Immortal escrita por havilliard


Capítulo 13
Oito


Notas iniciais do capítulo

Desculpa por não ter postado semana passada, estava sem tempo.
beijos.



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Dias atuais, New Orleans

— VOCÊS O QUÊ? — a morena gritou, atraindo olhares curiosos, enquanto caminhávamos juntas pelos corredores da escola.

— Psiu. Não precisa gritar para Deus e o mundo. — a repreendi.

— Para onde vão? O que vão fazer? Me conte tudo! — a garota falou com entusiasmo.

Luce parecia animada, diferente de mim, que tentava ao máximo não pensar nesse maldito encontro com Louis. Claro, era uma tentativa falha, uma vez que eu estivesse tão nervosa. Faltavam menos de doze horas para que ele tocasse a campainha de minha casa, e menos de dez para que eu começasse a me arrumar. Não que eu estivesse contando.

— Eu contaria se soubesse. — respondi com uma ponta de sarcasmo.

— Tem razão, essas são as perguntas pós-encontro. — e então, mudou de assunto. — Bom, seu aniversário é semana que vem, o que pretende fazer?

Dei de ombros.

— Minha mãe está me ajudando a organizar uma festa, mas eu não tenho muitos amigos para convidar…

Até porque, essas pessoas que me chamam para suas festas, não são bem meus amigos.

— Definitivamente, convide a turminha inglesa. — ela sorriu. — E o novato.

Esse, eu com certeza não convidarei.

— Por que eu convidaria o Patrick?

— Como eu disse, ele é o novato. Precisa socializar, e nada melhor que uma festa para ajudá-lo.

Luce tinha razão. Por maior que fosse minha aversão àquele garoto, eu não podia ser mal-educada. Ele era o rapaz novo.

— Ok. Já temos… seis convidados. E o restante? — perguntei, mais para mim mesma. Eu realmente não tinha muitos amigos, tipo, de verdade.

— Pode deixar comigo. — a  morena sorriu, com certeza já criando sua lista de convidados em potencial.

— E, pelo amor de Deus, não convide Hayley Mitchell, e muito menos, Mia Turner. — avisei, pensando se estava agindo certo em vetá-las da festa.

— Tudo bem. Não ia convidá-las.

Voltamos ao meu armário e eu lhe entreguei o saquinho com os convites dentro. Logo após, o sinal finalmente tocou.

— Ei, não se esqueça de me falar tudo amanhã. Sabe, sobre seu encontro com Louis. — ela piscou, com um sorriso malicioso. Me conti para não revirar os olhos.

— Você me mataria se eu esquecesse. — a lembrei, com certa ironia.

A morena apenas sorriu e se foi.

 

 

Estávamos todos assentados à nossa mesa no intervalo. Luce estava ao meu lado com uma extensa lista de nomes, os quais recitava e eu dizia se aprovava ou não.

— Para o quê é isso? — Liam perguntou, apontando com a cabeça para o papel todo escrito.

Estranhamente, Luce só havia falado nomes masculinos até o momento, o que me permitiu fazer uma piada, apesar de eu ter que conferir depois se havia algum nome feminino.

— Minha lista de namorados. — sorri, brincalhona, e notei a expressão se Louis endurecer. Sorri mais. Diferente do rapaz, os outros riram. — São só algumas pessoas que Luce pretende convidar para minha festa de aniversário. Só estou avaliando. — expliquei, percebendo o garoto dos olhos azuis relaxar por um instante.

— Zack? — a garota ao meu lado perguntou.

— Definitivamente não. — respondi, me lembrando dos terríveis meses em que namoramos. — Por falar nisso… — retirei cinco convites de dentro do saquinho. — Vocês estariam convidados, mesmo sem convites. Só quis oficializar o convite… — e entreguei para cada um deles.

— Meio peculiar seu aniversário ser em uma sexta-feira treze. — Zayn comentou.

— Será uma festa de Halloween fora de época. — pisquei.

— Certamente estaremos lá. — Harry garantiu, me abraçando de lado.

Por mais estranho que pareça, eu sentia que podia contar tudo a ele. Quase como se ele fosse meu irmão mais velho. Harry era, sem dúvidas, meu melhor amigo, e, diferente do que Luce havia dito há dois meses, não parecia que Harry nutria sentimentos por mim. Não desse jeito. E tinha outro detalhe: desde meu desmaio na aula de Química, ele se preocupava comigo mais do que qualquer um dos meus amigos. E eu amava isso.

