assim. Querendo voltar atrás e dizer pra alguém o quanto você gosta dela e tentar fazê-la ser só sua, mas não pode mais.

— Por que o Castiel terminou com você?

— Por causa da Ambre. Eles se amam desde a adolescência.

— Mas isso já faz muito tempo.

— Parece que corações são como vidro, uma vez fundidos juntos, mesmo que se quebrem e sejam colados com outros, nunca vão ficar tão perfeito como o primeiro.

— Eu acho que não entendi.

— Esquece isso. Vamos, vou te deixar na escola.

— Eu não quero ir. Estou com vergonha.

— Você com vergonha? Vergonha de que?

— Porra Serena! Eu vou chegar lá encontrar a garota que eu fiquei ontem, ela vai querer sair comigo e mais sei lá o que e eu vou estar toda apaixonada por um homem. Ela vai perguntar quem e eu vou dizer um homem.

— Você tem vergonha dele?

— Não! Sim… (Eu ri)

— Sinto muito, mas você vai pra escola querendo ou não.

— Tá… Não tenho muita escolha mesmo.

(…)

Após isso duas semanas se passaram, meu irmão não falou com ninguém, como eu disse ele gosta de sofrer sozinho. Ele pegou as coisas e decidiu voltar para o estado dele, Castiel e Ambre, estão namorando na cara de pau. E parece que finalmente a minha ficha caiu… Eu estava brigando com alguns caras grandes de luta ilegal, às vezes eu faço isso para desestressar, mas quase sempre volto detonada. Castiel ficava puto o que só me deixou com mais vontade de brigar.

Eu saí de lá e fui pra casa… Armin me ligou, a peste estava me infernizando todos os dias, mas nesse momento foi bem proveitoso.

— Está aonde? Iris disse que não dormiu em casa e não estava na academia.

— Me ajuda…?

— Claro! Onde você está?

— Cheguei a casa agora.

— Estou indo.

— Diz pra Iris ficar aí com o Alexy? Vem só você, por favor…

— Ok.

Ele foi para a minha casa e viu um rastro de sangue na sala…

— Serena!

— Não me julga! Não te chamei pra isso!

— Eu imagino. O que eu posso fazer?

— Cuidar dos meus machucados.

— Claro. Onde estão as coisas?

— No armário na cozinha.

— Já volto. (Ele foi lá e voltou e começou a limpar todo aquele sangue)

— Eu to chorando, mas é porque tá doendo muito, tá?!

—… (Ele me olhou e riu) Tá… (Eu chorei mais um pouco)

— Argh! Odeio tanto chorar!

— Você pode me dizer o que aconteceu?

— A ficha só caiu agora. Foram cinco anos Armin, não cinco meses.

— Não foi só isso, né?!

—… Minha mãe disse que a culpa foi minha. Porque não sabia ser uma menina, como ele gostaria, como a Ambre.

— Eu realmente sou o único que percebe o quanto ela te afeta, né?!

— Não é só ela Armin. É tudo!

— Incluindo esses machucados?

— Não! Essa dor…

—… não dói tanto quanto a dor do seu coração?! É… eu sei. (Ficamos alguns segundos em silêncio) Obrigado por ter me chamado quando precisou de mim. (…) Sabe, antes de voltar seu irmão me procurou… Ele estava mal… Chorou bastante, bebeu pra caramba… E disse que precisava ficar sozinho por isso voltaria. Eu estou voltando daqui a dois dias você sabe, né?!

— Sei.

— Quer vir comigo?!

—… (Eu ri) Não.

— E quem vai te ajudar quando você estiver aqui sozinha?

—… Castiel. A Ambre também vai voltar… Nós conversamos e ele disse que nem se eu quisesse iria me deixar sozinha.

— Não sei se gosto do seu ex sendo tão seu amigo. (Eu o olhei e ri) Você só fica sorrindo quando está mal, né?! (Eu assenti) Eu sei. (Tinha uma ferida no meu ombro) Me deixa limpar…?

— Sim. (Eu tirei a camisa e fiquei só de sutiã)

— Não está tão ruim quanto eu achei. (A camisa estava cheia de sangue. Ele limpou e então passou a mão sobre a mão biônica que tem tatuada no meu ombro) Parece tão real…

— Ele estava lá quando eu fiz isso. Doeu pra caralho! Ele ficou rindo de me ver fingindo que não estava sentindo dor. Foram vários dias. Eu achei que iria desmaiar de dor. Mas depois de tudo… Ele disse que me recompensaria com vários beijos. Ele fez. Beijou minhas costas inteira e depois sorriu e disse que me achava muito gata.

— Eu estou com ciúmes. (Eu olhei pra trás pelo ombro e ri) Qual das três doeu mais? (Eu tenho duas luvas de boxes tatuadas do lado esquerdo do meu quadril, bem em cima do osso. E FIGHT tatuado nos dedos da mão direita)

— A das costas.

