Um mês se passou, e com ele ficou toda a dor que eu sentia em meu peito. Pensar, ou falar em Damon, já não me causava aquela falta de ar, era algo que eu considerava superado. Nick tem sido ótimo, e nós dois estamos nos dando muito bem, nossa amizade colorida está realmente funcionando, nós saímos juntos quase todos os finais de semana, e algumas vezes com Lexa também, nós também estamos muito próximas. Combinei um jantar com Caroline hoje a noite, eu iria até a casa dela, ela disse que tinha algo muito importante para me dizer. Novembro, faltando exatamente um mês para o natal, a Boutique está bombando, todas querem comprar roupas para as festas de fim de ano, e também presentes. Amanhã eu irei com a minha mãe para comprarmos os presentes, ela conseguiu me convencer a passar a véspera de natal com ela, eu aceitei desde que Dani e Nick pudessem ir junto, e ela aceitou na hora.

 Vesti um vestido com alças regatas, ele era rosa claro e todo rendado, e um cinto bem fino dourado na cintura, calcei uma sandália nude que havia algumas pedrinhas brancas penduradas no peito do pé até o fecho, e uma tira fina acima dos dedos, apenas sequei meu cabelo, fiz uma maquiagem leve e fui até a sala, Dani me olhou e sorriu.

— Está linda Lena – ela piscou.

 Peguei meu casado que era quase a mesma cor que o vestido, era também no mesmo comprimento, minha bolsa e sai, fui dirigindo o Kia Soul vermelho de Dani.

 Toquei a campainha e alguns minutos depois vi uma Caroline sorridente com os olhos brilhando e animada me abraçando.

— Eu estava com saudade de você – ela disse quase me sufocando em seu abraço.

— Também estava com saudades Car – retribui o abraço.

 Tirei meu casaco e o deixei pendurado ao lado da porta, caminhei com ela até a sala de estar, Klaus estava lá com um copo de whisky nas mãos e sorriu ao me ver.

— Elena, quanto tempo – ele me deu um abraço rápido.

— Sinto muito, andei um pouco ocupada com a faculdade e tudo mais.

— Não se preocupe, nós entendemos – eles trocaram um olhar e sorriram para mim.

 Nós ficamos algum tempo conversando na sala de estar, em frente a lareira que era muito agradável, nós riamos e eles me contavam sobre a viagem ao Egito, e de como tudo lá era velho e lindo.

 Terminamos o jantar e ficamos á mesa ainda conversando, eles trocavam olhares apaixonados, e eu estava muito feliz em ve-los assim.

— Elena, tem uma coisa que preciso te falar – Car começou a dizer com um sorriso de orelha a orelha, Klaus pegou sua mão sobre a mesa e os dois me olharam. – Nós vamos nos casar – ela disse animada, e eu dei um gritinho de surpresa, me levantei e a abracei.

— Quando? – perguntei animada.

— Em março, por isso já tenho que começar os preparativos para ontem.

— Precisa mesmo – sorri.

— Por isso te chamei aqui – ela piscou para mim – você aceita ser minha madrinha e minha dama de honra? – ela juntou as mãos em em forma de oração e levou as pontas dos dedos a boca, me olhando radiante.

— É claro que eu aceito Caroline – eu fiquei muito feliz, a abracei e depois ao Klaus.

— Precisamos começar o mais rápido possível as preparações, e você vai me ajudar com cada detalhe.

 Nós conversávamos animadas sobre a decoração, as cores, as musicas, vestidos, tudo, Klaus parecia entediado.

— Só tem uma coisa que a Caroline esqueceu de te falar – ele disse sério – Damon vai ser o meu padrinho.

 Ao ouvir o nome de Damon, não era como antes, isso não doía mais, eu sorri para ele.

— Fico feliz com isso.

 Fomos para a sala de estar, Caroline me mostrava várias coisas em seu iPad, Klaus nos olhava vez ou outra e ria de nossa animação.

