Eu me espreguicei lentamente, despertando e sentindo a cama vazia, passei a mão pelo lugar em que antes James estava deitado e sorri, meu corpo estava um pouco dolorido em certos lugares mas eu me sentia bem, maravilhosamente bem, me sentei deliberadamente e deparei com um copo de água e um comprimido ao lado e bilhetinho.

         “Bells, esse comprimido é para dor que eu sei que você está sentindo! Eu fui no centro buscar a algumas coisas para o café da manhã e já volto! Beijos do cara que mais ama você..

         Dica: O nome começa com J e termina com S.” 

         Eu sorri ao ver seu bilhete e tomei o comprimido, me levantei sentindo as dores que apesar de não serem extremas incomodavam um pouco, peguei minha calcinha que estava em cima de sua escrivaninha e vesti, fui até seu armário e peguei uma camisa qualquer vestindo em seguida, ouvi meu celular tocar e corri até meu casaco que ele havia trazido para cima para atender.

         Eu pude ver que era a Esme antes de o celular descarregar.

         Ughh, ela iria ficar uma fera comigo, eu esqueci totalmente de avisar que dormiria fora! Comecei a procurar por todo o quarto de James o seu celular e o encontrei dentro da sua gaveta.

         Abri e ignorei as mensagens novas, disquei logo o numero de Esme.

         - Alô?

         - Oi Esme, sou eu!

         - BELLA! Graças a Deus, eu estava tão preocupada com você minha filha! Seu pai está aqui ele quer conversar com você! É importante!

         - Whoooa, se acalma! Eu to bem! Só dormi aqui no James, e assim que ele chegar do centro eu vou pra casa ok? Você pode me dar uma pista sobre isso? O que o Carlisle quer comigo?

         - Não Bells, você deve sentar e conversar com ele ok? Isso é entre vocês dois! E volte logo, não gosto de você ai com James! E você vai ter que em contar tu-di-nho em mocinha?

         Eu ri.

         - Tudo bem Esme, eu conto quando chegar ok? Beijos, amo você!

         - Beijo amorzinho. – ela desligou.

         Eu respirei fundo e me sentei na cadeira em frente ao computador de James, e toquei no mouse fazendo a tela clarear e vi que seu e-mail e seu Myspace estava aberto, bom não mataria dar uma espiadela não é?

         Sorri ao abrir seu e-mail e ver que boa parte eram os meus, da faculdade e de propagandas sem sentido, não abri nenhum e-mail novo, e decidi ficar mexendo em seu Myspace, olhei suas fotos, as fotos de alguns de seus amigos, e notei que sua caixa de recados estava vazia, porém a privada tinha ao menos umas cinco novas, eu lutei contra a minha curiosidade mais acabei por abrir.

         Primeiro eu fiquei sem reação ao ver que elas eram de Victoria, a garota mais vagabunda do colégio que todos sabiam que ela era super afim do James, e sem mais demoras eu abri o primeiro recado.

         From: Victoria

         To: James

         03/03/2010  5:30pm

         Hey Love, por que você não está retornando minhas ligações? Quero ver você! Estou com saudades... Beijos, você escolhe onde. Hahah

         As lágrimas já se acumulavam em meus olhos e eu sentia uma dor aguda em meu peito, rolei a pagina e li o segundo.

         From: Victoria

         To: James

         03/03/2010  7:10pm

         Jay, por que você não me responde? Eu preciso de você baby, da um jeito de se livrar dessa ai e passa aqui no meu apê! Comprei uma lingerie nova, estou esperando você... Só vê se vem com calma por que eu não quero que você rasgue essa também ok? Hahah mil beijos!

         A dor  aumentava cada vez mais, cada palavra era como uma facada em meu coração, a traição! James estava me traindo! Era por isso, por isso que ele dizia que esperaria o tempo que fosse preciso para acontecer minha primeira vez! Por que ele já estava bem servido!

         Minhas lágrimas escorriam sem minha permissão e eu queria gritar, de ódio, de raiva, de nojo! O cheiro, os toques, as palavras amorosas, tudo era uma mentira! James fora a parte boa de minha vida, a que eu considerava real, mas mais uma vez o destino me mostrou que eu estava errada, errada por confiar em um idiota!

         Abri a outra mensagem, dessa vez eu iria até o final.

