— Oh mon Dieu— murmurava o francês.

Francis era apenas um país, na qual andava com a cabeça trabalhando a mil por suas ruas. Estava deprimido e para isso carregava consigo uma garrafa de vinho, para afogar todas as mágoas na bebida. O álcool já estava tomando conta de si quando sem querer tropeçou em um adolescente que estava sentado no meio fio da rua.

— Opa! Pardón! – pediu o garoto. O país apenas deu de ombros. – Ei! Está tudo bem?

— Ah, eu sei lá... Estou morrendo aos poucos mesmo...

— Todos nós estamos...

— É diferente. Eu realmente estou morrendo.

O adolescente arqueou uma sobrancelha. Percebeu que um enorme fardo estava nas costas do louro bêbado. Sem querer se importar muito perguntou:

— Quer desabafar sobre isso?

Sentando ambos no meio fio da rua, Francis tomou um grande gole do vinho, finalizando assim o líquido dentro da garrafa.

— Não acredito que vou falar isso com... você. Um adolescente qualquer.

— Assim me sinto ofendido!

Com uma suspirada, Francis começou:

— Sei que você vai dizer que sou louco, mas eu sou um país. Sim! Eu sou um país ainda pobre, com 80% da economia ainda rural. Eu sou um fracasso... – ele levou a garrafa até a boca, mas nada havia tomado. Então jogou a garrafa de vidro longe assustando um gato de rua.

— Sei... Eu sou apenas um... francês. Não devo ter muitos dons ou talentos. 

— Não! Mas é diferente... Muitas nações por aí estão seguindo o tal do “iluminismo” enquanto ainda estou no Absolutismo – a embriaguez havia tomado conta do país. 

— Então mude, oras!

— Não é fácil como você acha que é! A Coroa não quer tomar providências. Eu também fui idiota de ajudar aquele imbecil viciado em chá no processo das Treze Colônias da América... – o louro havia feito beiço.

— Imbecil viciado em chá...? Perdão, quem?

— O idiota do Inglaterra.

— Ah. Outro país, espero?

O louro confirmou com a cabeça. 

— Meu povo agora está cada vez mais dividido! Como sempre, o clero está no comando de tudo isso. É um saco! 

— Soube disso... Do segundo e terceiro estado, non?

— Oui... Mas quer saber...? Eu vou dar a volta por cima! – O louro bêbado havia levantado. Quase caiu, mas levantou. – Primeiro vou comprar outro vinho, com licença... – o país havia dado as costas e saía andando. Quando parou. – Posso saber seu nome, jovem rapaz?

— Napoleão. Napoleão Bonaparte.