I hate that I want you escrita por Gabizoide


Capítulo 2
Revistas problemáticas


Notas iniciais do capítulo

[IMPORTANTE] A Kagura está acordando nesse capítulo, mas isso NÃO é uma continuação do ultimo cap em! Não custa nada relembrar que as ones aqui postadas, não tem nenhuma relação entre elas! [IMPORTANTE]

Boa leitura, nas notas finais eu me prolongarei!



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''Estão achando que sou escravo?'' 

Supôs Shinpachi enquanto observava - com raiva – a zona que Gintoki e Kagura fizeram. Seu cotidiano era resumido nisso. Toda santa vez que chegava no Yorozuya, se deparava com o lugar virado do avesso, diversos objetos pelo chão e outras coisas desconhecidas.  

Claro que os responsáveis por aquela confusão se ocupavam com o de sempre: dormir. Ambos acostumados com a mordomia de ter Shinpachi de faxineira – possuía uma mania de limpeza muito forte - porém hoje seria diferente, estava farto! E se queriam a casa limpa não se importaria de ajudar, desde que colaborassem.

Sem piedade alguma, escancarou a porta que dava no quarto de Gintoki. 

— GIN-SAN! LEVANTE AGORA MESMO! A CASA ESTÁ UMA ZONA, JÁ PASSOU DO MEIO-DIA FAZ TEMPO! - berrou e em seguida iniciou uma disputa de puxar a coberta com o samurai preguiçoso. 

— Mãe, hoje é sábado... Me deixa dormir só mais um pouquinho - choramingou. 

— Gin-san, eu não vou repetir - o timbre de sua voz desceu algumas oitavas enquanto ajeitava a ponte de seu óculos. Não era realmente difícil tirar Shinpachi do sério, mas Gintoki estava se esforçando. 

Relutante, o Sakata levantou e nada contente em ter de passar sozinho por tal tortura, foi acordar a colega de fazer bagunça. Abriu o armário onde ela estava. Dormia tão tranquilamente que parecia uma boneca, não dava nem para dizer que se tratava da yato. Lamentavelmente, isso não bastou para fazê-lo desistir da ideia. Kagura fora chocalhada até que despertasse. 

— O que é? - perguntou azeda. 

— Anda, venha arrumar a casa - decretou um tanto autoritário.  

— Huh? A gente nunca faz isso, sim? - sentou-se ainda sonolenta. 

— Então sem almoço pra você, crianças irresponsáveis ficam sem comida.  

— Mas Gin-chan, quem faz isso é o Shinpachi!  

— Parece que o Patsuan está nos seus dias, não sabemos que tipo de coisas ele sofre naquele Dojo... 

— Com a Anego? – suas queixas deram lugar à surpresa. - Será que é por causa dos pratos que ela prepara? Devem fazer mal pra cabeça do Shinpachi. 

Gintoki, com uma feição triste concordou com a afirmação e repousou o braço no ombro da garota que fingiu chorar, compadecida com os hipotéticos problemas familiares do amigo. 

— Dá pra parar de falar como se eu não estivesse aqui? - manifestou-se o Shimura atrás deles. - Vamos logo com isso. 

 

~ ❤ ~ ❤ ~ 

 

Depois de ter organizado uma grande parcela do quarto de Gintoki, Kagura ainda se encontrava indignada por ter sido obrigada a arrumar a casa, se bem que fazia tudo de qualquer jeito. As roupas antes jogadas no chão, agora estavam amarrotadas na gaveta, empilhava quase tudo que via em sua frente e se livrava da sujeira mandando-a para debaixo do futon que fez questão de não guardar. 

No entanto, quando foi mexer em algumas caixas velhas, achou muitas revistas e ao em vez de terminar a faxina, preferiu se entreter com elas. A primeira que resolveu dar uma olhada aparentava ter como público-alvo meninas. O motivo de estar no meio das coisas do Shiroyasha é um mistério. 

— Top 20 colírios mais bonitos da televisão... - leu em voz alta uma das páginas. Estranhou ver somente rapazes. Pecava em conhecimentos que outras meninas de sua idade tirariam de letra, portanto jamais chegou a cogitar que algo além do medicamento poderia ser chamado de colírio.  

Folheou mais um pouco, revelando assim tópicos que falavam a respeito de boy bands, roupas, dicas e um espaço reservado para gafes cometidas por leitores anônimos.

