Entrei na loja e apenas Dani estava lá, não disse nada, apenas caminhei até os fundos, troquei de roupa e vesti o uniforme, passei apenas um corretivo nas olheiras e um rímel, me sentei no sofá, ainda faltavam dez minutos para a loja abrir, e estava tudo arrumado, a porta rosa se abriu e se fechou, Dani andou até mim, e se sentou ao meu lado.

— O que houve? – ela perguntou me olhando.

— Ele descobriu – disse num sussurro.

— Elena, eu juro que não contei nada.

— Eu sei que não Dani, e sei quem contou.

— Quem?

— Aquela – segurei a palvra – Louise.

— Como ela soube?

— Deve ter nos ouvido na semana passada, eu quero voar no pescoço dela, colocar ela na parede e...

— Calma ai Hulk. – ela disse e eu ri – nós vamos dar um jeito, sem usar a violência, e sem prejudicar nossos trabalhos, até porque, não quero trabalhar com uma cobra falsa.

— Se eu pudesse matava essa garota, ela fez isso porque nos sonhos doentios dela, vai ter uma chance com ele. – soltei uma risada descontrolada – ele nunca vai ver nada nela, nada, ainda mais depois do que ela fez.

— Calma, nós vamos dar um jeito nisso – ela passou as mãos nas minhas costas – mas para dar certo, temos que fingir que nada aconteceu, você vai continuar dizendo que está com ele certo?

— Eu não vou aguentar, só de pensar nela quero voar naqueles cabelos mal tingidos, imagina vê-la.

— Você vai ter que se controlar, gosta do seu emprego não gosta? – assenti abaixando a cabeça – ótimo, então seja falsa, assim como ela.

 Poucos minutos depois Louise chegou, ela estava sorrindo, nos deu bom dia animado, e quando fechou a porta do banheiro quis ir lá e dar-lhe uns belos tapas, mas me contive.

 Nunca foi tão difícil ser falsa com alguém, não deixei em momento nenhum transparecer meu ódio por aquela garota, todo o tempo Dani me lançava olhares ferozes do tipo ‘’estou de olho em você’’

 Quando Louise foi almoçar, Dani e eu ficamos procurando um jeito de ferrar ela, eu não me sentia bem fazendo isso, mas depois do que ela fez...

— E se a gente arranjasse alguém para se passar por cliente, e levasse ela ao extremo de irritação a ponto dela surtar? – disse Dani animada, apenas olhei para ela.

— Talvez o cargo de gênio do mal não seja muito para você – ela deu um tapa no meu braço e nós rimos. – Não tem o que fazer, ela é uma boa profissional.

— Que droga – disse ela dando um soco leve na perna.

 O restante do dia passou como sempre, alguns clientes, e eu tentava pensar em alguma coisa, mas eu não consegui pensar em absolutamente nada, eu só queria coloca-la na parede e ouvir ela confessando o que fez.

                                                                                                                   *

Hoje é quarta-feira, não falei com Damon esses dias, e o vazio parecia aumentar, Dani e eu acabamos desistindo do plano do mal, não temos mentes para isso, decidimos que o carma cuidaria disso por mim, eu mal conseguia olhar para a cara dela, aquela cobra. 18h, estava acabando de vestir minha calça jeans, escutei uma conversa lá fora, era Louise e, não pude acreditar ao ouvir aquela voz, era como uma musica para os meus ouvidos.

— Está tudo bem sim – dizia ele para Louise, pude sentir em seu tom de voz que ele estava desconfortável. – Elena está ai ou ela já foi? – ele perguntou, e antes que a cobra dissesse algo abri a porta.

— Eu estou aqui – sorri, eu estava muito feliz em ver ele, feliz em que ele tenha vindo me ver, caminhei até ele e o abracei, passando meus braços por seu pescoço, senti o cheiro de ser perfume.

— Eu queria conversar com você, podemos beber alguma coisa? – ele perguntou.

— Claro – sorri – vou pegar a minha bolsa e nós podemos ir.

— Certo – ele disse e se sentou na poltrona.

 Ao passar por Louise lhe dei um olhar vitorioso, fui até meu armário peguei minha bolsa e minha jaqueta, quando caminhei em direção á porta Louise parou na minha frente.

— Eu achei que você e o Damon estivessem brigados – pude notar seu tom de voz irritado.

— Por que pensou isso? – fui cínica.

