Do you remember us? escrita por Agatha DS


Capítulo 91
Capítulo 91 - To my beautiful family.




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 Duas semanas se passaram, Damon ainda está naquela agitação por causa do bebê, fica todas as noites falando com a minha barriga, e eu já cansei de lhe dizer o quanto isso é ridículo, então agora eu simplesmente durmo.

 Eu ainda não havia contado a minha mãe sobre a gravidez, não sei como ela irá reagir. Caroline teve um surto de gritos e pulinhos de alegria, Lilly também ficou feliz e disse que ela já sentia que isso iria acontecer.

 Tirei o dia de folga para ir á primeira consulta, claro que não vai ter muito o que fazer, será apenas para começarmos os exames e as vitaminas. Damon foi o caminho todo falando que já teríamos que começar a pensar em nomes, e comprar as coisas para o quarto do bebê, e confesso que ele está me deixando louca.

— Damon, eu já disse, só vou começar a comprar as coisas para o quarto quando soubermos o sexo, até lá não vou fazer nada.

 Ele revirou os olhos e se concentrou na avenida a sua frente, eu fui apenas apreciando a manhã quente que fazia lá fora.

 Ficamos cerca de vinte minutos esperando a Dra. Stevens me chamar.

— Elena Gilbert – ela sorriu ficando em pé – quanto tempo.

— Elena Salvatore na verdade – sorri pegando sua mão estendida – sim, faz algum tempo.

 A Dra. Stevens sempre foi minha ginecologista, desde os meus quinze anos, e eu dei sorte dela aceitar ser a minha obstetra.

— Então, você trouxe os exames que te pedi? – ela sorriu e eu entreguei o envelope para ela – Sim, ainda não podemos fazer a ultrassom, mas pelo que consta aqui no exame você está grávida de seis semanas.

 Eu a ouvi detalhar passo a passo tudo que iria acontecer ao longo dos meses, o que estaria se formando no bebê a cada mês, e ela me deu o nome de alguns livros para ler e entender, disse que seria muito bom para mim, pois será o meu primeiro filho. Damon prestou uma atenção absoluta a tudo que ela dizia e explicava, as vezes mais do que eu até.

— Elena, eu vou precisar que você venha fazer exames regularmente, eu chequei a papelada do seu acidente, como você me pediu para fazer, e honestamente como médica, a sua gravidez é quase um milagre, o seu acidente foi muito grave, e o seu aborto espontâneo causou alguns problemas no seu útero.

— Mas esse bebê, vai ficar tudo bem né? – perguntou Damon.

— Se ela seguir a risca as minhas indicações sim, vai ficar tudo bem, por enquanto não tem o que se preocupar, mas eu quero acompanhar sempre que possível, para garantir que não haverá riscos, então você pode vir daqui a três semanas? – eu assenti, ela sorriu e anotou em uma agenda.

 Ela me entregou uma lista com as vitaminas que eu tomaria, os remédios que poderia tomar para enjoo e dores, e uma lista de coisas que era melhor eu evitar comer. Estavamos no carro, Damon me olhava pelo canto do olho.

— Você está desanimada – ele disse me olhando por um longo segundo.

— Não estou desanimada, só acho que você está animado por nós dois, sei que você sempre quis um bebê, e quase teve, mas depois do acidente eu estou.... – era a primeira vez que eu admitia isso, até para mim mesma – eu estou com medo Damon, você ouviu o que a Dra. Stevens disse, minha gravidez é quase um milagre, e eu tenho medo que os estragos causados pelo acidente, causem algum problema para esse bebê – passei a mão sobre minha barriga.

— Não vai pequena, você vai ser acompanhada com frequência, e vai tomar todos os cuidados, eu vou te ajudar, por enquanto você precisa esquecer isso, o nosso bebê vai crescer saudável ai dentro – ele sorriu e acariciou minha barriga.

— Você tem razão, não posso me preocupar com isso agora.

Ficamos um longo tempo em silêncio, e então meu celular tocou, era o Jeremy:

— Elena, como você está? – sua voz estava falha.

— Estou bem, aconteceu algo? – fiquei preocupada com seu tom de voz.

— Na verdade sim, tem como você vir até aqui?

— Claro, estou a caminho já.

 Damon assentiu e foi em direção a casa dos meus pais... Ou melhor, da minha mãe.

 Toquei a campainha e alguns segundos depois a porta se abriu, Jeremy estava pálido e aparentemente nervoso.

— Aconteceu algo? – perguntei entrando pela porta, ele fechou e me encarou por um longo segundo.

— Nós achamos alguns documentos do papai, e no meio deles havia um testamento.

— Testamento? Ele não disse nada sobre isso.

— Pois é, ele não disse nada até ao advogado, só descobrimos por que eu e a mãe fomos arrumar seu escritório, e achamos a pasta escrito testamento, a mãe voltou para o quarto, e eu liguei para você e para o advogado, que está lendo toda a papelada que estava na mesa dele. Elena havia um envelope com o seu nome, um com o meu e um com o nome da nossa mãe, e ela não quer sair do quarto.

