O Maior Amor escrita por Sâmara Blanchett


Capítulo 55
Capítulo 55


Notas iniciais do capítulo

É com um pontinha de tristeza que venho lhes anunciar que este é o último capítulo de O Maior Amor. Quero agradecer a cada um de vocês que acompanhou esta história até aqui, por cada comentário que sempre me motivou e encheu meu coração de alegria. Posso garantir que cada um destes 55 capítulos foi feito com muita dedicação e carinho para vocês. Muito obrigada!

Sem mais enrolações, boa leitura.

PS: Lá embaixo revelarei uma surpresa.



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"A saudade às vezes tem rosto, tem nome e sobrenome... Outras vezes tem um cheiro, uma forma, uma cor em especial. Saudade é o que resta quando o único que se pode ter são apenas lembranças de um bom momento, é ausência que incomoda o coração. Mas na verdade, saudade é a prova de que tudo valeu a pena." (A Autora)

 

Por Henutmire

 

Chega a ser assustador olhar a imensa coluna de fogo que nos separa do exército egípcio, enquanto relâmpagos e trovões dão a impressão de que o céu pode cair sobre nossas cabeças a qualquer momento. No entanto, não tenho medo. O que quer que aconteça será a vontade de Deus e a Sua vontade é boa, perfeita e agradável, algo que sempre ouvi Leila dizer.

 

—O que vai acontecer conosco, tia? — Mayra pergunta ao me olhar. — Vamos morrer?

 

—Claro que não, minha menina. — Afirmo, mas tenho certa dúvida sobre o que acabo de dizer. — Tudo ficará bem no final, você verá. — Sorrio para minha sobrinha, mas logo meu sorriso desaparece ao sentir ao sentir uma dor repentina em meu ventre, para onde levo minha mão de imediato tentando reprimir a dor. Um pequeno grito escapa de minha boca, o que chama as atenções para mim.

 

—Henutmire. — Hur me ampara ao ver que não me sinto bem. Logo a dor diminui e eu respiro aliviada.

 

—Estou bem. — Falo diante dos olhares preocupados de minha família. — Não foi nada.

 

—Como não foi nada? — Meu marido indaga.

 

—A senhora está grávida, mãe. — Tany ressalta. — Sentir dores em seu ventre não é algo bom em seu estado.

 

—Tem uma criança crescendo dentro de mim, exigindo cada vez mais espaço. — Falo. — Eu sentia o mesmo quando estava grávida de vocês.

 

—Mas eu suponho que a senhora não esteve correndo pelo deserto quando estava grávida de mim e de minha irmã. — Hadany argumenta e eu lhe dou razão.

 

—Apenas me esforcei um pouco mais que o devido nessas condições. — Sinto o olhar preocupado de Hur sobre mim sem sequer olhar para ele. — Parem de se preocupar! Minha fragilidade é apenas aparente, sou mais forte do que pensam.

 

—Não nos preocupamos apenas com a senhora. — Alon diz com um sorriso. — Vossa alteza responde por dois, princesa.

 

—Tanto eu quanto o meu filho estamos bem. Se chegamos até aqui, nada de mal vai nos acontecer. — Falo confiante. Logo olho para onde Moisés está e vejo meu filho orar ao Senhor. — Contamos com a proteção de Deus, acima de tudo.

 

Por Moisés

 

Clamo ao Senhor por uma direção, uma resposta do que devo fazer. Deus não tirou o seu povo da escravidão do Egito para perecer no deserto. O que acontecer aqui hoje será contado de geração em geração, seremos testemunhas vivas do maior milagre de toda a história até aqui. Permaneço com meus olhos fixos no céu, até que ouço uma voz falar comigo.

 

—Levante o cajado e estenda a mão sobre o mar. — O Senhor ordena.

 

Viro-me e ao fazê-lo me deparo com mar e toda a sua extensão diante de mim. Não sei o que irá acontecer, mas a mim cabe apenas obedecer as ordens de Deus. Seguro meu cajado e estendo a mão esquerda em direção ao mar. Não demora muito para que as águas comecem a se agitar.

