Inverno Nuclear — Interativa escrita por Titã


Capítulo 6
Capítulo 5 - Delírio e Desespero.


Notas iniciais do capítulo

HELLO! Desculpe pela demora, mas eu tive uma falta de criatividade que estava me afetando, até ontem. Terminei o capítulo agora a pouco. Mas, de qualquer maneira, estou de volta! Vamos ver o que eu preparei para vocês ;) Boa leitura!
Aproveitem>>>



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Capítulo 5 — Delírio e Desespero.

 

Az seguiu Simon até o “escritório”.

Simon estava agarrado a um tablet que havia pegado das mãos de um de seus “seguranças”, e guiou-a até uma pequena sala que servia, agora, como o escritório do médico chefe. Simon fechou a porta, dizendo para os seguranças ficarem do lado de fora, e sentou-se na cadeira atrás da mesa. A sala estava decorada com alguns livros e duas cadeiras, uma na frente e outra atrás de uma grande mesa feita de madeira de carvalho.

— Sente-se, srta. Brooks. — Simon disse, debruçando-se na mesa e colocando o tablet apoiado num suporte que saia da capa protetora do aparelho.

Ela se sentou.

— Chame-me de Az, por favor. — Helena solicitou.

— Tudo bem, Az, você pode fazer qualquer pergunta sobre O Terceiro Cavaleiro que eu responderei com todo o prazer. — Falou Simon.

— De onde essa doença surgiu?

— Segundo nossos pesquisadores, O Terceiro Cavaleiro foi originado de uma mutação da Gripe Oriental, uma doença muito presente na Europa, Ásia e na África. Ela sofreu uma mutação, que bem... Tornou-a mortal, e com o Grande Cogumelo, a Gripe mutou-se novamente, tornando-se o Terceiro Cavaleiro, separado em três estágios, sendo o primeiro estágio vindo diretamente da Gripe Oriental.

— O que são esses “estágios”?

Simon suspirou.

— A doença é dividida em três conjuntos de sintomas, denominados estágios. — Simon disse. Az assentiu, compreendendo.

— Quais são? — Simon sorriu e ligou o tablet, mostrando um vídeo de um dos contaminados, tossindo, espirrando e com manchas na pele, de cama.

— O Primeiro Estágio é a Tosse ou o Resfriado, acho que esse você conhece. Os enfermos ficam com manchas e erupções na pele. — Deu um zoom na pele do enfermo do vídeo do tablet — A tosse e os espirros servem para retirar o vírus do corpo — ele mostrou um esquema do corpo, que mudava conforme explicava —, mas eles acabam por replicarem-se mais rápidos do que são expelidos. São replicados em células da pele, podendo descasca-la, algumas vezes. — Explicou Simon.

— E as outras duas?

— O Segundo Estágio é chamado de Delírio. Uma vez que os vírus começam a mutar, — Ligou um novo vídeo, mostrando o mesmo enfermo de antes, dessa vez gritando e debatendo-se na cama, onde estava preso por amarras de couro — o vírus chega aos neurônios que acaba por danificar as células nervosas, provocando alucinações e insanidade nos contaminados. Eles se tornam agressivos e dificilmente ouvem algo além de gritos de monstros. — Mostrou uma imagem de um enfermo agredindo um médico — O infectado não consegue distinguir realidade de alucinação, misturando ambos os mundos, fazendo-os ficarem fora de controle. — Pausou o vídeo, passando para o próximo. — Eles foram chamados de Delirantes, pelo público e pela mídia.

— E o último estágio? — Az questionou curiosa e temerosa, parecendo apavorada.

— O Terceiro Estágio tem dois nomes. Um deles é Suor Vermelho ou Glândulas de Sangue, que caracteriza muito bem este estágio. — Mostrou um novo vídeo, onde o mesmo enfermo estava caído na cama com os olhos brancos e a pele pálida — Depois do Delírio, os Contaminados perdem a visão e ficam num estado entre o coma e a realidade. Eles acabam por retirar o sangue por qualquer glândula externa que existe. O sangue sai do nariz, boca, sai como lágrimas ou como suor. — O vídeo mostrou o enfermo com sangue saindo de todas as cavidades citadas, pintando a cama branca de vermelha. — Uma vez nesse estágio, ou no final do segundo, achamos que é incurável. — Ele falou, enquanto o enfermo morria no vídeo, este que desligou.