         From: Victoria

         To: James

         04/03/2010  2:30 pm

         Baby, adorei a visitinha hoje cedo, mesmo isso me custando uma lingerie nova! Hahaha, vem me ver amanhã! Eu preciso de você... Beijos.

         Esse... Esse bastardo! Ontem? Como ele pode? Como?! Ele tinha dormido com aquela vagabunda no mesmo dia que eu...

         Ódio, a dor cedeu todo seu espaço para o ódio abrasador, eu queria chutar, morder e socar! Eu vi tudo vermelho e a não consegui impedir de clicar na ultima mensagem.

         From: Victoria

         To: James

         04/03/2010  4:30 pm

         Ahh, e eu também quero tratamento VIP ok? Com janta e tudo! Se a songa tem, eu mereço em dobro! Hahahaha, beijinhos!

         Ps.: Me atende! To tentando te ligar faz tempo! Preciso ouvir sua voz...

         Eu senti a raiva nublar meu cérebro e tomar conta das minhas ações, peguei seu celular e verifiquei a caixa postal, e toda a minha raiva triplicou ao ouvir a voz melosa daquela vagabunda, sem pensar duas vezes eu mandei o celular na parede, sem ligar, ele que se ferrasse!

         Porra, eu sempre, sempre fui sincera com ele, eu sempre joguei limpo, dizendo que não importa quão feia fossa a verdade, eu preferia ela do que a mentira, do que a traição, tudo que eu podia pensar era ele a tocando como me fez ontem, as imagens dos dois juntos preencheram minha mente e as lágrimas já não caiam mais, dando espaço para a raiva latente em meus olhos, as faíscas que pareciam emanar de meu corpo, eu tirei a sua camisa jogando longe.

         Eu não podia suportar aquele cheiro em mim, eu senti tanto nojo que embrulhou meu estomago vazio, o seu cheiro que até então vinha sendo maravilhoso se tornou tão agradável quanto fossa, e ele parecia estar entranhado em mim, uma mistura de perfume barato com o daquela vadia.

         Toda aquela porra de amor? Era ilusão, não existia! Quem ama? Quem ama não trai!

         Eu ouvi um barulho lá em baixo e me vesti rapidamente, peguei meu salto e meu casaco e também o violão, por que eu faria questão de quebrá-lo na sua frente, quebrar, chutar e socar, eu nunca havia sentido tamanha raiva, ela me cegava, e tudo que passava por minha cabeça era o tempo em que isso vinha acontecendo, os sorrisinhos dela quando via eu passar com ele, os dois provavelmente tiravam sarro de mim. Eu quis matar James, e toda aquela porra de botei os olhos em você e me apaixonei, eu vivi um ano de mentiras, um ano dessas merdas, e estava pronta para colocar um ponto final, um gran finale em tudo isso.

         Ele não me veria mais como a Bella a frágil depois disso, eu vinha esperando muito tempo para tomar essa decisão e de uma vez por todas chutar o balde, parar de engolir desaforos e chorar sozinha agarrada em um travesseiro, eu faria James sofrer, infernos eu faria! E ele ia ver com seus próprios olhos o que eu me tornaria, a minha inocência já se foi, o respeito que eu acreditava ter que manter era uma mera ilusão, como tudo nessa merda de vida.

         Eu não tinha minha mãe, eu não tinha mais a merda do meu namorado e muito menos um pai que se importa comigo, minha família era ilusória, meu sentimento de segurança não passava de uma ilusão, e agora eu iria viver, viver com as minhas regras.

         - Bells, você já acordou? – aquela voz nojenta resvalou pelo corredor – Estou fazendo panquecas de chocolate, aquelas que você gosta.

         Eu odiava a merda daquele tom que ele usava.

         Eu odiava a merda da minha vida.

         Abri a porta de seu quarto em um rompante, descendo as escadas com toda a minha raiva, todo o sentimento oculto em mim, ganhou espaço, deixando a Bella doce e inocente para trás.

         Eu não sabia no que eu tinha me tornado.

         Mas quem se importa?

         James parou na porta que dava para a cozinha me olhando atentamente.

         Eu não ia dar tempo dele responder.

         - Já vai amor?

         Eu encarei aqueles olhos azuis que pareciam estar repletos de carinho.