 

Por Hadany

 

Os raios passaram a cortar o céu sobre o mar, o que chamou a atenção dos olhares de toda a multidão. Agora, vemos as águas se agitarem de uma forma que nunca antes eu vi ou ouvi falar.

 

—O que está acontecendo? — Mayra pergunta amedrontada, enquanto segura no tecido do vestido de minha mãe.

 

—Fique calma, minha prima. — Tany pede, mas posso ver em seus olhos que também há neles um pouco de medo.

 

As águas se agitam ainda mais, até que algo surreal acontece. O mar se abre, dando origem a um caminho bem no meio dele até o outro lado. Sinto meus olhos se arregalarem enquanto tento acreditar no que estão vendo. Olho a minha volta e vejo algumas pessoas sorrindo, outras completamente perplexas e outras mais chorando com suas mãos erguidas ao céu.

 

—Impossível. — Sussuro para mim mesma.

 

—Marchem! — Ouço Moisés ordenar ao povo. Todos se entreolham, talvez assustados ou com medo de fazer o meu irmão diz. — Vamos! Marchem!

 

—Eu não vou entrar aí. — Mayra se nega quando a multidão começa a se deslocar em direção ao caminho no meio do mar.

 

—Não tenha medo, Mayra. Deus está cuidando de nós. — Meu pai fala com doçura. — Ele está nos dando passagem segura em meio ao mar.

 

—Venha, princesa. — Alon oferece seus braços a minha prima, que aceita de imediato. — Vamos atravessar juntos e juro pela minha vida que não permitirei que nada de mal lhe aconteça. — Ele sorri para a menina. — Confia em mim?

 

—Sim. — Ela corresponde ao sorriso de Alon, mesmo que ainda sinta medo.

 

—Está com medo? — Tany pergunta ao se aproximar de mim.

 

—Por incrível que pareça, não. — Falo, totalmente impressionada. — Eu achei que já havia visto de tudo, mas isso é...

 

—Impossível? — Ela completa rindo ao ver que estou sem palavras. — Já enfrentamos muitas coisas juntas, Hadany. Algumas delas piores que outras. — Tany então segura em minha mão. — Nós também podemos atravessar o mar juntas, minha irmã.

 

Apenas sorrio para minha irmã como resposta, segurando firme em sua mão. Então, respiro fundo e logo seguimos a multidão mar a dentro.

 

Por Henutmire

 

Entramos no caminho em meio ao mar, todos juntos. Alon leva Mayra em seus braços, assim fazendo com que aos poucos a menina não sinta mais medo. Hadany e Tany uniram suas mãos e caminham lado a lado, como irmãs que são e sempre serão. É visível o quanto uma confia na outra e um sorriso nasce em meu rosto ao vê-las atravessar o mar juntas, como sempre estiveram desde o ventre. Olho para os lados e é impossível não me impressionar com o que meus olhos testemunham. O mar se dividiu ao meio e formou imensas paredes de água em ambos os lados. O Deus de Israel é de fato poderoso e capaz de realizar grandes milagres e derrubar impossíveis.

 

—Está tudo bem, meu amor? — Hur pergunta ao me ver tão calada.

 

—Estamos atravessando o mar em terra seca, Hur. — Respondo sorrindo. — Eu nunca pensei que algo assim fosse possível e muito menos que viveria um momento como este.

 

—Deus está lutando por nós e sua força e poder são infinitos. — Ele sorri e então repousa sua mão sobre meu ventre. — Quando contarmos sobre isso a nosso filho ele certamente não acreditará que, de certa forma, esteve presente.

 

—Acho que ele já acredita. — Falo ao sentir meu filho se mexer e repouso minha mão sobre a de Hur.

 

—Que hora inoportuna para se fazer notar, pequeno príncipe. — Meu marido ri.