— E o outro nome? Você disse que são dois nomes para esse estágio, mas só disse um. — Sussurrou Helena, fazendo Simon suspirar.

— A Morte. O último nome é A Morte.

 

☣☣☣

 

Fernanda não sabia o que fazer.

Seu pai estava preso na cama por cordas, pegas por Olívia, para não poder fugir e ferir os três sãos na casa. Olívia saíra para buscar recursos, e Gustavo estava dormindo. Nanda era a única acordada, no momento. Ela estava na internet que estava mais lenta que o normal. Muitos sites diziam as mesmas coisas, sobre a tal ‘Terceiro Cavaleiro’ — que Nanda descobriu ser o nome da doença de seu pai —, e sobre a situação no Oriente. Muitas cidades da Itália estavam cobertas de cinzas, assim como as do Japão todas essas cidades, próximas aos dois mega-vulcões. Nanda estava analisando o facebook quando Gustavo gritou.

— Nanda! Vem cá! O papai acordou.

Fernanda levantou-se, meio que apavorada, e saiu do quarto, indo até o pai e o irmão. O seu pai estava debatendo-se na cama, preso por lençóis, enquanto inutilmente tentava escapar; Gustavo estava ao lado do homem, cochichando e dizendo coisas como “Nós somos seus filhos” e “Não vamos machuca-lo”, mas o mais velho não o ouvia ou se ouvia, decidiu ignorá-lo.

— ME SOLTE! TIRE-ME DAQUI! SEUS MONSTROS! — Rugia, com todo o seu ódio interior, para os monstros invisíveis.

— Pai! Pelo amor de Deus! — Gustavo gritou, sem paciência, enquanto Rodrigo debatia-se na cama.

— NÃO CITE O DEMÔNIO SEU FILHO DA PUTA!

Rodrigo gritou mais alto, e Fernanda arregalou os olhos, olhando para o irmão, este suspirou e balançou a cabeça.

— SAIAM DAQUI! — Seu pai gritou.

Ambos levantaram-se, saindo do quarto e fechando a porta, os dois irmãos foram, em seguida, até a sala.

— E agora? — Fernanda perguntou para o irmão gêmeo.

— Não sei Fend, estou com um mau pressentiment-

— Cheguei! — Olívia gritou, adentrando pela porta. — Como está seu pai?

— Está do mesmo jeito que ontem. Ele está louco ainda. — Disse Gustavo, enquanto Olívia guardava as coisas na cozinha.

— Que pena. — Disse a madrasta; Fernanda bufou.

Que pena — Disse imitando a voz de Olívia. A madrasta revirou os olhos.

— Olha aqui, Fernanda, é melhor... — Ela parou subitamente.

Olívia começou a tossir, e colocou a mão à frente da boca.

— O-olívia... — Fernanda sussurrou.

— Que foi? — A mulher questionou. — Foi só uma tosse.

— Olívia... Você está com manchas na pele. Está com a mesma doença do papai.

 

☣☣☣

 

Karan parou na casa de Miguel.

Saltaram-se, primeiramente com Karan depois Polyanna, a qual estava agarrada com James, por último Carter, desolado e cabisbaixo. A porta da frente estava aberta e Miguel, com seus cabelos castanhos muito curtos seus olhos da mesma cor do cabelo e com a pele bronzeada, estava levando uma mala pesada até o carro. Ao ver seus amigos, arregalou os olhos e soltou a mala. Disse algo para os pais, que assentiram e disseram algo. Miguel retribuiu o movimento da cabeça e foi em direção aos amigos, enquanto seu pai guardava a mala que estava no chão.

— Karan! Carter! Poly! O que estão fazendo aqui? — Questionou sorridente, mas com um brilho tristonho no olhar.

— Estávamos preocupados com você. — Disse Poly, com mãos dadas com James.

— Desculpe. É que o celular ficou sem sinal.

— Tudo bem, sabemos disso. — Karan disse, franzindo o cenho, encarando o carro onde os pais de Miguel terminavam de arrumar as coisas. — Aonde vai? — Miguel suspirou, fechando os olhos.

