DAMON

 Quando a enfermeira colocou aquele pacotinho rosa nos meus braços, foi como se o mundo todo ficasse em silêncio, e existisse apenas nos três ali, tão pequena e frágil que fiquei até com medo de fazer alguma coisa errada.

 Dra. Stevens pediu para que eu saísse do quarto, eles iriam fazer curativos e limpar tudo, uma das enfermeiras saiu de lá com minha filha pelo corredor. Caminhei até a sala de espera, Miranda já estava lá.

— Como elas estão? – ela perguntou apressada.

— Estão bem – sorri – as duas estão bem, a Elena dormiu, ela estava exausta tadinha.

— Eu imagino – ela sorriu, parecia orgulhosa – em quanto tempo podemos vê-las?

— Ainda não sei – me sentei ao lado dela.

                                                   ELENA.

 Acordei com a Dra. Stevens me sacudindo, mas tudo o que eu queria era dormir, meus olhos estavam muito pesados, e meu corpo todo dolorido.

— Você precisa acordar – ela disse sorrindo – a sua filha vai estar aqui em um minuto.

— Ok – disse me ajeitando na cama, ela subiu a parte de cima me deixando quase sentada – ela está bem?

— Ótima, nasceu com três quilos e seiscentos gramas, e quarenta e cinco centimetros, ela está fazendo alguns exames e já volta.

— Obrigada doutora – sorri – onde está o Damon?

— Eu vou chama-lo – ela tocou minha mão e saiu do quarto.

 Eu estava me sentindo um pouco tonta, da cintura para baixo tudo doía absurdamente, e estava difícil me manter acordada.

— Filha – minha mãe quase correu em minha direção, passou a mão no meu rosto – como você está?

— Com dor, cansada – dei um sorriso fraco.

— Parabéns minha querida – ela me abraçou – você vai ver, logo essa dor passa.

— Você já a viu?

— Não, eles ainda não levaram ela para o berçário.

 Alguns minutos de conversa com a minha mãe, e então a enfermeira entrou no quarto, empurrando um bercinho transparente, e lá estava a minha coisinha rosada, Damon a pegou e entregou nos meus braços, eu fiquei a admirando, tão pequena e frágil, com o rostinho rosado, ela estava dormindo, e parecia uma boneca, aproximei meu rosto do dela, fechei os olhos e fiquei apenas aproveitando o momento, essa é a minha bebê.

— Ela não tem cara de Hope – disse a Damon, ele riu.

— Eu concordo, o que vamos fazer?

— Eu acho que ela tem cara de Sophia – disse a encarando.

— Sophie – disse Damon, eu olhei para ele.

— Sophie – ele me beijou.

 A enfermeira veio me explicar o que eu faria agora, ela precisava mamar, e eu não fazia ideia de como fazer isso, e me arrependi imediatamente de não ter feito as aulas para mães de primeira viagem.

 Segurei Sophie do jeito que ela havia me explicado, eu estava desconfortável com tantos olhos em cima de mim, mas mesmo assim fiz, aproximei meu seio esquerdo de sua boca minúscula, ela o abocanhou imediatamente, e uma sensação muito estranha me invadiu enquanto ela me sugava, eu comecei a chorar e eu nem sabia o porque.

— Está tudo bem? – perguntou a enfermeira.

— Sim – disse enxugando as lagrimas – está, é só...

— São os hormônios pós parto – ela sorriu e tocou meu ombro – tudo isso é novo para você, mas vai se acostumar bem rápido, não se preocupe.

 Após alguns minutos ela levou Sophie embora, e pediu para Damon e minha mãe saírem, que eu precisava muito descansar, e eles saíram, fiquei olhando para fora da janela, o céu já estava claro, e eu fiquei pensando no rostinho delicado da minha pequena, até enfim dormir.

                                                                                                *

 Acordei com um falatório no quarto, abri os olhos e vi Damon, minha mãe, Caroline, Klaus, Dani, Richard, Enzo e Jeremy, como deixaram todas essas pessoas entrarem?

— Eu tentei não deixar eles entrarem – disse Damon se sentando ao meu lado.

 Caroline e Dani me fizeram milhões de perguntas, sobre as dores, sobre o parto, sobre minha sensação, sobre o que pensei quando a vi pela primeira vez, e eu só queria gritar para elas calarem a boca por um minuto.

— Por que vocês mudaram o nome dela? – perguntou Caroline – eu gostava de Hope.

— Nós achamos que ela não tinha cara de Hope, e mudamos – disse Damon aparentemente irritado.

