Redenção escrita por mjonir


Capítulo 17
O que diabos você fez, asgardiano?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/692000/chapter/17

A risada grossa de Odin me fez revirar os olhos, me encontrava inquieta no palácio tentando de alguma forma convencer o velho barbudo a me deixar voltar para Midgard, era meio explícito que minha missão aqui já havia sido cumprida, então nada mais justo do que voltar de onde vim como um pagamento.

O Pai de Todos voltou a ficar sério observando toda a minha euforia para zarpar daquele planeta e finalmente voltar para a Terra. Devo estar muito encrencada na faculdade, e se meu rosto estiver em jornais? O diretor deve estar me procurando igual um condenado, ou não, ele já não ia muito com a minha cara e fazia o favor de atrasar meu salário quase todo o mês, bom, talvez ninguém estivesse me procurando - pensei. 

Todavia alguém tomou minha mente, aquele maldito. Será que o diretor havia informado a ele sobre meu chá de sumiço? Se aquela besta ambulante chamada Sr. Rullen tivesse comunicado ele, talvez eu estivesse sim sendo procurada e com muito fervor. Levei um de meus dedos a boca roendo a unha de ansiedade, eu precisava, sem dúvidas, voltar para New York.

Odin tagarelava em cima do trono se referindo a Loki e a mim, mas eu só conseguia pensar se ele, meu maldito ex namorado, estivesse procurando por mim em qualquer lugar da Terra. Eu sabia que ele tinha acessos para isso e nesse instante ele devia estar se descabelando para me encontrar, bom, mas nem pense que isso de longe seja romântico.

— Diana! - Odin esbravejou chamando minha atenção. - Você quer seu pagamento, mas se encontra presa em seus devaneios enquanto eu lhe ofereço uma proposta.

— Espere, que proposta? - Respondo interessada apagando New York, Sr. Rullen e ele da minha mente naquele momento.

— Bom, eu iria propor que ficasse mais um tempo aqui, ou então que se mudasse para Asgard permanentemente, e te recompensaria de outra forma, você se tornaria uma nobre. - Ele disse sorrindo verdadeiramente para mim.

O que? Odin achava que eu aceitaria um pagamento desse? Na verdade não é ruim (é maravilhoso), mas não posso aceitar. Tenho deveres e obrigações em New York, e principalmente com a faculdade, eu sei que quando chegar lá não me sentirei como me sinto aqui, e nem terei Thor, Sif, Frandall e Volstagg para me divertir e ser tão amorosos comigo.

Minha expressão, com toda a certeza, mudou e fiquei triste ao pensar que de onde eu vim as únicas pessoas que me fizeram sentir em casa foram meus pais e ele, todavia meus pais foram tirados de mim, e ele? Ele foi...

— Diana! - Odin esbravejou novamente me fazendo voltar minha atenção a ele. - Eu já lhe dei minha proposta e ainda continua viajando. - Ele riu e completou. - Será que anda apaixonada?

O quê? Mas o que esse Papai Noel de uma figa está querendo dizer? Ele me lançou um olhar um tanto malicioso, me fazendo lembrar de seu sorriso extremamente satisfeito no baile de Frigga, quando eu e Loki dançamos. Mas que diabos, Odin está insinuando que eu estou apaixonada pelo asgardiano de roupa verde - a cor é bem bonita, não posso negar.- Não acredito nisso.

— O quê? Mas... É claro que... Não! - Gaguejei algumas vezes, droga. Mas pelo menos enfatizei o ''Não''.

O Pai de Todos continuou sorrindo daquela forma para mim e eu revirei os olhos tentando tirar de onde não tinha - naquele momento - confiança.

— Se não está apaixonada, então porque quer voltar para Midgard o mais rápido possível? Isso me parece mais uma fuga do que uma visita à sua casa. - Disse me fazendo corar um pouco, é claro que ele perceberia que eu estava afim de fugir daqui.

Maldito papai noel que mata as charadas rapidamente... Mas ei, eu não estou apaixonada pelo Loki, não mesmo!

Fechei minha expressão e tentei de alguma forma manter o tom sério, sem me deixar levar pela fúria que já me tomava, graças aos comentários de Odin.

— Eu não estou fugindo! - Uhhhh, isso foi bom, continue confiante. - Só que tenho deveres em Midgard assim como você tem deveres aqui. - Okay, essa foi ótima.

Odin me olhou pensando no que eu havia dito e pareceu ponderar o que eu havia dito.

— Já que diz ter tantos deveres assim, eu posso deixar que você faça uma visita.

— Não! Visita, Odin? Eu tenho que voltar para ficar, aqui não é minha casa. - E nesse momento meu coração se recusou a aceitar aquilo, e as malditas lágrimas inundarem meus olhos, mas não as deixei escapar.