— Não pensa em fazer outra? Uma em que eu possa segurar sua mão e ser o único a te ver chorar como sempre foi.

— Não fode, Armin.

— Eu estou falando sério, verdinha.

— Quando você vai parar de me chamar de Alface e verdinha?

— Nunca! (Ele riu e então passou a mão sobre a alça do meu sutiã, eu senti sua respiração tocar meu pescoço e como se ele tivesse tentando resistir ele apenas se aproximou do meu pescoço e orelha e então sussurrou) Posso…?

—… você vai embora assim que acabarmos?

— Eu prometo.

— Não vai dizer nada e só vai embora…?

— Eu vou…

— Então você pode. (Seus lábios tocaram meu pescoço. E ele começou a me beijar eu cedi, o deixei fazer o que quisesse. Mas ele parou, eu estava deitada no sofá apenas cooperando com ele, então ele parou e me olhou sorrindo. Me deu um beijo na testa e se levantou) O que foi?

— Você não quer.

— Eu quero.

— Não… Eu quero que seja mágico. Pra nós dois.

— Desde quando você é romântico?

— Eu não sou. Eu só sonhei muito tempo com isso pra acabar assim.

— Você mente bem.

— Eu não estou mentindo, verdinha. Eu vou treinar e assim que tiver pronto vou voltar, vou ganhar de você e então vai ser mágico. Mas é melhor eu ir embora agora, não tenho autocontrole. (Eu o olhei e assenti)

(…)

Cerca de oito meses depois…

Era meu aniversário, eu nunca me importei muito, mas meu irmão sim. Eu estava em casa, Castiel e Laís estavam lá. Ele apareceu lá, ele estava feliz, de barba, parecia mais maduro. Laís o agarrou e disse que era a próxima candidata para ser namorada dele. Ambre foi também e eles conversaram pela primeira vez depois de meses.

Na manha seguinte Alexy e Armin apareceram no ringue. Iris e eu estávamos conversando enquanto estava treinando as crianças. Alexy correu e agarrou a Iris. Eu não estou vendo isso! Ela o afastou!

— Hei!

— Eu senti saudades! (Ele roubou um beijo dela, ela o olhou e sorriu)

— Você não está meio velho pra isso?

— E você não está meio nova para ser tão ranzinza?!

— Estou. (Ela acariciou o rosto dele)

— Você está mais bonita!

— E você está me envergonhando. Eu estou trabalhando agora.

— Vamos sair?!

— Eu estou trabalhando agora e tenho escola amanhã, Alexy.

— Mas, amor, eu senti sua falta. Muito! Fiquei oito meses sem beijar você!

— Alexy!

— Iris! Por favor…

— Você está mesmo namorando esse cara ao invés de mim? (Mary)

— Ela está assim. Algum problema?! (Alexy se incomodando)

— Quando você me disse eu não acreditei, achei que você só não queria ficar comigo. Mas agora estou vendo a verdade.

— Está vendo a verdade? Pois é de mim que ela gosta! Satisfeita?!

— Cai fora, Mary. (Iris sendo grossa) Está incomodando meu namorado.

— Por que suas ex tem que ser tão possessivas?! Já é quarta desde que estamos juntos.

— Não quero atrapalhar o casal não. Mas estamos trabalhando. (Eu)

— Verdinha… (Ele se aproximou) Eu estou pronto.

— Vai mesmo lutar comigo?

— Vou.

— Tá. Daqui a meia hora terminamos com as crianças e vocês dois podem ficar a vontade. Até lá, sumam.

— Grossa como sempre. (Alexy) Amor, eu vou te esperar lá fora.

(…)

Meia hora depois, eu fechei a academia mais cedo e Alexy e Iris ficaram para ver a briga. Ele lutou, eu o deixei ganhar, ele prendeu meu pescoço com o braço e sorriu.

— Ganhei! Agora você vai me dar uma chance? (Eu sorri assentindo e então ele me beijou ainda naquela posição e eu o virei e fiquei em cima dele o prendendo pelo braço) Hei! Me solta! (Eu ri e o soltei) Por que me deixou ganhar?!

— Fiquei pensando se você seria bom mesmo de cama. Sabe?! Aquele dia que você disse que queria que fosse mágico.

— Vai mesmo me dar uma chance?!

— Já estou dando. (Ele sorriu e me beijou) 

E basicamente foi isso… Eu estou a cerca de umas cinco semanas dando uma chance pra ele, e estou gostando. Meu irmão está vivendo a vida dele, Ambre e Castiel, estão felizes e noivos. E Alexy e Iris estão vivendo curtindo cada segundo… E nós estamos sempre lutando contra o preconceito…


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