Inverno Nuclear — Interativa escrita por Titã


Capítulo 5
Capítulo 4 - O Terceiro Cavaleiro.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo para Doctor Hyde pela primeira recomendação da fic!! Vamos conhecer um novo e importante elemento para a história, prestem bem a atenção!!
Boa Leitura!
Aproveitem>>>



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Capítulo 4 — O Terceiro Cavaleiro.

Fernanda estava preocupada com o pai.

Desde que o Apocalipse começara, seu pai parecia estar doente. Tossia e espirrava frenquentemente, tinha febre alta e estranhas manchas surgiam em sua pele. Nanda nunca estivera tão preocupada quanto agora. Ela estava sentada com seu irmão, vendo o pai deitado na cama, tossindo, com Olívia cuidando dele — haviam feito uma “paz” temporária, para poderem cuidar do pai de Fernanda e Gustavo. Ele estava deitado e com a febre alta, completamente doente. Nanda olhou para seu irmão, numa conversa sem voz, e se levantaram, indo até um outro quarto.

— Não acho que ele vai sobreviver... — Gustavo sussurrou. Nanda assentiu, suspirando.

— O que será que ele tem? — Questionou mais para si do que para o irmão.

— Não sei, mas ele está mesmo mal — Disse Gustavo, olhando pela janela, suspirando.

— Eu não sei o que fazer se ele morrer, Gustavo, não sei. Simplesmente... O que vai acontecer? Vamos ficar com a Olívia? — Disse, com um tom de desprezo no nome da madrasta.

— Sinceramente, Fend, não sei. Não faço a menor idéia. E-eu... Sinto-me impotente com tudo isso acontecendo — fez um gesto com as mãos — isso parece ser mais do que nós apenas... — Ele agarrou os cabelos, frustrado. Nanda assentiu.

— V-vou t-tomar um copo de água e ver como o papai está. — Disse com a voz embargada.

Fernanda fechou os olhos, brutalmente retirando as lágrimas com a mão. Ela suspirou e foi até a cozinha, saindo do quarto. Ela deixou duas lágrimas caírem e respirou fundo, agarrando um copo d’água, tomando-o. Ela agarrou o copo meio cheio, ainda, indo até a janela apoiando-se, olhando para o céu. Uma camada negra de cinzas e poeiras cobria o céu outrora azul, agora mais negro. Ela viu o Sol coberto por uma enorme quantidade dessa fumaça densa, cobrindo os braços desnudos pela rajada de vento que chegou até si. Fechou os olhos, aproveitando da sensação de paz. Ela sentiu uma mão em seu ombro, ela abriu os olhos assustada. Olívia a encarava, parecendo mais relaxada que antes.

— Seu pai está dormindo... Se você quiser vê-lo... — falou, temerosa. Nanda deu um sorriso fraco.

— Obrigada, Olívia. — Disse, indo até o quarto do pai.

Rodrigo estava mal. Estava com manchas na pele, toda avermelhada. Tinha um saco de água fria na testa, para amenizar a febre, e estava com os cabelos bagunçados, e catarro escorria pelo nariz. Ele parecia estar tendo pesadelos, remexendo-se na cama. Fernanda mexeu no cabelo e sentou-se na cadeira de escritório localizada ao lado do enfermo.

Ela sorriu minimamente, batucando os dedos na cama. Ela respirou fundo.

— O-oi pai. Eu estou preocupada, sabe? Não só eu, como também o Gustavo e a Olívia. Ela está mais boazinha, talvez por você estar doente, e todos nós estarmos sofrendo... Fique melhor, ‘tá bem? E-eu não sei o que fazer se você morrer. — Ela limpou as lágrimas, mas sorria. — E-eu te amo, ‘tá bem? Eu te am-

Não conseguiu terminar.

O pai levantou a cabeça, enquanto ela falava o primeiro “eu te amo” e virou-se para a filha. Porém, ao contrário do que Fernanda pensava, o pai não sorriu. Ele estava com os olhos avermelhados, os músculos tensos e saliva escorria da boca entreaberta. Quando ela terminava o segundo “eu te amo”, o pai arregalou os olhos para ela, estes com um brilho estranho que Nanda não conseguia decifrar, e a atacou.

