Dois Verões escrita por Mia Lehoi


Capítulo 8
Disfarçando tudo muito bem


Notas iniciais do capítulo

To muito feliz por ter conseguido postar pontualmente no sábado! hahaha ♥
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/691891/chapter/8

A viagem da casa de praia de Xaveco para o píer onde estava ancorado o iate da família de Carmem era de cerca de meia hora. O grupo seguiu na mesma van que alugaram para vir do Limoeiro, com Franja ao volante no lugar de Nimbus. Assim como no dia do luau, as meninas tinham dedicado um bom tempo se produzindo para a noite. Com mini vestidos, saias, shorts, blusinhas de verão e sandálias de salto alto, todas estavam lindas e animadas. Os garotos também se esforçaram para não fazer feio.

Carmem os recebeu com muitos sorrisos e cumprimentos, vestida numa saia cor de rosa e numa blusinha branca de seda. Com ela estavam seus primos Felipe e Luísa, além de Titi e Toni, que também haviam vindo para a festa. Aninha, que estava fazendo um mochilão pela Europa desde setembro, mandara mil desculpas por não poder ir. A loira prontamente apresentou os amigos a algumas pessoas que eles não conheciam do Limoeiro.

A festa estava realmente luxuosa. Eram cerca de 30 convidados e os garçons circulavam com bandejas de canapés e champanhe à vontade. Quando o barco começou a andar mar adentro, uma seleção de músicas dançantes rolava solta e todos estavam bastante animados.

Xaveco, no entanto, estava se sentindo como um peixe fora d’água. Toda hora sentia vontade de olhar para Denise, que perambulava pelo salão se divertindo como se ele não existisse. Ela estava mais linda que o normal naquela noite, usando um vestido azul turquesa de alças e com os cabelos ruivos soltos caindo feito uma cascata sobre suas costas. Fofocava com Carmem até poucos minutos, mas quando a garota saíra para pegar uma bebida, ela engatara numa conversa com aquele primo metido da amiga, rindo e flertando abertamente. Aquela cena parecia esfregar na cara dele o fato de que aquela noite não havia significado nada para ela.

— O que aconteceu entre você e a Denise, hein? – Bia perguntou de repente, sentando-se numa cadeira ao lado dele enquanto tomava um refrigerante.

— QUÊ? – gritou, assustado com a pergunta repentina – Eu e ela? Nada, ué. – deu de ombros.

— Uhum. E por que vocês tá dando um gelo nela? – continuou, arqueando as sobrancelhas. – Eu te conheço melhor do que você pensa, Xavier. – completou, fazendo uma cara séria. O garoto ficou boquiaberto. Tudo bem que ela era sua melhor amiga há anos, mas ele achara que estava disfarçando tudo muito bem.

— Eu... Er... – gaguejou, tentando desesperadamente inventar uma resposta convincente. – Por que você se importa? – bufou.

— Porque você é meu melhor amigo e gosta dessa garota há eras, dã. – girou os olhos exageradamente. Xaveco nunca tinha lhe contado nada sobre o sentimento, mas aparentemente ele era mesmo óbvio.

— Eu não quero nada com ela. – suspirou pesadamente. – Cansei de correr atrás, satisfeita? – completou, antes de se levantar e sair aborrecido.

Bia observou o amigo de longe e logo depois desviou o olhar para Denise, que agora dançava junto com Mônica e Magali. Ela realmente conhecia o loiro muito bem e sabia que havia alguma coisa errada, porque nunca, em todos esses anos, o ouvira falar dela com tanta frieza.

Sorriu, se lembrando da breve temporada que Xavecão passara na praia antes de sair atrás de sua Denise do futuro. Tinha certeza que em algum lugar, o Xaveco do presente gostava dessa garota tanto quanto ele e apesar de achar que as pessoas tinham que resolver seus próprios rolos por conta própria, sabia que com aqueles dois a coisa era mais complicada.

Talvez ela tivesse que dar um empurrãozinho.

— Sou só eu ou você também notou o climão entre a Dê e o Xaveco? – Magali arqueou as sobrancelhas, assim que Denise saíra para pegar uma bebida.

— Você e a torcida do Flamengo. – Mônica riu baixinho, ainda dançando a seleção de músicas pop que tocava. – Será que aconteceu alguma coisa entre eles?

— Não posso afirmar nada, né... Mas não caí naquele papinho de que foi só coincidência eles chegarem juntos do luau. – continuou a comilona. – Aquela festa deu o que falar, hein? – riu.

— É... – concordou Mônica, mordendo o lábio inferior nervosamente e alternando o olhar entre Cebola, que conversava sobre qualquer coisa com Marina e Franja a alguns metros delas, e Do Contra, que estranhamente mantinha uma conversa animada com um dos garçons. 

— Pelo visto não foi só a Denise que ficou toda confusa depois daquela noite. – deu uma risadinha baixa fazendo a outra corar violentamente.