— Eu vou lá falar com ela – olhei para Damon e ele assentiu.

 Damon e Jeremy foram para o escritório e eu fui até o quarto da minha mãe, ela estava deitada na cama, abraçada á um travesseiro com uma camisa do meu pai, aquilo partiu meu coração em milhões de pedaços.

— Mãe? – abri a porta lentamente, ela apenas olhou para mim, com os olhos cheios de lagrimas, eu caminhei até ela e me deitei ao seu lado, também abraçado ao travesseiro – eu também sinto falta dele – respirei fundo sua camisa, com o cheiro de seu perfume favorito – Mãe você não pode ficar assim, já faz mais de dois meses, você precisa voltar a viver, é o que ele iria querer.

— Eu tenho você, tenho o Jeremy, mas eu – ela deu uma pausa – eu não sinto vontade de viver Elena, não quero sair da cama, só quero ficar aqui, onde tenho todas as nossas memórias.

— Mãe para com isso – acariciei seu braço – você precisa superar, precisa aceitar.

— Elena, eu não tenho motivos para querer viver. – ela parecia uma adolescente chorando porque o namorado a deixou, mas isso era muito pior.

— Eu estou grávida – seus olhos fixaram nos meus – acho que isso é um motivo para você querer viver, não por mim, nem pelo Jer, mas pelo seu neto ou neta, você acha que isso é motivo suficiente para você? – minha voz saiu embargada, eu estava em lagrimas, e ela também, mas sorria e se levantou me puxando para um abraço.

— Eu vou ser avó – ela disse contra meu ombro.

— Sim, você vai – ela me apertou ainda mais.

   Depois de longos minutos e muitas lagrimas, nós descemos e fomos até o escritório do meu pai, o advogado estava sentado atrás da mesa, Damon e Jeremy nas cadeiras a sua frente, me sentei no sofá com minha mãe. Fazia tanto tempo que eu não entrava aqui.

— Aqui está  - o advogado me entregou um envelope com meu nome, e um para minha mãe. – eu já li o testamento oficial que aquele cretino não me disse que havia feito – eu ri, Dr. Avery e meu pai eram amigos a tantos anos, ele provavelmente conhecia meu pai melhor do que eu – mas ele especificou que primeiro vocês deveriam ler as cartas.

— Eu não consigo fazer isso – disse minha mãe – não posso fazer isso agora.

— Eu posso ler para você se quiser – disse acariciando suas costas, ela assentiu.

 Abri o envelope, lá havia uma carta escrita á mão, em sua caligrafia quase perfeita, respirei fundo e comecei a ler em voz alta, enquanto segurava a mão da minha mãe.

— Minha Miranda, eu não sei nem por onde começar, não sei se começo pedindo desculpas, dizendo o quanto te amo, ou sobre os nossos mais de trinta anos casados, não sou bom em expressar meus sentimentos, nunca fui, mas preciso disso agora. – enxuguei as lagrimas que começavam a cair – Miranda, todos os dias eu me perguntava como você ainda conseguia ficar ao meu lado, me amando e cuidando de mim, todos os dias, mesmo quando eu gritava com você, eu fui um imbecil, e sinto muito ter demorado tanto tempo para perceber isso, me desculpa por eu ter sido um cretino, por não ter sido o marido que você merecia, o pai que você queria para o seus filhos. Me lembro como se fosse ontem o dia em que nos conhecemos, na biblioteca da faculdade, você conversando animada com suas amigas, e demorou tanto para eu criar coragem e te chamar para sair, e honestamente a melhor coisa que fiz na minha vida foi chamar você para sair. Nos casamos no segundo ano da faculdade, você fazendo medicina, enquanto eu fazia politica econômica, da pra acreditar? Sempre fomos o oposto um do outro, você sempre foi positiva, animada, risonha, gentil, e eu quase sempre fui arrogante, grosso, e rabugento, e você me aguentou todos esses anos, mesmo eu sendo assim, por isso eu sei que você me ama, e acredite minha querida, eu te amo assim também, apenas nunca soube como demonstrar. Você me deu dois lindos filhos, você me deu uma família, uma motivação para levantar da cama todos os dias e trabalhar. No começo eu trabalhava o máximo que podia, pois queria dar a vida que você e nossos filhos mereciam, mas com o passar dos anos virou um vicio, mas para mim era para o bem de vocês. Se você está lendo isso é porque eu já morri, e vocês vieram fuçar nas minhas coisas, fico grato por isso, queria ter coragem de te dizer tudo isso pessoalmente, mas nós dois sabemos que eu não conseguiria, mas meu amor, nunca nem por um segundo duvide do quanto eu te amei, e agora que não estou mais ai para te encher o saco, você pode seguir sua vida, voltar a trabalhar, voltar a faculdade, e ate mesmo voltar a namorar, você merece e precisa de alguém que cuide de você, que ame você, que esteja ao seu lado, te apoiando em todas as suas decisões, considere a minha morte como uma nova fase da sua vida, você ainda é jovem e cheia de vida, aproveite isso minha querida, saiba que sempre estarei por perto cuidado de vocês, eu te amo minha Miranda, você sempre será a minha garota risonha. Do seu rabugento Greyson.

