Redenção escrita por mjonir


Capítulo 16
Naveen




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O céu estrelado de Asgard acalentava meus pensamentos, os meus dedos passeavam por meus lábios lembrando a todo o momento daquele beijo intenso. Mantive os olhos do lado de fora da enorme janela de Asgard, a noite estava quente, apenas uma leve brisa refrescante batia em meus cabelos. 

A única coisa que eu pensava eram os lábios macios de Loki nos meus, seu aperto forte em minha cintura e seus cabelos sedosos. Eu realmente não consigo parar de pensar na noite que tivemos. A dança, a conversa um tanto reveladora e um beijo de tirar o fôlego, depois de tudo aquilo eu tenho certeza que algo despertou em mim, uma fagulha, uma pequena brasa em meu ser me deixou sem dormir por horas. Apesar de ter dançado parte da noite, bebido hidromel além da conta e aquele beijo, maldito beijo que roubou o resto da minha sanidade.

Abaixei meus olhos para o pequeno caderno repousado em meu colo com a folha em branco, já que eu não conseguiria dormir decidi então começar a desenhar. As lanternas que tanto me emocionaram hoje eram uma das primeiras inspirações para as páginas em branco, as desenhei acesas, sozinhas e no céu voando, sendo lançadas dos barcos e voando acima do mar.
As horas foram se passando e quanto mais desenhava mais confusa e irritada eu ficava. As imagens em meu caderno passavam dos olhos e lábios do Loki até quando ele chegou ao baile com metade de sua armadura dourada assim como o elmo nas mãos, o sorriso sarcástico e seus cabelos negros.

— Mas que diabos. – Rosnei passando as mãos pelos meus cabelos ainda enrolados.

Levantei-me do parapeito enorme de minha janela e joguei o caderninho em cima da penteadeira brutalmente, bufei e arranquei o vestido preto que estava. Felizmente apesar de minha fúria eu consegui retirá-lo sem causar nenhum dano, joguei-o no chão do quarto perto da cama e me joguei na mesma cobrindo-me dos pés a cabeça, fechei os olhos tentando tirar da minha mente o maldito asgardiano. Me balancei um pouco na cama implorando para que o meu sono viesse. Bom, ainda bem que ele veio.

 

Algumas horas depois no palácio...


Sentei-me perto das escadarias do grande salão olhando para o grande pátio dourado de Asgard, o lago calmo e cristalino assim como o vento me fez suspirar de tédio, depois de uma comemoração badalada como a de ontem tudo estava tão calmo e quieto, aquilo me deixava agoniada. Se tem uma coisa que me faz sentir mal é a calmaria em excesso. Loki não deu as caras todo esse tempo me deixando muito mais irritada e mal humorada. Onde aquela coisa havia se metido?

Os serviçais passavam de um lado para o outro como malucos limpando e polindo cada parte do salão me deixando ainda mais entediada, gostaria de ter uma caneca de hidromel pelo menos. Meu coração se apertou ao me lembrar da pequena Allya, onde ela estaria? Não treino mais junto com as crianças e eu realmente sinto falta de todos eles. Eu deveria procurá-la, conhecer as aldeias de Asgard, as tavernas próximas, lojas e as pessoas de lá. Tudo bem, decidido! Eu iria passear por aí, quem sabe bater um papo com Heimdall, não é? Talvez isso faça meu dia deixar de ser tão insuportável assim. 

Quando finalmente me levantei um certo asgardiano passou pela pátio devagar com as mãos repousadas nas costas de forma costumeira, o cabelo se encontrava amarrado o que me surpreendeu um pouco. Ele passou pelo pátio e parou diante do lago cristalino o observando. Droga eu precisava sair dali. Não faço ideia de como vou olhar pra Loki depois daquele beijo, afinal nós nos afastamos sem dizer nada ao outro e eu fui para o quarto tentar dormir, em vão, é claro.

