Hate escrita por Martins


Capítulo 1
Capítulo Único.




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Balões enfeitavam a sala de estar dos Weasley. Ronald terminava de enfeitar o bolo de aniversário de sua filha, Rose, com a sobrinha Dominique ao seu lado. Estavam trabalhando há horas no grandioso bolo de quatro andares, todos com grossas camadas de chocolate que escorria deliciosamente pelas bordas.

— Alguém aqui viu o Teddy? – como um furacão, o rosto de Victoire Weasley apareceu na porta coberto de um creme esverdeado que ela passava para ter sua pele perfeita. Estava usando um roupão branco e seus cabelos louros escuros estavam cobertos pela toalha avermelhada.

— Juro que minutos atrás ele estava ajudando James e Fred no quintal. – Dominique disse com descaso, passando o glacê com cuidado pelas bordas, formando a letra R. – Aconteceu alguma coisa, mana?

— Nada não! – exasperada, Victoire mentiu, soltando uma risadinha nervosa logo em seguida, balançando seu corpo para frente e para trás. Era uma péssima mentirosa. Dava para se notar de longe. – Só pensei que ele poderia me ajudar com o presente.

— Quem poderia te ajudar? – uma voz conhecida e baixa se intrometeu, um garoto entrando na cozinha calmamente. Usava um casaco surrado verde, jeans e calçava tênis Converses preto. Os fios, naquele dia específico, estavam laranja escuro e os olhos, castanhos claros e apagados. O amigo se aproximou de Victoire.

Ela sorriu.

Teddy sorriu.

E, como sempre, ela percebera que havia algo de errado em seu sorriso. Quando Teddy Lupin sorria verdadeiramente – uma coisa bem rara e que geralmente acontecia quando ela estava ao redor dele fazendo suas palhaçadas de sempre –, seus olhos se fechavam levemente, as bochechas coravam e pequeniníssimas covinhas apareciam bem pertinho de seus lábios avermelhados naturalmente.

Mas; como na maioria dos sorrisos que Teddy dava quando estava em dias ruins aquele não fazia suas bochechas corarem – elas continuavam no mesmo tom leitoso e doentio –, seus olhos estavam abertos – quase arregalados – e as sobrancelhas erguidas.

Victoire Weasley suspirou.

Ela deveria ter adivinhado. Era um sorriso falso, forçado.

— Podemos subir? – Victoire perguntou com os lábios juntos e levemente franzidos. Ronald e Dominique se encaravam, curiosos.

— Uh, claro. – Teddy deu de ombros, enfiando as mãos dentro do bolso frontal do casaco, escondendo-as. Então ela teve certeza. Teddy havia feito aquilo. De novo.

Desde a morte de sua avó, Andrômeda, Teddy perdera os brilhos de seus olhos, não fazia mais piadinhas como antes – que eram bem poucas – e, com as palavras maldosas e implicantes de James, ele começara a se depreciar ainda mais. Sua mente parecia um lugar horrível e sempre que conversavam – na verdade, Teddy desabafava e Victoire ouvia e assentia –, Victoire acabava com um garoto alto e magricela na sua cama, abraçado a ela, com a cabeça deitada em seu peito enquanto ele chorava tanto que chegava a tremer.

Dias ruins, na língua da amizade dos dois significava que Teddy havia se cortado, ou seja, que estava desistindo, que queria morrer. E quando isso acontecia, ele geralmente cobria seus pulsos e... Usava o casaco surrado verde.

Como Victoire sabia disso?

Ah, essa pergunta é fácil.

Ela era perdida e irrevogavelmente apaixonada por ele. E não conseguia ficar muito tempo sem saber sobre como seu melhor amigo estava, se havia comido bem – Teddy tinha surtos de vez em quando e parava de comer, se não havia tentado vomitar – parte dos surtos envolviam vômitos seguidos para perder peso. Que ele não precisava perder e, sim ganhar!

Subiram as escadas da casa e entraram no quarto de Rose, que estava sendo emprestado para um estúdio de produção para as meninas – menos para Roxanne, é claro, aquela garota só faltava querer ir de terno para não precisar usar vestido e se maquiar. O quarto era grande e as paredes róseas, com chão de madeira e com diversos discos e revistas em quadrinhos espalhados, assim como artigos de Quadribol.

