O amanhã sempre chega escrita por Sazi


Capítulo 7
Contendas


Notas iniciais do capítulo

Alguma música pra trama?



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Eu senti que o meu mundo estivesse ruindo, pedaço por pedaço indo embora, levados pela água. O sal se engrenhava pelas minhas narinas com uma força impar e aos poucos eu perdia a consciência.

Quando eu por fim acordei senti um toque macio e ao mesmo tempo preciso sobre os meus lábios. Assim como quem liberta algo a água que prendia a minha vida ao mar saiu do meu corpo. Eu pude respirar de novo. Antes que eu pudesse reagir agradecida as meninas pularam em cima de mim, chorando preocupadas. Eu nem sabia o que fazer. Apenas retribui os abraços e agradeci aos cuidados.

Kevin havia me salvado. Fiquei com vergonha de ele ter me tocado. Eu sei que foi pra impedir que eu morresse, mas mesmo assim eu fiquei com o rosto quente. Queria agradecer direito. Dizer o que eu estava pensando naquele momento. Mas ao nosso redor haviam pessoas demais e eu era muito tímida para isso. E também não queria estragar o ânimo do aniversário do rapaz.

O dia correu bem. Brincamos e nos divertimos muito. Eu não quis fazer muitos exercícios, pois sabia que iria cansar rápido demais e isso seria muito constrangedor pra mim.

Os outros não me deixavam mais só e por medo daquele momento eu não entrei mais na água. Kevin estava ao meu lado, quieto, tranquilo. Não dizia nada e também não fazia nada abrupto. Apenas queria estar ali. Como uma presença sem ser notada. A tarde logo chegou e os casais iam namorar. Meio que me afastei junto com os solteiros para não incomodar. Hirome tinha ido com Matheus comprar mais alguma coisa pra beber.

Renan estava no mar, mergulhando um pouco. Tayla e Leonardo estavam andando pela praia e Daniel e Laís estava aos beijos na barraca. Coloquei um casaco e fiquei na minha. O loiro havia feito o mesmo e ficamos um pouco a sós.

— Obrigada de novo. Eu nem sei como te agradecer por ter salvado a minha vida.

— Não esquenta com isso. Qualquer um teria feito a mesma coisa. - ele me olhou de forma gentil e se sentou mais perto de mim. Eu não sabia o que fazer. Queria ser mais grata.

— Eu...

— Não precisa procurar as palavras pra me agradecer. Tudo bem Elisa.

Então eu sorri pra ele e me aproximei de leve da sua bochecha quando ele estava olhando pra frente e aproximei o meu nariz daquele local e rocei de leve. E sussurrei no ouvido dele.

— Que bom que você está aqui.

Ele me olhou com um ar surpreso e eu me levantei saindo dali, constrangida com o que eu havia feito. E depois fiquei me perguntando o porquê eu fiz isso. O porquê eu tive uma atitude daquelas e nessa maneira.

A noite logo chegou e fomos todos comemorar mais na casa do Leonardo. Estava muito divertido, mas tínhamos de ir pra casa. Eu acompanhei o casal principal junto do loiro. Pensei que ele iria seguir com eles, mas não. Ele parou na minha casa comigo. Fiquei sem reação quando ele me abraçou apertado.

— Tome mais cuidado de agora em diante certo?

Fiz que sim com a cabeça. Ficamos em silencio por um tempo. Eu realmente esperei que ele fosse embora, mas ao invés disso ele ficou parado, olhando a lua que brilhava no céu. Não queria ser indelicada mandando-o embora, mas ao mesmo tempo eu não podia passar a noite inteira ali ao lado dele.

— As pessoas acham que eu estou mentindo quando digo que gosto de você. - como assim? Se for da maneira como eu estou pensando ele está sendo muito direto. - Dizem que eu não consegui esquecer a Laís e que eu só estou querendo brincar ou provocar ciúmes. Parece que não me conhecem. Que todos os anos em que estamos um ao lado do outro não significou nada.

— E você realmente é assim?

— Não, claro que não. Eu não sou assim. 

— Então devia se preocupar menos com o que os outros estão pensando, mesmo que doa, mesmo que sejam aqueles que você ama. Todos estamos passivos a cometer injustiças. - eu queria encontrar as palavras corretas, mas elas não vinham.

— Sempre que falo com você me sinto melhor. Parece que você enxerga através de mim e lê o que eu não consigo mostrar facilmente.

— Creio que esteja apenas encantado.

— Não acredito tanto assim nisso mocinha. - ele começou a rir. Colocou as mãos nos bolsos do casaco e deu e suspirou. - Queria me sentir assim mais vezes.

Ele podia se parecer com o Lewis, mas diferente daquele rapaz Kevin tinha um quê diferente. Eu poderia fizer que se o Lenny não estivesse aparecido na minha vida eu com certeza teria me apaixonado por esse loiro bobo.