Voltei para casa, eu estava realmente muito feliz por Caroline, embora eu não me lembrasse da nossa amizade antes do acidente, sei que ela é uma grande amiga, porque eu nunca teria chamado ela para madrinha se não fosse, e agora eu seria a madrinha de casamento dela, fui embora ao som de Ron Pope, cantando junto com eles animada.

 Contei a Dani sobre o pedido de Car, ela ficou com um pouco de ciúmes mas depois levou com tranquilidade, nós abrimos uma garrafa de vinho e ficamos no sofá, em baixo das cobertas e bebendo um bom vinho.

 Acordei no dia seguinte por volta das dez da manhã, preparei algumas panquecas e tomei um café com adoçante para acordar, minha mãe viria me buscar em algumas horas. Dani me ajudou a arrumar o apartamento, nós fazíamos isso bem rápido juntas. Tomei um banho e vesti uma calça jeans branca, uma bata sem ombros azul clara e um tênis branco.

— Eu já vou indo, quer algo?

— Só não esquece o meu presente de natal – ela sorriu para mim – e se sua mãe quiser me dar um Louboutin eu não ligo – ela disse piscando para mim, eu ri.

Entrei no carro da minha mãe, e ela foi dirigindo até o shopping, minha mãe amava o natal, era sua época do ano favorita, ela comprava presente para quase todo mundo que conhecia, e para ela dizia que juntar a família e os amigos em casa para a comemoração, era sua parte preferida, ela se sentia nas nuvens.

 Nós começamos com os presentes, andamos pelo shopping todo, minha m ãe só faltava pular de alegria, ela estava extremamente animada, dava para ver pelo brilho de seu olhar. Nós paramos apenas para almoçar, e então voltamos, comprei presente para as pessoas mais próximas, Jer, Dani, Nick, Lexa, Jamie, Caroline, Klaus, Lyana, e então estávamos indo embora, carregadas de sacolas, passei em frente a uma loja de bebidas, Damon me veio á cabeça imediatamente, minha mãe ficou do lado de fora enquanto eu entrei na loja, comprei um Chigas Regal Royal Salute, que o vendedor me garantiu ser um entre os dez melhores whiskys do mundo.

 Cheguei em casa cheia de sacolas, eu estava realmente exausta, Dani veio toda animada até mim.

— O que comprou para mim? – ela sorriu.

— Não te interessa – a encarei séria, ela revirou os olhos.

— Odeio esperar, sou muito ansiosa.

— Eu sei disso, mas não vou dizer nem te mostrar, e acho bom você segurar essa sua curiosidade.

 Eu gastei todo o restante do meu salário, comissão, e bônus de fim de ano nessas compras, e algumas coisas tive que parcelar, mas eu estava feliz comigo mesma.

  Uma Elena com dezessete anos andava pelo shopping tagarelando com sua mãe, entravam em várias lojas, eu nem via os preços, passava o cartão de crédito de meu pai e ficava feliz com isso, comprar era algo maravilhoso, e meu pai sempre disse que eu poderia comprar o que quisesse, então assim eu fazia, e as vezes com raiva dele, comprava coisas caras, que eu nem sequer gostava, achando que de algum jeito ele seria afetado, e nunca foi.

 As vezes eu invejava as outras meninas da minha idade, com pais que lhe davam amor, carinho, e atenção, para o meu pai atenção era me dar o cartão de crédito. Minhas amigas as vezes reclamavam que não poderiam ir pois os pais não deixavam, não queriam leva-las, ou as deixavam de castigo, meu pai nunca se importou comigo o suficiente para me proibir de ir á algum lugar, ou para me deixar de castigo.

 Minha mãe sempre tentou compensar á ausência de meu pai, as vezes acho que ela se sentia culpada, ela arranjava desculpas por ele ser assim, e quase sempre era o trabalho, e quando eu perguntava á ele porque ele trabalhava tanto, suas palavras grosseiras me atingiam durante o jantar ''você acha que é fácil pagar as faturas do cartão de crédito? Acha que é fácil manter a vida que dei a vocês? O luxo? As viagens?'' e após algumas vezes com respostas grosseiras e que me deixavam muito chateada, eu parei de perguntar, parei de sentir falta dele, parei de querer estar perto dele.