O amanhã sempre chega escrita por Sazi


Capítulo 5
Novas chances


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a pressa em atualizar. Esses aqui já estavam pronto. *----*



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Não sou ingrata, creio que juntos com alguns sentimentos, a ingratidão é pior mal que se remete a alma. E eu não queria aquilo pro meu ser. Com esse pensamento que eu logo pude retirar aquele gesto de gentileza do loiro da minha mente. E busquei me focar dia a dia no homem que me ama de verdade. Mesmo com as espinhas, o peso extra, as estria, varizes.

Sim eu tenho todos esses males. Sou tão prisioneira de mim mesma que não me privo de deixar claro quem são meus carcereiros. Me sinto feia. Apensar dos elogios da Laís e dos outros, apensar da gentileza da Tayla e do incentivo da Hirome. Não consigo respirar bem ainda, não consigo correr muito, nem evitar sentir fome fora de hora. Não posso evitar ir ao ultimo quarto da casa e encarar o peso da minha escolha. Ehtan voltou pra casa. Uma semana depois que nos mudamos os exames saíram. Ele estava bem e pronto pra ficar conosco. Muitos cuidados teriam de ser tomados. Uma a duas vezes ao dia tínhamos que movimenta-lo, como também hidratar seu corpo com cremes e um certo tipo de óleo. O banho era feito na cama mesmo, com algodão húmido e um sabonete liquido. Era trabalhoso para o meu pai fazer sozinho. Às vezes Lenny o ajudava. Ele vinha aos fins de semana e às vezes dormia aqui na semana, mas logo voltava. Ele fazia o que podia. Não posso querer mais dele.  Os cabelos do meu irmão foram cortados recentemente. Eu que o fiz. Quando estávamos a sós. Me sentia arrepiada quando tocava nele e via que ele não respondia. Alguns pelos corporais iam crescendo nas axilas e eu presumi que em outros locais também. Mas eu não iria depilar lá. Só onde eu podia. Meu pai quem fez o resto pra mim. Mesmo cansado, não importava a hora que ele chegava. Sempre arrumava um tempo para cuidar do corpo do Ehtan. Sempre dava um jeito de passar nem que fosse meia hora ao lado da cama.

Conversando. E eu fazia o mesmo. Não com tanta frequência quanto antes. Já que Laís e Tayla estavam sempre comigo. Não poderia me sentir mais querida do que isso. Era suficiente e no fundo eu não sabia se realmente merecia. Se eu podia dizer que aquilo era devido. Sou tão pecadora quanto o meu irmão; Então como um voto de confiança eu contei a elas tudo. Só que separadamente em dois momentos. Pedi sigilo em relação aos meninos, mas creio que Laís contaria ao seu irmão. Já Tayla não. Mesmo ele sendo o namorado dela eu vi que ela não trairia a minha confiança.

Não podia pedir por mais nada. Parecia bom demais para acreditar assim fácil. Mas estava sendo real. Os dias iam se passando e por mais que eu esperasse que eles se afastassem ele se faziam mais presentes. Eu queria chorar de alegria por isso. Mas a última coisa que eu podia fazer era chorar.

Fui a uma festa com eles, algo que eu nunca havia feito. Isso foi incrível pra mim, ainda mais que eu pude estar ao lado de Lenny, ele sendo meu namorado. Sem que as pessoas soubessem que ele foi meu professor. Isso eu ainda não tive coragem de dizer as minhas amigas. Não sei o que elas pensariam de mim se soubessem disso. Alias não que fosse um caso mirabolante, de fato não era; No mundo de hoje existem relações bem mais complicadas do que uma simples professor-aluna. Isso é um clichê dos anos noventa. Não há porque fazer alarde sobre isso. Assim eu penso. Mas por enquanto deixo assim.

Depois da festa foi combinado que iriamos a praia comemorar os dezessete anos do Matheus. Eu estava animada pra ir. Mas ao mesmo tempo estava com vergonha do meu corpo, claro que eu não iria me mostrar na frente de todos. Nem um biquíni aceitável eu tinha. Nunca comprei um, desde que eu tinha oito anos. Não via necessidade e quando eu ainda  tinha um corpo razoável meu irmão não me deixava ir a praia com as meninas que diziam ser minhas amigas. Então eu estava muito ansiosa pra esse momento. Dormi animada, mas antes fui ver meu irmão. Que no silencio na noite parecia que não tinha vida.

...

O sol estava morno e agradável. Meu pai tirou uma folga naquele dia. Se juntasse tudo que ele tinha para folgar e não o fazia daria um mês de ferias. Ele disse que eu poderia ir tranquila que ele cuidaria do meu irmão. Fiquei mais tranquila e ao mesmo tempo preocupada. Ele daria conta de tudo sozinho? Eram tantas e tantas coisa pra fazer que eu perdia a conta se fosse dizer. E sei que o velho Carlos está cansado e não é mais o mesmo.