Eu havia decidido que veria Allya, mas como iria passar perto de Loki sem olhar para ele? Será que eu deveria me aproximar e conversar normalmente? Não, como é que eu vou fazer isso? A gente se beijou. Aliás e que beijo, hein? Mas... Oh mente doida, para que eu estou pensando nisso?

Enquanto estava em meu dilema se passava ou não, Loki se virou para as escadarias do palácio onde eu me encontrava de pé ainda decidindo ou não se parava de ser uma estátua ambulante, quando seus olhos se focaram em mim foi aí que eu congelei mesmo e abaixei meu olhar para meus pés. Droga onde eu fui me meter? 

O príncipe asgardiano não disse nenhuma palavra e eu comecei a ficar incomodada com aquela situação, ele mesmo não havia dito que não se importava com nada? Onde está toda a sua atitude, Loki? Levantei meus olhos para ele que me encarava de forma confusa, seu olhar para mim me fez suspirar e saber que Loki não mudaria por causa de um beijo, o que houve ontem não mudou em nada. O encarei firmemente até que o homem a minha frente deu um passo a frente fazendo meu coração retumbar no peito, seus lábios se entreabriram como se quisesse falar algo, porém se deteve rapidamente e me olhou como se nem me conhecesse mais, se virou e se foi andando calmamente pelo pátio do grande palácio dourado.

Mas que diabos? O que está acontecendo? Ele fica um tempo me olhando e me encarando com uma cara de idiota que tem e quando eu penso que ele vai dizer algo, simplesmente se vai dessa forma? Sinceramente eu acho que minha estadia em Asgard está se findando até porque Odin queria que eu o ajudasse a melhorar, na visão do Pai de Todos isso tem acontecido, ele observou nossa dança no baile, ficou sabendo sobre nossas idas à biblioteca e tirou Loki da cela por ter curado minha gripe anormal, pois até sonhei com Frigga e... Oh droga, eu havia me esquecido de dizer sobre minha viagem astral com a deusa, todavia depois do que ele fez momentos atrás estou certamente em dúvida se devo dizer a ele sobre os segredos que sua mãe havia compartilhado comigo. 

Balancei a cabeça e desci as escadarias do salão e passei pelo pátio de forma rápida, eu iria ver Allya e nem um mau humor pós Loki me atrapalharia.

Alguns minutos depois na aldeia...

Sinceramente fico abismada como Asgard é bonita mesmo fora do palácio, os mercadores com suas bancadas de mogno cheias de alimentos para vender, adultos e crianças andando para lá e para cá fazendo suas devidas obrigações. As mulheres com seus vestidos esvoaçantes e cada vez mais coloridos, cabelos grandes e trançados, alguns com penas identificando os guerreiros.

Observei algumas tavernas cheias com asgardianos brindando suas devidas canecas transbordando hidromel e sorrindo, aquele lugar era completamente cheio de alegria. As pessoas respeitavam umas as outras, eram caridosas e gentis assim como foram comigo, pois acabei me perdendo no meio de toda aquela agitação, perguntei algumas vezes se conheciam a Allya e todos respondiam com: A pequena confusão vermelha? E riam, porque se referiam ao cabelo da pequena e sua personalidade espoleta. 

Passei por algumas ruas cada vez mais parecidas com as outras, haviam espécies de lojas e escolas em Asgard o que eu achei muito legal, eles se pareciam com os humanos, tinham costumes que lembravam os nossos, mas ainda assim tinham a força e a beleza de deuses. É, eu adoraria ser uma asgardiana, além de viver muito tempo e demorar para ter rugas teria uma força sobre humana e ainda mais nada, de hematomas nos treinos por causa de uma simples queda.

Enquanto andava procurando pela rua de Allya observei uma menininha de cabelos longos e negros, ela se encontrava sentada em um banco de uma pequena praça florida - sinceramente Asgard dá de dez a zero na Terra, eles conseguiram adaptar a sociedade com a natureza e isso é lindo - a menina estava com um livro em mãos e seus olhinhos castanhos brilhavam, e naquele momento me surpreendi, pois éramos muito parecidas. Cheguei mais perto dela para observar melhor e soltei um arquejo, realmente éramos muito parecidas. 