Gritando coisas como “Seu monstro!” e “Não toque em mim!” Rodrigo atacou a garota. Ela caiu no chão, gritando, enquanto o pai a arranhava, mordendo-a e a socando. Ela tentou fugir dos braços do pai, louco, mas ele era mais forte que ela. Ele a jogou contra a parede, salivando.

— NÃO TOQUE NA MINHA FAMÍLIA SEU FILHO DA PUTA! — Berrou, lançando-se sobre ela.

Fernanda não sabia o que fazer. Deixou de sentir a pressão de seu corpo contra a parede, quando Rodrigo caiu no chão. Olívia estava parada, arfando, segurando uma frigideira. Nanda começou a chorar, sendo aparada por Gustavo, que havia entrado após o nocaute do pai.

— O que houve...? — Questionou o gêmeo dela, preocupado.

— P-papai me atacou... — Ela sussurrou.

— Deve ser a doença. — Disse Olívia, encarando o marido desacordado.

Fernanda fechou os olhos com força, finalmente entendendo o que era aquele brilho nos olhos do pai.

Insanidade. Um brilho de insanidade.

 

☣☣☣

 

Az não dormia há horas.

Estava desde o Grande Cogumelo no hospital improvisado. A maior parte dos feridos haviam sido, ou transferidos, ou liberados. Boa parte dos médicos haviam ido embora — provavelmente por terem algo mais para fazer, como família. Ela balançou a cabeça, não iria pensar na família. Isso a faria ficar fraca e emocionada, mas deveria ser fria. Iria ser fria.

Ela não tinha nenhuma companheira médica, pois a maior parte estava evitando-a, não, ela não, eles. Helena estava na área do hospital denominada Área dos Contaminados. Ela fora a designada — na verdade, voluntária — para este lugar, pois ninguém mais queria ficar ali.Toda a área — um pequeno salão — estava infestada de enfermos, todos com a mesma doença. A doença foi chamada de A Peste. Todos os enfermos tinham os mesmos sintomas, febre alta, espirros e tosses frequentes, estranhas manchas na pele e olhos avermelhados. Os doentes mal conseguiam se moverem sozinhos. Mas isso não era o mais assustador. Além de não saber como ela se alastrava, havia alguns enfermos que manifestaram uma repentina agressividade. Eles deliravam e atacavam quem ficava perto deles, atacando de qualquer maneira que eles conseguiam.

Esses doentes agressivos foram colocados numa área separada, sedados, para não poderem machucar ninguém. Recebeu uma mensagem no celular, checou-a.

“Onde estão os copos?”

Ela balançou a cabeça, com um pequeno sorriso no rosto, quase invisível.

“Estante de cima, à esquerda”

“Obg”.

Juliette Miller estava hospedada na casa de Az, já que seus pais estavam mortos e não havia ninguém para acolhe-la, Az a deixou ficar em sua casa que estava a poucos quarteirões de distância do “Hospital”.

— Tudo bem, Sr. Fernandez? — Questionou Helena, checando o pulso do doente, anotando na prancheta que segurava.

— Tudo. — Disse o idoso abrindo os olhos, mostrando-os avermelhados.

Ela já sabia que, quanto mais vermelho ficavam os olhos, mais perto da agressividade repentina os enfermos ficavam.

— Está dormindo bem? — Questionou Az, voltando a anotar na prancheta.

— Não, estou tendo pesadelos. E... e estou tendo perda de memória.

— Está? — Ela disse surpresa e voltando a anotar.

Helena perguntaria alguma coisa, mas foi interrompida.

— Senhorita Brooks! — Gritou o médico chefe, acompanhado por três homens. — Esse senhor quer falar com v... contigo. — Corrigiu-se para o modo formal.