Ao fim do intervalo, a lista de Luce estava pronta, contendo os nomes (surpreendentemente, havia nomes femininos) de quem eu lhe permiti que convidasse. Ela foi a primeira a sair da mesa, juntamente a Niall, que a ajudaria a entregar os convites. Zayn e Liam foram para suas respectivas salas e Harry me acompanhou até meu armário, onde se despediu e foi para sua sala. Logo após ele sair, Louis se aproximou.

Não havíamos conversado durante o intervalo, muito menos na entrada ou nos intervalos de aula. Para ser sincera, tentei fugir dele o máximo que pude. Pode parecer infantil, mas eu estava nervosa demais com nosso “encontro”, se é que podemos chamar assim, e não queria vê-lo antes das sete. Era quase como a tradição do noivo não poder ver a noiva antes da cerimônia.

— Ouvi por aí que está fugindo de mim. — ele falou, ao me ver saindo enquanto se aproximava.

— Não estou fugindo de você. — retruquei, um pouco rápido demais.

— Você estava fugindo agora a pouco.

— Eu não estava… — sim, eu estava. E odiava aquela expressão no rosto dele, que demonstrava que estava certo. — O que quer?

— Saber o que está acontecendo com você. Por que está me evitando, Alex? Fiz alguma coisa? — isso parecia realmente preocupá-lo. Me senti mal por isso.

— Não! Você não fez nada, eu só… — suspirei. Ele me olhava atentamente, esperando pela resposta. — Só estou um pouco nervosa. — admiti, me sentindo uma idiota. O sentimento aumentou quando vi um sorriso brotar nos lábios do garoto.

— Isso tem a ver com nosso compromisso das sete? — ele perguntou, fazendo nossa saída parecer apenas mais um compromisso em sua agenda do dia. Isso me irritou levemente. — Se for, peço que se acalme. Não é como se estivesse contando as horas. — eu estava. E faltavam menos de oito horas e meia.

— Tenho que ir para a sala. — mudei de assunto. Não queria que ele também me achasse uma idiota.

— Espera, Alex! — forcei um sorriso e o olhei. — Se te faz se sentir melhor, eu também estou ansioso.

Eu, com certeza, não me senti melhor, então apenas acenei com a cabeça e segui para a sala.

 

 

Já eram quase sete horas e nada do Louis.

Eu andava de um lado para o outro, de um cômodo para outro, de um andar para o outro. Ia na cozinha, tomava uma água, voltava para a sala e me sentava no sofá. Depois, olhava o horário e repetia o trajeto.

— Nunca te vi tão nervosa como agora. — mamãe comentou, enquanto me observava com seu copo de chá e um sorriso.

Ela tinha razão. Esse não era meu primeiro encontro, mas eu sentia como se fosse. Nem no meu primeiro encontro eu havia ficado tão nervosa como nesse.

— Acha que ele não virá mais? Já são… — olhei novamente o horário. — Seis e cinqüenta e oito. Ele deve ter desistido. Só pode! — e voltei a andar de um lado para o outro.

— Ah, o amor! — ela falou após um suspiro. Pude notar seu esforço para não rir.

— Isso, continue tirando sarro da minha cara. — reclamei, de braços cruzados. Mamãe balançou a cabeça e bebericou seu chá. E então, a campainha tocou. — Volto logo. — falei e corri para o banheiro, a fim de retocar a pouca maquiagem que havia passado.

Mamãe atendeu a porta. Pude ouvir sua breve conversa com Louis, do banheiro. Antes de aparecer na sala, respirei fundo umas três vezes para tentar me acalmar. Quando me senti mais relaxada, finalmente me juntei a eles.

O rapaz usava uma camisa escura e uma calça jeans, também escura. Seus cabelos estavam bagunçados e em suas mãos havia uma rosa. Eu estava sem ar.

— Alexandra! — ele fala com seu olhar preso em mim. Me senti corar.

— Oi, Louis. — sorri timidamente.

— Hm… Isso é para você. — estendeu a rosa.

— Obrigada. — agradeci, ainda tentando imaginar se algum dia eu terei um ataque cardíaco por causa desse garoto.