 Eu não conseguia parar de chorar, minha mãe estava em soluços ao meu lado, e Jeremy também chorava, a carta foi linda, nunca imaginei que meu pai pudesse algum dia se declarar assim, eu a abracei com força, e ela sorria entre as lagrimas.

 Após nos acalmarmos, Jeremy leu a carta dele enquanto eu lia a minha, apenas para mim.

 Minha Elena, você não imagina o que estou sentindo ao ter que escrever isso para você, se está lendo isso é porque eu me fui, eu deixei vocês, mas eu espero que você esteja bem, espero que esteja feliz, não sou bom com cartas, não sou bom em expressar meus sentimentos, mas lá vai filha:

 Quando você nasceu eu tinha apenas vinte dólares na minha carteira, consegui comprar um urso de pelúcia para você. Quando eu te segurei nos meus braços pela primeira vez, uma alegria que eu não conhecia tomou conta de mim, era como renascer, você era parte de mim, era a minha bebezinha, minha tão esperada menininha, e eu sabia que dali em diante você dependeria totalmente de mim, e então me obriguei a trabalhar todos os dias, em dois trabalhos, para poder manter você e a sua mãe. Eu me concentrei muito em trabalhar, e esse foi o meu maior erro, não era apenas disso que você precisava, não era apenas coisas materiais, você precisava de mim, e eu quase nunca estava lá para você, e hoje só Deus sabe o quanto me arrependo por isso filha. Eu fui um pai horrível, ausente, que só pensava no trabalho, e perdi muitas coisas, perdi seus primeiros passos, perdi muitos aniversários, e eu tentava compensar tudo isso com presentes, achando que faria alguma diferença para você, e infelizmente você se tornou uma menina mimada e fútil, e eu sempre soube que grande parte da culpa foi minha. Conforme você foi crescendo e virando adulta, você queria minha atenção, e fazia tudo que eu queria, entrou para a faculdade que eu queria, fez o curso que eu queria que você fizesse, e eu sei que no fundo você ficou noiva do Matt apenas para me agradar, e infelizmente eu só percebo isso hoje, o quanto você queria minha atenção, e o quanto eu fui idiota de não ter visto isso naquela época. No fundo eu gostava que você fizesse essas coisas, gostava que você estivesse se tornando a filha perfeita, mas você estava muito longe disso filha. Quando você largou o Matt, e a faculdade, e começou a se ‘’rebelar’’ eu fiquei tão bravo, queria que você seguisse os meus passos, e você me deu as costas, e foi seguir o seu próprio caminho, e eu fui cego para ver que você fez as escolhas certas. Você parou de querer me agradar, e começou a agir por si mesma, tomando as suas decisões, e eu fui um completo idiota por não me orgulhar de você, mas hoje filha, hoje eu tenho o maior orgulho possível de você, você se tornou uma mulher maravilhosa, muito melhor do que eu imaginava que seria, você é gentil, é amorosa, carinhosa, dedicada, responsável, você é a filha que todo pai quer ter, e hoje te agradeço por ter se rebelado, por ter seguido seu próprio caminho, pois ele foi o que te fez ser assim. Minha filha hoje posso dizer que você é a filha perfeita, e eu só consigo ter raiva de mim mesmo por não ter visto isso antes, por ter te atacado tanto, por não ter apoiado seu relacionamento com Damon, por ter sido sempre tão critico, você não merecia nada disso, bem pelo contrário. Enfim Elena, eu só quero que você saiba que eu me orgulho de você, me orgulho muito filha, você tem um futuro brilhante te esperando, agora está casada com a pessoa que você ama, e eu sei que ama você também, você tem a sua vida, e em breve começará a sua família, terá os seus filhos, e eu queria muito estar ai com você para poder te apoiar e ser o pai que você sempre mereceu e eu nunca fui. Elena nem por um segundo duvide do meu amor por você, e continue sempre sendo assim, realize os seus sonhos, e quando houver algum problema, apenas lembre-se que eu estarei ao seu lado, te guiando, como deveria ter feito sempre, continue seguindo o seu caminho, e eu te desejo toda a felicidade que existe nesse mundo filha, cuide da sua mãe e do seu irmão por mim ok? E eu sempre estarei cuidando e protegendo vocês, eu te amo minha bebê, minha garotinha, minha grande mulher, minha filha. Beijos do seu pai.

 Ao final da carta eu não sabia mais como respirar, Damon estava ao meu lado segurando minha mão, eu estava soluçando sem parar, meu coração acelerado, e o ar pesado, mas eu não estava triste, pois eu sei que ele me amava, e que agora ele sempre estará ao meu lado.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? vou aguardar os comentários ok?



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