Havia ao lado do médico, três homens. Eles contrastavam entre si, e entre eles e o médico. Dois deles estavam vestidos de terno e gravata pretos, em contraste com o jaleco branco do formado em medicina, e o terceiro era o mais deslocado. Ele vestia roupas casuais, uma camisa polo azul, uma calça jeans com a mesma cor da blusa e sapatos de couro. Ele tinha cabelos morenos e olhos cor de âmbar, estava com uma expressão casual no rosto quadrado, mas tinha uma ou duas linhas de expressão no rosto, mostrando preocupação.

— Srta. Brooks, é um prazer conhecê-la. — Disse o homem deslocado.

— Quem é você? — Questionou Az, o homem sorriu mais abertamente.

— Sou Simon Wallen, sou o represente e membro da DCPAB.

— DCPAB? — Questionou Helena.

— Divisão de Controle de Pragas e Ameaças Biológicas, uma subdivisão da OMS**, Organização Mundial de Saúde, uma instituição da ONU*. — Falou Simon. — Estou aqui para receber informações sobre A Terceiro Cavaleiro. Temos a informação que há aqui enfermos no primeiro e segundo Estágio da doença.

— Terceiro Cavaleiro? Primeiro e Segundo Estágio? Do que você está falando? — Az questionou irritada, para Simon. Este apenas aumentou o sorriso.

— Vamos conversar em particular, senhorita Brooks, tenho muito a te revelar.

— O que é “A Terceiro Cavaleiro”? Pode ao menos revelar isso?

— Uma pandemia. É o que vocês chamam de A Praga ou A Doença. Ela é a mais poderosa virose já registrada antes.

— Por que precisa da minha ajuda? — Az questionou.

— Porque você está com mais informações que muitos outros médicos. Precisamos de toda a ajuda possível.

— Por quê?

— Porque esta é a Praga mais mortal da história, segundo expectativas. Então, Senhorita Brooks, quer ou não me ajudar a salvar o mundo?

 

☣☣☣

 

O tumulto, a voz eletrônica do aeroporto, o barulho, a escuridão. Os gritos, o agarro, o barulho, a correria. A luz, os berros, as máscaras de gás, a Terra estranha, os tiros, o ar preenchido, a correria, os empurrões, seu nome sendo dito, o sangue, a escuridão novamente...

Elle remexeu-se na cama, incomodada. Fazia pelo menos alguns dias que sua consciência ia e vinha, mas sempre sentia a dor infernal no tronco do corpo. Ela remexia-se muito na cama. Ela ouviu algumas vozes no quarto e concentrou-se para distingui-las.

— Ela vai acordar, eu sei que vai. — Ouviu a voz de Elijah, seu irmão.

— Olhe, Eli, eu sei que ela é a sua gêmea, mas... — Ela não conseguia reconhecer a voz.

— Ela. Vai. Acordar. Ponto final. — Disse Eli.

— Eu não gosto de ser pessimista, Elijiah, mas eu não ach-

— Acha o quê? — Sussurrou Elle.

A Dragomir ouviu os passos do irmão que agarrou a mão, solta ao lado da cama, de Elle. Ela sorriu, ainda com os olhos fechados.

— Oi. — Seu irmão disse. Ela sentiu no tom de voz a felicidade e o alívio.

— Oi, onde estou? — Questionou Elle.

— Está na casa de uma senhora que nos acolheu, sabe depois do acontecido no Aeroporto.

— Sei.

— Então a lindinha acordou mesmo! — Ouviu a voz do garoto que estava conversando com o irmão.

Quando abriu os olhos e encarou o garoto, sentindo uma parada bruta das batidas de seu coração. Ele era o homem mais lindo que já vira, não que já tinha visto muitos garotos lindos. O garoto era alto e parecia forte, com costas largas, cabelos acastanhados e loiros, de uma cor assemelhando-se a folhas de Outono, com olhos cor de safira, uma cor diferenciada da dos olhos comuns.

— Q-quem é você? — Elle questionou, odiando-se por ter gaguejado.

— Hector Alexandre, mas me chame de Alex — Disse, com um sorriso malandro.