— Ai amiga, eu tentei evitar, mas parece que sempre... – se interrompeu, como se não soubesse como terminar a frase. – Eu achei que fosse funcionar com o DC, estava feliz com ele, mas aí acabou e... Não sei nem o que dizer!

— Até hoje não entendi porque vocês terminaram. – Magali murmurou. De início a amiga não quisera falar muito sobre o assunto e mesmo depois que algum tempo passou, as razões nunca ficaram claras.

— Eu não sei. Ele só disse que não dava mais. – Mônica suspirou pesadamente. – Nunca pensei que isso fosse acontecer, sabe? No começo eu achei até que fosse aquelas coisas loucas dele de fazer o contrário do que a gente espera, mas eu sei que ele não terminaria comigo por isso. – completou, com uma cara triste. Ela ainda sentia um pouco de saudades dele, mas não sabia se ainda se sentia como antes. O término fora bem estranho. Ela se isolara nos estudos e por alguma razão, todos acharam que ela que tinha terminado. Ele não fez questão de desmentir, nem comentou nada a respeito, por mais que tivesse sido praticamente entrevistado por todos da turma. E com o tempo a época que eles eram um casal foi se tornando apenas uma lembrança para todos.

— Sabe que esse é o nosso primeiro réveillon com as duas solteiras? – Magali riu baixinho, tentando desviar a amiga para um tópico que a deixasse mais animada. – Ano que vem vamos estar lindas, formadas e, se tudo der certo, na nossa faculdade dos sonhos! – completou animadamente.

— Vou sentir saudades de estudar com todo mudo. – a dentucinha também sorriu, olhando em volta. Era estranho pensar que em breve a turma estaria tomando rumos diferentes, cada um seguindo seus próprios sonhos. Até o momento, ela sempre vira seus amigos como pessoas que sempre estariam juntas. – Nós devíamos fazer um brinde! – sugeriu, contente.

— É uma ótima ideia. – concordou.

Em poucos minutos as duas reuniram os amigos, cada um com sua taça (fosse de champanhe ou refrigerante) na mão. Por mais que o clima estivesse estranho entre vários deles, naquele ficaram em paz, como que em homenagem a todos os anos de amizade.

— Eu quero fazer um discurso! – gritou Cascão, abrindo um sorriso enorme. Depois de alguns “lá vem bomba” “vish” e piadas semelhantes vindas dos amigos, todos esperaram que ele falasse. – Queria agradecer a todo mundo aqui pela parceria, por terem me feito tomar banho, por terem me acompanhado mesmo nas besteiras, por terem me passado várias colas pra as provas, puxado meu pé pra eu estudar mais... Enfim, por serem meus amigos esse tempo todo. – concluiu, levantando sua taça de champanhe. Um a um, todos o acompanharam. Mônica, Cebola, Magali, Do Contra, Nimbus, Xaveco, Carmem, Titi, Marina, Franja, Cascuda e até mesmo Toni fizeram seus próprios discursos de ano novo, brindaram, riram, tiraram fotos em grupo.

Perto da meia-noite os garçons distribuíram uma nova rodada de champanhe para a contagem regressiva. Quando os fogos surgiram, a festa explodiu em novas felicitações e beijos apaixonados entre os casais. Cascuda ficou um pouco chateada quando o namorado preferiu abraçar os amigos, se demorando demais em Magali, ao invés de beijá-la, mas não disse nada.

Denise deu um abraço caloroso em Felipe, só para provocar. Mas quando olhou na direção de Xaveco, esperando que ele estivesse observando-a, viu uma cena que a surpreendeu. O garoto abraçou Bia pela cintura, levantando-a no ar. Os dois riram e ela deu um selinho nele, fazendo-o corar de leve e abrir um sorriso maior ainda.

A ruiva fingiu estar distraída bebericando o conteúdo de sua taça para ter alguns segundos para se estabilizar. Era estranho como sentia vontade desviar o olhar e nunca mais lembrar daquela cena, mas por alguma razão seus olhos pareciam grudados neles. De repente se sentia triste, chocada, perdida e com muita raiva. Era um sentimento novo, que ela nunca havia experimentado e tampouco queria viver novamente.

Ah não. Depois de tudo o que acontecera, de todas as vezes em que ela o esnobara, agora estava sentindo ciúmes de Xaveco.

Com esse começo absurdo, ela teve certeza de que aquele seria um ano complicado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ah o ciúmes...
Gente, eu A-DO-RO a Bia, então tinha que dar uma importância a mais pra ela aqui na fic, né? Estou dando uma folga na treta Cebola/Mônica/DC nos últimos capítulos, mas eles logo voltam. E Casgali logo terá suas primeiras tretas (afinal eu não tenho intenção de deixar nenhum personagem em paz hehehe)
Espero que gostem. Obrigada pelos comentários, favoritos e tal, é muito importante pra mim!
Beijos
Mia



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dois Verões" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.