No dia seguinte Lilly e Kate foram embora logo cedo, Lilly ainda evitava contato visual comigo, e Kate nem se despediu, e finalmente nós tínhamos nossa casa só para nós novamente.

— Quer comemorar como? Sexo na sala ou na cozinha? – Damon apareceu me abraçando por trás, eu ri.

                                                                            *

 Vinte e dois de junho, meu aniversario, e eu não queria nem sair da cama, as vezes eu penso em meu pai, me esquecendo que ele se foi, e quando me lembro me vem a vontade de chorar.

 Acordei com Damon me enchendo de beijos, o que me deu menos vontade de sair da cama.

— Bom dia aniversariante – ele sorriu.

— Não – choraminguei fazendo beicinho – não quero fazer aniversario.

— Como não? – ele riu – você sempre gostou de fazer aniversário.

— Não gosto mais, estou fazendo vinte e seis anos Damon, e esse ano meu pai não vai estar aqui.

— Desde que estamos juntos seu pai nunca passou seu aniversário com você – ele estava meio certo, meu pai não passou quase nenhum aniversario comigo a vida toda.

— Mas é diferente, dessa vez eu não posso nem ficar brava.

— Você quer que eu cancele o jantar?

— Não, está tudo bem – ele deitou sua cabeça em meu peito e eu fiquei acariciando seus cabelos – Eu não quero sair daqui.

— Não saia – ele disse me envolvendo em seus braços.

— Eu preciso, algumas pessoas trabalham.

— Engraçadinha, eu trabalho, e muito.

— Eu sei – ri – mas eu preciso mesmo me levantar, já estou atrasada.

— Liga lá e fala que está gripada, não é bom uma enfermeira gripada não é?

— Damon não posso fazer isso – ele saiu de cima de mim e fez beicinho, subi em cima dele, com uma perna de cada lado e o beijei – Atrasada – me levantei apressada e fui até o banheiro.

 Tomei um banho rápido, vesti uma calça jeans e uma blusa de manga comprida cinza, com uma bota, prendi meu cabelo e passei apenas o corretivo nas olheiras.

— Até mais tarde – disse dando um beijo nele.

— Pode ir com o carro.

— Damon é quinze minutos daqui.

— Vai de carro – ele quase rosnou.

— Ok, mandão.

 Ele me lançou um sorriso satisfeito e eu revirei os olhos para ele.

 Entrei no carro e sai apressada de casa, e em cinco minutos cheguei no hospital, estacionei em uma vaga qualquer e entrei apressada, já estava dez minutos atrasada. Vesti meu uniforme e fui até a recepção pegando os prontuários.

— Atrasada? – perguntou Julie, uma das poucas pessoas que eu conversava ali.

— Um pouco – ri e ela também.

 Comecei a minha ronda, fui verificar cada paciente do andar, verificando as anotações e dando os remédio necessários.

— Elena – Dra. Hann apareceu como um fantasma atrás de mim.

— Sim.

— Eu tenho uma paciente especial para você, quero que você cuide muito bem ok?

— Tudo bem – disse meio desconfiada, ela me odeia, provavelmente a paciente vai ser difícil.

 Ela disse para que eu a seguisse, e assim eu fiz, nós fomos até o andar da maternidade, eu não costumava vir muito aqui, fui a seguindo e ela entrou na UTI neonatal.

 - Essa aqui – ela disse apontando para uma incubadora – nós estamos chamando ela de Hope – ela disse colocando o indicador pelo buraco na maquina – ela nasceu prematura, e teve que fazer uma cirurgia cardíaca logo após o nascimento, e a mãe a deixou aqui, logo após o parto.

 Ela saiu da frente para que eu a visse, ela era tão pequena, e meu coração pareceu diminuir ao vê-la ali, toda entubada.

— E o que eu tenho que fazer? – não tirei meus olhos dela.

— Você vai ter que cuidar dela, todos os dias, ela será a sua responsabilidade.

— Minha? – perguntei nervosa – eu sou apenas a enfermeira.

— Exatamente, e você quer ser doutora um dia não é? E pelo que vi na sua ficha, você quer ser pediatra.

— Sim, eu quero, mas não sei se estou pronta... – ela levantou o indicador e eu me calei.

— Srta. Gilbert.

— Sra. Salvatore – a corrigi.

— Certo, Sra. Salvatore, eu não a deixaria sob seus cuidados se não achasse que é capaz. Mas a questão é, você se sente capaz? – ela ficou me encarando, olhei a pequena bebê ali, respirando com dificuldade.

