Sweepers Time! escrita por FaynRith


Capítulo 2
A lenda Urbana


Notas iniciais do capítulo

Konbanwa!


Pessoal, me perdoem pela demora. Mas, tentem entender {^^"} tenho umas sete fanfics pendentes - e um bando de leitores enraivecidos. [/sem ofensas]
Não gostei muito desse capítulo. Só usei para introduzir o Train [/*---* meu futuro marido.] já que a Saya teve um grande destaque na primeira parte.

Espero que gostem!



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Era noite de lua cheia. Nuvens colossais circundavam o grande astro como em ameaça a chuva. Os galhos balançavam com a brisa noturna, fazendo-se ouvir um leve crepitar de folhas. Desertas e silenciosas, as ruas estreitas estavam iluminadas por fracos pontos de luz vindos dos postes. Era medonha a cidade que caía em brumas.

O sossego foi quebrado por um baque surdo da madeira indo ao asfalto. Um par de chinelos de carvalho estalava enquanto uma jovem atravessava a ruela deserta. A rapariga estava em seus plenos vinte e sete anos; Usava um quimono florido de seda rosada que degredava ao vermelho escuro, decorado com uma facha roxa que revestia seu tórax. O cabelo negrume fora cortado em Chanel, de modo que arredondasse o rosto alvo e destacasse suas orbes azuladas. 

A moça avançava pela penumbra com arma em mãos. Dirigia-se a um vulto oculto encolhido no canto dum beco. Ao perceber a presença que se aproximava, a figura estreitou os olhos. Manteve-se alerta, analisando cada movimento que fazia. Seus ombros relaxaram quando perceberam que era uma mulher, mas não ousou se mexer. Apenas fitou seus olhos a espera de respostas. 

- Não vou machucar-lhe. – Sussurrou delicadamente ao homem.

Sem delongas, Saya guardou a arma em sua cinta e tirou de seus bolsos alguns instrumentos para tratar-lhe os ferimentos. Arrancou a jaqueta e limpou lentamente os cortes com algodão e álcool. Com a pinça, retirou as balas que estavam fincadas na carne e conseguiu impedir que os sangramentos progredissem. Já estava prestes a cobrir suas feridas com gazes quando o ouviu sussurrar.

- Por que está me ajudando?

A jovem parou e fitou-o nos olhos. Sorriu singela enquanto respondia:

- É o certo a fazer.

Permaneceram em silêncio por mais alguns instantes. O homem a observava com curiosidade e certa confusão no olhar. Não entendia aquela ação de solidariedade. Com olhos suspeitos, observou sua arma com atenção; era licenciada ao Conselho dos Caçadores de Recompensa.

- Você é uma Sweeper? 

- Sim. – Disse-lhe orgulhosa. – E você é um foragido.

Espantado com a fala da moça, sorriu carrancudo ao recuar vagarosamente. Correu suas mãos pela perna até alcançar a velha adaga que sempre trazia consigo. Indagava-se porque curá-lo se valia o mesmo tanto morto. De qualquer forma, aguardaria o término do trato e a atacaria.

Saya apertou outra gaze. Suas orbes azuladas acompanharam seus movimentos sutis – mas nada disse. O escárnio moldou seus lábios em um sorriso silencioso. Já esperava aquele tipo de ingratidão.

- Sabe, lembra-me muito um conhecido. – Saya encarou o rosto cicatrizado do assassino. - Eu o salvei das ruas há alguns anos. Acabou ferido em um tiroteio. Ele reagiu de forma parecida; analisou-me e recuou quando ofereci ajuda. Duvidou das minhas intenções e percebeu minha identificação na arma. – Sutilmente, o homem agarrou a sua arma enquanto observava as delicadas mãos da dama finalizararem o tratamento. – Era um anti-social. – sorriu singela. – Achei que nunca tinha conversado com garotas. 