Sobre o quarto? Bom, esse já havia sido deixado de lado há milênios. 

Após ler Vogue, Jump's, HQ's e até mesmo algumas Playboys, achou uma revista masculina que parecia dar orientações de luta. Essa foi a interpretação de Kagura ao ler o título da matéria: ''A mais letal arma feminina: o selinho, saiba 5 maneiras de não cair nessa!''. Quanto mais lia, mais intrigada pelo artigo ficava, o ato de pegar um indivíduo desprevenido ao colar seus lábios nos dele, provou ser um golpe fantástico.  

Lerda como é, não relacionou na hora que selinho era um dos sinônimos de beijo e como não leu o resto, só havia aprendido que ''Garotas de atitude são perigosas''.  

Culpemos o analfabetismo funcional!

Cansada de fuçar as tranqueiras do quarto e satisfeita com as novas descobertas, deixou o cômodo como estava - um labirinto - e retirou-se do Yorozuya sutilmente, sem ser notada por Shinpachi ou Gintoki.

Ao descer as escadas, tratando tudo que seus pés tocassem como um piso de vidro foi pega em flagrante por Otose que atendia um cliente. A senhora então lhe perguntou para onde estava indo e Kagura saiu correndo deixando no ar um ''Hasta la vista baby’’.

O fato era que cedo ou tarde, perceberiam sua ausência, mentir só complicaria.

—Devia ter trazido Sadaharu comigo. - disse preenchida pelo arrependimento de ter se esquecido do companheiro, correu tão rápido que nem olhou para trás. Passou por uma ótica e de súbito considerou uma ideia interessante. - Acho que vou visitar a anego, sim? Sem o megane por lá a conversa fica melhor. 

 

~ ❤ ~ ❤ ~ 

 

No Yorozuya, um certo quatro-olhos, sentiu uma vontade repentina de espirrar. 

— ATCHIM! - esfregou o nariz. 

— Shinpachi, alguém deve estar falando mal de você - comentou Gintoki tentando em vão tirar os restos de comida do ralo da pia. 

— Será? - questionou sem dar muita importância, voltando a varrer o chão. 

 

~ ❤ ~ ❤ ~ 

 

Faltava muito pouco para que chegasse ao Dojo dos Shimura, de modo que já era possível avistar uma pequena movimentação perto da casa. Conforme se aproximava, as imagens aderiam forma, logo reconheceu as figuras de Kyuubei e Otae que carregavam algumas sacolas. 

— Anego! - correu para os braços de Otae. 

— Ora, não esperava ver você por aqui - cumprimentou retribuindo o abraço. 

— Kagura-dono, acabamos de voltar das compras e pretendíamos fazer um lanche, não quer se juntar a nós? – sem fazer cerimônia a ruiva aceitou e foi ajudá-las.

— Como vão às coisas no Yorozuya, Kagura-chan? - indagou Otae cuidando da água prestes a ferver. 

— Gin-chan e Shinpachi estão limpando lá - replicou tomando conta da água também, não porque poderia ferver e sim por causa de quem tinha se encarregado da tarefa.  Por mais que fosse somente água não deixava de ser grave ver a Shimura manuseando uma chaleira. 

Começaram a aprontar as coisas em cima do kotatsu depois que já tinham concluído com tudo na cozinha. Animadas para poderem desfrutar do café da tarde.

— Está amargo - criticou Kyuubei quando provou o café, fazendo uma careta. 

— Você acha? O meu parece normal, aqui – estendeu a xícara na direção da amiga. - Experimente, veja se está de acordo com seu gosto.  

— Eh? - corou, pois em sua mente nada impura, só se passava uma coisa:  

''Um b-beijo indireto da Tae-chan? É como se fosse um sonho''. 

— Kyuu-chan? 

Voltou à realidade pegando o objeto, provou o café que estava igual ao seu, sem tirar nem por. Amargo. Mas como veio da gentileza de Otae, para Kyuubei, o sabor ficou nem que um pouco mais doce.

— É, acho que era coisa da minha cabeça. - sorriu e devolveu a xícara.  

Kagura pouco se importava com o amargo do café, o que a deixava inquieta eram ruídos que vinham do lado de fora. Levantou curiosa para ver o que era. Ao deslizar as portas de correr se decepcionou com a revelação de quem fazia o barulho.  