— Agora entendo porque sua mãe quis ir embora. - ele disse pra mim um dia a esmo. Eu não queria ter de ouvir isso dele. Sei que os erros que ele cometeu foram grandes, mas já se arrependeu. Estava pagando pelos seus atos. E caro e alto. Diferente da minha mãe ele estava criando dois filhos sozinhos, sendo que um deles requer um cuidado especial além do limite. Temos sorte de não estar pagando o aluguel da casa, por enquanto, já que pretendíamos nos mudar de lá. Quando tudo melhorasse nós iriamos voltar pra nossa casa. Sinceramente eu fico feliz por ainda poder estar ao lado deles por mais um tempo. Que bom que eu posso experimentar um pouco mais dessa felicidade.

Eu ia no mesmo carro que os irmãos e seus respectivos parceiros. Eu realmente estava me sentindo um pouco mal. Eles estavam paparicando seus amores e eu aqui sem o meu. Meio que aproveitei que estava no lado da janela e pude apreciar a paisagem. Para me distrair um pouco daquele ambiente. Não demorou muito e estávamos na praia. A brisa marinha inundava a minha pele com seu frescor salgado.

— Está feliz? - não percebi quando o loiro chegou ao meu lado. Os meninos foram estacionar e ficamos esperando eles.

— Sim, eu estou. Faz anos que eu não venho a uma praia. Não vou negar meu ânimo. - ele se inclinou um pouco e me deu um beijo na testa.

— Então divirta-se. - ele se afastou indo falar com o Renan.

— Não se deixe levar Elisa. - Laís estava chegando junto de Tayla e Hirome.

— Claro que não. Eu tenho um namorado a quem amo muito. - eu disse.

— Que bom que você tem uma mente pensante. - Hirome disse. Ela não era tão próxima a mim quanto às outras duas, mas quando estávamos sozinha, das raras vezes que isso acontecia, ela me abraçava forte e ficava pedindo pra tirar fotos minhas. Disse que eu lembrava sua melhor amiga de infância, quando ela ainda morava no Japão. Fico feliz em poder trazer essas memórias bonitas para as pessoas.

— Trouxemos um biquíni pra você. - Tayla me surpreendeu. Eu estava realmente perdendo peso e isso era bem notório. Estava atualmente com oitenta quilos. Ainda era muito, mas bem melhor do que os noventa que eu tinha anteriormente.

— Desculpem meninas, mas eu não vou usar isso.

— Não precisa ter vergonha. Estamos entre amigos. - Laís foi quem se pronunciou.

— Eu tenho e muita. Vocês são bonitas, magras. Eu não. Tenho estrias, varizes e celulites. - dei uma risada nervosa. Realmente senti vontade de fugir dali.

— Eu também tenho varizes. - Hirome disse cruzando os braços. - Estudei demais e ficava parada o tempo quase todo. Devido a isso criei esses problemas de circulação.

— Eu tenho estrias e um pouco de celulites. - Laís disse.

— Eu tinha os três. Consegui eliminar apenas as estrias e um pouco da celulite, por causa do box.

Então elas ficaram conversando sobre o que usavam para isso, cremes e essas coisas. E eu fiquei ali parada olhando pra elas. Sentindo-me tão normal. Aquelas mulheres eram lindas sim. E estavam me dizendo que era tão imperfeita quanto eu.

— Toma. - Tayla estendeu a peça de roupa. - É um maiô, se quiser pode usar com um short frouxo de um tecido fino. Mas não fique assim de jeans e blusa de manga na praia. Se divirta. Vamos. Estamos juntas e não vamos deixar ninguém rir de você.

Mesmo assim eu ainda não consegui ficar tranquila a cerca disso. Então fomos todas trocar de roupa enquanto os meninos montavam uma tenda. Quando voltamos eu me senti um pouco segura com a roupa que eu estava. Um maiô aberto nas costas, mas que cobria bem na frente e um short fino e curto. Um palmo mais ou menos acima do joelho. As meninas estavam lindas. Hirome estava com um biquíni preto e tinha realmente belas curvas apensar de ser bem magra. Seus seios eram medianos e ficavam bem no traje. Laís parecia uma boneca de exposição. Estava com um biquíni cor de rosa com branco. Ela tinha o corpo proporcional. Daniel ficou animado e eu ri muito disso intimamente. Tayla era perfeita. O abdômen bem definido, creio que proveniente de muitos abdominais. Seu biquíni era o mais coberto e bem

discreto, azul claro com pequenas bolinhas brancas. Já os meninos estavam de calção mesmo. Todos tinham corpos bonitos, mas Matheus e Renan eram bem magros e em especial  o primeiro que era bem branco. Sentei-me na sobre o pano que foi estendido na areia e fiquei observando os casais se amando no mar. Eles brincavam e riam muito, jogavam água um no outro e se beijavam.