 

—Ele não é meu príncipe, é meu pequeno anjo. — Sorrio. Hur então retira sua mão de sobre meu ventre e a entrelaça com a minha. Ele beija meu rosto com carinho e continuamos caminhando.

 

Quando volto meu olhar para a multidão percebo que Miriã nos olhava. Ela está um pouco mais a frente e certamente seus olhos encontraram a mim e a Hur quando olhou para trás. Seu semblante é sério, mas logo ela me dirige seu mais belo sorriso antes de voltar suas atenções para a frente. Miriã foi sincera ao me sorrir, sinto isso em meu coração. Mesmo que um dia ela tenha amado Hur, ou que ainda reste dentro de si um pouco que seja desse amor, agora ela simplesmente está feliz por me ver ao lado dele, por ver a nossa felicidade.

 

Por Miriã

 

—Por que olhava para Henutmire e Hur? — Minha pergunta e eu me surpreendo por ela saber onde meu olhar estava.

 

—Já me acostumei a vê-los juntos, minha mãe. Desde que tive aquela conversa com a princesa no palácio, não os olho mais com ressentimento, com raiva. — Respondo com toda a sinceridade que sou capaz. — Eles estavam destinados a ficarem juntos, a constituírem família e nada do que sinta vai mudar isso.

 

—Ainda o ama?

 

—Transformei o amor em amizade e em desejo sincero de vê-lo feliz com a princesa Henutmire. — Falo. — Eles estavam nos planos de Deus um para o outro.

 

—Não sabe como me alegro em vê-la dizer isso com o coração sincero e livre de mágoas. — Minha mãe sorri. — Henutmire e seus filhos são parte de nossa família através de Moisés e desejo de todo o coração que possamos conviver em harmonia.

 

—No que depender de mim, isso certamente acontecerá. — Sorrio e então passo a olhar a minha volta, os imensos muros de água e o chão abaixo de nossos pés. — Mãe...

 

—Sim?

 

—Está seco. — Confirmo ao constatar que não há um vestígio de água sequer sobre o solo. Estamos atravessando o mar a pés secos.

 

Por Nefertari

 

Por mais que eu tente não consigo me acalmar. Ando de um lado para o outro em meu aposento, mesmo sabendo que isso pode não fazer bem a minha gravidez, até que resolvo sair dele. Meu coração continua angustiado e só deixará de estar quando eu ver Ramsés entrar pelos portões do palácio.

 

—Karoma? — Chamo por minha dama ao entrar no harém. Encontro-a em companhia do filho, que se diverte mostrando um brinquedo a sua mãe.

 

—Soberana. — Ela de imediato se levanta e me reverencia. — A rainha disse que queria ficar sozinha, por isso vim ao harém ficar com Pepy.

 

—Não se preocupe com isso. — Falo para seu alívio. Levo meu olhar até a criança, que parece se sentir desconfortável com isso. — Seu filho não é um primogênito?

 

—Sim, minha senhora.

 

—A última praga matou todos os primogênitos. — Fico pensativa. — Como Pepy pode estar vivo?

 

—Eu o levei para a antiga vila dos hebreus no dia da praga. — Karoma responde com seu olhar no chão. — Perdão se não contei nada a rainha, mas eu precisava salvar meu filho. Era meu dever como mãe.

 

—Então, você sabia que havia uma forma de salvar os primogênitos hebreus e os que se abrigassem nas casas deles no dia da praga. — Olho para Karoma e levanto seu olhar ao tocar em seu queixo. — Você salvou seu filho, Karoma. Fez o que uma mãe de verdade faria.

 

—A senhora também fez tudo o que pôde para salvar o príncipe Amenhotep.

 

—E agora ele está sepultado no Vale dos Reis. — Ressalto. — Posso ter feito tudo o que podia, mas não foi suficiente.

 

—Não pense mais nisso, soberana. — Minha dama pede. — A senhora espera um filho, tem a oportunidade de ser uma mãe melhor.

 

—Você tem razão, preciso esquecer o passado e me concentrar no futuro, na vida que darei a esta criança. — Sorrio, surpreendendo a mim mesma. — A propósito, vim a sua procura para fazer um pedido. Ainda sabe jogar Senet?