Mas eu tenho uma pessoa maravilhosa ao meu lado. E quero cuidar muito bem dessa pessoa.

O loiro começou a comentar algo a esmo sobre a escola. Deu pequenas dicas a cerca de tudo. Parecia querer enrolar. Eu percebi. Nesse meio tempo fui surpreendida pela visita inesperada do meu namorado.

— Elisa?

— Boa noite. - Kevin cumprimentou sem se importar muito com a presença dele ali.

— Oi, bem o que você está fazendo aqui fora a essa hora?

— Me despedindo do meu amigo. Que bem. Salvou a minha vida hoje.

— Como assim? - ele desceu da moto e tirou o capacete.

— Ela ia se afogou hoje e ainda bem que eu pude salva-la a tempo. - Kevin disse lançando um sorriso pra mim.

— Meu Deus, Elisa, tudo bem? - ele se aproximou de mim, dando um abraçou e um beijo.

— Sim. Mas não vamos contar isso pro meu pai por enquanto.

— Ei Kevin, vamos dormir lá em casa hoje? - Não percebi, mas Leonardo estava chegando próximo a nós.

— Desculpa  Leon, mas eu tenho de ir. - ele olhou pra nós. - Bem, até depois. Boa noite. - assim foi se afastando. Deu um tapa no ombro do Leonardo e foi embora. Esse ultimo acenou pra nós e continuou o seu rumo.

Assim que os meninos tomaram uma certas distancia Lenny  me abraçou apertado. Então me conduziu pra casa. Ainda eram vinte e uma horas.

Ele cumprimentou o meu pai e ficaram papeando sobre algo a esmo. Eu estava bastante cansada. O efeito da água do mar me deixava mais do que relaxada. Eu sentia me um pouco dormente até e queria muito ir dormir. O dia seguinte era um Domingo e eu poderia ficar na cama até tarde.

Tomei um bom banho e fui pro meu quarto. Lenny iria dormir lá naquele dia, ele sempre dormia no quarto ao lado do meu.

— O que você tem hoje? - ele me perguntou quando eu estava indo levar mais um travesseiro pra ele.

— Como assim?

— Estou te sentindo muito distante, como se estivesse me evitando.

— Não é isso, estou apenas cansada. - eu completei buscando o meu melhor sorriso. - Quase me afoguei hoje e meio que a praia me deixou um pouco molenga.

— Aquele rapaz que estava com você.

— Kevin?

— Sim. Eu meio que não gosto muito dele.

— Eu sei meu amor. Mas ele é apenas um amigo e hoje ele me salvou. Mas foi coincidência. Podia ser qualquer um, vamos esquecer isso?

— Certo. Só não se esqueça que eu te amo e que não quero perder você nunca, por nada nesse mundo.

— Claro. E eu sou eternamente grata por você me amar.

Nos beijamos intensamente e eu quis deixar aquele assunto de lado. Mas não foi bem assim.

Leonny se tornou mais implicante com os meus amigos e passou a frequentar a nossa casa mais vezes do que o de costume. Quando eu perguntei como estava na escola, ele disse que agora só lecionava no turno da tarde. Assim ele podia sair do trabalho e estar aqui a noite e sair daqui e ir pra escola. Fazia isso duas vezes na semana fora.

O ano letivo logo começou e eu sempre ia pra aula junto da Laís. Por sorte, ela Tayla e eu estávamos na mesma sala.

Eu entrei pro clube de boxe e estava buscando fazer dietas pra emagrecer. E já havia conseguido sair da casa dos oitenta quilos. Estava com setenta e oito. Os treinos eram difíceis e eu me cansava fácil. Sentia como se meus tornozelos fossem se partir quando eu corria, mas eu não desistia. Além do que Tayla era super paciente comigo e me ajudava muito. Enquanto eu não estava em casa tínhamos uma mulher que cuidava do meu irmão. Ela é amiga de infância da minha mãe. Falando nisso essa última vinha ver o Ehtan duas vezes ao mês no máximo. Ela estava diferente, tinha cortado e pintado o cabelo. Estava mais jovial e viva. Parecia que a família eram que sugava sua vitalidade. Meu pai não queria falar com ela. Na realidade ele nunca falava. Estávamos feliz o suficiente por termos uma casa emprestada pra morar.

Eu sempre chegava em casa as quinze horas e corria pra cuidar do meu irmão. Ele estava crescendo, por incrível que pareça. Já que cuidávamos bem do corpo dele. Os dias iam se passando pra mim, mas pra ele tudo parecia o mesmo. Fico me perguntando se ele um dia vai se lembrar que o tempo passou e ele não estava lá para acompanha-los.

Por Elisa Ann Dicksen


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Notas finais do capítulo

Imagina se do nada o Ehtan acordasse? Como ficaria a vida de Elisa?



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