— Meus pais querem sair logo do país, sabe, irmos para a Europa talvez. Não sei, mas eles querem, no mínimo, sair do Estado. — Miguel confessou, olhando para os quatro, contando com o irmão mais novo de Carter.

— Vão sair? — Poly disse. — Sério? Não dá para mudar de idéia?

Miguel suspirou, balançando a cabeça num gesto negativo.

— Desculpe galera. Meus pais estão preocupados, e para dizer a verdade, também estou. Estou apavorado. Talvez nos encontremos por ai. — Miguel disse.

— Miguel, você tem certeza? — Karan perguntou.

— Olhe, Karan, eu te devo muito, mas tenho que ir com meus pais. Desculpe. — Ouviram um som de buzinas. — Talvez nos encontremos mais tarde, sabe, depois que essa bagunça acabar. Hã... Tchau gente. — Deu um sorriso falso.

— Tchau Miguel. — Disseram.

Miguel sorriu triste, e foi até o carro, adentrando-no. O veículo se ligou e saiu da garagem, esta que se fechou logo em seguida. O carro saiu pela rua, buzinando.

— E agora? — Karan questionou.

— Vamos para minha casa. — Poly disse, percebendo o olhar vazio de Carter. — Tudo bem Carter?

— ‘Tô. Estou bem sim. Por que a pergunta?

— Nada. Vamos Karan? — Poly disse vendo o Costa parado, parecendo apavorado, como se tivesse visto um fantasma. — Karan?

Ele sussurrou, encarando a mulher que estava à frente.

— M-mamãe?

 

☣☣☣

 

Antony atirou novamente, lembrando-se de como entrara naquela situação.

Estava em sua casa quando, de repente, a porta fora escancarada por um grupo de pessoas com máscaras de gás. Surpreso, Tony jogou-se no chão, os pacificadores olharam em volta, todos carregando armas de fogo. Olhando de um lado para o outro, Tony agarrou a Colt M4 e atirou. Acertou um dos membros do Paz na Terra no peito, fazendo os outros esconderem-se em outros móveis. Atirando, Tony escondeu-se atrás do sofá; os Pacificadores começaram a responder o fogo, fazendo as balas cruzarem o ar. Quando uma das balas atingiu o estofado, Tony pegou a arma e atirou. Escondeu-se e se levantou atirando novamente, lembrando-se de como entrara naquela situação. A bala atingiu a cabeça de um dos pacificadores, rasgando a máscara e fazendo sangue espirrar. Escondeu-se de novo, ouvindo os tiros passando de raspão na madeira do sofá. Menos dois, faltavam quatro. Agarrado à metralhadora, levantou-se e novamente atirou, acertando na perna de um pacificador.

Rangendo os dentes quando uma das balas acertou seu braço, Antony acertou na barriga de um dos pacificadores escondidos atrás da mesa virada. Mais tiros, e dessa vez Tony escondeu-se antes que uma das balas novamente acertassem-no; a Colt foi levantada e Tony voltou a atirar, dessa vez, sem acertar em ninguém. Um dos terroristas gritou, atrás do armário de vidro.

— PARADO! Renda-se que seremos misericordiosos!

— Vá para o Inferno! — Berrou, metralhando o armário.

Enquanto o vermelho-sangue do pacificador coloria o vidro das louças e Tony sentia a bala acertando seu ombro, ele pensou o que Sara diria se visse suas preciosas louças quebradas. Ficaria irritada, óbvio. Pensou, acertando na mão de um pacificador que carregava a escopeta. Gritou de dor, o pacificador, e Tony acertou o seu parceiro de esconderijo — o que havia sido atingido na barriga —, acertando no peito. Faltavam dois. Rolando para fora do sofá, que agora já não era um bom esconderijo, Tony acertou na cabeça do outro terrorista e escondeu-se atrás da cadeira de balanço. Mais tiros, vindo do último pacificador.

Tony acertou na mão do membro do Paz na Terra, e correu, saindo de trás da cadeira, e chutou a arma para longe, pisando na mão boa do terrorista. Ele gritou e Antony mirou a Colt, que agora só tinha três balas, na cabeça do que usava a máscara de gás.