 

—Creio que sim. — Ela responde, intrigada. — Mas, por que a pergunta?

 

—Estou muito aflita, preocupada com Ramsés, e preciso de algo que me distraia. — Explico. — Pensei que uma partida de Senet poderia ajudar. Posso contar com você?

 

—Claro, soberana. — Karoma diz e logo se dispõe a me acompanhar. Então, percebo o olhar triste de Pepy por se separar de sua mãe.

 

—Sabe jogar Senet, Pepy? — Pergunto.

 

—Sim, rainha Nefertari. — O menino responde.

 

—Então, venha comigo também. — Falo ao estender a mão para o filho de Karoma e um sorriso ilumina seu rosto. Ele de imediato se levanta e segura minha mão. — Se você conseguir ganhar de mim, prometo que dispenso sua mãe de me servir para que passe um dia inteiro com você.

 

Por Moisés

 

—Vamos! — Falo. — Avancem!

Permaneço segurando o cajado e com a mão estendida para o mar, enquanto observo o povo atravessar. Pode parecer que não, mas eu também estou grandemente impressionado com o poder de nosso Deus. Há um mar aberto diante de meus olhos e pessoas passando pelo meio dele em terra seca! Não demora para que a última pessoa adentre pelo caminho no meio do mar, assim como as carroças e todos os demais pertences que trouxemos do Egito. Desço de onde estou e logo me junto ao povo e vejo que os que estão na frente já se encontram em mais da metade da travessia.

 

Por Ramsés

 

Além desta barreira de fogo impedir que meu exército siga em frente, também impede que eu veja Moisés e seu povo. Todavia, não há para onde fugirem ou se esconderem de mim, a menos que resolvam arriscar suas vidas atravessando o mar a nado.

 

—Não é melhor recuarmos, soberano? — O soldado que está a meu lado pergunta.

 

—Eu não vou recuar perante escravos e sua divindade invisível! — Falo.

 

Então, todos os olhares se voltam para a imensa coluna de fogo ao vê-la desaparecer de uma hora para a outra. Alguns se espantam, mas eu sinto um largo sorriso pleno de desejo de vingança tomar meus lábios. Matarei todos os hebreus sem nenhuma piedade! O momento que tanto esperei finalmente chegou.

 

—Atacar! — Ordeno novamente ao exército. As carruagens de guerra se movimentam e os soldados começam a correr.

 

É então que vejo algo impossível acontecendo. O mar está aberto ao meio e pelo caminho formado passam os hebreus. Jamais ouvi falar que tal coisa fosse possível, certamente é um feito do deus dos hebreus para proteger seu povo. Minha carruagem é colocada adiante e fora do caminho do exército e o homem que a conduzia me deixa sozinho nela.

 

—Adiante, meu exército! — Ordeno. — Matem todos eles! Vinguem a morte de seu príncipe!

 

Sem questionarem minhas ordens, meus soldados entram no mar atrás dos hebreus. Mas, quando a carruagem que traz Ikeni passa diante de mim eu a detenho. O comandante me olha confuso, enquanto consigo ver em seus olhos que está com medo do que está acontecendo.

 

—Você não. — Falo para Ikeni. — Você ficará comigo.

 

—Como o soberano ordenar. — Ele desce da carruagem e vem até mim, olhando ainda incrédulo para o mar aberto a nossa frente. — O deus dos hebreus é realmente poderoso.

 

—Eu sou o Horús vivo. — Rebato. — Eu sou o mais poderoso.

 

Por Henutmire

 

Um novo alvoroço toma conta da multidão e logo todos passam a correr novamente, apavorados com alguma coisa. Olho para trás e não mais vejo a coluna de fogo que nos separava do exército.

 

—Os soldados egípcios entraram no mar. — Alon fala ao ver os homens de meu irmão vindo em nossa direção. — Corram!