         Ele podia fingir bem, mas aquilo não me enganava mais, não mais.

         - Acabou James – eu cuspi aquelas malditas palavras – Eu odeio você! Eu tenho nojo de você!

         Ele parou seu movimento e me encarou, seus olhos gelados, como deviam ser.

         - O que? Por que? – ele gaguejou.

         Eu sorri em desgosto.

         - O que James? Quantas lingeries você rasgou com essa boquinha linda hun? – eu fui até ele encarando seus olhos, levantei a mão dando dois tapinhas de leve em seu rosto – Em? ficou sem palavras? Por que há, tem mais! Ela ta te esperando hoje a tarde garanhão, para um sexo sujo e animal, por que a virgenzinha aqui já perdeu o cabaço com toda a delicadeza, então agora você pode esporrar com vontade naquela vagabunda imunda! E não tenta me tocar, eu tenho nojo de você, como você pode me trair desse jeito? O que eu sempre te falei? VERDADE JAMES! Eu prefiro a verdade por mais feia que fosse!

         Eu estava dando de dedo em sua cara, socando com a outra mão seu peito, mas ainda não era o bastante, eu estava traída, eu estava ferida, eu queria que ele sofresse, que ele pagasse.

         As malditas lágrimas traidoras estavam lá despejando-se em baldes, eu sentia meu coração ser despedaçado, meu diafragma ser comprimido e o ar me deixar, a dor da desilusão era forte, e meu coração em pedaços se despedaçara-se de vez, sem concertos, sem remendas.

         - Da onde você tirou isso Bella? Eu amo você! Eu jamais faria isso com você.

         - PARA! – eu o empurrei – PARA de mentir, o teu showzinho já pode acabar agora! Eu to saindo James e eu não quero te ver NUNCA MAIS, eu ODEIO você! – ele me prendeu antes que eu pudesse sair – NÃO ME TOCA SEU IMUNDO! NÃO ME TOCA! EU TE ODEIO OUVIU BEM?

         - BELLA! Me ouve antes!

         - EU NÃO QUERO! – berrei – Como você pode fingir todo esse tempo James? Até no dia do nosso aniversario de namoro você esteve com ela! Como você pode me usar assim? Era a minha virgindade? Pois bem, eu fui uma idiota achando que você merecia isso, mas eu errei, eu perdi com o pior cara possível! Seu falso, imundo, hipócrita! Me solta, eu não quero te ver nunca mais! A Mary que estava certa, ela apenas te deu o que você merecia! – ele me soltou ao ouvir o nome de sua ex namorada.

         Eu peguei o violão que ele havia me dado de presente, meu sapato e meu casaco e fui até a porta da frente, ele ainda me olhava em choque e gaguejava palavras incompreensíveis.

         - Aqui o seu presentinho! – eu peguei o violão e o choquei com a parede diversas vezes até ele estar em pedaços.

         - Não Bella, por favor, você tem que me ouvir... – ele murmurava enquanto me via no auge do meu ataque de furia.

         - Você não significa mais nada pra mim James – eu joguei a carcaça do seu presente em seus pés – Até nunca mais!

         Eu sai dali correndo até meu carro, mal entrei e ele já estava na frente do carro tentando me impedir de sair, eu liguei o carro e acelerei só vi o borrão de James se jogando ao lado escapando da colisão do carro, acelerei sem rumo pelas ruas de San Francisco, eu podia ouvir as buzinas e os xingamentos, mas eu não conseguia pensar em mais nada, as lagrimas nublavam a minha visão enquanto eu via a parte boa de minha vida se desfazer em pedaços miúdos, vendo meus sonhos esmagados, um futuro que eu havia sonhado e todos os planos que nós fazíamos, eu podia lembrar das merdas das promessas que ele me fazia, dele me fazendo sentir feliz e amada.

         Alegrando meus dias nublados, e agora o meu alicerce havia desmoronado, agora eu não sabia mais o que fazer, eu não sabia em que me apoiar, a não ser aquelas palavras que minha mãe havia me deixado, e no pequeno colar que estava em meu pescoço, eu desejei com todas as minhas forças ter morrido no seu lugar, tudo poderia ser perfeito, Carlisle e ela poderiam estar juntos e ela poderia estar esperando um filho saudável, que ela poderia ninar e tratar com todo amor.