— China? O que faz por aqui? 

— Eu que devia estar perguntando isso, sim? 

— Estou atrás do Kondou-san, vocês não viram ele? - Okita perguntou não só para ela, mas também para as outras duas que a alcançaram. 

— Deve ter se perdido no zoológico - respondeu Otae forçando uma cara simpática, nada convincente para aqueles que já a conheciam. 

— Aquele cara... Já tem três dias que não aparece no quartel – surgiu das sombras Hijikata segurando sua jaqueta sobre os ombros. - Procuramos por Kondou-san em vários lugares e é normalmente aqui onde ele mais costuma vir – pausou. - Sougo investigue o local. 

— Tch - sussurrou acatando a ordem a contragosto. 

— Você é um homem engraçado, acha que pode simplesmente chegar na minha casa e ir entrando assim Hijikata-san?  

— Ele está te incomodando? - Kyuubei segurou com firmeza a bainha de sua katana. 

— Anego, quer que eu me livre do lixo para você, hã? – se abaixou forçando a voz queria dar um ar mais sombrio, mas Kagura fracassou miseravelmente na missão.

— Suas...- foi impedido de terminar a frase pelo retorno exageradamente rápido de Okita. 

— Hijiikata-san, não encontrei nada – encostou-se na porta, trazendo consigo uma xícara e algumas bolachas. 

— APOSTO QUE NEM PROCUROU! - o vice-comandante do Shinsengumi perdia gradativamente a compostura que nunca teve. - Deixa que eu mesmo faço isso, sai da frente - afastou Otae da entrada. 

A Shimura seria louca se deixasse essa passar, ele estava indo longe demais. Seguiu o intruso, pronta para mandá-lo ao inferno, sendo acompanhada por Kyuubei e Kagura que pretendia fazer o mesmo, mas no meio do caminho quase tropeçou em uma das pernas de Okita.

— Ops! - o agressor fez-se de espantado erguendo a mão livre para o alto, enquanto com a outra ainda segurava a xícara já vazia. - Não tinha te visto ai, que descuido, você está bem? 

— Você não sabe mesmo o seu lugar não é,  pirralho?

— A única pirralha que estou vendo aqui é você.

Não muito depois de soltarem suas farpas – dava até para dizer que dessa vez foi em tempo recorde - iniciaram mais uma de suas trocas carinhosas de socos e pontapés, porém não durou tanto quanto fora estimado. Pararam ofegantes em busca de recuperar suas condições. Naturalmente a cena repetiria, tornando-se um ciclo onde perdia quem resistisse menos. 

— Tão irritante - murmurou. Ele não respondeu. 

Julgaram que podiam partir para o segundo round. A yato ficou em desvantagem quando o policial pegou a katana e num movimento ligeiro se aproximou pressionando a lâmina contra seu pescoço.  

Só faltou Kagura esquecer a cabeça em casa, agora além do Sadaharu ela sentia falta do seu guarda-chuva. Estava sendo prensada contra uma árvore - acharam melhor não destruir a casa - seria capaz de se defender desferindo golpes aleatórios, mas concluiu que qualquer gesto brusco era muito arriscado com uma lâmina tão perto. 

"Golpes... É isso! Como não pensei nisso antes?"

 

~ ❤ ~ ❤ ~ 

 

 No quintal silencioso dos Shimura, camuflado de planta, situava-se um dos homens mais influentes da força policial de Edo; Kondou Isao, que se arrastava de maneira extremamente cautelosa orando a todos os deuses e entidades para sair vivo daquela situação. 

"Merda! Toushi chegou antes dos meus cálculos!" Pensou suando frio. 

Parou para confirmar se era seguro continuar, olhando para todos os lados afoito. Foi aí que se deparou com Sougo ameaçando decapitar sua arquirrival declarada: China Girl. 

"Ele vai matar ela?"  Kondou, apesar de ter certeza de que era apenas um blefe ficou preocupado. Sorrateiramente, engatinhou até um arbusto próximo dos dois. Tomando cuidado para não ser pego. 

— Me deixe sair, sim?- escutou a ruiva mais ordenando do que pedindo.  

— Se você for uma boa garota – a mediu dos pés a cabeça. - E implorar por isso, vou pensar no seu caso.

''O sádico interior nele despertou!'' Constatou temeroso o telespectador daquela novela. 