— Melhor vocês irem, não? — minha mãe opinou, fazendo-nos sair de nosso transe pessoal.

— Tem razão. Até logo, senhora Miller. Prometo trazer a Alex de volta antes das dez. — o rapaz falou, com um meio sorriso.

— Por favor, só Maggie. — ela pediu.

— Tchau mãe. —  me despedi com um aceno.

— Divirta-se querida.

E então, saímos.

Louis me levou até seu carro e abriu a porta para mim.

— Por favor, me diga que minha mãe não lhe falou coisas constrangedoras a meu respeito. — indaguei, após ele entrar no lado do motorista.

— Hã… desculpe pela demora?! — o garoto falou, rindo. — Não se preocupe, Alex, sua ansiedade só te deixa ainda mais atraente.

Me esforcei para não corar, mas acho que não resolveu, pois o rapaz ainda ria.

O resto do trajeto foi silencioso, porém curto. E no momento em que estacionamos, me perguntei se ele sabia o significado de “nada muito sofisticado”.

— Não vamos jantar aqui, se é o que está pensando. — Louis anunciou, abrindo a porta do carro para mim.

— Então…

— É surpresa, querida. — o moreno sorriu e piscou. — Apenas me acompanhe. — ele estendeu a mão para mim, a qual segurei, um pouco hesitante.

O rapaz me guiou para dentro do luxuoso restaurante em frente ao local onde ele estacionou, passando por entre as diversas mesas e terminando no saguão de um hotel. Contra minha vontade, diversas coisas passaram pela minha mente naquele momento. Principalmente no momento em que Louis confirmou uma reserva com a recepcionista e me levou até o elevador. Ele apertou o botão para a cobertura e as portas se fecharam.

Enquanto o mesmo subia, não ousei dizer uma palavra. Estava perdida em pensamentos diversos. Não queria acreditar que ele tinha realmente isso em mente. E o meio sorriso estampado em seu rosto só me preocupava mais.

O elevador parou dentro de uma suíte enorme e decorada. Louis me puxou para fora do elevador e, depois, para fora da suíte. Não entendi, porém não o questionei.

Ao sairmos, subimos um lance de escadas até a área de lazer do hotel. Atravessamos as diversas espreguiçadeiras que ficavam à beira de uma enorme piscina, até um canto com uma mesa para dois, luzinhas e um balde cheio de gelo e uma garrafa. Sobre a mesa, dois pratos com tampas em cima e duas taças.

— Uau. — sussurrei, observando a vista da cidade.

Milady. — o garoto falou, puxando a cadeira para eu sentar. Aceitei prontamente.

— Você prometeu que não seria nada sofisticado. — comentei, pensando no trabalho que ele deve ter tido preparando tudo aquilo.

— Espere até ver a comida. — o garoto respondeu, abrindo a garrafa e enchendo duas taças com… não tive como não rir. — Algum problema?

— Coca-Cola. — afirmei, bebendo um pouco do líquido da taça, assim que ele se sentou.

Louis ergueu sua taça com um belo sorriso. Incrível como tudo naquele menino era belo. Não é à toa que venho sonhando com ele, mesmo antes de conhecê-lo. Ele é digno de ser apenas um sonho.

— Saúde! — falou. Imitei sua ação com um fraco sorriso.

— Saúde! — respondi.

 

 

— Então, me fale sobre você. — pedi, após terminar de comer as batatinhas.

Por incrível que pareça, nosso jantar esteve longe de ser sofisticado. Além da Coca-Cola, comemos lanche de fast food. Sinceramente, ele não poderia ter feito escolha melhor.

— O que quer saber?

— Tudo. — fui direta. Ele parecia surpreso. — Eu te conheço há dois meses e tudo o que sei sobre você é o seu nome, sua idade e sua nacionalidade. Entretanto,  você me conhece pelo mesmo tempo, e sabe coisas que nem a Luce sabe.

Ele ponderou por alguns instantes.

— Justo. — ele concordou. — Tudo bem, por onde devo começar? — fez uma pausa e suspirou. — Bom, não há muito o que saber sobre mim. Eu moro com meus quatro melhores amigos e eu só amei uma garota em toda minha vida.