         Os soluços romperam minha garganta.

         Como eu poderia ser feliz? Como? Eu não tinha mais sonhos, eu não tinha mais nada.

         Tudo que me restava era Jackie e Esme, e eu não podia fazer elas sofrerem comigo, por mais que eu quisesse desabafar, eu não podia. Eu precisava de um conselho, de palavras amigas, de alguém que me abraçasse e falasse que tudo ficaria bem.

         Mas eu não tinha.

         Eu senti meu estomago embrulhar e decidi ir para casa antes que eu fizesse a besteira que a tempos eu queria fazer.

         Por que agora as palavras de minha mãe rondavam a minha cabeça, e eu não desistiria da vida que ela havia me dado.

         Se foi pra ser assim, é por que tinha um propósito.

         Eu podia superar James.

         Meu coração vacilou e eu senti meu estomago embrulhar ainda mais, a dor da desilusão era forte demais, um ano, um ano cheio de mentiras, eu queria poder apagar, eu queria ter a facilidade de ignorar mas eu não conseguia.

         Eu sentia como se todo o amor que eu havia dedicado a James fosse jogado no lixo, despedaçado, eu olhei para frente e mesmo sem saber como eu já estava na frente de minha casa, meu coração não parava de se contorcer e eu me sentia suja, eu queria tirar esse cheiro de mim, esse amor inútil, eu queria poder lavar minha alma de todas as dores que eu tive que enfrentar desde pequena.

         Vagamente eu senti Esme abrindo a porta do carro e me abraçando, eu vi Carlisle me levar no colo para meu quarto e sussurrar que tudo ficaria bem, eu fechei meus olhos esperando a inconsciência mais ela não chegava, tudo que eu sentia era dor, era dilacerante, eu arfava tentando recuperar o ar mais eu sentia como se ele apenas esvaíssem.

         Esme me guiou até a banheira e eu não conseguia parar de soluçar um minuto sequer, eu ouvi Carlisle me perguntando o que havia acontecido mais eu não conseguia responder, tudo o que saia de minha garganta era som estranhos e mais soluços.

         Senti Esme passando a bucha por meu corpo e deixando o meu sabonete liquido cair na banheira e eu agradeci mentalmente quando senti o maldito cheiro sair de mim, eu fechei meus olhos e deixei  as lagrimas caírem, eu coloquei tudo que eu podia para fora, chorei, arfei, solucei, e prometi pra mim mesma que essa seria a ultima vez, que eu faria isso.

         Eu seguiria os conselhos de minha mãe, eu estava disposta a dar um basta em tudo isso, eu precisava ser forte, eu precisava equilibrar meus sentimentos, não achar um apoio.

         Prometi a mim mesma que eu não precisaria mais disso, meu alicerce seria meu espelho, eu iria me garantir. Correr atrás dos meus sonhos, ser uma lutadora de verdade.

         Chega um tempo em que todos nós precisamos crescer tomar atitudes que condizem com a razão e não só o coração, a raiva e a dor ainda me corroíam como ácido, era como ter água injetada em suas veias, fazendo você sentir frio, desolação, medo, e dor, muita dor.

         Mas eu precisava superar, eu iria enfrentar meus demônios pessoais, nem que para isso eu precise sair desse lugar, eu precisava perder a pose de Bella a frágil.

         A verdade, ela sempre aparece, e o destino tem sido cruel comigo, porém sempre me mostrando o que eu precisava ver, a falsidade por trás de cada gesto, por trás de cada palavra.

         Era melhor assim, eu não suportaria viver em um mundo de mentiras, eu sempre as odiei, a verdade crua era dolorida, mas o sofrimento era opcional, e eu não iria mais sofrer, por Deus, eu não podia mais.

         Mesmo sabendo que essa não era a atitude mais esperta a se tomar, eu iria fechar meu coração, eu tive que prometer a mim mesma que não deixaria mais nenhum idiota brincar comigo, com os meus sentimentos.

         Eu podia usá-los e era isso que eu ia fazer, usar e jogar fora.

         Parecia justo pra mim.

         Olho por olho, e no final todos eram iguais.

         Olhei para o lado e vi que Esme havia saído, deslizei meu corpo na banheira ficando submersa por alguns segundos, eu deixei a água lavar os resquícios da dor em mim, eu deixei minha mente vagar, os pensamentos sumirem.