A pequena avistou alguém chegando e se levantou deixando o livro de lado e saiu correndo, andei mais rápido para observar aquela cena, ela abraçou o meu pequeno furacão ruivo que fez uma expressão não muito animada.

— Allya! - Disse a morena abraçando ela bruscamente. - Você está melhor?

A ruiva assentiu tristemente e levantou os olhos para mim, seu rosto se iluminou e ela sorriu.

— Diana! - Ela se soltou do abraço da pequena amiga e veio correndo até mim e agarrou minhas pernas.

Sorri para Allya e a peguei no colo abraçando a pequena com força. Como eu estava com saudades dessa garotinha, fiquei preocupada por não vê-la por tanto tempo.

— Como você está, meu amor? Que saudades de você. - Disse carinhosa, Allya me abraçou mais forte e fungou encostando sua cabeça em meu ombro.

— As coisas não andam nada bem, tia Diana. - Ela disse com a voz embargada. Engoli em seco já imaginando o pior.

Já na casa de Allya...

A pequena ruiva estava sentada em meu colo ainda abraçada comigo enquanto seu pai, Naveen, me contava o que havia acontecido. Allya fungou ainda agarrada a mim e eu tentei de todas as formas controlar as lágrimas. Minha pequena havia perdido a mãe na noite do baile, enquanto Naveen me contava o que tinha acontecido me lembrei de como eu fiquei arrasada quando perdi meus pais em uma tacada só e senti a dor de Allya e do pai.

— Descobrimos que ela estava doente algumas semanas antes do baile, levamos ela às salas de cura, mas não havia nada mais que pudéssemos fazer, disseram a nós que a doença que Heyde tinha era hereditária e que devíamos nos despedir dela, pois só restavam alguns dias. - Naveen narrou tudo isso com os olhos lacrimejados, me fazendo derramar algumas lágrimas.

— Eu sinto muito mesmo, Naveen. Sinto também que tenhamos nos conhecido numa situação como essa.

Ele assentiu tristemente e eu lhe dei um sorriso confortador, ele precisava disso.

— E sua família? Onde ela está? - Perguntei a ele.

— Meus pais morreram há algum tempo e os pais de Heyde voltaram para Vanaheim quando nos casamos. - Ele fez uma careta de dor ao dizer o nome de sua falecida esposa.

— Eu realmente sinto muito. 

— Não, não precisa se incomodar. - Ele disse dando um sorriso sem brilho.

— Eu não estou me incomodando, Allya é maravilhosa comigo e eu a amo, e eu sinto muito de verdade por isso. Sei como você e ela se sentem. - Ele me olhou questionar e então suspirei me lembrando de um dos meus maiores traumas. - Meus pais morreram juntos e a perda foi devastadora para mim. 

Allya me abraçou mais forte e desceu de meu colo puxando a amiga para seu quarto e as duas sorriram para mim, devolvi-lhes o sorriso.

Naveen me olhou com compaixão entendendo minha dor, suas mãos acolheram as minhas e levantei meus olhos para o homem a minha frente, pude perceber em seus olhos castanhos esverdeados que uma bela amizade estava nascendo naquele momento.

— Eu preciso ir agora, mas prometo voltar aqui mais vezes para ficar com Allya, e também se precisar conversar. Não tenho muitos amigos aqui. - Eu ri e Naveen me acompanhou.

— Seria um prazer recebê-la em minha casa novamente. - Ele sorriu de forma doce para mim.

— Tchau Naveen!

O homem acenou para mim e assim voltei a pé para o grande palácio dourado com uma única ideia em mente: Eu precisava sair de Asgard e me afastar de tudo que lembrava meus traumas e isso incluía me afastar de Loki.


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