O homem ergueu-se com a adaga e avançou. Saya desviou-se de três golpes antes de chutar seu estômago e afastá-lo. Puxou o revolver e apontou em sua direção. Ele se atirou para dentro do beco e saiu ileso de uma seqüência de balas. Agarrou um rifle e virou-se para a rua. Ela não estava mais lá.

- Onde você está gracinha? Vamos lá, – exclamou atento aos contornos da rua. Sorriu ao visualizar uma forma na penumbra. – não vai conversar comigo? Quem sabe eu não conheço esse seu amigo.

- Bem... já que insiste. – Ingenuamente exclamou. Ele começou a seguir o trecho de voz. – Ele é um pouco estranho mas no fundo é bem sensível. Não houve uma única vez em que eu o visitasse e não houvesse no mínimo uma garrafa de leite ao invés de vinho. 

- Ah! Você ainda o vê. Visita a cadeia quantas vezes?

A garota riu prazerosamente. O homem segurou sua arma com mais força ainda.

- Ele não está preso. Vive solto como um gatuno. Talvez o conheça. Ele é alto. – resumiu em poucas palavras. – Tem um cabelo negro desgrenhado e várias cicatrizes.

Dessa vez o homem soltou uma gargalhada. Avançou pela penumbra cada vez mais perto da origem da voz. Como ela era boba. Estava revelando sua posição e mal desconfiava.

- Muitos colegas têm essas características. Seja mais específica.

Silêncio. Um tanto pensativa, ela retornou a falar. Dessa vez, do outro lado da rua, bem a vista de seus olhos.

- Uma característica específica? – Suas sobrancelhas arquearam – O Train não tem tantas qualidades. 

Rapidamente, o assassino virou-se para ela e iniciou uma troca de tiros. Ela esgueirou-se para o beco enquanto atirava nos postes de luz para reduzir a iluminação. Logo, a ruela estava na mais completa escuridão. Ambos estavam ofegantes e cansados. O carregamento era pouco, tornando os últimos tiros decisivos.

Era um oponente habilidoso. Sabia desviar-se de ataques comuns, tornando o combate direto ineficaz. Com poucas balas, gastá-las num único ataque era o ponto decisivo. Saya estreitou os olhos. Precisava de uma estratégia nova. Retirou de seus bolsos cinco balas douradas e trocou-as pelas antigas. Segurou a arma com a boca e por uma escada de incêndio, subiu até o terraço de um prédio antigo a espera do suspeito.

- Train? Que nome ridículo – gargalhou o homem, a poucos metros de distância – Jamais ouvi tal nome no Mercado negro ou no submundo. 

- Ele não é de conversar. Não usava sua identidade verdadeira no trabalho. Eu acho... – Sussurrou a última frase mais para si mesma.

Pode-se ouvir uma troca de carregamento há poucos metros de onde ela estava. Algumas balas bateram no chão e rolaram pela rua.

- Você parece não saber muito sobre ele.

Quase que imediatamente, - em um tom defensivo – Saya exclamou do telhado: 

- Ei! Ele não me conta muito sobre a sua vida! Às vezes eu me pergunto se ele confia em mim. – soltou um suspiro triste. - Devem ser traços dos antigos trabalhos.

Saya saltou do telhado e caiu em cima do bandido. Assustado, ele se virou e começou a atirar descontroladamente. Ela rolou pelo chão, revidou em outros dois tiros e escondeu-se na penumbra. Estava difícil visualizá-lo; teria que optar por outro ângulo. Ela estava vagando em pensamentos quando foi interrompida.

- Afinal, ele era um bandido? Parece ser camarada pelo que descreve...

- Não. Ele é um assassino. – Saya sentou-se no meio fio, a espera do seu alvo. - Mas ele vai sair da Chronos. Não aceita trabalhos como antes. – Ela levantou-se e apontou para um beco. Atirou uma única vez.

-Chronos?! – pergunto o indivíduo com um leve tom de curiosidade. Revidou uma série de tiros das quais a garota desviou-se para trás do poste. – A elite da Chronos? Por acaso ele era um dos números?