— Ela devia ser muito especial. — comentei, sentindo um leve incômodo. Esperava que fosse indigestão, pois se fosse ciúmes…

— Sim, ela é. — ele respondeu. Não pude deixar de notar em como ele usou o verbo no presente. Ela é.

— E o que houve? — claro que eu estava me referindo ao motivo pelo qual ele a deixou na Inglaterra, se é que ela esteja lá. O rapaz apenas deu de ombros.

— Morreu há algum tempo.

Sério? Eu estava sentindo ciúmes de uma garota morta? Sim, eu acabei de admitir que estava com ciúmes.

— Oh, nossa. Eu… sinto muito. — “ela é”, “ela é”, “ela é”.

Está tudo bem.

Ficamos em silêncio um tempo. Por algum motivo, eu me sentia triste por ele. Não aquela tristeza que se sente quando se está com pena, mas como se fosse… culpa. Eu me sentia culpada pela morte da tal garota. Culpada por ele ter sofrido com a perda. Culpada por… ter ido embora.

— Às vezes eu sinto como se algo dentro de mim estivesse mudando. Sinto… coisas, que nem eu consigo entender ou explicar. — falei, de repente. Louis direcionou sua atenção a mim, me olhando como se, de algum modo, me entendesse.

— Vai fazer dezessete, correto? — assenti, tentando entender o que uma coisa tem a ver com outra. — Talvez seja apenas as mudanças que ocorrem com adolescentes. Sabe, hormônios.

Lembrei do dia da biblioteca, quando eu falei que sentia que o conhecia de algum lugar. Sua resposta fez-me sentir como uma boba. Estava me sentindo do mesmo jeito naquele momento.

— Está ficando tarde… melhor voltarmos. — falei, o que não era totalmente mentira.

— Sim. Prometi que te levaria antes das dez. Mas antes… — ele se levantou e sumiu atrás de mim. Menos de dois minutos depois, Louis voltou com dois copos de milkshake. — Chocolate com coco.

Até isso ele sabia. Incrível.

Peguei um dos copos de milkshake e suguei um pouco do sorvete pelo canudo.

— Quanto tempo levou até descobrir tudo isso? — perguntei, me referindo a tudo o que ele sabia sobre mim.

— Digamos que, quando vale a pena, eu me esforço bastante. — o garoto respondeu, sugestivamente. Dei uma risada fraca em resposta.

— Bom saber que valho a pena.

Em resposta, ele sorriu.

 

 

Quando Louis estacionou em minha porta, fiquei meio sem ter o que dizer a ele. Há muito tempo eu não tenho um encontro. Então eu estava perdida.

— Hm… obrigada pelo jantar. Eu… gostei muito. — tentei, um pouco sem jeito. Estava sendo péssima.

— Não precisa fazer isso se não quiser. — ele respondeu, notando o quanto eu estava sem-graça.

— Desculpe, eu só… desculpe.

— Não se preocupe. — o moreno sorriu. — E de nada.

— Eu já vou entrar. E, sério, obrigada. Eu realmente gostei. — reforcei minha tentativa de agradecimento, dessa vez, parecendo mais sincera. E eu realmente estava sendo.

Louis ficou me olhando, com um fraco sorriso e, antes que eu pudesse sair do carro, ele segura minha mão. Eu não queria, mas aquele pequeno gesto gerou diversos pensamentos diferentes em minha cabeça, me deixando um pouco tonta.

— Espere um instante. — falou, me puxando para o banco ao lado dele. O olhei como se perguntasse o que ele queria. — Não se importaria se eu te beijasse, não é?

Espera aí, o quê?

— H-hã… — eu devia estar mais vermelha que uma pimenta.

O que ele está pretendendo? Se acontecer alguma coisa com minha filha, eu nunca vou perdoá-lo.

Isso… pareceu minha mãe. Por que eu estava ouvindo a voz da minha mãe?

Olhei na direção da janela de casa e a vi, espiando atrás da cortina. Como eu poderia ter ouvido sua voz?

— Alex? Aconteceu alguma coisa? — o garoto à minha frente perguntou, fazendo-me ter consciência de sua presença.