— Bom querida, você deve ficar onde é seu lar, faça sua escolha com sabedoria.

— Eu já fiz.

O reverenciei e sai pelas grandes portas douradas deixando as lágrimas traiçoeiras saltarem de meus olhos.

Mais tarde em meu quarto...

Comecei a tirar todos os adornos asgardianos que eu havia vestido e até me acostumado, abri meu pequeno guarda-roupa e lá no fundo encontrei o vestido preto humano que veio comigo para cá na noite de meu aniversário, suspirei e o coloquei assim como minhas pequenas sapatilhas também pretas.

Deixei o bracelete de estrela para que pudesse ter alguma lembrança de Asgard e fui até o espelho para tirar a pena que havia ganhado de Sif, ela me nomeou uma guerreira porque afinal, eu havia aprendido a lutar - e muito bem - com ela.

Retirei a pena branca de meu cabelo e lágrimas caíram pelos meus olhos, será que estaria fazendo a coisa errada? Porque quero tanto ir embora se no fundo eu realmente desejo ficar em Asgard? Balancei a cabeça tentando tirar aqueles pensamentos de minha cabeça e me concentrei em algo pior, Loki.

Lembrei-me de nossa dança no baile, os sorrisos, o beijo, o momento em que lancei uma lanterna para Frigga e pedi, não, supliquei à ela que me ajudasse a entendê-lo e ajudá-lo de alguma forma, mas até o momento não havia recebido resposta alguma desde minha viagem astral.

E aí me lembrei que a rainha havia pedido para que eu contasse a Loki sobre o que conversamos e mostrasse o colar de Freyja, e droga, eu não havia feito nada disso e agora quero ir embora, ah não... Droga Diana.

No corredor...

Corri até encontrar a parte afastada dos aposentos de Loki tentando manter a calma, os olhos dos guardas só faltavam saltar dos olhos ao me ver com o vestido que cheguei aqui. Será que nenhuma das mulheres usa vestido curto? Pelo amor de Odin.

Subi as escadas esbaforida e fiquei andando de um lado para o outro tentando tomar coragem e enfiar o papel amarelado de minha carta, eu precisava ser rápida antes que Loki abrisse a porta e me visse ali, meus planos iriam por água a baixo e eu não voltaria para Midgard.

— Tome coragem, sua covarde! - Sussurrei para mim mesma e me abaixei para colocar a carta na porta de Loki.

Enfiei o papel amarelado ali mesmo e me levantei num pulo, bati em sua porta para que ele visse logo isso. Ah não, isso não foi uma boa ideia! Virei rapidamente para as escadas e desci correndo, bom, pelo menos o vestido curto não atrapalha em uma fuga.

Os guardas me olharam sem entender nada e eu apenas acenei para eles tentando me lembrar do rosto de cada um. É, eu sentiria falta deles.

Na sala do trono...

Meus quatro amigos estavam lá, o que me fez suspirar e deixar algumas lágrimas saltarem de meus olhos, porém limpei-as rapidamente e corri para abraçar um de cada vez.

— Por que vai embora, minha querida Diana? - Disse Frandall tristonho e Volstagg concordou.

— A comida daqui não a satisfaz? - Disse o moreno grandalhão me fazendo soltar uma risada.

— Eu vou sentir falta de vocês dois, não se esqueçam de mim. - Abracei Frandall mais uma vez, e ele limpou meu rosto cheio de lágrimas.

Cheguei perto de Sif e ela me abraçou de supetão assim como eu fiz no baile me arrancando uns risinhos, ela revirou os olhos e me apertou.

— Não se esqueça de mim, Diana. Você sempre será uma guerreira de Asgard e saiba que seria linha de frente em minhas tropas. - Eu arregalei os olhos ao ouvir aquilo, ser linha de frente é uma honra para todos os asgardianos.

— Obrigada Sif, eu sempre serei a guerreira que você criou em mim...

— Eu não criei nada, só aprimorei o que você sempre foi. - Ela disse me dando um beijo na testa.

Sorri limpando as lágrimas de meus olhos e abracei Thor que mantinha uma expressão séria, o que me preocupou.

— Por favor, não fique com raiva de mim, eu temo o mjonir. - Disse tentando fazer com que ele soltasse uma risada estrondosa.

Seus lábios nem se curvaram para cima.

— Não quero que vá, Diana. - Disse ainda sério. Não, ele não pode ficar dizendo essas coisas, vou chorar ainda mais. - Eu já perdi Jane e agora você que é minha amiga, uma amiga maravilhosa, Diana.

— Me perdoe, Thor, por favor. É que não posso ficar e...

— Não me dê desculpas esfarrapadas, Diana, mas saiba que quando quiser voltar é só pedir a Heimdall, você faz parte de Asgard.

— Eu sei disso e sou grata por vocês me aceitarem aqui como parte da família. Eu amo todos vocês. - Disse abraçando ele mais uma vez.

