Do you remember us? escrita por Agatha DS


Capítulo 86
Capítulo 86 - Always in my heart.




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 A dor em meu peito era insuportável, pensar no meu pai era insuportável, eu só queria que isso parasse, agora mesmo.

 Damon não me soltou nem por um minuto, eu não queria sair de seus braços. Após minha mãe assinar alguns papéis nós fomos todos para o carro dela, ela estava com um olhar vazio, não chorava, não fazia nada, ficou apenas parada encarando o nada, o tempo todo.

— Sra. Gilbert, tem certeza que não quer ficar lá em casa? – Damon perguntou.

— Eu só quero a minha casa. – ela disse olhando pela janela.

 Damon dirigiu até a casa dos meus pais, Jeremy entrou com a minha mãe e eu fiquei no carro, Damon me encarava.

— Eu tenho que ficar – disse – preciso ficar com a minha mãe, e o meu irmão.

— Tudo bem pequena, quer que eu fique também?

— Não, é melhor você ir para casa, ficar com a sua mãe, colocar nossas coisas de volta nos devidos lugares.

— Tudo bem, mas se precisar de algo, promete que me liga?

— Prometo – dei um selinho nele e desci do carro, caminhei até a casa, Jeremy me olhou com os olhos cheios de lagrimas.

 Eu apenas o abracei, com toda a força que pude, ele fez o mesmo, minha cabeça em seu ombro.

— Ele estava sendo um pai melhor – disse.

— Ele estava – ele me apertou ainda mais.

 Nós ficamos na sala de estar, os três, encarando a poltrona em que ele ficava na maior parte do tempo em casa.

— Eu preciso avisar os irmãos dele, nossos amigos, preciso organizar o velório – disse minha mãe se levantando.

— Mãe, você não p... – antes que eu completasse a frase ela gritou.

— Eu preciso – e então se afastou dizendo eu preciso de novo.

 A dor no meu peito havia se suavizado um pouco, mas ainda estava lá, para me lembrar que dessa vez ele não iria chegar, ele não iria se sentar ali, pegar um copo com whisky e ficar lendo um jornal.

 Já era madrugada, fui até o meu quarto, tomei um banho quente, me enrolei na toalha e me deitei na cama, encarando o teto.

                             DAMON.

 Eu estava me sentindo muito mal, pela Elena, pela mãe dela, e até por Jeremy, a voz de Greyson ficava ecoando na minha cabeça ‘’ cuide da minha familia’’, eu vou fazer isso. Dirigi até em casa, quando subi as escadas da garagem Lord veio todo animado, eu brinquei com ele por alguns minutos, mas não estava muito bem, e não queria passar isso para ele. Nosso sofá estava do outro lado de onde normalmente ficava, a mesa de jantar estava na cozinha, e eu suspirei, ouvi passos na escada.

— Damon? – minha mãe perguntou, então desceu e me abraçou forte – filho, achei que só iria voltar no fim de semana.

— O pai da Elena faleceu – ela me encarou com os olhos arregalados.

— Ah filho, eu sinto muito, onde ela está?

— Com a mãe e o irmão. Ele me pediu para cuidar deles. – disse.

— Quem pediu?

— Greyson, me pediu para cuidar da família dele, ele me odiava, passou três anos infernizando a vida da Elena por minha causa, e no final das costas me pediu para cuidar da família dele – me joguei no sofá.

— Você tem que cuidar.

— Eu vou – suspirei.

 Subi até meu quarto, tirei a camisa e a joguei em cima da cama.

— Damon? – me virei e vi Kate parada na porta do quarto, ela estava com uma camisola preta curta – está tudo bem?

— O pai da Elena faleceu.

— Sinto muito – ela entrou no quarto e caminhou até mim, me abraçou, fiquei parado – deve ser difícil voltar de lua de mel com isso tudo – ela sorriu para mim e passou a mão no meu rosto.

— Que porra você ta fazendo? 

— Só estou tentando ser gentil.

— Kate eu não quero a sua gentileza, você só está aqui porque a minha mãe pediu, então não força a barra ok? – vesti minha camiseta, peguei uma roupa para mim e uma para a Elena e sai do quarto, a deixando lá.

                       ELENA.

Eu havia caído no sono ali em minha cama, apenas com a toalha em meu corpo, acordei com alguém mexendo em mim, era Damon.

— O que você está fazendo aqui? – perguntei.

— Quero estar com você, e eu prometi para o seu pai que vou cuidar de vocês – ele sorriu.

 Damon colocou meu pijama em mim, e me deitou na cama, se deitando ao meu lado.

— Estou aqui com você – ele me puxou para um abraço.

— Eu sei – me aconcheguei em seu peito. – como foi?

— Como foi o que? – ele passava os dedos em meus cabelos.

— Quando o seu pai morreu. - meus olhos estavam cheios de lagrimas novamente.

— Eu tinha dezoito anos, ele morreu em um acidente, eu não pude me despedir, não pude dizer o quanto sentiria falta dele, não pude fazer nada. - sua voz saiu quase um sussurro.

— Eu não falei ao meu pai tudo o que eu queria – funguei o nariz.

— O que você queria dizer? – ele me afastou e ficou olhando para mim.