Saya bufou irritada. Provavelmente ele estava escondido atrás de uma superfície resistente. Pelo menos confirmara a posição do alvo.

- Acho que ele tem uma tatuagem com o número treze no peito. Algo como “uma marca obrigatória do trabalho”. – Respondeu irritada. Já estava cansada daquela conversa, - enquanto o próprio mercenário parecia interessado pela primeira vez.

Distraído pela conversa, ele saiu de seu esconderijo e mostrou-se no meio fio da rua.
- Não... você não está se referindo ao Black Cat?

Ainda atrás do poste, Saya sacou sua arma e atirou nele - que desviou facilmente. A bala, entretanto, ricocheteou na parede e acertou o braço esquerdo do sujeito. Com uma velocidade impressionante, ela avançou e deu uma rasteira em seus pés. Ele estava atordoado demais e acabou caindo no chão. Ela aproveitou a chance e amarrou seus braços a um pilar. 

- Você conhece o famoso assassino Black Cat? – Perguntou, como os olhos arregalados em um misto de surpresa e medo. Parecia estar tão amedrontado com a reputação do assassino que mal se importava com sua liberdade.

- Quem?

- O amigo que acabara de descrever. – Gritou impaciente. – Assassino, tatuagem com o número treze, membro da elite da Chronos. 

- O Train...? – questionou sem entender muito. – Você o conhece?

Antes que ele pudesse responder, duas viaturas da polícia dobraram a esquina e pararam em frente ao beco. O farol quase cegou Saya, que escondeu seu rosto com as mãos. O som da sirene pareceu despertar o assassino que logo recobrou que estava com as mãos atadas a um pilar. Rebateu-se furiosamente antes de ser levado para dentro do carro.

- Como pude ser pego por uma garota? Afinal, balas que ricocheteiam? Quem é você?! – exclamou o homem, em meio a blasfêmias sobre mulheres.

Um policial gordo e com um bigode mal aparado saiu da viatura e aproximou-se de Saya.

- Esse é o segundo na semana, em mocinha? Ligaram para a central reclamando de um tiroteio na zona leste. Imediatamente eu me lembrei de você. – ele bagunçou-lhe o cabelo – Parabéns! Está fazendo um ótimo trabalho. 

- Obrigada Fred. – exclamou alegre. – Vou passar mais tarde para pegar minha recompensa. Já aproveito e devolvo aquele armamento que peguei emprestado.

- Não quer uma carona?

- Não... – respondeu delicadamente. – Vou entrar em um bar atrás de informações. – ela retirou um papel amassado de seu kimono. – Talvez seja o melhor trabalho no mercado. A recompensa passa em mais de cinco milhões!

- Deixe-me ver. – Frederico retirou um par de óculos de seu bolso e colocou o papel frente a luz dos faróis. Analisou por um tempo o folheto e então lançou um olhar preocupado a garota. – Acho melhor você não aceitar o trabalho. 

Antes que ela pudesse argumentar contra, ele disse-lhe:

- Esse tal de Black Cat está na lista de foragidos há mais de cinco anos e ninguém sequer conseguiu informações decentes sobre ele. É responsável por mais de cem mortes ao mês. – Ele soltou um suspiro entristecido. – Os melhores detetives estão no caso mas ainda não temos nenhum sinal. Ele é perigoso Saya. Acho melhor desistir de pegá-lo. 

Black Cat...?" – indagou-se interiormente, vendo que não era a primeira vez que ouvia o nome. "A tal lenda urbana em que estavam discutindo no Bar* esta tarde..."

- Não se preocupe! – um sorriso estampou-se em seu rosto – Não me assusto fácil.

Godofredo abriu a boca duas vezes – mas não falou nada. Sorriu docemente a garota e afagou-lhe os cabelos. 

- Está certo. – Suspirou por vencido – Só tome cuidado.

- Sempre tomo! – a garota sorria ao se despedir.

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Notas finais do capítulo

Se gostarem, deixem um recadinho ;D