 

Hur segura em minha mão e tem o cuidado de me ajudar enquanto obrigo meus passos a serem mais rápidos do que suporto. Acompanhamos a multidão, mas devido a sua agitação perco minhas filhas de vista. Me desespero ao olhar ao redor e não vê-las e ao mesmo tempo sinto meu filho se inquietar mais do que o normal.

 

—Não vejo nossas filhas, Hur. — Falo, desperada, e logo se torna impossível esconder que a inquietação da criança em meu ventre me causa incômodo.

 

—Estão no meio da multidão. — Ele afirma. — Não podemos parar, Henutmire. Precisamos continuar.

 

—Encontre nossas filhas. — Peço, quase suplico. — Eu não vou suportar perdê-las.

 

—Não vamos perdê-las, Deus está conosco e com elas também. — Meu marido olha em meus olhos. — Estaremos todos juntos do outro lado. Vamos!

 

Mesmo contrariada me deixo convencer e respiro fundo antes de seguir o caminho a passos apressados. Sinto meu coração acelerado devido ao esforço que faço em correr. Todavia, melhor é isso do que ser morta pelo exército ou levada de volta ao Egito contra a minha vontade.

 

Por Tany

 

Com o alvoroço das pessoas, nos perdemos de nossos pais, de Alon e de Mayra. Olho em todas as direções e não os vejo, certamente já seguiram com os demais.

 

—Hadany! — Exclamo ao ver um homem esbarrar violentamente em minha irmã enquanto corre.

 

—Não podemos ficar paradas aqui, o exército se aproxima. — Minha irmã diz.

 

—E nossos pais? — Indago. — E Alon e nossa prima?

 

—Encontraremos nossa família do outro lado. — Ela diz, confiante. — Agora, vamos!

 

Logo dirigimos nossos passos apressados junto com a multidão. Enquanto corro, ainda olho ao redor na esperança de encontrar meus pais, minha prima ou Alon. Os que estão mais a frente logo completam a travessia e, com o máximo de rapidez que a situação permite, minha irmã e eu também passamos para fora do mar. Não demora muito para que as últimas carroças passem, assim como os hebreus que estavam mais para trás de nós. Moisés é o último a atravessar e ao fazê-lo vira-se para o mar, ficando a olhar o exército por alguns instantes. Todo o povo de Israel atravessou, mas os soldados de meu tio ainda estão vindo em nossa direção. Meu irmão então olha para o céu e em seguida estende sua mão sobre o mar novamente. Foi então que as águas se fecharam sobre o exército do faraó, nenhum dos homens teve tempo de escapar.

 

Por Henutmire

 

O mar se fechou sobre o exército egípcio. O Senhor derrotou o inimigo de Israel e protegeu o seu povo das mãos do faraó. Permaneço perplexa olhando para os corpos sem vida que agora fluam sobre as águas, bem como cavalos e destroços das carruagens de guerra. Tantas mortes poderiam ter sido evitadas desde o início se Ramsés tivesse deixado de lado o seu orgulho. Se o rei do Egito tivesse obedecido as ordens do Deus de Israel, um exército inteiro não iria perecer no Mar Vermelho.

 

—Seu irmão...

 

—Está vivo. — Falo ao perceber que meu marido não teve coragem para completar o que estava para dizer.

 

—Como tem tanta certeza? — Ele questiona.

 

—Eu sinto, meu coração me diz. — Respondo. — Meu irmão não entrou no mar com o exército. Ramsés está vivo e sofrendo a sua maior derrota.

 

—Tia Henutmire! — Minha sobrinha chama por mim ao passar por algumas pessoas e vir em minha direção.

 

—Mayra! — Eu a abraço com todas as forças que possuo. — Você está bem?

 

—Estou. — Ela me olha e sorri. — Estamos a salvo, não é?

 

—Sim, minha menina. — Sorrio para ela ao acariciar seu rosto.

 

—Acabamos nos perdendo da senhora em meio a multidão. — Alon diz. — Peço desculpas, princesa. Eu levava sua sobrinha, deveria ter ficado mais atento.