— Ele foi um pai horrível – as lagrimas voltavam a inundar meus olhos – ele nunca teve tempo para mim, ele nunca esteve presente quando precisei, ele me dava tudo que eu queria, achando que estava compensando sua ausência, ele não apoiou nenhuma decisão minha, e então veio essa doença – eu estava chorando de soluçar – e então tudo mudou, ele mudou, ele estava presente, ele ficou ao meu lado, ele me levou até o altar, ele não reclamou de nada, foi preciso uma doença, para ele ser um pai de verdade – disse quase gritando – isso não é justo, ele estava sendo um bom pai, isso não é justo – disse entre o choro, Damon me puxou para seu peito.

— Não, não é justo – ele ficou acariciando minha cabeça até eu pegar no sono.

 Acordei com a cabeça doendo, Damon estava deitado atrás de mim, com o braço em minha barriga, quando tentei tira-lo ele acordou.

— Bom dia – ele disse.

— Oi – forcei um sorriso.

— Essa é provavelmente a primeira vez que dormi no seu quarto sem estar escondido – ele riu.

— Provavelmente é – ri também.

— Como você está?

— Com vontade de voltar a dormir, e só acordar quando tudo isso já tiver passado.

— Elena. – mais uma sequencia de choro, soluços, falta de ar, e dor no peito.

 Me levantei e fui até o quarto dos meus pais, a cama estava arrumada, desci as escadas, minha mãe estava no telefone, andando de um lado para o outro na sala de estar, fiquei esperando ela desligar.

— Como você está? – perguntei.

— Acredita que eles ainda não podem liberar o corpo do seu pai? – ela deu uma risada – vou ter que ligar e remarcar com todo mundo.

— Deixa que eu te ajudo – peguei o telefone.

— Não, eu faço sozinha – ela disse pegando o telefone da minha mão e saindo dali.

 Eu nunca vi a minha mãe desse jeito, ela está evitando a dor. Eu a segui até a cozinha, enquanto a Sra. Vera preparava algo.

— Mãe, você precisa falar comigo.

— Não posso falar agora Elena, estou ocupada.

— Você pode e você vai – tirei o telefone da mão dela e o coloquei longe de suas mãos – você não vai ligar para mais ninguém, não vai fingir que nada aconteceu, o seu marido morreu – minha voz ficou fraca – ele se foi mãe, e você precisa parar de fugir disso.

— Dói – ela disse – isso dói Elena, dói – ela passava as unhas no peito sobre a blusa, ela estava gritando – essa dor no meu peito, está me matando,  se coloque no meu lugar, imagina se fosse o Damon, você não iria lidar com isso – ela gritava, nunca havia visto minha mãe assim, ela estava totalmente descontrolada – parece que estou levando facadas, uma acima da outra, bem no meu coração, eu não posso ficar sem ele, não posso – ela chorava, eu a abracei, com força.

— Nós vamos ficar bem – disse contra seus cabelos, seu rosto estava apoiado em meu ombro, e ela chorava como uma criança.

 Ela teve que tomar um calmante e acabou dormindo no sofá, enquanto Jeremy e eu resolvíamos as coisas sobre o velório.

 Passava das duas da tarde, o enterro seria em uma hora, tomei um banho, vesti o vestido preto que Damon havia trazido, com a sandália que ele me deu, deixei meu cabelo solto. Quando desci haviam varias pessoas ali, meus tios, tias e primos, todos conversando entre si, ou com minha mãe e Jeremy, Damon estava do outro lado, bebendo um whisky.

Seguimos todos para o cemitério, minha mãe parecia um corpo sem alma, Jeremy teve que ajuda-la a andar.

O padre falava sem parar, sobre como a morte é libertadora, que na terra ele estava sofrendo, e todas as coisas do tipo, minha mãe se recusava a prestar a homenagem, fui ali, a frente de seu caixão, que estava fechado, pois minha mãe não suportaria ver ele ali.

— O meu pai não foi o melhor do mundo, não foi o mais atencioso, não foi perfeito, mas eu o amava, eu o amava muito, mesmo após inúmeras brigas, discussões, ameaças, eu sempre o amei. Meu pai dedicou grande parte da sua vida ao trabalho – haviam inúmeros políticos ali, todos os amigos e colegas de meu pai – Alguns de vocês provavelmente passaram mais tempo com ele do que eu. Nos últimos meses ele havia mudado, estava presente, estava atencioso, estava gentil, e precisou de uma doença para que isso acontecesse, mas mesmo depois de tudo, eu o amo com a minha vida, e vou sentir falta dele, vou sentir falta dele no dia dos pais, nos natais, quando eu tiver os meus filhos, - lagrimas escorriam de meus olhos – Meu pai provavelmente está xingando a maioria de nós por estarmos chorando – algumas pessoas riram – mas ele com certeza, vai ficar guardado, em nossos corações, para sempre.

 Me sentei ao lado de Damon, que me abraçou com um sorriso acolhedor.

 Voltamos para casa, minha mãe havia encomendando quase toda a comida, e se recusou a ficar ali, tive que falar com cada um, ouvi inúmeros eu sinto muito, ou seu pai era um bom homem, ou ele vai fazer muita falta, mas sei que a maioria era da boca para fora.

 Quanto todos foram embora, Jeremy e eu arrumamos tudo, e ele disse que tomaria conta da nossa mãe, e então voltei para minha casa.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? vou aguardar os comentários ok? bjbj



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