— Se você mexer um músculo eu atiro na sua cabeça. — Ele parou de se mexer, talvez se lembrando do que Tony fez. — Tira a máscara.

A mão, tremendo, puxou a máscara, mostrando um garoto de por volta dos vinte anos, com olhos castanhos, pele negra e cabelos pretos raspados.

— O q-que v-você vai fazer? — O pacificador questionou, ainda agarrado à máscara.

— Vou te matar se você não responder o que eu quiser. O que vocês fazem aqui?

— Somos os Paz na Terra, queremos purificar a Mãe Terra.

— Eu sei quem vocês são, eu quero saber o que queriam fazer aqui. — Tony disse, empunhando a arma, mostrando o que faria se ele não respondesse o que Antony perguntara.

— Estamos procurando algo que você tem. — Disse, tossindo.

— O quê?

— Um livro.

— Qual? — Perguntou pressionando a arma na testa do garoto.

— NÃO SEI! Por favor, não a-atire. Só quero salvar minha mãe... P-por favor, eu faço tudo o que você quiser!

— Por que entrou no Paz na Terra, então, se não quer morrer pela “causa”?

— Se eu não entrasse minha mãe e minha irmã seriam mortas! POR FAVOR! — Gritou, ao sentir a arma ainda mais pressionada na testa.

— Qual seu nome?

— Adam. Adam Whindow.

— Então, Adam, se você ousar pegar alguma arma eu te mato entendeu?

— S-sim.

Tony levantou-se e puxou o garoto pela mão, ainda com a Colt empunhada.

— Algo mais para falar para mim, algo que eu deveria saber sobre a Paz na Terra?

— Sim. Antony você está sendo procurado. Querem você morto.

 

☣☣☣

 

Melody chegou em casa cheia de sacolas.

Estavam pesadas e cheias de alimentos e roupas de frio. Melody estava, pelo menos ela pensava, preparada para tudo. Melody adentrou-se em casa e deixou as roupas encima da mesa da sala. Limpando a testa do suor, foi até seu quarto, encarando o computador. Aproveitando, viu se tinha alguma mensagem de M, ela viu que tinha, e então leu.

“Obrigado MelodyHC, não foi nada. Mas tome cuidado com O Terceiro Cavaleiro, você não vai querer virar uma Delirante. Espero encontra-la um dia. Boa sorte no Inferno. Até mais, M.”

Terceiro Cavaleiro... Havia ouvido rumores na rua, enquanto estava indo comprar as coisas, e achara interessante, no mínimo. Uma doença que transformava as pessoas a tal ponto que os infectados achavam que os familiares eram monstros, era interessante, isso era impossível negar. Melody sentiu arrepios. Tomaria cuidado com os “Delirantes” como M havia batizado-os. Ela agarrou seu notebook, indo até a sala e, cuidadosamente, colocando o notebook na mochila, certificando-se que ele não quebraria.

Ouviu batidas na porta, desesperadas. Franzindo o cenho, Melody agarrou uma pistola e foi até a porta, abrindo-a. Foi derrubada logo em seguida. Seu vizinho, Roland, caiu em cima da garota, gritando. A pistola deslizou para debaixo da mesa da sala. Rolando com o homem, Melody sentiu as unhas e os dentes pressionando a pele dela, ferindo-a. Melody jogou Roland na parede, ele rangeu os dentes, chamando Melody de monstro e empurrando a parede para trás, querendo ir para frente consequentemente fazendo-a se soltar dos braços. Aproveitando a brecha, Melody se jogou para a mesa, fazendo uma das sacolas cair no chão, e agarrou a pistola, se virando e encarando seu vizinho que se levantava, tonto. Olhou para a garota, que mordeu os lábios, fechou os olhos, ouvindo o grito do Delirante — “SEU MONSTRO!” — e atirou.

O barulho do tiro preencheu o ar, fazendo a garota arquejar. Ela respirou fundo, abrindo uma fecha nos olhos com seu corpo tremendo. Ela levantou-se, ainda tremendo, e finalmente entendeu as palavras de M.

Aquele, sem dúvida alguma, era mesmo o Inferno.

Continua...


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Notas finais do capítulo

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Titã