— O que você queria falar comigo, Vic? – Teddy sentou-se na cama, encarando-a com seus grandes e redondos olhos castanhos. Ele sorriu mais uma fez e Victoire apertou seus punhos, irritadiça.

Odiava quando ele fazia isso. Odiava quando ele tentava enganá-la. Realmente odiava quando Teddy tentava se matar. Odiava ter que ouvir seus soluços e não poder beijá-lo para curá-lo. Odiava a si mesma por não conseguir abrir a boca e continuar na maldita área dos amigos, a famosa friendzone.

— Você fez de novo, não é? – direta, ergueu uma sobrancelha, começando a limpar o rosto, de costas para Teddy, porém, observando-o muito bem pelo reflexo do espelho que estava de frente. Ele parecia surpreso e envergonhado, agora sim tinha suas bochechas quase purpuras.

— Não sei do que está falando, Vic. – ele mentiu. Descaradamente. Será que Teddy realmente pensara que Victoire Weasley, sua melhor amiga, a idiota que era apaixonada por ele e que sabia tudo sobre dele cairia? Logo com aquela voz trêmula e hesitante, logo depois de tê-lo visto corar de medo, surpreso e envergonhado?

Ah, me poupe, pensou ela.

— Eu sei que fez Teddy. – rebateu ela, controlando a indignação em sua voz, virando-se para ele com o rosto livre do creme verde nojento. – Quero ouvir de você.

Teddy congelou, empalidecendo rapidamente ao ver Victoire tirando a toalha de seus fios molhados, deixando-os cair bagunçados pelo seu ombro. Ele prendeu sua respiração, abobalhado pela careta adorável que a menina de cabelos quase castanho claro fizera ao começar a desembaraçar os nós com os dedos pequeninos.

— Você sabe que eu fui passar o ano novo na casa dos Malfoy, certo? – Teddy começou, encarando seus pés, tentando parar de corar e pensar no como era um tolo por estar apaixonado por ela.

— Certo. – sussurrou meio incerta. – Aconteceu algo por lá? Draco ou Astoria te trataram mal?

— Não… – ele balançou os ombros. – Me trataram muito bem, na verdade.

— E isso não é bom? – Victoire questionou, aproximando-se dele, hesitante, mas, colocando a mão em seu ombro, ajoelhando-se ao que estava próxima o suficiente. Com a outra mão, tocou a bochecha de Teddy, que inclinou a cabeça com conforto nela, sorrindo melancolicamente; os olhos fechando, as bochechas corando, as covinhas.

Um sorriso digno de Teddy. Um sorriso triste, para uma pessoa que fingia estar feliz.

— Sim, muito bom mesmo! – ele soltou um muxoxo. – Percebi que me trataram como se ligassem mesmo para mim, o que eu nunca pensei que aconteceria. Trataram-me como se eu fosse da família mesmo...

— Você é. – Victoire acariciou sua bochecha com o polegar.

— Me trataram melhor do que vocês me tratam aqui. – disse ele, constrangido ao continuar: – Lá fora a primeira vez que eu me senti que de fato pertencia aquele lugar.

— Quê? – Victoire franziu as sobrancelhas.

— Nos Malfoy, ao contrário daqui, ninguém diz que eu nem deveria comparecer as festas de aniversário, que eu deveria estar com a minha vó, ficar na casa dela mesmo depois de sua morte...

— Teddy, James é um idiota, ele não sabe o que diz...!

— Pior é que ele sabe, Vic! Ele está certo. Eu não pertenço a essa família. Eu não sou um Potter, não sou um Weasley.

— E nem um Malfoy. – ela rebateu levemente raivosa, as bochechas avermelhando-se. – Mas isso não justifica... Espera aí... Você se cortou por que não faz parte da família? Isso é ridículo, Teddy!

— Pensei que não me julgaria Vic. – ele murmurou, com a boca torcida, afastando-se do toque dela. – Me enganei. – Levantando-se da cama e saindo do quarto, disse, seco e rude: – Te vejo na festa.

E deixou Victoire sozinha, sentindo-se um lixo, após bater com a porta com força. A menina se sentou na cama e reviu a cena que acabara de acontecer em sua cabeça.

Além de odiar o jeito que Teddy forçava o sorriso, Victoire começou a odiar o jeito que Teddy pensava dela.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado :) Se sim, deixa um review. Se não, deixa uma crítica - educada, please haha - aqui embaixo.