         Voltei a superfície quase sem ar, respirei fundo deixando o cheiro de morango e fresias tirar aquele aroma nojento de James, me levantei sentindo meu corpo doer, e a minha garganta arder.

         Passei lentamente a toalha por meu corpo tentando ao máximo não lembrar da noite passada e do quão idiota eu fui.

         Coloquei meu roupão e fui até o espelho.

         Eu estava terrivelmente pálida, meu nariz estava vermelho e até eu mesma podia ver a dor em meus olhos.

         Apoiei meus cotovelos na bancada e passei minhas mãos por meu cabelo, respirei fundo diversas vezes tentando ocultar o choro que queria romper por minha garganta.

         Eu pensei em recorrer a giletes ou tesouras como eu fazia no passado, mas nada disso iria resolver, a dor me corroia, era profunda em meu peito, eu podia sentir meu estomago se revirando, minhas tripas se apertando e uma sensação de sufoco se instalar por todo meu corpo, me fazendo tremer ininterruptamente, eu podia ouvir as batidas de meu coração, mas era como se ele estivesse sendo rompido, estraçalhado, engolido por uma agonia que tanto me era conhecida.

         Antigamente eu sentia isso, antes de eu encontrar James, e minhas outra amigas, eu me sentia sozinha, deixada para trás como uma parte esquecida por todos, e a dor emocional chegava aos extremos, e quando as lágrimas já haviam chegado ao fim eu não tinha outra saída, eu tinha que acabar com aquilo, remédios depressivos só serviam para me deixar letárgica, então eu procurava a dor física, o alivio da dor que eu sentia tanto em minha alma.

         No começo parecia idiota para mim, mas fora criando proporções maiores, e logo ferir a mim mesma era um vicio, até Esme perceber o que eu estava fazendo e as marcas em minha pele, então ela foi até Carlisle e os dois fizeram eu me consultar, me tratar, e nessa época eu conheci James, ele nunca soubera, mas ele fora o principal motivo para eu ter largado tudo isso.

         Respirei profundamente e coloquei uma mão sobre meu peito, tentando inutilmente conter seus batimentos, conter a minha dor.

         Eu não iria mais fazer isso, eu prometi a mim mesma, e não quebraria isso, não por causa daquele idiota!

         Novamente eu tomei fôlego e fui em direção a porta, congelei a mão na maçaneta quando ouvi a voz de Carlisle.

         - Esme, você virá com a gente... Eu jamais deixaria a Bella longe de você e lá terei mais tempo para ficar em casa, para cuidar de Isabella, eu queria apenas que ele me desse uma chance de me redimir por todos esses anos, Renee sempre falava que antes tarde do que nunca. – ouvi ele respirar fundo – Mudar será a melhor solução, aposto que foi aquele canalha do James que fez isso com Bella, eu nunca fui com a cara daquele rapaz, apenas não proibi por que sabia que ela me odiaria ainda mais. E não adiantaria de nada, já que ela tem o mesmo gênio da mãe.

         - Mas você tem certeza que é isso que quer Carlisle? Mudar para Londres? Tem certeza que Bella se adaptará lá?

         - Pelo sim e pelo não, teremos que tentar Esme... Eu pretendia contar para ela um pouco mais tarde, mas com toda essa situação acho que um adiantamento da mudança veio a calhar.

         Mudança? Eles estavam loucos?

         Eu não queria deixar São Francisco, a terra de minha mãe, a minha terra natal, abandonar o sol, a praia.

         Mas por um lado vai ser bom, aceite, dê uma chance para seu pai, tente uma vida nova. Arrisque-se. A voz irritante ecoava por minha cabeça.

         Arrisque-se.

         Vida nova.

         Eu precisava fazer isso.

         Eu não queria, mas eu tinha que fazer, seria melhor assim.

         A Bella antiga daria lugar para a nova agora.

         A garota cheia de sonhos infantis havia amadurecido, seus sonhos destruídos e substituídos.

         Apenas um restou e aquele nunca tirariam, nunca quebrariam. Eu correria atrás de meus sonhos, eu lutaria por eles.

         A dor é inevitável, o sofrimento opcional.

         Eu não escolheria mais a segunda opção.

         Agora, eu começaria uma vida nova.