— Sim – disse e respirei.

— Então ela é sua paciente agora, está sob seus cuidados.

— Obrigada pela confiança Dra.

— Não me decepcione – ela piscou e saiu dali.

 Fiquei longos minutos ali a observando, como pode ter tão pouco tempo de vida e já ter passado por tantas coisas? Que tipo de pessoa abandona a própria filha assim? Coloquei a minha mão pelo buraco da incubadora e levei meu dedo indicador até a sua mão minúscula.

— Eu vou cuidar muito bem de você Hope – sorri.

                                                                                     *

 Entre um paciente e outro eu voltava até a UTI para ver como ela estava. Já estava na minha hora de ir embora, troquei de roupa e passei lá para vê-la antes de ir embora, vesti a capa necessária e as luvas e entrei ali.

— Eu estou indo Hope, nos vemos amanhã ok? Fiquei bem. – acariciei sua barriga com o indicador.

 Estava saindo quando a responsável pela UTI neonatal entrou.

— Aqui – entreguei meu numero do celular – qualquer coisa que acontecer com ela você me liga. – ela apenas assentiu.

 Sai dali, e fui até o carro, entrei e fui dirigindo até em casa.

— Finalmente você chegou – disse Damon desligando o celular – por que demorou tanto?

— É uma paciente, eu fui ver ela antes de sair e acabei ficando um pouco demais.

— Ok, o jantar já está quase pronto, daqui a pouco todos vão chegar – ele caminhou até mim e me beijou.

— Vou tomar um banho – ele assentiu e me soltou.

 Tomei um banho relaxante, e depois fui até o closet, passando minhas roupas pela arara, escolhi um vestido preto de alcinhas que eu nunca havia usado, o vesti e calcei um peep toe também preto, passei uma maquiagem leve e deixei meu cabelo como estava, quando desci Caroline e Klaus já estavam ali.

— Feliz aniversário – ela gritou me abraçando forte.

— Obrigada Car – sorri a abraçando de volta.

— Feliz aniversário Elena – disse Klaus com um sorriso e piscou.

— Obrigada.

  Enquanto Caroline tomou o lugar de Damon nos preparativos do jantar, ele foi tomar um banho e se arrumar, fiquei ali sentada na banqueta bebendo uma taça de vinho e conversando com eles, a maior parte sobre nossa lua de mel.

 Cerca de trinta minutos depois Enzo chegou, depois Dani e Richard, e então minha mãe e Jeremy, ela estava com uma cara derrotada, doía em mim ver minha mãe assim.

— Oi mãe – a abracei com força e ela retribuiu desanimada.

— Oi meu amor, feliz aniversário – ela forçou um sorriso.

— Obrigada, como você estáw.

— Como é de se esperar – ela me deu um sorriso triste e saiu dali, me deixando com Jer.

— Feliz aniversário Lena – ele me abraçou.

— Obrigada Jer. Como ela está?

— Ela mal sai da cama, quase nunca come, até a Sra. Vera já deu bronca nela, nada adianta Lena. Algumas noites eu a ouço chorar, quando vou ver ela está dormindo e chorando, eu não sei mais o que fazer.

— Você não pode fazer nada, nenhum de nós pode, nós perdemos um pai, ela perdeu o amor da vida dela, eles estavam juntos a trinta anos, não é algo fácil de superar, mas ela vai, ela é forte.

— Espero que tenha razão.

 Após Damon voltar nós jantamos todos juntos, conversando sobre nossas vidas, e aniversários, e como o tempo está passando rápido.

 Terminamos o jantar e ficamos na sala conversando, Dani se sentou ao meu lado e nós conversamos sobre minha lua de mel, ela me contou sobre como estava gostando do trabalho, e que estava o tempo todo enjoada, mas estava feliz com Richard e com a gravidez também.

 Passava das dez horas quando todos foram embora, Damon não me deixou ajudar com a arrumação, apenas fiquei na sala assistindo televisão. Quando ele terminou caminhou até mim com um sorriso de orelha a orelha, me pegou no colo.

— Que tal um banho? – ele mordeu o lábio inferior e eu sorri.

— Seria ótimo.

 Damon me levou até o quarto, tirou minha roupa e eu tirei a dele, caminhamos até o banheiro, quando entrei vi velas por ele todo, e um cheiro doce no ar, Damon abriu a torneira e enquanto a banheira ia enchendo pétalas de rosas vinham até a superfície no meio da espuma.

— Feliz aniversário pequena – ele beijou meu pescoço.