— Chega a dar nojo. - o loiro disse do nada, sentando- se ao meu lado.

— Eles são bonitos juntos. - olhei ao redor e estávamos a sós. - Onde estão os meninos?

— Foram comprar água e suco.

— Reparei que alguns meio que não falam muito com você. - eu disse sem querer. Realmente era algo visível.

— Por causa de uma coisa que aconteceu a um tempo atrás.

— Entendi. - eu disse baixinho.

— Se quiser eu resumo pra você. - Ele se ajeitou e começou a narrar. - Eu meio que me envolvi com a ex namorada do Leonardo. Ela era aquele tipo de pessoa fútil e dissimulada. Nem sei como eles namoraram tanto tempo. Mas ele gostava mesmo dela sabe. Apenas de no início os irmãos Walker viveram de aparência. Eles mudaram muito. Mas enfim. Ela meio que gostava de mim e armou uma cilada para que eu pensasse que havia transado com ela. Ela me drogou na verdade.

— Bem típico de filmes e novelas isso.

— Verdade, mas eu cai nessa. E feio. Estava na festa do Leon quando fui dopado e quando acordei ela estava ao meu lado semi nua. Depois disse que havia engravidado e fez todo um alarde.

— Você deveria ter contado a eles. Se você acredita que não fez nada.

— Eu também achei que eu deveria ter feito isso, mas eu estava com medo. Ainda mais por causa da Laís.

— Você gosta dela. - ele me olhou com um sorriso envergonhado.

— Sim, eu gostava muito. Somos amigos desde que eu consiga me lembrar. Acho que por isso eu me apaixonei e tinha medo de que ela acreditasse que eu era um traidor. Não sei. No fim eu não disse nada. Mas a verdade logo veio a tona. Mas mesmo assim, nos não conseguimos ficar juntos.

— O Daniel apareceu?

— Sim, ele estava sempre ao lado dela. Meio que tomou o meu lugar e aos poucos ela foi se apaixonando e deu no que deu.

— No final a menina não estava grávida coisa nenhuma?

— Era. Tudo foi descoberto e eu voltei a ter os meus amigos de volta. Mesmo com os problemas que vieram junto com isso. Eles estão sempre com um pé atrás. Como esperassem que eu fosse fazer alguma coisa errada a qualquer momento.

— Eu gosto deles. De cada um e cada uma. Mas eu sei que as pessoas erram e quando elas estão realmente dispostas a corrigir os seus erros e assumir a responsabilidade dos seus atos ela podem sim mudar. Podem sim recomeçar e serem melhores do que um dia foram. Eu acredito que o que houve foi apenas um mal entendido regado com medo. E tem também a situação de que você foi manipulado. Porém se você está realmente arrependido mostre isso a eles.

— Eu faço isso dia a dia. Só o Renan que acredita em mim. Ele é o único que me entende.

— Acredito. Bem, continue firme. Sei que não depende apenas de você, mas você fazendo a sua parte é o que importa. - ele me olhou um pouco e depois voltou os seus olhos pro mar. Eu fiz o mesmo. Um breve silêncio se estendeu entre nós até ele quebra-lo.

— Não vai entrar?

— Eu não sei nadar.

— O que tem? Você pode ficar no raso. Não tem graça ir a praia e não entrar no mar.

— Tudo bem. - tomei coragem e me levantei. Andei devagar sentindo a brisa leve me inundar. A água estava bem fria, mas ao mesmo tempo gostosa. Era uma sensação perfeita.

Fui andando aos poucos pra dentro e parei quando a agua estava um pouco abaixo da minha barriga. Alí estava bom, sentei-me e deixei me levar pelo balanço do mar.

Não percebi que os casais já haviam saído do mar e estava apenas eu e o loiro. Sim, ele me seguiu e estava mergulhando a um pouco de distancia de mim. Indo pro fundo e voltando.

— Ei pequena sereia. Vem comer alguma coisa. - Renan gritou acenando pro loiro que ia voltando a margem. O mar parecia calmo e eu quis tentar ir um pouco mais além. Não custava nada eu pensei. Caminhei até chegar onde a água batia nos meus seios. Estava agradável e naquele ponto estava um pouco mais frio e eu amava essa temperatura.

Devia ter ficado aonde eu estava. Uma onda enorme veio em minha direção e eu não consegui voltar a tempo para um local mais raso. Depois eu não vi mais nada, só a sensação do mar me levanto e da densidade da água esmagando o meu peito.

Por Elisa Ann Dicksen 


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