— Não queria que as coisas chegassem nesse ponto, mas você não me deixa escolha  - disse Kagura. - Parece que nosso destino é inevitável!  

— Será que... - imediatamente se pôs em alerta cruzando as pernas para proteger sua parte de baixo, preparando-se para um chute. 

—Ingênuo! - afastou cuidadosamente a katana.  No final das contas, Sougo realmente não tinha intenção de matá-la, portanto foi facilmente surpreendido.

Todavia o esquisito não foi isso, foi justamente o que se sucedeu. A garota que ainda tinha a mão na espada a moveu para encontrar a mão do espadachim, extraordinariamente o fazendo soltar a arma no gramado.

Okita era sem dúvidas mais alto, então ela teve uma dificuldade considerável para alcançar seu rosto, mas quando o fez cortou a distância entre eles. Notou um comportamento memorável ao abrir os olhos, a confusão estampava-o por completo.

Kondou gritou de maneira quase inaudível abafando o urro com a garganta. Pasmo pelo o que acabou de presenciar, um aglomerado  de pensamentos passaram por sua mente. Não sabia se fugia e fazia de conta que não viu nada, se achava bizarro, ou se permanecia ali por plena curiosidade. 

— Oi China, o que foi isso de repente? - ele estava sério.  

— Foi incrível, né? Excepcional, né? Eu chamo de ósculo no jutsu kai!— gabou-se. -  Li numa revista do Gin-chan que a arma mais letal feminina era o selinho. 

"Que tipos de revista você dá pra essa menina ler, Yorozuya?" Perguntou-se Kondou. 

— E então você me beijou?                                 

Tomou um choque sonoro, a palavra beijo soava muito forte em seus ouvidos, ainda mais saindo da boca de Sougo. Desviou o olhar, tentando achar um argumento ou desculpa. 

"Isso é ruim, pareço aqueles velhos bêbados que se tornam violentos, falam algumas verdades e botam a culpa na bebida, sim?" Pensou. 

Engoliu em seco a resposta que não tinha e ousou retribuir a encarada fatal do capitão da primeira divisão. Ele arqueou uma sobrancelha se aproximando novamente com as mãos enfiadas nos bolsos da calça. Ficou perto o suficiente  para erguer o rosto da garota e devolver o selinho que ela lhe deu. 

''Não sabia que se sentiam assim...'' O gorila se assemelhava a uma colegial assistindo comédia romântica em noites solitárias de sábado a noite, escondia a cara nos arbustos como se fossem travesseiros. 

— Que tal? Esse foi meu ósculo-sado no jutsu kai! 

''ISSO FOI TUDO PRA ENTRAR NO JOGO DELA?'' Ficou incrédulo perante a imbecilidade dos dois. 

Kagura se surpreendeu com a atitude, mas não demorou para responder. 

— Como esperado de um legítimo ladrão de impostos, uma reação quase que imediata – virou-se de lado, dramaticamente impostando sua voz. - Mas isso é o melhor que pode fazer?  

— Idiota – ignorou a provocação sorrindo. - Você não seria capaz de entender a complexidade do meu ataque nem que quisesse. 

''Que complexidade? Aquilo foi apenas um selinho não foi?'' Pensou o comandante do Shinsengumi. 

A yato começou a refletir sobre tudo o que aconteceu procurando um erro na sua estratégia impecável. 

— Não pode ser! - o fitou assustada. 

— Isso mesmo – levou uma das mãos aos olhos os cobrindo parcialmente de forma que ainda pudesse vê-la. - Desde o começo eu sabia de tudo. 

''EH? Da onde você tirou essa? Está na cara que é mentira, você falou isso só para parecer legal, não é? E qual é a dessa pose?'' Kondou analisava o amigo. ''Sougo pare! Estou ficando com vergonha!’’

''Ele é bom... Nesse caso, tenho que tirar vantagem da sua segurança, pessoas confiantes tendem a acreditar muito nas habilidades que possuem, sendo assim ele vai baixar a guarda e é ai que eu entro!''  Kagura planejava minuciosamente.

—É sadista, detesto admitir isso, mas parece que você me superou, sim? – apostou no plano de falsa derrota.  

''Essa garota... Ela está armando algo. '' suspeitou Sougo. 

—Are? Já vai jogar a toalha? - deu de ombros – Talvez eu tenha pegado muito pesado com você - fez menção de ir embora quando de costas acenou. 