— Ele nos ajudou a trazer você aqui.

— Quem mais está aqui? — Elle questionou.

— A senhora e o marido que nos acolheram — Disse Elijiah, suspirando —, ambos não estão exatamente bem, estão doentes.

— Doentes? — Questionou Elle.

— Estão com febre alta — Disse Alex — Muita tosse e muitos espirros, com enormes manchas na pele.

— Não é catapora? — Questionou a Dragomir.

— Catapora não tem entre os sintomas olhos vermelhos. — Disse Hector.

— E a Reece? — Perguntou, com um tom de desprezo no nome da irmã, Eli olhou feio para a irmã, esta que o ignorou.

— Está dormindo lá embaixo. Por quê?

— Curiosidade — Disse a Dragomir.

— Então... e agora? — Falou Hector. — O que vai acontecer?

Antes que alguém pudesse respondê-lo, um grito de dor feminino preencheu o ar.

— REECE! — Berrou Elijah, correndo para fora da sala.

 

☣☣☣

 

M encarou o comentário, relendo-o.

Era de uma garota, MelodyHC, e M havia achado graça no nome, inclusive tendo que reprimir a vontade de dar um falsete quando leu o nome, mas estava curioso sobre a postagem da garota.

“Eu acho que você tem razão. Essa teoria, sobre o Inverno Nuclear, eu acho que é a mais provável de acontecer. Tenho que te agradecer sobre avisar-me, mesmo que indiretamente, sobre esse Apocalipse para poder me ajudar.”

Ele estava curioso por alguém ter dado atenção a ele, sendo que a maior parte dos comentários era negativos. Diziam que era uma bobagem, que era a coisa mais idiota que já ouviram, que ele merecia ser morto pelos Paz na Terra ou pelo Terceiro Cavaleiro, blá, blá, blá, essas bobagens. Ele respondia com a mesma frase.

“Quando o Inferno Invernal começar, não diga que eu não avisei.”

Ele estava sentado num café, vazio, lendo os comentários em seu Notebook; mas não sabia como responder o comentário da tal MelodyHC, e estava pensando, quando a garçonete apareceu.

— Com licença, o que vai querer?

— Um café, por favor. — M respondeu, concentrado no aparelho eletrônico.

— Algo mais? — Perguntou.

M retirou os olhos do notebook, fazendo a garçonete arquejar, o olhar era frio, a fazia estremecer.

— Não, obrigado.

Ela assentiu e saiu rápido de perto de M, o fazendo sorrir. Ele voltou o olhar para o notebook ainda pensando no que responder a MelodyHC. Começou a digitar, quando o café chegou, com a mesma garçonete. Ela colocou o café a frente de M, e tossiu, cobrindo a boca, vendo as manchas na pele, M balançou a cabeça.

— Eu iria ao médico ver isso que você tem, senhorita, isso pode ser grave.

— O quê?

— Meus pêsames.

Ela balançou a cabeça, atordoada, e voltou até atrás do balcão. M releu o que fora escrito por ele.

“Obrigado MelodyHC, não foi nada. Mas tome cuidado com O Terceiro Cavaleiro, você não vai querer virar uma Delirante. Espero encontra-la um dia. Boa sorte no Inferno. Até mais, M.”

Continua...


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Notas finais do capítulo

ONU - Organização das Nações Unidas, é uma organização intergovernamental criada para promover a cooperação internacional, criada após a Segunda Guerra Mundial, querendo impedir que um conflito igual a esse ocorresse novamente.
OMS, a Organização Mundial de Saúde - é uma agência especializada em saúde subordinada à Organização das Nações Unidas. Segundo sua constituição, a OMS tem por objetivo desenvolver ao máximo possível o nível de saúde de todos os povos. A saúde sendo definida nesse mesmo documento como um "estado de completo bem-estar físico, mental e social e não consistindo somente da ausência de uma doença ou enfermidade". A DCPAB não existe na vida real, ele será explicado no próximo capítulo.

—Símbolo da Vez: Ameaça Biológica.
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Titã.