 

—Não tem culpa de nada, Alon. — Falo. — Você atravessou o mar com Mayra nos braços para que ela se sentisse segura e não tivesse medo. Sempre serei grata por isso.

 

—Mãe! — Ouço Hadany e Tany chamarem por mim e logo meus olhos podem vê-las.

 

—Minhas filhas. — Falo ao abraçá-las. Que alívio é para meu coração sentí-las junto a mim, poder envolvê-las em meus braços e saber que estão bem. — Por um momento tive tanto medo de perder vocês. Quando não as vi por perto fiquei desesperada.

 

—Só havia uma direção para seguir. — Hadany fala. — Sendo assim, eu sabia que nos encontraríamos aqui.

 

—Não se preocupe mais, mãe. — Tany sorri. — Estamos juntos agora.

 

—Juntos e em segurança. — Hur acrescenta, sorrindo também.

 

Os relâmpagos, raios e trovões cessam. O céu logo volta ao seu azul calmo e sereno de sempre. Moisés permanece com seus olhos fixos em direção a algo que não se pode ver. No entanto reconheço seu olhar, o mesmo que tinha quando olhava para Ramsés quando criança. É como se meu filho estivesse vendo meu irmão. Vejo que ele pronuncia algumas palavras, mas não compreendo quais são. Então, ele se vira para o povo, que celebra o livramento que o Senhor nos deu. Sorriso, lágrimas de alegria e brilho nos olhos de crianças. Moisés então olha para mim e um sorriso me é dado. Correspondo-lhe também com um sorriso e em seguida meu filho ergue suas mãos ao céu e começa a cantar. Não entendo o que diz, mas é algo tão bom de se ouvir. Certamente é uma canção de agradecimento ao Senhor. Não demora para que Miriã o acompanhe com sua bela voz e o som de seu tamborim. O povo então se alegra e festeja com música e danças. A alegria de um povo que finalmente está livre. A nação de Israel está viva e a caminho da terra prometida.

 

—O que acontecerá agora, tia? — Mayra pergunta ao olhar para os soldados mortos no mar quando nos afastamos um pouco da multidão.

 

—Deus cuidará de nós. — Respondo ao sorrir para minha sobrinha. Olho para Hadany e Tany, que me correspondem com seus sorrisos e o brilho de seus olhares azuis. Olho para Alon, que me dá um sorriso tímido. Então, repouso uma de minhas mãos sobre meu ventre e tento conter uma lágrima de emoção. Apesar de todos as desavenças, acertos e erros, discussões, lágrimas, separações... Apesar de tudo o que compõe isso que chamamos de viver, eu estou aqui. Deixei o meu reino e toda uma vida como princesa para estar com minha família, as pessoas que mais amo no mundo. E não me arrependo em nada da escolha que fiz. Escolheria novamente, quantas vezes fossem necessárias.

 

—Eu tenho que agradecer muito a Deus por ter colocado uma mulher como você em meu caminho. — Hur diz, fazendo com que eu leve meu olhar para si.

 

—Acredite, sou eu quem devo agradecer a Deus por ter você em minha vida. — Sorrio ao dizer tais palavras. — Você é o homem que mostrou que o maior e verdadeiro amor pode existir, amor este que pertence e sempre pertencerá aos nossos corações. — Hur sorri e simplesmente olha em meus olhos, de uma forma que somente ele é capaz, antes que eu sinta a delicadeza de seus lábios nos meus.


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Notas finais do capítulo

Por favor, não me julguem por ter acabado no mar. rsrsrs Este foi o final que idealizei desde o início (e existe um motivo meu para não querer ir além disso).
Mas, eu disse que tenho uma surpresa, não é? Vamos a ela! Existe um capítulo especial, onde mostra um pouco a vida de Henutmire e sua família no deserto. Por ter ficado extenso, eu o dividi em quatro partes e em breve começo a postar aqui para vocês.
Mais uma vez, muito obrigada! Nos vemos nos comentários.



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