''UMA CHANCE!” Avançou em alta velocidade e o puxou pelo braço. Determinada, prontíssima para se vingar, acreditou cegamente no triunfo.

Até perceber que não beijava o policial e sim sua mão.  

— Quando foi que?! - viu ele tirar a mão e a trazer para mais um selinho, ficou desolada por sua armadilha ter se virado contra ela mesma.  

"Tem mesmo diferença entre quem recebe e quem dá um selinho?'' O Isao gostaria de saber.  

— Você é muito previsível, cheia de aberturas - revirou os olhos antes de prosseguir. – Desista, esse é o seu fim! 

— Como se isso fosse suficiente para me fazer parar - bradou cerrando os punhos - Desista de me fazer desistir, sim?!

''De algum jeito, é como se eu estivesse assistindo a um shonen qualquer.'' O pervertido no arbusto sentia-se nostálgico. 

 

~ ❤ ~ ❤ ~ 

 

Debaixo do céu que pouco a pouco perdia a tonalidade alaranjada e ganhava as cores da noite, havia duas pessoas sedentas pela necessidade de finalizar o que começaram. O tempo assustadoramente rápido como de praxe, perdia-se na contagem de tantos selinhos.

— Pretendo terminar com isso no próximo golpe. – disse empolgada. 

— Mesmo? Já que é assim não vou mais me segurar - se apoiou na árvore atrás dela, a mesma árvore onde tudo tinha começado. - Como um oficial da policia, eu não posso deixar você sair ilesa dessa -  inclinou-se ao ponto das testas se encostarem. Fios castanhos misturando-se com os ruivos.

Kagura sentiu seus pulmões lhe traírem de um modo involuntário quando a respiração saiu entrecortada. A pressão no ar ficou irregular e pesada.

—E-espera sádico isso é um pouco... – as próximas palavras foram assassinadas pelo toque suave de um polegar que descansou em sua boca.

''Não consigo enxergar nada’’ O gorila remexia-se no mato – quase como se fosse seu habitat natural. - querendo ver alguma coisa.

Num impulso desesperado, tentou socar Okita, que segurou seu punho no ato o depositando no tronco da árvore.

''O que eu faço? Não há mesmo nada que eu possa fazer, sim?'' O coração batia num compasso apressado, o suor que escorria pelo seu corpo era irrelevante diante das pernas que não tardaram em ficar bambas e um frio estranho ocupou sua barriga. 

Empenhou-se muito para aceitar de toda forma que ser beijada não era um bicho de sete cabeças,  apertou os olhos, se entregando a seja lá o que ele fosse fazer. 

Para o desânimo da yato, nada do que aguardava aconteceu. O calor que o aperto de Sougo causava no seu pulso logo a abandonou. Seus pés já não mais tocavam o chão e a gravidade era cruel.

Não, Okita não tinha a levado as alturas, ele somente lhe deu uma rasteira. 

Exclamou de dor e de espanto, se recusando a entender um terço do que tinha acontecido, esperava qualquer coisa menos cair de bunda no chão. 

— China, o que você esta fazendo? - perguntou com uma expressão super-ultra-mega sádica na face.

''Esse... Esse... FILHO DA PUTA!'' Incapaz de controlar a raiva, Kagura descontou nas plantas que estavam abaixo de sua palma. Que descansassem em paz as plantinhas, esmagadas sem misericórdia. O policial tentou conter uma crise de gargalhadas, só que isso não foi executado com sucesso.

 Já tinha tido o suficiente, não iria ficar a mercê daquele vexame. Deu uma rasteira vingativa que efetivamente o derrubou 

 - O que você esta fazendo? - os papéis aparentemente foram invertidos. Ria como se não houvesse amanhã, utilizando insultos como acompanhamento e ele apenas a observava, com uma expressão ilegível. 

Sougo suspirou e catou a perna da ruiva, puxando-a mais uma vez para perto. As risadas de Kagura imediatamente se cessaram e ela parecia realmente zangada.

A tensão perdurou até que um dos lados resolveu se pronunciar.

— Não vou cair no seu truque de novo, sim? Eu odeio vo-

Naquele jogo estúpido de quem sairia por cima, não tinha espaço para reclamação, ou assim pensava ser. Agarrou a cintura dela e agora, sem truques ou traquinagens rolou um beijo.