— Não, eu… não foi nada. Estou bem. — respondi, ainda tentando entender o que havia acontecido. Tentando entender como. E por quê. — Eu… eu preciso entrar. — falei e saí do carro antes que ele me parasse novamente

Sei o que eu acabei de recusar. E eu estava me amaldiçoando por isso. Mas eu estava perturbada demais para deixar o Louis me bagunçar ainda mais. E, de qualquer modo, foi nosso primeiro encontro. Não se beija no primeiro encontro, ou beija? Céus, como estou confusa!

Ao entrar em casa, passei direto pela minha mãe e subi para meu quarto. Não queria falar com ela sobre tudo o que estava acontecendo comigo. Ela não entenderia e a última coisa que eu queria, era minha própria mãe ligando para o manicômio para me internar. Antes que ela pudesse dizer algo, fechei a porta e corri até a janela. Surpreendentemente, a caminhonete vermelha ainda estava estacionada no meio-fio.

Como se soubesse que eu o observava, meu celular toca. E no visor, o nome dele.

— Eu falei alguma coisa errada? — sua voz era de preocupação. Me segurei pra não rir.

A única coisa errada a noite toda foi eu ter fugido.

— Não. Fique tranquilo. — garanti.

Notei os faróis da caminhonete do garoto se acenderem. Ele estava indo embora. Ele não podia ir. Agora não.

— Então acho que você me deve um beijo. — pelo som de sua voz, pude deduzir que o rapaz estaria sorrindo naquele momento.

— Você não vai mudar mesmo, não é?

Aproveite a oportunidade que tem para quitar a dívida. Se deixar para o próximo encontro, terá juros.

Ele sabia que eu o estava vendo pela janela. E não iria embora até eu descer.

— Próximo encontro? Isso é um convite?

Desça e descubra.

Era um desafio. E, por sorte, eu adorava desafios.

A janela do meu quarto era aberta, sem grades ou tela de segurança. E não era muito alta também. Então, como estava acostumada a fazer, me sentei na beirada, prestes a pular.

— Se eu não for, quanto de juros terei que pagar? — perguntei, mordendo meu lábio inferior. Não queria me entregar tão fácil.

Acredite, serão juros muito altos. — sua voz era provocativa e um pouco rouca. Se Louis estava tentando ser sexy, com certeza estava conseguindo.

Estava prestes a pular, quando a porta do meu quarto se abre levando minha atenção à pessoa que eu pensei ter evitado. Ao que parece, não se pode evitar sua própria mãe.

— Alex, está… — ela começou, mas se auto-interrompeu ao me ver sentada no beiral da janela.

Sem dizer nada, minha mãe se aproximou de mim e se inclinou para fora, avistando o carro de Louis ainda parado no meio-fio. Um suspiro depois, ela me mandou descer apenas com um olhar, e eu tive de obedecer.

— Até segunda-feira. — falei, tentando disfarçar a decepção em minha voz.

Até, Alex. E me deseje sorte com a sua mãe. Ela, com certeza, virá falar comigo. — o rapaz lamentou, fingindo tédio.

Ao ouvir o som da porta batendo, notei que ele estava certo. Mães…

Quando me dei conta, a ligação havia cessado. Me debrucei na janela e observei a um-pouco-longa conversa entre Louis e minha mãe, até que me cansei e resolvi deitar. Se eu não dormisse imediatamente, teria que fingir, só para pular o momento “mãe e filha” com Margareth Miller.

Ser adolescente é tão cansativo.

 

 

Ao notar que o carro estava distante o suficiente, o rapaz ligou o seu e dirigiu pelo mesmo caminho.

Sua intenção era seguir a caminhonete vermelha e descobrir mais coisas sobre seu alvo, mas depois do que acompanhou (e descobriu) há poucos minutos, não seria mais necessário. Não por enquanto.

Enquanto dirigia de volta para casa, o menino discou o único número em sua lista de chamadas.

O que descobriu? — a voz do outro lado da linha perguntou, sendo direta. Sabia que o rapaz só ligaria para uma coisa: informações.

— Ela está mais próxima da transformação do que pensávamos.

— Significa que…

— Sim. Temos que agir rápido, antes que seja tarde demais. — o garoto concluiu a linha de raciocínio da colega.

No outro lado da linha, algo se quebrou.

— Precisamos de um novo plano. Entre em contato com o outro informante, vamos nos reunir amanhã.

— Pode deixar.

Sem dizer mais nada, a ligação cessa. Significa que a ordem estava dada.


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