— Onde ela está? – perguntei me virando para Damon.

— No berçário, imagina essa família toda babando lá na janela – ele riu – as enfermeiras estavam ficando loucas.

— E mandam eles para cá, para me deixar louca? – nós rimos.

  Um a um todos me desejaram parabéns, disseram o quanto ela é linda, e que ela se parece comigo ou Damon, eu ainda me sentia exausta.

— A hora de visitas acabou – disse uma enfermeira .

 Todos se despediram de mim e Damon e foram saindo, suspirei quando fecharam a porta, fechando os olhos.

— Anda cansada pequena?

— Um pouco – me ajeitei na cama – próxima visita por favor só deixa entrar de três em três ou eu vou ficar louca.

— Pode deixar – ele beijou a minha testa – está com fome? – assenti – vou pedir para a enfermeira trazer seu almoço.

 Alguns minutos depois uma enfermeira de cabelo curto entrou no quarto trazendo uma bandeja, ela sorriu e colocou na mesinha, Damon a empurrou sobre meu colo e levantou mais a cabeceira da cama.

 Após o almoço trouxeram Sophie para eu amamentar, e assim fiz, não foi tão estranho quanto na primeira vez, mas ainda era desconfortável.

— Espero que te deem alta amanhã – ele disse se sentando na poltrona ao meu lado.

— Eu também – menti, eu não queria ir para casa, estava com medo de ficar com Sophie sozinha, e se eu fizer algo errado?

 A deitei na cama na minha frente, ela estava usando um macacão marrom com bolinhas rosa clara, que ficava um pouco grande nela.

— Agora tudo está completo – Damon sorriu, colocando o indicador em sua minúscula mão.

 Nós ficamos a tarde toda juntos, nós três, eu troquei sua fralda algumas vezes, o que não era difícil, e quando a enfermeira levou ela embora me senti vazia, eu queria que ela ficasse comigo.

— Eu vou em casa tomar um banho, comer alguma coisa, cuidar do Lord, e volto, você quer algo?

— Não, você pode só levar os presentes e os balões?

— Claro pequena – ele beijou minha testa e pegou os pacotes sobre o sofá – volto mais tarde, descanse, qualquer coisa me liga.

— Ok – ele me mandou um beijo e saiu pela porta.

 Eu não estava mais com sono, liguei a televisão e fiquei assistindo algo que passava, até ouvir alguém abrir a porta, Lexa apareceu sorrindo, trazendo dois balões rosas, com ela estava Nick, Jamie e Melissa.

— Parabéns Elena – me abraçou – ela é tão linda.

— Estavamos lá no berçário babando um pouco na sua filha – disse Melissa ao me abraçar.

— Eu estava esperando o Damon ir embora mesmo – Nick riu – agora eu evito confusão, orgulhe-se de mim.

— Já estava na hora – sorri e o abracei de volta, consegui novamente ver Nick como meu amigo, de antes disso tudo acontecer.

— Ela se parece com você – disse Jamie.

 Eles colocaram os presentes no sofá, e ficaram conversando comigo por mais de uma hora. A enfermeira trouxe Sophie, eu disse que ainda não iria amamentar, e ela disse que tudo bem, Lexa foi a primeira a segurar, quase babando.

— Se não desse tanto trabalho eu queria um desse – ela disse passando o indicador na barriga dela.

 Depois Melissa a segurou, Jamie disse que não ia segurar porque é muito desastrado, Nick ficou com receio de segurar, mas eu sabia que era por causa de Damon.

— Não tem problema você pegar ela – disse rindo – ele não vai te matar.

— Ele vai querer – disse rindo, e pegou Sophie com cuidado – ela é tão pequena e fofa.

— Sim, ela é – disse toda orgulhosa da minha bebê.

 Uma hora depois eles foram embora, eu amamentei Sophie e pela primeira vez nós duas estávamos sozinhas, ela estava acordada, seus olhos eram um azul acizentado.

— Essa é a nossa primeira vez sozinhas, o que você acha? – passei o indicador em seu queixo – você vai ser uma bebê comportada? Ou uma bebê danada? – disse sorrindo – não importa não é? Eu vou te amar de todos os jeitos – trouxe-a para mais perto de meu rosto, sentindo o seu cheiro natural de bebê – Agora você é o amor da minha vida, só não conta isso para o papai ok? É o nosso segredo. – ela me olhava com atenção.

 Ela estava tranquila, e dormiu no meu colo, fiquei o tempo todo a admirando, até a enfermeira voltar e a levar embora.