Me virei para as portas que davam visão ao pátio, eu estava mesmo indo até a Bifrost para finalmente voltar para Midgard, mas meu coração ficaria aqui, em Asgard.

Próximo à Bifrost...

As ruas estavam escuras e e sem asgardianos passeando, as tavernas se encontravam lotadas, mas com suas portas fechadas deixando o caminho um tanto depressivo, exatamente da forma que eu me encontrava por decidir deixar tudo isso para trás.

Continuei andando devagar observando o céu e as estrelas de Asgard pensando em como esqueceria tudo aquilo, todas as paisagens, os moradores, os costumes e o palácio estavam gravados em minha memória e eu precisaria de uma grande lavagem cerebral para esquecer tudo aquilo.

Observando tudo a minha volta fui surpreendida ao sentir alguém atrás de mim. Sabe aquele sexto sentindo de quando está sendo seguida? Não gostei nada daquilo e continuei andando.

Ouvi um leve farfalhar de pés atrás de mim me deixando atenta a tudo que estava ao meu redor, virei e não encontrei nada. Aquela escuridão toda estava me dando medo, deveria ter pedido a Thor que me trouxesse à Bifrost, mas se ele tivesse feito isso, com certeza eu não seguiria com o plano.

Os passos ficaram mais altos e eu me pus a correr e me escondi atrás de algumas árvores, parei e respirei fundo ainda olhando para onde eu estava poucos minutos tentando ver alguma sombra ou silhueta.

— Bu!

Alguém atrás de mim disse alto me causando um sobressalto, me virei rapidamente dando um soco falho, a pessoa que estava atrás de mim sumiu completamente e pude ouvir sua risada em outra árvore. Mas que diabos? Quem é que estava ali e ainda fazendo gracinha?

— Saia de onde está e se apresente! - Gritei enfurecida.

A risada ecoou de novo dessa vez mais perto e eu armei a guarda, seria bom se minha espada estivesse em minha bainha. Droga.

— Parece que temos uma moça corajosa aqui. - Disse uma voz conhecida.

— Mostre seu rosto, covarde. - A impaciência me tomou.

Uma mão segurou meu braço me trazendo para perto e eu pude observar um tronco forte. Droga, eu tô ferrada - pensei -. 

— Acho melhor você não me chamar de covarde de novo. - O homem a minha frente disse soltando uma risada sarcástica.

Ele me puxou para fora das pequenas árvores e me fez voltar para a rua ainda segurando meus braços, a iluminação por tochas me fez observar as costas do... soldado?

— O que quer comigo, soldado? - Disse observando a rua escura e deserta.

— Cale-se! - Disse ele se virando para mim com seus olho extremamente verdes me fazendo lembrar de alguém.

— Quem é você para mandar em... - Ele colocou uma de suas mãos em meus lábios me interrompendo.

— Fique quieta, midgardiana. - Ele me repreendeu fazendo com que meus olhos se arregalassem. Não pode ser. - Você gosta de causar uma bagunça e tanto não é? O que tem na cabeça para fugir assim e me deixar uma maldita carta como explicação?

Ainda com uma das mãos em meus lábios, o soldado a minha frente se transformou em nada mais e nada menos do que Loki, me fazendo soltar um arquejo de surpresa.

— Loki? - Disse um tanto estupefata, era ele, mas não se parecia. O homem que estava em minha frente tinha cabelos curtos e negros, os mesmos olhos de Loki, mas com a pele morena, bem mais alto e forte.

Ele revirou os olhos e puxou meu braço de novo, mas dessa vez com mais gentileza.

— Você vai me explicar isso, mas não agora. Vamos sair daqui! - Loki disse olhando de um lado para o outro.

— Não, eu devo voltar para Midgard e...

— Você não vai voltar para Midgard, Diana!

A raiva me tomou de novo e comecei a me debater em seus braços desesperada, eu não poderia ficar mais em Asgard, devia manter distância desse maluco.

— Para de me segurar! Você não manda em mim, não vou ficar em Asgard.

— Não disse que ficaria aqui, apenas confirmei que não voltará para Midgard. - Disse ele rangendo os dentes. - Pare de se debater!

— Não vou deixar que me leve sabe lá pra onde, gafanhoto! - Seus dentes trincaram mostrando toda sua impaciência.

Ele suspirou e segurou meu braço mais forte e com a outra mão tocou em minha testa dizendo algumas palavras esquisitas, meu corpo rapidamente obedeceu suas palavras e fui tomada por uma sonolência maldita.

— Foi você quem pediu, Diana. - Disse com uma cara travessa, maldito.

Mantive meus olhos nos seus demonstrando todo meu ódio por ele em um só olhar até que a inconsciência me tomou. O que diabos esse asgardiano fez?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Redenção" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.