 A garota podia falar e se fazer o quanto quisesse, mas não estava no ponto de resistir a algo que sem querer, acabou desejando. Correspondeu de maneira atrapalhada, fazendo Okita sorrir entre os curtos intervalos do beijo. Num universo paralelo - onde provavelmente seria masoquista - admitiria que isso foi adorável.

''Que macio. ’’ Pensou quando na falta de hesitação, afundou as mãos no cabelo do policial. Por segundos o invejou.

Ao se separarem, Sougo parecia impassível para variar. E meramente pelo interesse de desvendar como ele verdadeiramente se sentia, ousou encostar-se no peito dele. Os batimentos eram denunciadores e frenéticos. Ela não teve como reprimir o sorriso sincero que veio sem permissão.

''Eu gosto de você’’ Uma frase impossível de ser dita por qualquer um dos presentes. Seria bem mais normal algo como:

— Ei sadista, qual a marca do seu shampoo? – perguntou bagunçando o cabelo dele.

— Clear S – respondeu enquanto apreciava o carinho. – Tenho que ver se Kondou-san não voltou para o quartel – levantaram-se. – Deveríamos considerar isso um empate?

— Você está anos adiantado para achar que pode empatar comigo, sim? – comentou divertida. Ele lhe mostrou a língua, se despediu e sumiu lentamente do Dojo, com o cabelo espetado mesmo.

''Dois idiotas’’ Pensou o Isao um tanto sentimental. Travou uma luta insana com os arvoredos a sua volta, mas só conseguiu pegar o final da interação deles. A partir da conversa de shampoo. Não que precisasse ser clarividente para deduzir o que tinha ocorrido.

Iria aproveitar-se da brecha para evaporar dali, mas abruptamente se lançou de novo em meio ao mato quando escutou uma voz familiar. 

— Kagura-dono - chamou Kyuubei - Tae-chan me pediu para chamá-la pra dentro, não queremos que fique resfriada... - pausou quando se lembrou de algo - Cadê o outro oficial que estava com você?

— Não faço a menor ideia. — ninjamente mudou o assunto - Como estão as coisas com o Toushi? 

— Ele convenceu a gente a deixá-lo investigar o desaparecimento do Kondou-san, no fim não sei o que se passa lá dentro porque vim aqui te ver.

Seguiu a Yagyuu para dentro da casa, infinitamente agradecida que ela não apareceu antes. Só de imaginar se arrepiava.

 

~ ❤ ~ ❤ ~ 

 

— Parece que vou ter que procurar em outro lugar  – onde raios estava seu superior? – Sou grato pela cooperação.

— Imagine, se tivesse avisado desde o começo, podíamos ter chegado a um consenso sem estresse - declarou honesta.  

"Mas eu fiz isso!" Veias saltaram na testa de Hijikata. Riu tão falsamente quanto Otae e deu um breve tchau para Kyuubei e Kagura.

Foi-lhe dito que Sougo não estava mais no Dojo, portanto nem se preocupou. Na busca do carro para voltar ao quartel, percebeu que não o encontrava onde estacionara mais cedo, um calafrio percorreu por toda sua espinha.

Okita tinha levado o carro. 

— AQUELE DESGRAÇADO!- chutou um poste sem culpa de nada, enfrentando a realidade de que voltaria a pé. 

 

~ ❤ ~ ❤ ~ 

 

— Já está um pouco tarde, aposto que Gin-chan e Shin-chan estão preocupados com você, não acha que esta na hora de voltar? – disse Otae.

— Tenho que concordar - mirou o relógio.  -Kagura-dono, reconheço que é forte, mas sendo uma moça não deve voltar sozinha esse horário. – ofereceu o braço para a mais nova. - Permita-me acompanhá-la até o Yorozuya, também tenho que ir para casa. 

Otae e Kyuubei se entreolharam percebendo que a ruiva não estava prestando atenção.   

— Kagura-chan? 

— Ah - voltou para a terra - Desculpa anego, vocês tem razão,  a velha já deve ter me dedurado também, sim? – aceitou a mão estendida de Kyuubei - Vamos indo então? 

A Yagyuu acenou positivamente com a cabeça. 

 

~ ❤ ~ ❤ ~ 

 

O cheiro da liberdade invadia suas narinas. Lágrimas de felicidade escorriam no canto dos olhos de Kondou Isao que correu para a saída, mas esbarrou em alguém. Inúmeros CD's da Otsu voaram pelo ar. 