— Você estava meio para baixo essa semana – ela disse dando de ombros.

— Nós discutimos, mas foi bobagem – não consegui segurar o sorriso – Estamos bem.

  Deixei ela com aquela cara de mosca morta parada, lancei um sorriso para Dani que deu um soco no ar rindo. Damon estava sentado olhando algo em seu celular, quando me viu o guardou no bolso, nós seguimos até o carro dele.

— Você está bem? – ele disse me olhando.

— Estou sim, e você?

— Estou bem – ele ligou o carro, e dirigiu até uma cafeteria que tinha ali perto, hoje o dia estava um pouco mais frio então preferimos um café.

 Nos sentamos em uma das mesas ao fundo, fizemos nossos pedidos, e ficamos em silêncio, cada um encarando as próprias mãos, eu esperava ele dizer algo, mas nada.

— O que queria conversar? – perguntei por fim.

— Na verdade eu só queria te ver – ele me olhou com aqueles olhos azuis hipnotizantes, sorri.

— Eu também queria te ver – peguei a mão dele no centro da mesa.

— Como está sendo ficar na casa da sua mãe?

— Meu pai me tira do sério, mas minha mãe faz tudo para me agradar. – ele sorriu.

 E então nossos pedidos chegaram, meu chá de limão e um cupcake de morango com bluebarrys , ele pediu um café e um coockie, ficamos bebendo e comendo, em total silêncio.

— O que você tem feito esses dias? – ele perguntou.

— No domingo passei o dia com a minha mãe no shopping, e nos outros eu só trabalhei mesmo.

— A propósito, gostei do cabelo – ele deu um sorriso de canto.

— Obrigada. E você o que fez?

— Eu fui para o bar todos os dias.

— Hm – disse arqueando as sobrancelhas.

— Já se esqueceu que esse é o meu trabalho? – ele disse rindo da minha expressão.

— É, acho que esqueci – fiquei aliviada.

  Terminamos nossas bebidas, então Damon me levou de volta para casa, ficamos parados em silêncio dentro do carro, parecíamos dois adolescentes.

— Não sei o que dizer – ele disse olhando para o volante.

— Nem eu. – eu queria pedir desculpas de novo, mas não queria me humilhar tanto, não vou implorar para que ele me perdoe.

— Elena está muito difícil ficar sem você de novo.

— Pra mim também, eu já tinha me acostumado a ter você ali por perto todos os dias.

— Eu não sei se consigo te perdoar agora, isso doeu demais, não só o beijo, o que você fez por culpa – eu o interrompi.

— Damon eu não fiz nada por culpa. Tudo o que eu fiz, fiz porque eu quis, eu falei para você dormir comigo porque na noite passada você já tinha feito isso, e eu gostei da sensação de acordar e ter você ali, o sexo foi colateral, eu não tinha planejado aquilo, nunca faria nada disso por culpa Damon, por culpa eu te compraria uma cesta de muffins e biscoitos, não falaria para você dormir comigo. – ele arqueou as sobrancelhas, e ficou me olhando, ele parecia surpreso, e vi um sorriso aparecer no canto de sua boca.

— Acha que nós podemos sair para jantar na sexta?

— Acho que sim – sorri – você me busca aqui?

— Sim.

— Ok, então deixa eu entrar logo, não quero que os vizinhos pensem mal á meu respeito – disse rindo, ele revirou os olhos e riu também – boa noite Damon – dei um beijo demorado em sua bochecha.

 Ele virou o rosto, e nós nos beijamos, foi um beijo calmo, carinhoso, e que eu queria continuar por horas, mas então ele parou, sorriu e disse:

— Boa noite Lena.

   Sai do carro e entrei em casa, minha mãe veio desesperada até mim.

— Onde você estava Elena? – ela parecia brava – liguei várias vezes no seu celular.

— Eu fui tomar um café com o Damon – seu olhar se suavizou.

— Vocês se acertaram filha?

— Mias ou menos – dei de ombros – vamos sair para jantar amanhã.

— Que bom filha – ela me abraçou – eu adoro o Damon, quero vocês juntos, como sempre quis.

— As vezes acho que você gosta mais do Damon do que de mim – disse Jeremy rindo atrás de nós.

— Não fala besteira, gosto do Damon como marido da minha filha.

— Quem sabe essa é a oportunidade de começarmos de novo?

— Pode ser filha – ela sorriu.