— Eu sinto muito – de repente um sobressalto - S-Shinpachi-kun?  

— O que você faz aqui a essa hora e vestido assim, Kondou-san? – a perseguição pela sua irmã era tão insistente que não era como se não soubesse a razão. Agachou-se para juntar os preciosos CD’s.

— Bem...

— Então era aí que você estava?  

O stallker experiente, sequer precisava ver quem era para reconhecer a dona da voz.

—OTAE-SAN - clamou por sua amada. Ela o puxou pelo cabelo e começou a espancá-lo friamente. -Argh – grunhiu. - Ota - interrompido pela impetuosidade da mulher. - Tudo o que faço é por - ele estava ficando cheio de hematomas – Amor... 

Logo a Shimura se esgotou, deixando um cadáver de primata no chão. Retornou para dentro suplicando aos céus para que ele parasse com essa obsessão.

— Tae-chan! – a Yagyuu olhou para a garota do seu lado, não queria ser rude - Me perdoe Kagura-dono. - se desculpou e correu angustiada atrás da amiga. 

E foi só ai que Shinpachi percebeu a existência de um quinto elemento no ambiente. Cruzou os braços e ela já sabia o que estava por vir. 

"Droga'' Praguejou quando o quatro-olhos ativou o modo mãe dando um combo de sermões.

—Kagura-chan – levantou o indicador. - Eu e Gin-san arrumamos a casa INTEIRA sozinhos.

— Isso é injusto, eu cuidei do quarto do Gin-chan, sim? 

— Não fez mais que sua obrigação - prosseguiu com as longas repreensões, que entravam por uma orelha da ruiva e saiam direto pela outra.

Achando que não tinha como ficar pior, no lugar de Kyuubei quem a levou para o Yorozuya foi o próprio Shinpachi, que não ficava quieto nem por um milésimo. Blá, blá e mais blá, a cada esquina virada, uma façanha de limpeza era jogada na cara e foi assim até chegarem.

Mentira, porque obviamente quando chegaram, Gintoki se juntou na chuva de sermões. Horas de lições de vida se passaram e Kagura jurou para os dois que contribuiria na próxima vez.

A autenticidade do seu juramento era no mínimo questionável, ela só queria que eles parassem de encher o saco e saíssem da frente da televisão.

— Tá gente, eu já falei que vou ajudar, sim?

— Sabe o que eu passei desentupindo a privada? Hein? – a tristeza era constante na sua sentença.

Deve ter sido difícil para Gintoki.

— Posso ver TV? Hoje foi um dia cansativo – cometeu um grande equivoco ao dizer que seu dia foi exaustivo, os dois samurais ficaram magoados.

— Cansada do que? Posso saber o que você ficou fazendo de tarde? – indagou a mãe da relação.

E nesse momento eles testemunharam algo horripilante. Kagura corar intensamente e derrubar o controle no meio do sofá. Ela sussurrou um ''eita’’ no processo de procura pelo objeto, tentando esconder a cara vermelha.

— Kagura, você está me assustando, parece um pimentão  – alegou o Shiroyasha.

— O que houve?

— N-nada! - derrubou o controle mais uma vez, logo depois de ter conseguido pegá-lo.

‘'Definitivamente aconteceu alguma coisa’’  Pensaram ao mesmo tempo.

Se ela acreditava que a noite de sermões tinha acabado, mal sabia que era apenas a abertura do que se transformaria num interrogatório para descobrir o menor dos indícios, pistas e dicas do que se passou no seu dia.

Haja criatividade para tanta desculpa esfarrapada.


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Notas finais do capítulo

Bom, eu queria dizer que sinto muito pela demora, mas não quero jogar desculpas em cima da minha incompetência de organizar minha agenda. Vou melhorar as att.
Eu corrigi esse cap mais vezes do que sou capaz de contar, mas toda vez que olho tem algo errado, então se virem algum erro ortográfico, incoerência, ou uma crítica mesmo, podem me dizer! Eu não mordo ;).
Sou muito grata a todo o review que recebi no ultimo cap, vcs são amores e eu uma besta por não saber valorizar isso!
A eu mudei a capa, porque a ultima estava me dando nos nervos, sei lá, muito dramática sabe?!
Até a próxima! Acho que não esqueci de mencionar nada..



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